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quinta-feira, março 15, 2007

A primeira vez e tragedia, a segunda, comedia.

Certos atos possuem uma similaridade espantosa. Veja-se a censura do ministro Wldir Pires ao artigo de Boris Casoy. O argumento maior do ministro para o que fez, dá-se ao redor da "oportunidade" do escrito casoyniano para a Revista séria, sob guarda do ministério.

Sem querer afirmar que Casoy e Hegel são uno atque idem, longe de mim, recordo que Hegel ensaiou, como aliás boa parte dos filósofos alemães, trabalhar em jornais. Hoje só vemos aqueles filósofos, se for vencido o espesso incenso de suas seitas.

Quando ele escreveu o último artigo, pouco antes de morrer, estava interessado na Reforma Eleitoral (ah! vejam só!) inglêsa. A primeira parte do texto apareceu no Allgemeine preussischen Staatszeitung (A Gazeta Prussiana sobre Assuntos de Estado) em 26 de abril de 1831. Hegel vai para o Absoluto em 14 de novembro do mesmo ano. O resto do artigo saiu em duas edições posteriores do jornal.

O fim do artigo foi censurado. O rei da Prússia, Pires 1, desculpe, só rei da Prússia, fez saber ao diretor do jornal, o seguinte (na escrita do Conselheiro Albrecht) : "Sua Majestade não invectivou o artigo sobre a Reforma Eleitoral inglêsa; no entanto, Ela NÃO CONSIDERA OPORTUNO sua publicação no Staatszeitung. Peço, portanto, retirar a conclusão deste artigo que o senhor teve a amabilidade de me enviar e que devolvo em Anexo". (Hegel, Berliner Schriften).

O rei da Prússia não queria encrencas com o Reino inglês. E aplicou a tesoura.

Cf. G.W.F. Hegel, Écrits politiques. Paris, Ed. Champ Libre, 1977.

Um acontecimento se repete duas vezes, a primeira como tragédia....

Roberto Romano

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