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quarta-feira, março 21, 2007

Odes sobre a sublime boçalidade, em dois tempos

Primeiro Tempo:


Folha Dinheiro, 21/03/2007

Putin ficou meio "putin" com o país, diz presidente

DO ENVIADO A MINEIROS (GO)

Em discurso durante visita à fábrica da Perdigão, ontem, em Mineiros (GO), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um trocadilho com o nome do presidente da Rússia, Vladimir Putin, ao relatar que interpelou pessoalmente um produtor rural sobre denúncias que ele havia feito à imprensa, em 2006, de que frigoríficos brasileiros supostamente pagavam suborno a autoridades russas para continuar exportando carne para aquele país.

"Certamente o embaixador russo recebeu [a notícia] e certamente mandou para o presidente Putin, e certamente o Putin ficou meio "putin" com o Brasil", disse.

Lula afirmou que encontrou em Chapecó (SC) o produtor, cujo nome não citou, e lhe disse que "o mínimo que esperava dele" era que mandasse uma "carta de desculpas" a Putin, "dizendo que tinha falado bobagem". Segundo Lula, a notícia foi publicada no jornal "O Estado de S. Paulo". Ele não explicou se abriu investigação para apurar as denúncias.

O presidente reclamou de supostas críticas injustas ("quando faz seca, é a desgraça do governo que é o culpado, quando chove, eu não vi uma passeata agradecendo a chuva") e chegou a atribuí-las ao que seria uma característica do brasileiro: "Temos um prazer de fazer transferências de responsabilidade com as desgraças como nenhum outro povo tem". (RV)

Segundo Tempo:

Usineiros estão virando "heróis mundiais", diz Lula

Presidente afirma que setor já foi considerado "bandido" e sugere que melhora está ligada a políticas do seu governo

Petista diz ainda que mexicanos ficam "doidos" com o Brasil por causa de saldo desfavorável na balança comercial

RUBENS VALENTE
ENVIADO ESPECIAL A MINEIROS (GO)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem em Mineiros (GO), a 450 km de Goiânia, que os usineiros brasileiros, antes considerados "bandidos", "estão virando heróis mundiais". Para o presidente, o suposto resgate da imagem do setor está associado às políticas de seu governo de incentivo à produção de álcool e cana.
"Os usineiros, que até seis anos atrás eram tidos como se fossem os bandidos do agronegócio neste país, estão virando heróis nacionais e mundiais porque todo mundo está de olho no álcool", disse Lula, que participou da inauguração de uma fábrica da indústria de alimentos Perdigão. A indústria de produção e abate de aves envolve R$ 510 milhões em investimentos. Desse total, R$ 170 milhões vieram de empréstimos do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social), R$ 270 milhões são aplicados por produtores rurais a partir de fundos públicos do FCO (Fundo Constitucional do Centro-Oeste) e do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) e R$ 70 milhões são recursos próprios da empresa.

Balança comercial

A indústria destina cerca de 80% do que produz para o mercado externo. Apesar disso, Lula criticou o que chamou de interesse desmedido do Brasil de apenas vender aos mercados estrangeiros, sem nada comprar em troca. Segundo ele, isso estaria provocando um "desequilíbrio" indesejado na balança comercial.

"É importante que a gente compre alguma coisa do México, porque nós temos um superávit na balança comercial de US$ 3 bilhões. Os mexicanos, cada vez que vêem a gente, ficam doidos. É preciso diminuir essa balança comercial. É muita vantagem para o Brasil, como é muita vantagem para outros países. Então, manter esse equilíbrio de comprar um pouco e vender um pouco é que dá uma certa justeza no comércio internacional. Se não, ninguém agüenta." Lula também citou o caso da Venezuela, com a qual o Brasil teria um superávit de US$ 2,5 bilhões. "Como eles só produzem petróleo e nós não precisamos comprar petróleo deles, chega uma hora que começa a criar problema. Nós vamos ter que comprar alguma coisa."

Oposição
Ao lado do principal nome do PSDB no Estado, o senador Marco Perillo, Lula deu uma alfinetada na oposição, em tom de ameaça. "No fundo, no fundo, todo mundo tem que dar seu dedinho de contribuição para que as coisas aconteçam. Se o Brasil der certo, todos nós ganhamos. Se o Brasil der errado, todos nós perdemos. Alguém pode até achar que pode ganhar umas eleições com o discurso de desgraça. Mas ele ganha e não leva. Porque, se o Brasil não der certo para nós, também não dará certo para quem governa", disse.

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