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Dans la foulée des difficultés financières aux Etats-Unis, les places européennes ont sévèrement reculé. La palme revient à Amsterdam, à — 8,75%.
A la Bourse de Londres, aujourd'hui. (Reuters) (REUTERS)
L'effet domino n'aura pas attendu. Entraînées par les difficultés des établissements financiers aux Etats-Unis et en Europe, les Bourses européennes ont connu une journée de lundi calamiteuse.
La Bourse de Paris a fini en lourd retrait, le CAC 40 dégringolant de 5,04% pour terminer à 3.953,48 points, son plus bas niveau depuis mai 2005.
En Scandinavie, les marchés ont tous terminé en forte baisse, la place norvégienne étant la plus touchée avec un retrait de 8,30%.
A Francfort, l'indice vedette Dax a lâché 4,23%, à 5.807,08 points, contre 6.063,50 points vendredi à la clôture.
La Bourse de Londres a également terminé en forte baisse, l'indice Footsie-100 des principales valeurs cédant 269,70 points, soit 5,30% par rapport à la clôture de vendredi, à 4.818,77 points.
A Amsterdam, l'indice AEX des principales valeurs a clôturé en baisse de 8,75% à 323,55 points, plombé par la chute du cours de l'action du bancassureur belgo-néerlandais Fortis qui a perdu 23,55% à 3,96 euros.
Enfin, à Bruxelles, l'indice Bel-20 a plongé de 7,98% à 2.589,47 points, notamment plombé par les banques Dexia et Fortis, dont le cours a fortement chuté. L'action Fortis a ainsi terminé à -23,71% à 3,967 euros, au lendemain de l'annonce de sa nationalisation partielle par les gouvernements du Benelux, qui espéraient ainsi ramener la confiance. Dexia, qui pourrait être la prochaine victime de la crise, s'est pour sa part effondrée de 29,65% à 7,07 euros.
Domingo, 19 março de 2006 | edições anteriores |
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E agora que não tem mais Serra? O PT de Lula e a escolha de Alckmin são o mato sem cachorro Fred Melo Paiva Vá conversar com Maria Sylvia de Carvalho Franco e você sairá com a sensação de que estamos num mato sem cachorro. "E isso faz tempo", ela diz. Maria Sylvia é uma intelectual que não guarda nenhuma ilusão com o PT, nenhuma ilusão com o PSDB. Ainda assim, sentia-se uma "potencial eleitora do Serra". Agora está diante de Lula e Geraldo Alckmin. "Deus me livre", ela diz. É o mato sem cachorro. Maria Sylvia é professora titular dos Departamentos de Filosofia da Unicamp e da USP. É autora, entre outros livros, do clássico Homens Livres na Ordem Escravocrata (Unesp). Não revela a idade e gosta de pontuar suas conversas com outras negativas: "Eu não pertenço a partido nenhum, não tenho simpatia por partido nenhum, mantenho a minha total independência para dizer o que quero e quando quero, tanto na vida acadêmica como política". A política e os livros não são os únicos interesses de Maria Sylvia - concertos de música clássica, em especial os do Mosteiro de São Bento, e o jardim de casa consomem sua atenção em igual medida. Casada com o filósofo Roberto Romano da Silva, ela tem dois filhos (um deles é o cineasta Roberto Moreira, diretor de Contra Todos). Tem também uma neta, que vive com a filha nos Estados Unidos. Aliás, como se verá na entrevista a seguir, "o Alckmin é igual minha netinha..." O que representa a escolha de Alckmin para o PSDB? É uma coisa complicada, porque um determinado grupo se apossou do aparato interno do partido. Foi isso que Alckmin e seu grupo fizeram. Ele venceu com os governadores, com os diretórios, com uma verdadeira tropa de choque. Isso não é fácil de se fazer mas é plausível, tanto que conseguiram. Agora, transformar esse predomínio interno em movimento capaz de vencer uma eleição é muito difícil. Os 20% que separam Alckmin de Lula são muita coisa. Uma diferença improvável de ser tirada. O partido vai dividido para as próximas eleições? Em qualquer processo, quando uma facção se retira e deixa a outra sozinha - um bom nome disso em política é traição -, é muito difícil que se consiga um bom resultado eleitoral. A tendência é que Alckmin não decole, embora isso seja apenas cogitação. O ponto-chave dessa história é o seguinte: acho muito difícil que gente com a tarimba que tem essa liderança do PSDB cometesse a imprudência dessa escolha se não tivesse outra perspectiva em vista. Talvez Alckmin esteja aí porque a eleição está perdida mesmo. Perdido por perdido, então que perca o Alckmin e que se preserve o Serra. O triunvirato tucano, formado por FHC, Tasso Jereissati e Aécio Neves, sai derrotado desse processo? Não, porque eles são espertos demais. Quem conhece Fernando Henrique sabe que ele não cederia com essa facilidade, a não ser que estivesse a fim de viver a vida e os outros que se arrumassem. Mas não acredito nisso. Há alguma racionalidade na escolha que fizeram e ela passa pela dificuldade de bater Lula - se Alckmin quer porque quer, então deixa ir. E vai perder. Do ponto de vista de Alckmin, estaria de bom tamanho a exposição nacional que uma campanha à Presidência confere ao candidato? Claro que política é imprevisível. Mas o problema é que acho que ele perde fragorosamente... O adversário é de porte. Você imagina o que aconteceu de junho para cá, desde as denúncias de Roberto Jefferson. Isso era para enterrar qualquer partido. Mas o PT está aí, vivo. Por que isso acontece? Lula é um sobrevivente. Ele foi deixando os outros se estrepar. Ficou para trás o José Dirceu, que foi um dos grandes construtores do PT e dele próprio. Ficou para trás o tesoureiro. Não tem importância. Ele vai largando os mortos pelo caminho e sobrevive. Essa história de pensar que Lula sempre foi um simples joguete de forças mais racionalmente estabelecidas não confere mais com os fatos. No passado, eu mesma poderia ter pensado isso. Mas em vista do que aconteceu nesses últimos oito meses, ficou claro que Lula é um político muito esperto, que dirige aquilo tudo com mão de ferro e tinha absoluta consciência do imenso aparelho que se estava montando - um aparelho que não se monta com dois tostões. E que tipo de político é o governador Geraldo Alckmin? Alckmin e Lula têm coisas em comum. O que me assusta nos dois são os traços de personalidade autoritária. Essa idéia de que não há dificuldade que não se possa vencer, isso está em ambos. Em seu trajeto até a indicação, Alckmin foi habilidoso em mexer os pauzinhos. Mas só fez isso porque tem esse tipo de convicção. Mas isso não é uma virtude? É um traço temerário. Sua primeira implicação é a perda do senso de realidade. Qualquer pessoa que acredite minimamente em resultado de pesquisa - eu desconfio um pouco - sabe que a diferença entre Alckmin e Lula é muito grande, enquanto Serra e Lula estão empatados tecnicamente. A vontade de poder que não vê dificuldades leva a pessoa a desconsiderar isso totalmente. Então, junte-se a esse aspecto outros traços da personalidade de Alckmin. Por exemplo, esse apego aos padrões convencionais, antiquados. Ele diz que a pátria é a religião, os costumes e a família. Só faltou a propriedade... Alie-se a isso a determinação autoritária, e a coisa começa a ficar feia. Ou separe o tema da religião, e verá que ele está ligado ao que há de mais complicado, que é a Opus Dei. Há ainda um elemento, que é o moralismo maniqueísta expresso na sua primeira fala como candidato: "Vou dar um banho de ética neste País". O que isso tem em comum com o presidente Lula? Em Lula você encontra o paternalismo do "pai do povo" e o mesmo conservadorismo. Há outro traço que é muito visível nos dois, embora mais evidente em Lula neste momento: ele é submisso à autoridade e pisa em quem está embaixo. Basta ver o que fez com as aposentadorias e pensões, o que faz com a classe média - ao mesmo tempo que libera o imposto do investidor estrangeiro. Pisar em quem está embaixo e bajular quem está em cima é o traço de autoritarismo mais velho que existe. Se você ler A República, de Platão, esse é o traço do tirano. Por outro lado, Antônio Ermírio de Moraes diz que Serra é muito teimoso. Significa que Alckmin já está lá se ajustando ao empresariado. Que lições o PSDB tira desse processo de escolha de seu candidato? As lições, o PSDB deveria tê-las tirado antes. O partido deveria ter tido uma atitude muito diferente durante os escândalos de corrupção de Lula. Eles estiveram com a faca e o queijo na mão. Houve momentos em que se constatou dinheiro do exterior no PT. É crime. Poderiam ter feito o impeachment e não fizeram. Por quê? Porque têm lá os seus esqueletos e preferiram o acordo tácito com os petistas. Isso se deu porque o PSDB, antes, quando governo, fez um programa muito conservador, para dizer o mínimo. O privilégio foi dado ao capital financeiro, numa velha política liberal. Como disse, as lições, o PSDB deveria tê-las tirado muito antes. Qual é o futuro do PSDB? Eles precisavam não ter todos esses compromissos que estabeleceram. Agora precisam se reabilitar como partido político. Mas não sei como. O que falta para Alckmin é justamente essa base partidária de uma grande máquina montada. Lula e o PT aparelharam o País. Não tem uma estatal que não esteja dominada por eles. É uma indústria mantenedora do poder, uma indústria cultural. Lula tem todos os dons de um animador de auditório. E muito, mas muito bem articulado - e extremamente autoritário na sua ideologia de poder pessoal. Ele é o elemento carismático que colou nessa indústria. Seu governo não tem nada a mostrar de realmente positivo? O que Lula faz? Um enxurrada de banalidades que vai nutrindo e enchendo a cabeça desse povo todo que está aí. É igual um programa de auditório - aliás, o País é o seu auditório. Silvio Santos sorteia casa e automóvel. Lula dá. Ele vai sofrer sem Duda Mendonça... O que me assusta é que haja intelectuais com formação para ver isso, inclusive intelectuais de extração marxista, mas que não conseguem enxergar a destruição que essa política significa para o País. E a política econômica? Como é que gente com formação aceita uma coisa dessa? Por que o empresariado manifestou apoio a Alckmin, sendo que Serra sempre foi o mais crítico a essa política econômica, isso desde o governo FHC? Serra sempre foi nacionalista e desenvolvimentista, isso desde os tempos da ditadura. Mas o empresariado, na verdade, não quer surpresa. Veja que Lula mantém a estrutura de poder econômico. Quem leva a breca é gente menor. Antônio Ermírio está muito bem, obrigado. Por que eles vão se arriscar a colocar dinheiro no setor produtivo, se basta comprar títulos do governo? Por que vão se arriscar se há outros trabalhando por seus lucros? Então por que o empresariado não desembarca logo na campanha de Lula? Mas ele tem os bancos ao seu lado, o grande capital financeiro que o sustenta. Todos nadando em dinheiro. Há dois anos, um banco brasileiro lucrou mais que a Volkswagen mundial. Isso compromete qualquer racionalidade que você tenha com relação a crescimento econômico. O que me dá muito medo é que, se por um lado Lula tem os banqueiros, por outro tem também os miseráveis do mundo. Tem os dois extremos - um que lhe dá dinheiro, outro que lhe dá voto. Junte os dois, e é imbatível. Agora, para onde vai essa classe média que está sendo escorchada, isso é uma incógnita. Serra projetou uma imagem de pessoa indecisa ou mesmo insincera ao negar o desejo da candidatura? Ele foi prudente e cauteloso. Só deu um mau passo quando assinou aquele compromisso de não deixar a Prefeitura. Em política não se assina compromisso assim, porque se depende de conjuntura, de jogo de forças que se alteram. A imagem de indeciso e insincero já é propaganda pró-Alckmin. É uma forma de dizer que ele, sim, é determinado. É verdade, mas sua determinação tem algo de infantil: eu quero a Presidência já. É igual minha netinha. Serra demonstrou tino político: a troco de que iria se expor para, sem o apoio do partido, levar na cabeça? Ele está instalado em um ponto nevrálgico da política do Brasil. Por que sair daí? Tenho minhas dúvidas, inclusive, se será candidato ao governo do Estado. Temos de lembrar que tem 60 anos. Ainda é muito moço. Pode esperar. Levando-se em conta a reeleição, não parece muito irreal a possibilidade de Serra ou Aécio, dois futuros postulantes ao cargo, apoiarem verdadeiramente Alckmin para presidente? Afinal, Lula sairia em 4 anos, mas Alckmin poderia ficar 8... Certamente os planos políticos de José Serra e Aécio Neves não incluem Geraldo Alckmin. Uma vez, logo depois que Alckmin foi eleito governador, me perguntaram se ele não seria o político emergente capaz de construir uma carreira rápida. Eu disse que este era o Aécio Neves, porque tem família e a máquina de Minas Gerais. Sua herança não é brincadeira. E o Alckmin? Saiu ali de Taubaté, Pindamonhangaba, sei lá o quê, para fazer uma carreira miúda. Aécio é que não tem essa ambição imediata... É muito novo. Mas Alckmin também é. Tem pouco mais de 50 anos (53). É uma questão de exorbitância mesmo. O PT é, em grande parte, um partido de sindicalistas que subiram na vida e se apropriaram do poder. É um partido dominado por esses alpinistas sociais. Alckmin tem ganância semelhante, essa vontade de poder. Então ele quer e quer depressa. Ele não se agüenta. Aécio é diferente. Está lá, por cima da carne-seca, esperando a sua vez. Parte dos eleitores de esquerda que se desiludiram com Lula talvez votasse em José Serra. Darão seu voto para Alckmin? Acho que não. Se você perguntar para mim, vou votar na Heloísa Helena (risos). Brincadeira, tem muito tempo ainda para pensar... Heloísa Helena não é o voto da esquerda juvenil? Não sei se é tanto assim. Ela é bastante demagoga, eu diria, e não é muito bem-vista por uma camada dos intelectuais, por ser assim um pouco afoita. Mas esse grupo do PSOL, afora alguns interesseiros que se juntaram, tem um mérito enorme. Não é uma opção a se descartar. Votar neles pode ser uma forma de protesto. Eu, que não tenho simpatia por partido nenhum, poderia ser uma potencial eleitora do Serra. Agora, entre essa figura do Lula e a do Alckmin... nisso também não vou votar. Existe espaço para uma terceira opção, ou mesmo para o aparecimento de algum aventureiro? Não acredito. Garotinho, por exemplo, é tão inexpressivo politicamente quanto Alckmin. Ninguém, a não ser Serra, que é nome nacional, teria possibilidade de enfrentar Lula e seu aparato. A Globo, por exemplo: ou está silenciosa, ou está apoiando Lula. Não é pouco o poder que o PT conseguiu juntar. O seu sonho de País passa por uma aliança PT-PSDB? O meu sonho garanto que não. Deus me livre, duas forças tão conservadoras. Estamos num mato sem cachorro? Mas isso faz muito tempo... |