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Chávez quer convocar referendo de reeleição ilimitada até fevereiro "Se vamos fazer, é já", diz presidente a partidários, que devem recolher assinaturas para permitir a realização da consulta
Oposição venezuelana considera iniciativa ilegal, pois tema já foi a votação popular no ano passado, com derrota do governo
FABIANO MAISONNAVE DE CARACAS O presidente Hugo Chávez jogou de vez a Venezuela numa nova campanha eleitoral ao exortar ontem seus militantes a recolher assinaturas para convocar ainda em janeiro um segundo referendo nacional sobre a reeleição indefinida, proposta derrotada um ano atrás. Horas depois, durante a segunda cadeia nacional obrigatória do dia, Chávez disse que a emenda constitucional precisa ser aprovada "no mais tardar durante o mês de fevereiro". "Não quero passar 2009 num debate de que, se Chávez é um tirano, não é tirano, que é meio tirano, uma jornada longa, não. Se vamos fazer, é já. (...) Hoje [ontem] começa a batalha pela emenda constitucional", disse, durante cadeia obrigatória de rádio e TV e sob os gritos de "uh, ah, Chávez, não se vá". "Isso pode ser perfeitamente preparado em dezembro e ráááá [imitando metralhadora], imediatamente, começando o ano. Ataque fulminante, relâmpago, ataque blindado do povo. Adiante Partido Socialista Unido da Venezuela [PSUV], os batalhões, as patrulhas, os patrulheiros, as patrulheiras." Dirigindo-se à oposição, Chávez avisou: "Vão comprando sandálias, porque o que vem é joropo [dança típica venezuelana] forte e rápido". As declarações foram feitas na posse do novo governador de Aragua (centro), o chavista Rafael Isea, eleito há nove dias -na Venezuela, não há transição. Isea foi um dos 17 governadores oficialistas eleitos no último dia 23. O PSUV, presidido por Chávez, também levou 80% das prefeituras, mas a oposição ganhou nas regiões mais populosas, incluindo o governo distrital de Caracas. Analistas têm afirmado que Chávez saiu mais enfraquecido das eleições regionais, embora tenha conseguido manter a maioria dos votos válidos. Por outro lado, ele estaria pressionado pela queda de 70% do preço do petróleo neste ano, o que o obrigaria a tomar medidas impopulares em médio prazo. Eleito pela primeira vez em 1998, Chávez é o presidente latino-americano há mais tempo no poder. O seu objetivo declarado é permanecer no cargo ao menos até 2021. O seu mandato atual termina em 2013. Pela Constituição, um projeto de reforma constitucional pode ser apresentado por ao menos 15% dos eleitores inscritos, o que representa cerca de 2,5 milhões de assinaturas. Depois, a proposta é submetida a referendo nacional, como ocorreu há um ano, quando Chávez experimentou a sua primeira derrota eleitoral. A oposição diz que a iniciativa é inconstitucional porque uma emenda constitucional só pode ser apresentada uma vez em cada mandato presidencial. |