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quinta-feira, abril 05, 2007

Aventuras na Educaçao



Campina Grande, 31de março de 2007

Aventuras na Educação

por Mário Araújo Filho (*)

Um dos maiores problemas para o Brasil avançar é a descontinuidade das iniciativas do poder público. Na área educacional, isso é patente. Quando alguma boa prática vai "engrenando", o novo governo acha de interromper o que vem sendo feito, para implantar outro processo. Foi o que aconteceu com o Provão, que o governo Lula resolveu trocar pelo ENADE. Este, uma versão plena de inconsistências, pouco confiável e piorada do Provão.

Iniciativas em Educação precisam de tempo para repercutir. Por exemplo: a reforma da estrutura curricular de um curso superior precisa, para que seus efeitos sejam avaliados com maior precisão, de que pelo menos uma turma tenha sido formada pela nova estrutura. Isto é, de quatro a seis anos, para que se possa extrair conclusões sobre as mudanças, com um mínimo grau de segurança. Por isso, "currículos" não podem ser alterados a torto e a direito, porque gerariam o caos para os cursos, instituições e, principalmente, para os estudantes.

Pois bem: atualmente, as universidades públicas e privadas trabalham para adequar projetos pedagógicos e estruturas curriculares às diretrizes nacionais para os cursos de graduação, estabelecidas por lei federal. Concebem-se novos modelos e efetuam-se novos enfoques, pela flexibilidade que a norma legal propicia. E isso graças à inovadora Lei de Diretrizes e Bases (LDB), concebida pelo saudoso professor Darcy Ribeiro. Em pleno trabalho, no entanto, as instituições são surpreendidas pelo anúncio de que tudo, mais uma vez - e aqui o pleonasmo é necessário - vai mudar de novo. Pior: o próprio governo, através do MEC, parece não saber bem o que quer e para onde vai.

Vejamos: está no Congresso Nacional, para ser votado, o projeto de Reforma da Educação Superior, conhecido como Reforma Universitária, de iniciativa do governo. Paralelamente, as autoridades educacionais apóiam e estimulam a proposta do Reitor da UFBA, chamada Universidade Nova, a qual parece também ter o apoio de boa parte dos reitores das universidades federais. Em recente entrevista, o próprio Reitor da UFBA reconhece que a proposta de Universidade Nova "não dialoga" com o projeto de Reforma Universitária, também apoiada pelos reitores das federais. Enquanto isso, a comunidade acadêmica, professores e alunos, ficam em meio a esse tiroteio, que ameaça lançar a universidade brasileira a uma aventura de difícil retorno. É lamentável para o Brasil.

(*) Professor da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)

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