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quarta-feira, março 28, 2007

Os aliados dos governos nos campi.



Unicamp, Google satélite.



Certa feita, o senador Fernando Henrique Cardoso, ao deixar por algum tempo as lides políticas (nas quais teve e terá papel importante, nacional e internaciolmente) voltou para a USP. Ao ser recebido por docentes, funcionários, estudantes, falou em alto e bom som que deixava o Parlamento, lugar da ação, para retornar à universidade, lugar da falação. Esta grosseria foi aplaudida, de pé, pelos aduladores tucanos, petistas e quejandos. Na época escrevi um artigo no qual comentava aquele discurso. Comecei mostrando que Parlamento é lugar da falação (e de outras coisas...) e a universidade (quando merece o nome) é o lugar onde se produz conceitos, técnicas, métodos, que entram na ordem material da riqueza e refinam a mente da cidadania.

Quem duvida, mas é honesto, procure os dados sobre os ganhos da indústria, agricultura e comércio devidos aos saberes e técnicas gerados nos campi.

Um dado relevante, muito estranho, é o verdadeiro ódio que tucanos (muitos ex-professores) e petistas (idem) votam à universidade. Quando afastados do poder, cortejam os pares, exaltam a ciência, etc. Assim que colocam o corpo nos palácios, tentam destruir o que não construiram, difamar, cortar recursos, etc.

Essa prática reitera-se agora no governo Serra. Truculência inaudita, arrogância, descaso pela pesquisa e demagogia barata. Alegam os ex-universitários que a universidade pouco faz pelo ensino primário e médio. Certa feita disse que um ministro da educação faltava com o verdade. Neste caso, posso dizer o mesmo. E a demagogia "esquece" o dado fundamental: o orçamento da Secretaria da Educação é dos maiores no Estado. A sua máquina é monstruosamente ineficaz e seus titulares últimos ultrapassaram o limite do folcrore. Não por acaso, mesmo entre tucanos, os procedimentos e políticas daquele sorvedouro de dinheirama são criticados.

Críticas podem e devem ser feitas à universidade pública paulista. Mas o que se percebe agora, no governo de um professor da Unicamp, é o intento de domesticar a universidade pública, em proveito do "ensino superior" das "universidades" privadas (e coloque-se toda a polissemia que o termo comporta).

Não haveria tamanha eficácia no trabalho destrutivo de tucanos e petistas, se nos campi existisse uma grande maioria de pessoas dedicadas ao saber, longe das politicalhas. Mas ocorre o contrário. Na tarefa de acabar com o ensino e a pesquisa, os governantes de vista curta encontram aliados em professores, e não poucos. Todos com a miragem do dinheirinho para o seu grupo, miragens de poder, miragens.

This is this, and that is that

Roberto Romano

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