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quarta-feira, abril 11, 2007

No Blog do Josias de Souza...

Diz-se que os brasileiros criticam os políticos porque têm inveja deles. A maioria daria a vida por um mandato e suas vantagens. Pois bem, para não tonificar esse sentimento negativo que inspiram na sociedade, os dirigentes da Câmara decidiram mandar à gaveta um projeto que previa o aumento de R$ 50,8 mil para R$ 65,1 mil das verbas destinadas mensalmente aos gabinetes de cada um a cada 513 deputados.

A decisão foi tomada num encontro da Mesa Diretora da Câmara, sob a presidência de Arlindo Chinaglia. Havia sete deputados presentes. Seis manifestaram-se contra. Só o deputado Ciro Nogueira (PP-PI), autor da nefanda proposta, arriscou-se a falar a favor. Assim, os deputados terão de continuar se virando os R$ 50,8 mil.

Em tese, esse dinheiro, serve para pagar os salários dos funcionários contratados pelos deputados. Em muitos casos, porém, acabam migrando para os bolsos dos donos do gabinete –ora na forma de aumento da renda familiar, por meio da contratação de parentes, ora na forma de pedágios cobrados sobre os contracheques de auxiliares.

Afora os R$ 50,8 mil, os deputados recebem R$ 15 mil por mês. Teoricamente, servem para financiar despesas com o exercício do mandato –gasolina, aluguel de escritórios nos Estados, etc. Mas, também neste caso, há fraudes em penca. Muitos deputados espetam notas frias na contabilidade da Câmara. E levam ao bolso o dinheiro relativo às falsas despesas.

Na mesma reunião em que mandaram ao lixo o projeto de Ciro Nogueira, os deputados que dirigem a Câmara ratificaram a decisão de reajustar os vencimentos dos deputados. Vai passar de R$ 12.847 para R$ 16.250 mensais. Confirmou-se também a pretensão de equiparar o salário de Lula ao dos congressistas. Conforme noticiado aqui no blog em 28 de março, o holerite de Lula será tonificado em quase 83%.

Tudo considerado, os deputados continuarão despertando uma inveja inaudita no brasileiro comum –aquele que acorda cedo, sacode pendurado no balaústre do ônibus e encharca a camisa para receber um salário insuficiente para encher a geladeira. Fora do ambiente de "trabalho", talvez convenha a alguns congressistas conservar a cabeça abaixo da linha da gravata, como na ilustração exposta lá no alto. Pode dificultar a visibilidade. Mas evita os hematomas.

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