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quarta-feira, março 26, 2008

Comentário:

A palavra é a espiritualização do punhal. Hobbes já enuncia tal fato no De cive.Punhais, no entanto, mesmo eles podem ser usados com lealdade, quando surgem diante dos olhos do atacado e dirigido para o seu peito. Se empurrado nas costas, significa o oposto da ética, mesmo quando se trata de luta física selvagem.

Silenciar os nomes das pessoas atacadadas não lhes deixa oportunidade de qualquer defesa. A escrita (tradução da lingua e do punhal para a visibilidade) tem regras e o jornalismo possui uma deontologia. Se alguém deseja criticar um indivíduo ou grupo, deve indicar o criticado, proporcionando-lhe a defesa, direito elementar e dever supremo.

Quem integra o conjunto indicado no artigo? A insinuação é arma usada em situações de exceção, tanto por amigos quanto por inimigos dos poderosos. Já entramos em regime de exceção?

Sou contra o estilo e o modo de pensar presentes no artigo. E tenho vergonha de um país que não tem o costume de indicar os nomes das pessoas, com a resultante (e pressuposto) da responsabilidade pelo que se escreve.

Roberto Romano



FERNANDO DE BARROS E SILVA

A direita e o lulismo

SÃO PAULO - A chegada de Lula ao poder seguida da ruína moral do petismo serviu de trampolim para impulsionar uma nova direita no país. É um fenômeno de expressão midiática, mais do que propriamente político. Está disseminado em jornais, sites, blogs, na revista. E deve sua difusão aos falcões do colunismo que se orgulha de parecer assim, estupidamente reacionário.Mesmo que a autopropaganda seja enganosa e oculte que até ontem o conservador empedernido de hoje comia no prato da esquerda, que é só um "parvenu", um espertalhão adaptado aos tempos -ainda assim, temos aqui uma novidade.

Essa direita emergente já formou patota. Citam uns aos outros, promovem entrevistas
entre si, trocam elogios despudorados. Praticam o mais desabrido compadrio, mas proclamam a meritocracia e as virtudes da impessoalidade; são boçais, mas adoram arrotar cultura.

É uma direita ruidosa e cínica, festiva e catastrofista. Serve para entreter e consolar uma elite que se diz "classe média" e vê o país como estorvo à realização de seu infinito potencial. Seus privilégios estão sempre sob ameaça e agora a clientela de Lula veio azedar de vez suas fantasias de exclusivismo social.

Invertemos a fórmula de Umberto Eco: enquanto a direita anuncia o apocalipse, os integrados, sob as asas do lulismo, são testemunhas vivas do fiasco do pensamento de esquerda neste país. Não me lembro de ter visto antes a mídia estampar com tanta clareza os passos da regressão social de que participa.

Do lado oficial, há um ambiente paragetulista de cooptação e intimidação difusas, se não avesso, certamente hostil às liberdades de expressão e de informação.Na outra ponta, um articulismo de oposição francamente antinordestino e preconceituoso, coalhado de racismo e misoginia, que faz do insulto seu método e tem na truculência verbal sua marca. Deve-se a ele o retorno da cultura da sarjeta e do lixo retórico, vício da imprensa nativa que remonta ao Império, mas que havia caído em desuso.

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Nova direita
"Lúcidas e oportunas as crônicas de Fernando de Barros e Silva sobre o avanço da "nova direita". A de 24/3 ("A direita e o lulismo') acerta em cheio ao observar que cresce a presença midiática dessa "direita ruidosa e cínica, festiva e catastrofista" em jornais, revistas, blogs e TV.

Barros e Silva, contudo, deixou de identificar a plumagem político-ideológica dessa direita. A meu ver, na sua extensa maioria, ela é constituída de acadêmicos simpatizantes do tucanato ou de jornalistas que ainda hoje choram a morte do seu guru, o jornalista Paulo Francis, paradigma insuperável da esquerda arrependida."
CAIO TOLEDO, professor de ciência política da Unicamp (São Paulo, SP)

"A posição de Fernando de Barros e Silva se assemelha à do militante que sobe numa cadeira num bar e lança todo um repertório de generalidades cheio de som e fúria. O esforço do colunista visa alertar-nos sobre o perigo da disseminação na mídia brasileira de uma direita emergente e organizada.

Mas, no aranzel de adjetivos, não encontramos nenhuma referência precisa, nenhum autor. Como é usual no exercício irresponsável da diletância e nos discursos conspiratórios, a direita de Fernando se eleva quase como uma entidade metafísica. Afinal, quem são eles?"
DAVID A. MAGALHÃES (São Paulo, SP)

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