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quarta-feira, dezembro 10, 2008

Exercício de lucidez: a corrupção não é patente brasileira, com exclusividade. Muita gente esquece: nós (a Humanidade) fomos expulsos do Paraíso..

São Paulo, quarta-feira, 10 de dezembro de 2008



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SUCESSÃO NOS EUA / MAR DE LAMA

Governador é preso ao leiloar vaga de Obama

Responsável por preencher o posto aberto pelo futuro presidente no Senado, Rod Blagojevich pedia cargos e doações

Eleito se diz triste com acusação a correligionário, que pagou fiança e mantém direito de fazer a indicação; jornal foi alvo de cobrança

M. Spencer Green-5.nov.08/Associated Press

Rod Blagojevich, governador de Illinois, acusado de corrupção; Obama diz desconhecer alegações

ANDREA MURTA
DE NOVA YORK

O governador de Illinois (EUA), o democrata Rod Blagojevich, foi preso ontem sob acusações de corrupção que incluem um suposto "leilão informal" para o preenchimento da vaga deixada em aberto pelo presidente eleito Barack Obama no Senado.
De acordo com o promotor federal encarregado do caso, Blagojevich exigia promessas de arrecadação financeira e de empregos futuros aos interessados no posto, cujo preenchimento pelo restante do mandato de Obama (dois anos) é de sua responsabilidade.
O presidente eleito limitou-se a dizer que a notícia o "entristecia" e que não teve nenhum contato com Blagojevich a respeito de sua substituição no Senado, evitando comentar mais porque o caso ainda sob investigação.
O governador foi solto no fim da tarde após pagar US$ 4.500 como garantia de que se apresentará em julgamento. Desde 2006 ao menos 13 membros do governo estadual de Illinois foram acusados de corrupção.
O chefe-de-gabinete de Blagojevich, 51, também foi preso ontem. "O governador nos levou a um novo nível [de corrupção]", disse o promotor federal Patrick Fitzgerald em entrevista coletiva. "Ele comandou uma onda de crimes políticos sem precedentes. [O legislador de Illinois e presidente Abraham] Lincoln (1861-1865) deve estar se revirando no túmulo."
O porta-voz de Blagojevich, Lucio Guerrero, afirmou que não comentaria as acusações, mas afirmou em comunicado que elas "não vão prejudicar serviços, obrigações nem o funcionamento do governo".
Com escutas no escritório e no telefone da casa do governador, investigadores gravaram conversas de Blagojevich em que ele menciona diversas frentes de exigências ilegais, suborno e fraude, de acordo com o promotor.
Sobre a venda da vaga de Obama no Senado, Blagojevich afirmou: "Eu tenho isso [o poder de fazer a indicação] e é uma oportunidade de ouro. Não vou dar de graça". Além de até US$ 1 milhão em contribuições, o governador pedia aos interessados emprego para a mulher e cargos para ele no futuro, inclusive apoio para se tornar embaixador.
Em outra acusação de corrupção, Blagojevich é suspeito de ameaçar impedir a conclusão da venda de um estádio esportivo do grupo Tribune Co., proprietário do "Chicago Tribune", a não ser que membros do conselho editorial do jornal fossem demitidos. "Queremos alguns editoriais positivos", disse ele, segundo gravações. O grupo Tribune Co. pediu concordata nesta semana.
A investigação foi inicialmente focada em um esquema avaliado em US$ 7 milhões que exigia dinheiro de empresas interessadas em negócios em Illinois. O promotor afirma ainda que Blagojevich usou sua autoridade para tentar forçar contribuições de campanha, além de "fraude endêmica em contratações" pelo governo.
Eleito em 2002 e reeleito em 2006, Blagojevich fez campanha prometendo limpar o Estado após o governo do republicano George Ryan, que hoje cumpre sentença de seis anos por fraude e atividades ilegais.

Mancha
O presidente eleito não foi envolvido nas acusações. Em uma das gravações, Blagojevich diz que Obama é "um filho da puta" por favorecer a indicação de um substituto que ou desagradava ao governador ou que não lhe renderia benefícios financeiros. "Eu quero dinheiro. Se não for lucrar, prefiro indicar a mim mesmo ao Senado".
Ainda assim, a prisão de Blagojevich, que ainda detém o direito de indicar o sucessor de Obama, elevou temores de que o presidente eleito possa ser prejudicado. O Comitê Nacional Republicano divulgou ontem um memorando que apresenta os dois democratas como aliados, e analistas afirmam que o substituto de Obama no Senado enfrentará enormes desafios éticos. "Infelizmente, quem pegar a vaga terá esse legado", disse Robert Rich, diretor do Instituto de Governo da Universidade de Illinois.
Obama e Blagojevich têm outro elo: o arrecadador Antoin Rezko, que buscou contribuições para as campanhas de ambos e hoje aguarda sentença por fraude. Já o diretor de arrecadação do governador, Christopher Kelly, será julgado em 2009 por acusações de obstrução do trabalho do Fisco.

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