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sexta-feira, novembro 30, 2007

No site Congresso em Foco

Alianças políticas opõem candidatos no PT


Dos sete candidatos, apenas Berzoini aprova a atual política de coalizão. Todos defendem, no entanto, a reaproximação com os movimentos sociais

Paulo Franco

Em vez da defesa da refundação do partido, tese levantada por várias tendências internas em 2005, os sete candidatos que vão disputar no próximo domingo (2) a presidência do PT têm em comum a promessa de reaproximar a legenda dos movimentos sociais e cobrar uma liderança mais forte dentro do governo de coalizão. Em comparação com o processo eleitoral anterior, quando o partido ainda acusava o golpe sofrido com o escândalo do mensalão, o clima agora é de aparente tranqüilidade.Mas o elevado número de candidaturas revela, além das históricas dissidências internas (saiba mais), divergências que podem se refletir no futuro do governo Lula e na sucessão presidencial. Mais do que isso, expõe cicatrizes que ainda não foram curadas dois anos após o escândalo do mensalão.

Berzoini na mira

Na disputa interna, o atual presidente, deputado Ricardo Berzoini (SP), é o candidato a ser vencido por todos. Ele pertence à corrente interna recém-batizada de Construindo um Novo Brasil (CNB), novo nome do Campo Majoritário, tendência acusada pelos demais concorrentes de tomar decisões sem debate interno e responsabilizada, em grande parte, pela maior crise da história da legenda.

Berzoini também é o único a defender a preservação, nos atuais termos, das alianças políticas do governo Lula. Na outra ponta, os candidatos Markus Sokol e José Carlos Miranda, vinculados às alas mais à esquerda da sigla, pedem o rompimento imediato do partido com o que chamam de “burguesia”. Pregam, inclusive, a ruptura com o governo dos Estados Unidos e a reestatização das empresas privatizadas no governo FHC.

Embora evitem pregar a ruptura com os atuais aliados, os demais postulantes à presidência do PT – os deputados paulistas José Eduardo Cardozo e Jilmar Tatto, o secretário de Relações Internacionais da legenda, Valter Pomar, e o ex-deputado Gilney Viana (MT) – reivindicam um papel de maior protagonismo para o partido em relação aos demais componentes da base de sustentação do governo Lula.

Problema para o governo

Para o cientista político Cláudio Couto, o grupo ligado ao ex-ministro José Dirceu, que apóia a reeleição do atual presidente, perdeu força com a queda de importantes lideranças, mas, ainda assim, representa a maioria interna. “Uma eventual derrota de Berzoini significaria uma disputa dentro do PT e seria problema para o governo”, diz o professor da PUC-SP e da Fundação Getúlio Vargas.Entre os pontos de consenso no partido, está a democratização dos meios de comunicação e a necessidade de uma reforma política. Independente de quem seja o vencedor na disputa interna, caberá a ele comandar o partido nas eleições municipais de 2008 e garantir que em 2010 o PT alcance um consenso com relação ao sucessor de Lula.
Na avaliação de Cláudio Couto, não surpreende o fato de todos os candidatos pregarem a reaproximação do PT com os movimentos sociais. Esse sentimento sempre ressurge nos partidos políticos, mas o pensamento se torna ainda mais forte depois que a agremiação passa a ocupar cargos no Executivo, observa.“O PT se afastou dos movimentos naturalmente porque se tornou grande demais e está muito mais voltado a resolver problemas do governo do que para assegurar a voz da militância”, afirma Cláudio Couto.

Mudanças

O professor diz ainda que é difícil recuperar o apoio das bases, já que o partido mudou e percebeu que algumas idéias defendidas no passado hoje não se aplicam mais. “O desafio agora deve ser aproximar o partido do governo para mostrar com mais clareza à sociedade a linha defendida atualmente”, considera ele, ao apontar a política de coalizão formada por Lula como outro motivo da mudança.“O próximo presidente do PT deve se confrontar com um partido de governo que atua em um momento de coalizão heterogênea”, explica.

Segundo turno

Mais de 850 mil petistas estão aptos a votar no próximo domingo, durante o chamado Processo de Eleição Direta (PED), quando serão escolhidos dirigentes municipais, estaduais e nacionais da sigla. O quórum deve ser fundamental para o resultado da eleição. A expectativa é de que haja, a exemplo da disputa de 2005, segundo turno entre Berzoini e um dos seguintes candidatos: José Eduardo Cardozo, Jilmar Tatto ou Valter Pomar.

O presidente Lula tem dito que não se envolverá na eleição interna do partido. Lula decidiu se afastar da discussão quando viu o seu assessor especial Marco Aurélio Garcia, que presidiu interinamente o PT durante a crise mensalão, ter seu nome vetado para a sucessão de Berzoini. Marco Aurélio era o candidato preferido do presidente.A candidatura dele, no entanto, foi abortada por integrantes do Campo Majoritário, que viram na gestão dele críticas muito duras aos envolvidos no escândalo.

Clique nos links abaixo para conhecer os sete candidatos e as principais propostas defendidas por eles à presidência nacional do Partido dos Trabalhadores:

Gylney Viana quer que partido retome origem

Gilmar Tatto defende nova hegemonia no PT

José Carlos Miranda: PT abandonou lutas sociais

José Eduardo Cardozo levanta bandeiras sociais e ética

Markus Sokol quer reestatização total

Ricardo Berzoini defende manutenção de alianças

Valter Pomar aponta inimigo interno a ser batido

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