Comentário: tenho muitas dúvidas sobre Obama, mas nenhuma se enquadra nas apresentadas abaixo. Penso que o personagem é uma espécie de Lula norte-americano: usa retórica de inovação e namora os redutos do conservadorismo, fala em mudanças mas tem sólidas bases no establishment, inclusive financeiro. Ele, de fato, se baseia nas ilusões do liberals, como Lula se baseia nas ilsuões da ex-querda. Faça o que fizer Obama, sempre haverá um núcleo de liberals disposto a absolver o santo. Faça Lula o que fizer...etc. Agora, Maccain e sua boneca Barbie não entusiasmam também os que pensam. E para terminar, seria bem melhor se nos dispuséssemos a discutir, com o mesmo fervor dos que discutem, como se fossem norte-americanos as eleições là haut, no Brasil. É bem menos chic, dada a miséria brasilica, estampada em todos os jornais (e da qual todos são culpados, ninguém, mesmo que abrigado em revistas poderosas está isento) analisar os nossos problemas. Admiro os EUA e sei a importância de suas eleições para nós. Mas somos governados por gente que fala a lingua herdada de Portugal (falada de modo péssimo). Por enquanto, of course.
RR
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Não canta, não dança, não sapateia, mas...
Nesta madrugada, publiquei um post que informa que o democrata Barack Obama seria eleito presidente — dos Estados Unidos! — em 22 países pesquisados, incluindo o Brasil, é claro. Já os americanos ainda não estão assim tão convictos. Se a eleição fosse hoje, ele provavelmente perderia para John McCain. Quando não está empatado nas pesquisas, ele perde.
O fenômeno Obama chegou aqui? Chegou. Ele não canta, não dança e não sapateia, mas acho que poderia atrair multidões se aparecesse num estádio, feito Madonna.
Obama é o preferido em países onde a reputação dos EUA, por motivos muito diferentes entre si, não é lá grande coisa: China, Egito, Emirados Árabes, França, Filipinas, Indonésia, Líbano, Nigéria, Rússia, Turquia...
Um jornalismo a serviço da sagacidade indagaria por que os que não gostam muito dos americanos preferem Obama para governá-los, não é mesmo? Mas esse é o tipo de indagação que não se deve fazer hoje em dia porque é considerada incorreta.
E há os demais países, Brasil incluído, em que a preferência por Obama é resultado, afinal, do que as pessoas conseguem saber sobre Obama. E qual é o meio? A imprensa. Sim, Obama é um fenômeno da era de comunicação de massa. A população só tem acesso a notícias positivas sobre o homem. Quando são negativas, é porque um republicano mau, daqueles que causam nojo em Jabor, aprontou alguma por Redentor...
“Ah, e Sarah Palin? Você nega, Reinaldo, que os republicanos também buscaram o seu trunfo midiático?” Eu??? De jeito nenhum! Admiti isso desde o primeiro dia. Cheguei a dizer que a indicação de Sarah revelava o verdadeiro Obama. E antevi — se me permitem: sozinho — o seu sucesso. Basta ver os posts que escrevi naquela madrugada e o que disseram os jornais brasileiros naquele dia.
Bem, voltemos ao ponto. O chato — não para mim — é que quem vota são os americanos. Caso Obama perca — eu ainda o considero favorito —, deveria se candidatar à secretaria-geral das Nações Unidas. Lá, sim, ele teria nas mãos uma ONG de responsa... E poderia trabalhar pela paz universal, por um mundo sem perdão porque não há pecados.
Obama é tão bom, mas tão bom, que começo a achar que a presidência dos Estados Unidos o diminui, entendem? Acho que ele merece algo mais grandioso para se tornar um homem experiente...
Reinaldo Azevedo no seu blog