Sexta-feira, 12 de Dezembro de 2008
Misticismo no jornal oficial da UFSC
De vez em quando algum auditório da UFSC se abre para as pseudociências. Não bastasse isso, a coisa chega agora ao Jornal Universitário, editado pela Agência de Comunicação, órgão vinculado à Reitoria.
O jornal diz que "os artigos são de inteira responsabilidade de seus autores". Até aí, tudo bem. A edição de dezembro apresenta dois textos: um do professor Rogério Guerra, um bom pesquisador; o outro artigo, sem autoria, é na verdade um fragmento do "Manifesto Positio Fraternitatis Rosae Crucis", de uma tal Ordem Rosacruz.
Role a página e leia "Ciência para quem?". Trata-se de uma sucessão de preconceitos e diatribes contra a ciência, da qual seríamos meros "escravos". Sob essa escravidão "materialista", "mecanicista", "quantitativista", "racionalista" etc., sucumbe o "Ser Humano" (sempre grafado com maiúsculas).
Como era de se esperar, o objetivo do texto é defender a religião e o misticismo. Notem o absurdo da comparação:
É de se notar que a ciência e o misticismo estavam muito ligados na Antiguidade, a tal ponto que os cientistas eram místicos e vice-versa. É precisamente a reunificação desses dois meios de conhecimento que precisa ser realizada no decorrer das próximas décadas.
O site da Ordem Rosacruz (Amorc) não deixa dúvidas quanto aos interesses esotéricos da entidade: "é uma organização internacional de caráter místico-filosófico que tem por missão despertar o potencial interior do ser humano". (Veja aqui informações sobre a história dessa ordem criada no século XVII).
Em relação ao "artigo" publicado no Jornal Universitário, fica a pergunta: por que o privilégio a uma organização mística nas páginas da publicação oficial de uma universidade pública?