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quarta-feira, junho 04, 2008


EU TINHA CERTEZA QUE O AMIGO ALVARO CAPUTO NÃO NOS DEIXARIA...SEGUE UMA EXCELENTE SUGESTÃO DE LEITURA (MUITO PRÓPRIA PARA O MOMENTO ATUAL).
GRATO ALVARO!
RR

O blog é de um brasileiro que vive em Portugal. Gosto dele...Link

http://brunogarschagen.com/

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JPCoutinho: a possilidade de um segundo holocausto é mais real do que se imagina
João Pereira Coutinho , colunista da Folha de S. Paulo e do jornal Expresso , fez ontem uma palestra dando pinceladas sobre o passado, presente e futuro de Israel estabelcendo links com o romance Operação Shylock, de Philip Roth. Na conversa de quase duas horas, incluindo debate com o público, tocou em pontos cardeais:

1) As famílias israelenses poderiam ser muito maiores do que são. Israel é um país dos vivos com seus fantasmas;

2) O anti-sionismo, por seu caráter persecutório e violento, é muito mais preocupante do que o anti-semitismo, que revela a idiotice de pessoas que cultivam um preconceito tão abjeto quando histórico;

3) O anti-semitismo não despareceu só mudou de método;

4) A possilidade de um segundo holocausto é mais real do que se imagina.

JPCoutinho citou dois elementos fundamentais para que tal tragédia ignominiosa venha a ocorrer: a) um processo de desumanização do outro (como se fez na Alemanha nazista, como se faz em países árabes em relação aos judeus); b) capacidade tecnológica para converter ódio em ato (o programa nuclear do Irã é muito mais do que apenas um indício de que a vaca já foi para o brejo).

5) A Europa, com sua compreensível posição pacifista, não está dando a devida atenção ao problema naquilo que JPCoutinho chamou de postura de negação. "Negar a realidade ou desacreditá-la não vai fazê-la desaparecer", disse. Ele citou a matéria de capa da revista Foreign Policy , que ouviu 100 importantes intelecuais sobre a situação de Israel. Ninguém deu um pio sobre a ameaça representada por Teerã.

6) Sobre aqueles que defendem um equilíbrio nuclear com o Irã, JPCoutinho disse que é ingenuidade a Europa achar que é possível estabelecer um equilíbrio de força como na Guerra Fria. O colunista disse que não é possível confiar num regime fanático porque nunca se saberia o que planejava e o que era capaz de fazer. Além do mais, Irã não deverá atacar Israel na posição de Estado, mas vai agir, como já vem fazendo, através de grupos terroristas, como Hamas e Hezbollah, que recebem informalmente apoio e financiamento.

7) O fracasso nas negociações de Camp David em 2000: Barak, de Israel, entrou para negociar; Arafat, da Palestina, não. Isso ficou claro com as concessões feitas por Israel e, além de exigir que todos os pedidos fossem atendidos, para fechar a rosca, Arafat ainda propôs a volta de 3 milhões de refugiados palestinos para o Estado de Israel e não para o futuro Estado palestino. "Arafat queria eliminar Israel demograficamente. Queria dois Estados para um só povo".

Num texto que fiz para o site Americas Reporter, o embaixador de Portugal em Argel, Luís de Almeida Sampaio disse que o diálogo entre Israel e palestinos já vinha sendo desenvolvido antes mesmo da Conferência de Anápolis, realizada em novembro do ano passado nos Estados Unidos. Destaco um trecho do meu texto (pode ser lido aqui ):


Do encontro, com participação de 47 países, a maior já registrada numa conferência pela paz na região, saiu um documento que define pontos de um acordo para selar a paz e criar um Estado Palestino até o fim deste ano (Israel, no entanto, não quis estabelecer um prazo, mas acha que o acordo sai até dezembro). Também está prevista a formação de um comitê permanente de negociação com representantes dos dois povos e uma reunião quinzenal entre Olmert e Abbas.


Mas o fato de todas as questões de interesse entre palestinos e israelenses terem sido previamente discutidas não significa que haja consenso. Ainda é ponto de discórdia questões centrais como o problema dos refugiados que se arrasta desde 1948 (hoje são quatro milhões), o desmantelamento do muro e dos assentamentos, o controle da água, a libertação dos presos, o reconhecimento de Israel como Estado Judeu, a volta às fronteiras de 1967 com a retirada das tropas israelenses e a devolução da parte oriental de Jerusalém, conquistada naquele ano por Israel e que seria convertida na capital do futuro estado palestino.


„Como tudo vem sendo negociado pelos dois países não é preciso reinventar a roda. Precisa é negociar e decidir‰, explica o embaixador português, para quem o que falta é vontade política para, em algum momento, fechar o acordo. „Mas é claro que não será um acordo satisfatório para nenhuma das partes. Israel vai reclamar, os palestinos vão reclamar e a comunidade internacional também. Mas, com todas as limitações, será o acordo possível e igualmente importante. Em cima desse acordo, depois, é possível avançar nos pontos divergentes‰.

JPCoutinho deixou claro que o governo de Israel pode e deve ser criticado por suas ações, mas não pelo fato de defender seu povo e território. A confusão que geralmente se estabelece é vincular ações de defesa dos israelenses com a legitimidade da existência do Estado de Israel.

No fim da palestra pedi ao JPCoutinho que me enviasse o texto que ele preparou. Assim que eu recebê-lo publico aqui para vocês lerem os demais pontos abordados.

PS: Vou passar a comentar no blogue eventos que eu for por aqui. Acho que está faltando ao site falar sobre Lisboa e de tudo o que venho tendo acesso na terra de Camilo Castelo Branco.

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