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domingo, novembro 30, 2008

Universidade de Portas Abertas (Unicamp) 2008

Quando um professor está prestes a se aposentar, é natural que ele esteja sem paciência para ouvir (ou falar com...) os colegas ou alunos mais antigos. Mas este anos tive uma bela surpresa, que me deixou contente. Alunos do segundo grau em visita à universidade, ouviram com paciência e, diria, com interesse o que tenho para dizer. Com eles, alunos já acolhidos pela universidade, que também ouviram e perguntaram, mostraram curiosidade teórica e prática.Depois que saem da universidade, poucos se interessam pelo que pensam ou dizem os velhos professores. É uma grata recordação que levo da Unicamp, em conexão com a sociedade. Obrigado aos que me convidaram para um encontro prazeroso, raríssimo nos limites do campus!
RR


Roberto Romano fala aos visitantes da Filosofia no UPA 2008

Este ano contamos com a participação do Professor Roberto Romano, docente do departamendo de filosofia.

Enquanto tema, fomos contemplados com uma bela retrospectiva histórica que percorreu os tempos de filosofia dogmática e de filosofia de manual no brasil, até a vinda da missão francesa que iniciou a filosofia estruturalista no Brasil.

Roberto Romano
Roberto Romano

Roberto Romano

Roberto Romano
Esta entrada foi publicada em Setembro 16, 2008 às 2:10 pm e é arquivado em Uncategorized. Você pode seguir qualquer respostas para esta entrada através de RSS 2.0 feed. Você pode deixe uma resposta, ou trackback do seu próprio site.

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Tema: Criado por Vault9




Cedo ou tarde as linhagens, os parentescos, aparecem....


International Gramsci Newsletter
Number 14, december 2004
Editor: Joseph A. Buttigieg
Co-editors: Guido Liguori and Marcus E. Green

Production of the IGS Newsletter is made possible by the generous support of the English
Department of the University of Notre Dame.

Currente bibliography:

Kalyvas, Andreas. “Hegemonic Sovereignty: Carl Schmitt, Antonio Gramsci and the
Constituent Prince.” Journal of Political Ideologies 5, no. 3 (2000).

This article argues that Schmitt's concept of sovereignty and Gramsci's notion of hegemony represent two distinct variations on a single theme, namely the idea of the political as the original instituting moment of society. Both Schmitt and Gramsci focused on the sources, conditions, content, and scope of the originating power of a collective will. While the former located it in the constituent power of the sovereign people, the latter placed it in the popular-national will of the modern hegemon. Both thinkers explored the complex and perplexing relationship between radical founding acts and modern democratic politics in a secular age, that is of democratic legitimacy, where with the entrance of the masses into the political sphere, the references to ultimate foundations of authority and to an extra-social source of political power had begun to appear more dubious than ever. The last section of the article develops a notion of hegemonic sovereignty defined as an expansive and positing democratic constituent prince, aiming, through founding, total decisions, at the overall, radical, explicit, and lucid institution of society. The article briefly shows how the concept of hegemonic sovereignty can solve some problems pertaining to Schmitt's notion of sovereignty and to Gramsci's theory of hegemony. In so doing, the article seeks to establish the mutually reinforcing qualities of the two concepts.
São Paulo, domingo, 30 de novembro de 2008



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+Sociedade

Os donos da história


Três livros lançados no reino unido discutem as vantagens e os limites dos avanços tecnológicos para o futuro do jornalismo

Os blogs e a web marcam um retorno ao jornalismo dos séculos 17 e 18


JOHN LLOYD

Os últimos 150 anos foram a era do jornalismo heróico, um período em que os jornalistas desenvolveram sua auto-imagem como responsáveis por corrigir os males da sociedade.
O período produziu testemunhas do horror, tais como William Howard Russell, do "The Times", cujos artigos sobre a Guerra da Criméia ajudaram a destruir um governo e a modernizar o Exército britânico.
Houve jornalistas como o escritor francês Émile Zola, que colocaram sua pena a serviço da indignação, diante das falsas acusações movidas contra o capitão Alfred Dreyfus.
Já o jornalismo de denúncia ao estilo norte-americano gerou talentos como o de Ida Tarbell, que expôs as práticas da Standard Oil no começo do século 20 -período em que era difícil ver mulheres ocupando posições no jornalismo fora das páginas literárias e de moda.
E, dos anos 1960 em diante, uma legião de repórteres investigativos justificou sua existência com a criação de um quadro de profissionais intransigentes que exigiam que os poderosos prestassem contas.
Esses repórteres foram imensamente beneficiados pela fama e pelo status de Ed Murrow, jornalista de rádio e TV da [rede norte-americana] CBS nos anos 1950, e pelos jornalistas Carl Bernstein e Bob Woodward, do "Washington Post", famosos por suas reportagens sobre o caso Watergate no começo dos anos 1970.
De diferentes maneiras, três livros recentes são produto da transição da era do jornalismo heróico para... O que, exatamente? Por enquanto, o novo modelo não tem nome.
As primeiras indicações são de que o melhor termo seja "era demótica", devido à explosão de blogs, sites de redes sociais, e-mails e textos que a internet propiciou nos últimos dez anos -e tudo isso com uma intensidade não vista nem mesmo no período epistolar mais intenso da era vitoriana.
Em "SuperMedia" [ed. WileyBlackwell, 216 págs., 14,99, R$ 53], Charlie Beckett considera a nova era sob esses termos. Antecipa o momento em que essa forma de jornalismo cidadão suplantará o modelo convencional e, em suas palavras, "salvará o mundo".
Em "Can You Trust the Media?" [Você Pode Confiar na Mídia?, Icon Books, 256 págs., 12,99, R$ 46], Adrian Monck, ex-produtor da ITV e da Sky e hoje professor de jornalismo na Universidade Metropolitana de Londres, derruba os mitos da era do jornalismo heróico ao negar esse heroísmo.
E os ensaios da coletânea "UK Confidential" [Reino Unido Confidencial, Instituto Demos, Charlie Edwards e Catherine Fieschi (org.), 184 págs., 10, R$ 36] tratam da moderna suposição de que figuras públicas têm pouco ou nenhum direito a uma vida privada.

Blogs e nostalgia
De certa forma, os blogs e a web marcam um retorno ao jornalismo dos séculos 17 e 18 -um período empreendedor, no qual pessoas que tinham algo a dizer montavam seus negócios e publicavam panfletos e boletins noticiosos.
Também vivemos um período de maior incerteza, o que lembra a era vitoriana, quando os jovens aspirantes a literatos, vestidos com trajes modestos, ganhavam a vida trabalhando arduamente em um mercado formado majoritariamente por free-lancers.
O jornalismo do século 20, até agora, dependia de bases organizacionais: jornais com editorias, treinamento e estrutura de carreira; companhias de televisão que investiam em suas divisões de notícias e atualidades; sindicatos que por algum tempo deram aos jornalistas dos países desenvolvidos proteção ao menos semelhante àquela da qual os operários gráficos um dia desfrutaram.
Nem todos esses fatores desapareceram, mas diversos deles parecem oscilantes.
A paisagem atual está repleta de grandes fábricas de notícias que estão perdendo espaço e mostrando sinais de debilidade. A divisão de notícias da CBS, criada por Murrow, hoje conta com apenas alguns correspondentes estrangeiros, e quase nenhum zelo investigativo. O "Le Monde", fundado por Hubert Beuve-Méry para restabelecer a honra do jornalismo francês no pós-guerra, está lutando para sobreviver.
O "Daily Express", no passado uma presença dominante no mercado britânico médio, agora se reduziu a ponto de se tornar parte de um grupo dirigido por um pornógrafo.
O denominador comum a isso é a perda de audiência e de receita sofrida ao longo da última década. Existe, como aponta Charlie Beckett em "SuperMedia", "pressão mais que suficiente para que temamos pelo futuro do jornalismo".
Usando um excerto de um discurso proferido em 2007 por Ed Richards, presidente da Ofcom, a organização que fiscaliza a mídia britânica, ele propõe uma questão: "O abandono do consumo de notícias, quer em forma eletrônica convencional ou em forma impressa, parece ser uma tendência secular e em aceleração... Até que ponto isso influencia a existência de uma sociedade civil saudável?"
Trata-se de uma pergunta válida. O jornalismo baseou sua auto-imagem e sua justificativa para existir na crença de que seu trabalho permitia que os membros de sua audiência de massa se tornassem melhores cidadãos. Se o jornalismo desaparecer, o que acontece com a cidadania?
A pergunta que serve de título para o livro de Monck é respondida de maneira abrangente em seu ensaio: não, não se pode confiar na mídia, e aliás nunca se pôde.
Monck não acha que os padrões estejam em decadência, mas sente que a crescente falta de confiança é uma resposta pública racional à imprensa cada vez menos confiável.
"Do ponto de vista comercial", escreve, "confiança é um ativo sem valor". Ele zomba da "tocante fé em que, caso as pessoas testemunhem a verdade, agirão pelo bem", e enfatiza a bagagem emocional, e não racional, que os leitores e espectadores carregam com eles ao avaliar cada questão.

Afeto e exasperação
Se o jornalismo está em crise, alguns dos componentes dessa crise são tão antigos quanto o jornalismo -e indissociáveis dele. Em seu livro, acessível e escrito de maneira vivaz, Monck conclui expressando a certeza de que precisamos do jornalismo, mas ainda assim o encara com uma mistura de afeto e exasperação, como algo de falho que, quando faz o bem, o faz por acidente.
Em contraste, o argumento de Beckett está resumido em seu subtítulo: "Salvando o Jornalismo para Que Ele Possa Salvar o Mundo".
E o autor parece estar falando sério. Ele eleva o "jornalismo cidadão" -termo que engloba toda forma de comunicação, de blogs a depoimentos amadores sobre desastres ou guerra e sites de jornalismo amador na web- à posição de salvador do jornalismo.
Acima de tudo, Beckett acredita que, "quanto mais os jornalistas se comportarem como cidadãos, mais forte será o jornalismo". Ele também acredita que o jornalista precisa ter como base a realidade experimentada, e que o jornalismo cidadão extrai sua legitimidade e sua prática dessa realidade.
Beckett defende parte de seus argumentos mencionando o exemplo do "Fort Myers News-Press", da Flórida, um jornal que pressionou por acesso à lista dos pagamentos de assistência às vítimas do furacão Katrina.
Em seguida, o jornal publicou a lista e convidou seus leitores a informar a Redação em caso de quaisquer anomalias nos pagamentos. As denúncias foram usadas como base para uma série de reportagens.
E, em uma bela passagem sobre o jornalismo africano, cita extensamente blogs bem-informados e raivosos mantidos por africanos, os observadores mais capazes de testemunhar o comportamento criminoso de seus governos corruptos.
Os blogs expressam opiniões que muitas vezes terminam censuradas nos jornais e, especialmente, nas rádios e estações de TV africanas.
Há um porém -ou poréns.
Em primeiro lugar, as tentativas de fazer do jornalismo cidadão uma prática cotidiana não funcionaram bem até o momento.
Em segundo lugar, a maioria do jornalismo político convencional que surgiu na blogosfera não elevou o nível ético.
O mais famoso desses novos jornalistas políticos é Matt Drudge, hoje um homem poderoso na mídia. Ganhou fama inicialmente ao revelar o caso entre Monica Lewinsky e [o então presidente dos EUA] Bill Clinton e continua a explorar esse filão de boatos, acusações e insinuações.
Terceiro, não está realmente claro o que quer dizer "comportar-se como cidadão", para um jornalista, ou o que seria "se comportar como jornalista", para um cidadão. Os cidadãos muitas vezes não querem forma nenhuma de jornalismo.

Privacidade
"Reino Unido Confidencial" observa o jornalismo pela lente da tecnologia e age como uma espécie de comentário cético a respeito.
O que essa coletânea muito diversificada demonstra é que o desejo benigno das empresas e do governo de acelerar o acesso a bens e serviços significou, na prática, que o público transferiu, em grande medida sem se incomodar muito, vasto volume de dados pessoais a empresas e ao governo.
Então, não existe maneira de escapar às atuais misérias do jornalismo?
Não de um salto, creio.
Mas, apesar do realismo frio de Monck e dos alertas dos ensaístas do Demos sobre a necessidade de defender a privacidade -e não investigá-la-, Beckett aponta para algo novo que está acontecendo: a capacidade e disposição do público para contribuir na produção de sua narrativa.
Podemos vislumbrar um mundo no qual aqueles que estão ávidos por dizer alguma coisa agora podem fazê-lo, se bem que para audiências muitas vezes restritas.
Quem desejar prestar testemunho sobre horrores e maravilhas pode transmitir suas palavras e imagens. Quem se indigna com suspeitas de delitos empresariais ou governamentais pode encontrar ferramentas que permitem investigar e expor.
Tudo isso resulta em considerável ganho de poder e, se não implica ainda que a prática do jornalismo tal qual o conhecemos esteja destronada -algo que espero jamais aconteça-, ao menos oferece a democrática possibilidade de nos tornarmos, nós todos, heróis.


JOHN LLOYD é autor de "What the Media Do to Our Politics" [O Que a Mídia Faz para Nossa Política] e colaborador do jornal "Financial Times", onde a íntegra deste texto foi publicada.

Tradução de Paulo Migliacci.

ONDE ENCOMENDAR - Livros em inglês podem ser encomendados pelo site www.amazon.co.uk


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quinta-feira, novembro 27, 2008

Blog Pérolas Especial, Alvaro Caputo, publicou....


O racismo de Lula 2

Alguns leitores ficaram indignados com o post "O racismo de Lula" . Alguns acusaram o blogueiro de preconceito contra Lula e sua origem pobre, sua mão sem um dedo (sic), sua indisposição para a leitura. Acusaram o blogueiro de coisas ainda piores, mas passemos. Mas poucos ficaram indignados que Lula tenha dito a seguinte tolice, um coquetel bem batido de racismo enraizado na ignorância com populismo malandro: "Por que o brasileiro tem mais criatividade? Esta mistura do europeu, índio, negro, sabe, permitiu que nascesse um povo mais criativo, mais esperto do que a média, daqueles que são tudo assim, tudo a mesma coisa...".

Lula ajuda a degradar o debate público. É a autoridade pública mais exposta em televisão, rádio e imprensa. Mas em quase todas aparições transforma discursos presidenciais em baixa falação de palanque. Na precariedade da sua palestra, nisso se assemelha à Bush. Não se importa em transmitir uma visão mais racional e elaborada sobre as questões públicas. Em parte, é incapaz de fazê-lo, como muitos de seus colegas de movimento sindical que subiram de vida na política. Trata-de uma desonra para a história e a memória do movimento operário, daqui e do resto do mundo.

Desonra para a memória da política operária

Na história do sindicalismo e dos partidos operários tantas vezes é possível encontrar exemplos de indivíduos que não combatiam as adversidades da vida apenas pela sua atuação social e política. Muitos e muitos superaram a ausência total de oportunidades de instrução na escola formal. Estudaram sozinhos, em escolas de sindicatos e partidos, ilustraram-se, buscaram compreender a história de seus países e os problemas de políticas públicas. Alguns se tornaram escritores.

Não se trata aqui de preconceito ou desconsideração pelas condições horrorosas e deploráveis em que Lula e a maioria dos brasileiros viveram suas infâncias e juventudes (quando não a vida inteira). Nem se trata de elogio de acadêmicos, universitários ou o que seja dessa natureza. Trata-se do elogio da superação pessoal, da curiosidade intelectual, do desejo de compreender melhor a política e as questões públicas do país, o que não requer necessariamente escola superior ou pós-graduação e quejandos. Requer apenas que o cidadão tenha inclinação pelo esclarecimento, pela conversa civil, pelas luzes, pelo debate informado.

Lula não apenas é avesso a tais coisas como as despreza, com o que ajuda a degradar o ambiente do debate político: faz de modo subliminar (ou até direto) o elogio da ignorância. E ignorância não significa não saber tal ou qual coisa (sempre e para sempre vamos desconhecer esse ou aquele assunto). Ignorância significa não querer saber.

Escrito por Vinicius Torres Freire

Sobre a conversão in extremis de Gramsci é bom recordar que o truque foi usado por sacerdotes inescrupulosos em termos de ética humana, e que tudo fizeram e fazem ad majorem Dei gloriam: casos semelhantes são narrados sobre a morte de Voltaire, Diderot, etc. Todos aqueles padres e fiéis esquecem ou são inimigos da lição dada por Santo Agostinho, mas também viva nos textos de Gregório : "Deus mendacio non eget ; quia veritas fulciri non quaerit auxilio falsitatis". Mas quando se unem os pretensos donos das portas celestes e os pretensos donos da História, supostos cristãos e supostos revolucionários, Deus mesmo não está mais em segurança.
RR

Por sugestão do Blog de Orlando Tambosi...

Comentário: Está explicada a santa aliança dos teológos da "libertação"e Gramsci. Todos moravam na mesma sacristia. Tentei dizer isto, com base em textos e documentos, ao analisar a dita aliança. Perdi emprego e ganhei inimigos ferozes. Nada como um dia após o outro...
Roberto Romano

CLAMOROSA RIVELAZIONE DI MONSIGNOR DE Magistris

Il Vaticano: «Gramsci trovò la fede»

«Il fondatore del Pci ricevette i sacramenti cristiani sul punto di morte». Il filosofo Vacca: dai testi non risulta

Antonio Gramsci
Antonio Gramsci
ROMA - «Gramsci morì con i sacramenti. E chiese alle suore che lo assistevano di poter baciare un' immagine del Bambino Gesù». È una rivelazione che fa discutere quella dell'arcivescovo Luigi De Magistris, penitenziere emerito della Santa Sede.

LA CHIESA E IL PCI - «Questo fatto - ha sottolineato il presule sardo intervenuto alla presentazione del nuovo catalogo dei santini che si è tenuta alla Radio Vaticana- nel mondo della "falce e martello" preferiscono tacerlo, ma è proprio così». Finora del riavvicinamento al cattolicesimo di Gramsci si era parlato solo a livello di voci, mai confermate. De Magistris, che in passato è stato tra i responsabili del Tribunale vaticano della Penitenzieria Apostolica (dicastero preposto alle indulgenze, ai perdoni e a controversie interne), ha invece fornito più di un dettaglio sulla vicenda. «Il mio conterraneo, Gramsci - ha detto il monsignore, che è attualmente in pensione - aveva nella sua stanza l'immagine di Santa Teresa del Bambino Gesù. Durante la sua ultima malattia, le suore della clinica dove era ricoverato gli portarono allora l'immagine di Gesù Bambino e Gramsci la baciò». «Gramsci - ha sottolineato De Magistris - è morto con i Sacramenti, è tornato alla fede della sua infanzia. La misericordia di Dio santamente ci perseguita. Il Signore non si rassegna a perderci», ha commentato ancora l'esponente vaticano.

GLI STORICI: «NON RISULTA» - «La conversione di Gramsci è una vecchia storia, mai provata da documenti ufficiali, che anzi la smentiscono». Lo sostiene Giorgio Baratta, presidente della International Gramsci society Italia, uno dei massimi esperti sulla vita e il pensiero politico e filosofico del fondatore del Pci. «La prima volta che questa notizia venne pubblicata fu nel 1977, quando Giuseppe della Vedova riportò sulla rivista Studi sociali la testimonianza di tale suor Pinna che appunto parlava della conversione di Gramsci in punto di morte. Il presunto scoop venne ripreso dal settimanale Gente e in seguito smentito da Paese Sera». «I documenti editi e inediti sulle ultime ore e sulla morte di Antonio Gramsci sono tanti e da nessuno di questi emerge la tesi della sua conversione: ovviamente non sarebbe uno scandalo, né cambierebbe alcunché. Dico solo, semplicemente, che si tratta di un fatto che non trova alcun riscontro documentato», dice Beppe Vacca, filosofo, ex parlamentare comunista e presidente della Fondazione Istituto Gramsci. «Ci sono alcune lettere di Tania a Sraffa che descrivono dettagliatamente gli ultimi giorni di malattia e la morte di Gramsci in cui non troviamo nulla al riguardo. Non ne parla nemmeno una del fratello Carlo a Togliatti, in cui si legge della volontà di Gramsci di essere cremato. Cosa che inizialmente trovò qualche ostacolo perché non era credente e perché il regime fascista temeva manifestazioni di piazza, essendo la vigilia del primo maggio. Documenti di polizia non fanno alcun cenno di un suo avvicinamento alla fede, in più - prosegue Vacca - ci sono alcune lettere, ancora inedite perché raccolte da poco tempo, in cui Tatiana scrive con grande regolarità ai familiari sugli ultimi giorni di Gramsci. Si tratta di confidenze strettamente familiari in cui sarebbe emersa una notizia di tale portata». Vacca, ad ogni modo, evita con cura di aprire alcun fronte polemico con il monsignore: «Non conosco De Magistris. Ricordo solo che non è la prima volta che ne sento parlare. Già in passato, 30 o 40 anni dopo la morte di Gramsci, un'anziana suora riferì di una sua conversione. Ripeto, non vi troverei nulla di scandaloso». «Non so cosa fece Gramsci in punto di morte. Sono ridicole dichiarazioni non verificabili su conversioni di 70 anni fa e finalizzate a dimostrare che i miti crollano», dice il segretario di Rifondazione comunista Paolo Ferrero. «Tra un po' ci spiegheranno che Gramsci era liberale, perché è evidente che i comunisti possono essere solo assassini o pentiti».

COSSIGA: «È COSÌ» - Se monsignor De Magistris conferma la conversione di Gramsci al cattolicesimo non può che essere vero, ha commentato il presidente emerito della Repubblica Francesco Cossiga. «De Magistris si è trovato più di chiunque altro, escluso il Papa, nella situazione di conoscere le cose che dice in quanto preposto alla Sacra Penitenzieria, l'organo che presiede alle questioni relative al foro interno dei battezzati della Chiesa cattolica. Se c'è una persona che può sapere di una conversione di Gramsci e di una sua morte in seno alla Chiesa cattolica, quella persona è proprio monsignor De Magistris». «Non sarebbe una grande sorpresa se Gramsci avesse abbracciato la fede cattolica», ha dichiarato il parlamentare del Pdl Giancarlo Lehner, autore del libro La famiglia Gramsci in Russia.


25 novembre 2008(ultima modifica: 26 novembre 2008)


quarta-feira, novembro 26, 2008

Nunca antes neszzzte paíssss....



Correio Popular de Campinas, 26 de novembro de 2008

Publicada em 26/11/2008

Roberto Romano
Para entender Carl Schmitt (1)

Quando doutrinas jurídicas mostram elos inequívocos com práticas genocidas, obrigação ética é examinar os textos, sem o direito de elogiar seus pressupostos e conclusões. O anti-semitismo de Carl Schmitt requer tal atitude deontológica. Médicos, juízes, professores universitários, advogados, pesquisadores das ciências sociais, se forem profissionais competentes, conhecem a eugenia e a política assassina do nazismo, defendidas por militantes ignaros ou intelectuais. A culpa dos últimos é mais grave.

No caso de C. Schmitt, ninguém pode elogiar suas doutrinas e calar o incitamento ao genocídio nelas explícito. Bom número de universitários, jornalistas e partidos de esquerda aplaudem, em nome da luta contra a corrupção, pronunciamentos favoráveis ao jurista mais notório do nazismo. Para citar Walter Benjamin, se não mantivermos a memória acesa, “nem os mortos estão seguros”. Quem sofre na carne o preconceito racial não tem o direito de ignorar o que significa Schmitt na história do Direito e das ideologias. E. Bloch, autor do livro O Princípio Esperança o situa entre “as prostitutas do absolutismo que se tornou completamente mortífero, do absolutismo nacional-socialista.”(Droit Naturel et Dignité Humaine, Paris, Payot, 1976, p. 57).

Schmitt uniu as formas legais nazistas e as ditaduras que a SA (destruída por Hitler e trocada pela Gestapo) impuseram à Alemanha. Para conhecer o pensamento de Schmitt, examinemos seus escritos, mesmo que tal mister exija a máscara contra gases fétidos.

Nos últimos vinte anos ele se tornou o patrono da esquerda e dos que renovam o fascismo. Sua leitura raramente é feita em primeira mão, os axiomas que ele inventou chegam aos catecúmenos por propagandistas como G. Agambem e outros. Ignorando sua atividade efetiva, não o lendo diretamente, muitos transmitem ao coletivo o seu anti-semitismo totalitário.

Yves Ch. Zarka, autor de pesquisas essenciais sobre Hobbes (cujos textos são usados por Schmitt para combater a democracia) e a razão de Estado, desmascara ao mesmo tempo Schmitt e a esquerda que hoje o assume. Cito o juízo de Zarka, escritor a ser usado por mim até o final das presentes análises. “Existia uma corrente pró schmittiana de extrema direita. O que não é surpresa. Schmitt é reivindicado pela ala a que ele pertenceu. Mas é nova a adesão às teses de Schmitt entre intelectuais da esquerda ou extrema esquerda. Era impossível em 1960 ou 1970 que tais setores se referissem a um pensador ligado ao nazismo, mas hoje ocorre o contrário. Como entender a sedução do pensamento de Schmitt entre os intelectuais de esquerda? A razão principal, creio, é a crise profunda do pensamento de esquerda pós marxista. Como o pensamento marxista caiu na indigência, perdeu todo crédito, é incapaz de suscitar a menor adesão intelectual, bom número de teses schmittianas surgem como tábua de salvação. É como se Schmitt fornecesse a versão renovada, revigorada, expressa em outros termos, de teses e temas antes mantidas no pensamento e no combate marxista. Assim ocorre na crítica ao liberalismo, parlamentarismo, representação política, formalidade dos direitos humanos, no tema central da luta ou da guerra na história, na questão do inimigo (de classe, estrangeiro) etc. Em tais pontos. Schmitt parece suscetível de tomar o bastão de Marx (...) para defender as mesmas posições ou combater os mesmos adversários (...) O mesmo jurista, hoje guru de uma parte dos intelectuais, conduziu décadas antes os que o seguiam, repetindo o grande jurista alemão E. Kaufmann, “para a lama do niilismo e de sua variante nacional-socialista”. (Un détail nazi dans la pensée de Carl Schmitt, Paris, PUF, 2005, pp. 92-93).

terça-feira, novembro 25, 2008

de Alvaro Caputo...

JOÃO PEREIRA COUTINHO NA FOHA

Morte e vida


A medicina vence batalhas, mas não a guerra. Ela não derrota a mortalidade do corpo

COMPAREÇO A um funeral. Um desses funerais a que vamos por convenção social ou familiar, não por ligação pessoal ou sentimental. Conhecia mal o defunto.
A minha família conhecia-o bem. E sempre se espantou com a longevidade do senhor: 97 anos. Uma proeza que só a medicina moderna é capaz de produzir na sua busca pela imortalidade possível? Sem dúvida.
Mas é preciso olhar para o outro lado da questão: os últimos 20 anos foram passados na cama ou na cadeira de rodas, em frustração ou agonia crescentes. O homem morreu aos 97. Em rigor, morreu talvez pelos 80. O resto foi desperdício.
Estou sendo cruel? Talvez. Mas a vida é cruel. Sobretudo quando a prolongamos excessivamente. E, em minha defesa, cito um artigo recente: a revista britânica "The Lancet" resolveu fazer um estudo sobre a qualidade de vida a partir dos 50 anos. Porque viver mais não significa viver melhor. A partir dos 50 anos, que esperança boa de vida têm os habitantes da União Européia?
Os homens podem contar com nove a 23 anos de vida saudável. As mulheres, com dez a 24. Em outras palavras: até aos 73/74 anos, no máximo, homens e mulheres podem viver com dignidade. A partir dos 73/ 74, entramos em período de prorrogação. Como no futebol.
A Dinamarca leva a Copa como o país onde os velhos vivem melhor a partir dos 50. A Estônia é o pior país.
Portugal fica algures pelo meio, invertendo apenas a tendência entre homens e mulheres: a partir dos 50, os homens podem contar, em média, com 14 anos de vida saudável. As mulheres, com 12.
Duas conclusões da revista.
A primeira é que o investimento nos cuidados geriátricos melhora a qualidade de vida a partir dos 50. Lógico. O meu defunto, aliás, é a prova disso: a partir dos 50, a medicina deu-lhe uma ajuda, ano após ano, para ele ir derrotando as maleitas todas que atacavam a sua carcaça: diabetes, hipertensão e, antes do derrame cerebral que o levou ao tapete, operações cirúrgicas várias em várias zonas do corpo que ameaçavam entrar em greve. Pequenas batalhas que a medicina foi vencendo.
Mas existe uma segunda conclusão no estudo: a medicina vence batalhas, mas não vence a guerra. Ela não derrota a mortalidade do corpo.
E, se a "Lancet" está certa, a partir dos 73 (para os homens) e dos 74 (para as mulheres), o prolongamento da vida pode confundir-se com um inútil e tantas vezes doloroso adiamento do fim. Que fazer?
Regresso ao funeral. Eu, caminhando atrás do carro fúnebre, olhando em volta. Pessoas, poucas.
Velhos, alguns. Crianças ou jovens, nenhum. Curioso: o homem tinha netos e bisnetos. Nenhum deles está presente.
Eu próprio, com os meus 32 anos, sou talvez a personagem mais nova desse filme. Comento o fato com alguém. Dizem-me que é normal: nos funerais modernos, é importante "proteger" (atenção ao verbo) as crianças e os jovens da morte. "Proteger". Da morte.
Admirável. Durante séculos, a civilização soube acomodar a morte entre os vivos, porque uma vida feliz implicava, como Montaigne dizia, aprender a morrer: aprender que a finitude da vida revaloriza a própria vida. Porque só a consciência plena do fim nos permite uma entrega total aos entretantos. Como dizia um conhecido historiador francês, a morte estava no centro da vida como a igreja no centro da vila.

Tudo mudou. Conheço casos de gente que, por questão de princípio, não vai a funerais (exceto, presumo, ao próprio). Hoje, a morte é um embaraço que se intromete entre uma festa de juventude permanente.Mesmo que essa festa tenha prazo: 73 ou 74 anos de saúde boa para homens ou mulheres. O resto é desperdício.

O resto é pó, como o pó que cai sobre o caixão. Olho para a cova, ouço a terra que cai sobre a madeira. Tenho um céu de chumbo sobre mim. Irá chover, não tarda. Mas, antes que os céus se abram em choro sobre o mundo, dou por mim numa oração íntima em frente ao meu destino. E então peço a esse Deus desconhecido que me dê a graça e a sabedoria de partir na altura certa.

Meu Deus, faz com que eu morra vivo. Não me dês a eternidade ilusória nem suspendas o meu pobre corpo no limbo dos homens. Ensina-me a morrer, a única forma de eu aprender a viver com a consciência de que todos os dias da minha vida são frágeis e temporários, e, por isso, valiosos. Concede-me essa dádiva, e eu prometo que não irei estragá- la com a ganância própria dos desesperados.

A resistência da canalhocracia.

25/11/2008 - 07h00

Dois anos após lei Maria da Penha, Estados não cumprem determinações

Gabriela Sylos
Do UOL Notícias
Em São Paulo
Mais de dois anos após a lei Maria da Penha ser sancionada no país, o atendimento às mulheres que sofrem violência doméstica ainda é precário em diversos Estados. Segundo um levantamento feito pelo movimento Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB) durante este ano, o número de denúncias feitas por mulheres aumentou em todo o país, mas o serviço disponibilizado pelos Estados mostrou-se insuficiente.

Alguns Estados não apresentam estrutura adequada de atendimento, como São Paulo, Amapá, Piauí, Paraíba e Roraima, além do Distrito Federal, que ainda não instalaram nenhum juizado especial de atendimento à mulher. Segundo a AMB, em alguns Estados os casos estão sendo resolvidos nas varas criminais, onde costuma-se aplicar a lei 9.099 para casos de agressão. Esta lei criou os Juizados Especiais Cíveis e Criminais para crimes considerados de menor potencial ofensivo, com penas de até dois anos de detenção.

"A lei Maria da Penha determina a criação dos juizados [de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher] para julgar a violência contra a mulher. Eles devem estar nas capitais e nas cidades com mais de 100 mil habitantes", afirma Analba Brazão Teixeira, da secretaria executiva da AMB. Sobre os avanços que a lei Maria da Penha trouxe ao combate à violência doméstica, Analba ressalta o aumento da pena prevista - até três anos de detenção. "Mas não é só a punição, a lei traz medidas de prevenção. A gente quer focar na prevenção, para mudar a mentalidade da sociedade machista, só assim as coisas vão se transformar", afirma.

Em Pernambuco, foram registrados 206 julgamentos de agressões a mulheres de junho a setembro, mas não houve nenhuma audiência sobre os casos; em Mato Grosso, são realizados outros 50 julgamentos, mas na vara comum continua se aplicando a lei 9.099; no Acre, a média é de 60 julgamentos por mês. A respeito de denúncias, uma única delegacia do Rio Grande do Norte chegou a registrar 30 boletins de ocorrência em um dia, e em todo o Estado as denúncias aumentaram 60% desde a implantação da lei.

Em alguns locais, os juizados especiais existem, mas são insuficientes. No Rio de Janeiro, os quatro juizados não deram conta dos quase 18 mil processos encaminhados em 2008. Já em Santa Catarina são seis juizados, mas a inexistência de Defensoria Pública dificulta o andamento dos processos.

A falta de estrutura de alguns Estados fez com que mulheres fossem assassinadas após prestar queixa. É o caso do Rio Grande do Norte e de Pernambuco, onde foram constatados óbitos porque as mulheres agredidas não foram encaminhadas a abrigos ou centros de referência.

A falta de conhecimento sobre a lei Maria da Penha é outro obstáculo à sua aplicação. A AMB recebeu a informação de que juízes ainda usam a lei 9.099 nos casos de violência doméstica e alguns magistrados recusam-se a utilizar o termo 'violência doméstica' quando não há relação marital. A lei Maria da Penha estipula sua aplicação "em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação". Em Pernambuco, sem a aplicação da lei, agressores são liberados após pagar fiança e apenas 30% deles permaneceram presos.

O orçamento que deveria ser destinado para a implementação da lei também não é cumprido. O Distrito Federal, que recebeu R$ 1,5 milhão para a construção de casas-abrigos, usou apenas 21% deste valor. Em Pernambuco, a AMB constatou que os recursos da Secretaria Estadual da Mulher são destinados para ações gerais e não especificamente para a implementação da lei. Já o Rio de Janeiro possui quatro juizados especiais, mas não tem verba específica para as políticas de combate à violência doméstica.

Nesta terça-feira (25) será realizada uma vigília nacional em 16 Estados para pedir o fim da violência contra as mulheres. O movimento faz parte das comemorações do Dia Internacional para Eliminação da Violência Contra a Mulher, que acontece hoje.




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Povo bom, hospitaleiro, brioso, valente...
Estado de graça e não de desgraça.
O sol há de brilhar novamente
nas praias, nos campos, na gente catarinense.

segunda-feira, novembro 24, 2008

NO BLOG DE MARTA BELLINI....

Segunda-feira, 24 de Novembro de 2008

As doutoras e a menina L.. Isso é Braziu, ziu, ziu!

Do Blog do Josias
Nesta semana, faz aniversário de um ano o caso da menina de 15 anos servida a duas dezenas de marginais numa cela do município paraense de abaetetuba.

Não há vestígio de julgamento dos culpados. Pior: não há a mais remota previsão de quando o julgamento vai ocorrer.

Há cinco meses, o Ministério Público Federal denunciou 12 pessoas. O processo foi à mesa da juíza Giovana de Cássia Oliveira, da 3ª Vara Penal de Abaetetuba.

A doutora Giovana informa que, antes de produzir uma sentença, terá de colher o depoimento de mais de cem pessoas, entre acusados e testemunhas.

Por ora, a única pessoa efetivamente punida foi a menina L. Atarracada em seus menos de menos de 1,40 m...

...Corpo mal recoberto por uma sainha curta, uma blusa que prenunciava os seios adolescentes, foi jogada num calabouço com mais de 20 marmanjos.

O inferno de L., como se recorda, durou cerca de 20 dias. O inaceitável teve um quê de inacreditável: a menina foi aviltada nas dependências de um Estado gerido por uma mulher, Ana Júlia Carepa...

...Quem a mandou para a cela foi outra mulher, a delegada Flávia Verônica Pereira. A decisão recebeu o endosso de uma terceira mulher, a juíza Clarice Maria de Andrade.

As representantes do Estado declararam-se inocentes. Eximindo-se de culpa, livraram-se do mais comezinho tipo de exame: o auto-exame.

A magistrada Giovana (outra mulher!) diz que dispensa ao caso da menina L. “uma prioridade muito grande”.

Segunda ela, o processo corre “da forma mais rápida possível”. Sustenta que “tudo está tramitando normalmente”.

Como se vê, algo de profundamente anormal precisa acontecer no Brasil.

Segunda-feira, 24 de novembro de 2008
ISSN 1519-7670 - Ano 13 - nº 512 - 18/11/2008
Jornal de Debates
Jornal de Debates

SILENCIO OBSEQUIOSO
Omissão da midia sobre o acordo com o Vaticano

Por Roseli Fischmann em 18/11/2008

É grave e clamoroso o silencio da imprensa em relação à assinatura do acordo entre o Executivo brasileiro e a Santa Sé. Como é grave a atitude de, ao dar a matéria, meramente divulgar informações oficiais do governo brasileiro ou do Vaticano, que obviamente tentam minimizar a ameaça a laicidade do Estado, que está presente. Não fosse por outro motivo, seria de se esperar atenção da imprensa, pelo vigor renovado das reações de tantos setores, a cada nova ameaça ao Estado laico.É bom lembrar que há exatos dois anos tornou-se p�blico que a Santa S� pressionava o presidente Lula para assinar um acordo bilateral (tratado ou concordata), amea�ando o princ�pio da laicidade, o que ocasionou rea��es fortes e justificadas de amplos setores. Em continuidade a movimento que remonta aos prim�rdios da Rep�blica, s�o pessoas de muitas e diversas origens que t�m se dedicado a demonstrar e reafirmar como o princ�pio da laicidade do Estado � indissol�vel da democracia, como consagrado na Constitui��o brasileira.

Mera reprodução

Ora, a opinião pública merece respeito e ã imprensa cabe cumprir seu papel de informar, em particular quando o gesto que é político, como reconhecido, em busca de seu próprio benefício, pela Santa Sé É ameaça a liberdade de consciência e de crença dos pertencentes a outros grupos ideológicos e religiosos. O silêncio da imprensa há de ser tomado como presumidamente auto-imposto, já que não se pode imaginar que tipo de pressão as partes contratantes do acordo poderiam fazer, estando, como estamos, em uma democracia.

Vale mencionar, primeiramente, que o porta-voz da Presidência da República, Marcelo Baumbach, fez anúncio da viagem do presidente a Roma, "a caminho de Washington". Era 6 de novembro, uma semana antes da data agendada para a assinatura, ou seja, com tempo apertado, porém suficiente, para explorar o anunciado (ver aqui a transcrição da íntegra da coletiva). Assim, seria de se esperar o debate pela imprensa, em particular por toda a polêmica em ocasiões anteriores em que o tema veio � tona, fosse diretamente, ou por riscos a que se viu exposto o Estado laico, como no caso da pesquisa com células-tronco.

Mas houve até veículos que simplesmente suprimiram o anúncio da assinatura do acordo, mencionando apenas que, "durante o encontro, Lula e Bento 16 podem discutir temas como combate à fome, direitos humanos e solidariedade entre os povos". Outros, como o UOL, ofereceram, sem destaque, o anúncio completo: "Na reunião reservada com o papa, Lula deve assinar um tratado com o Vaticano sobre a atuação da Igreja Católica no Brasil" (ver aqui); recortaram em particular a fala do porta-voz da Presidência: "O importante é que o acordo preserve o preceito constitucional de liberdade religiosa. Não será discutido credo, mas os direitos e deveres da entidade religiosa." Ponto final, sem críticas, "outros lados", ou quaisquer análises, mera reprodução da Agência Brasil.

Falha imperdoável

Pode-se até entender a posição do porta-voz de, no anúncio, tentar neutralizar a polêmica, buscando garantir que estariam assegurados os direitos de todos, o que ganhava relevância em face de ser a primeira vez que clara e oficialmente era assumida pelo governo a existência de negociações antigas, como dado no UOL: "Segundo Baumbach, o Brasil e o Vaticano negociam há alguns anos a redação de um documento sobre a relação entre os dois países".

É sabido que diferentes ministérios do governo federal foram chamados a se manifestar sobre a proposta do Vaticano em diferentes rodadas ao longo desses anos; ou seja, não foi gesto isolado do presidente, que bem poderia ter tido e ouvido algum de seus colaboradores a aconselhar a abertura do debate, que só teria a ganhar vindo à luz, protegendo a autoridade republicana da pressão indevida. Mas não foi assim, não sendo possível compreender como a imprensa não rastreou o processo. Sabe-se ainda que são fortes as pressões da Santa Sé reivindicando sigilo nas negociações, como chegou a ser anunciado em 2007, quando da visita do papa ao Brasil.

Por isso, não surpreende que o presidente Lula tenha sido "convidado" a assinar esse documento longe dos olhos do Brasil. Já com o presidente de Portugal havia sido usado esse artifício em 2004, para assinar, no Vaticano, em sigilo, uma concordata, lá noticiada apenas a posteriori. Essa estratégia é da Igreja Católica que, como qualquer instituição humana, procura fazer valer seus interesses; aceitá-la, é problema do governo, atitude questionável, mas do mundo da política; calar e não investigar é falha imperdoável da imprensa.

Sem ouvir nem informar

Ou seja, paradoxalmente, mesmo sob pressão, quem até tentou avisar foi o presidente de forma limitada, no último momento, mas avisou. Por isso é impossível compreender por que a imprensa se furtou ao debate, quando houvera o anúncio por parte do Palácio do Planalto daquela agenda, ainda que de última hora. Seria o tempo para informar a opinião pública, oferecer debates, dados técnicos sobre o que são acordos bilaterais, peculiaridades da Santa Sé como Estado, a diferença entre a questão pol�tica e as questões de crença, o que poderia significar frente à ordem constitucional brasileira, em que afetaria ou não afetaria a vida da cidadania em geral etc.

Haveria a oferecer ao público o aporte do amplo arco de grupos que se mobiliza em favor da laicidade do Estado. Deixaram de ouvir fontes respeitáveis, que têm importantes e diversas contribuições a oferecer: minorias religiosas, em sua imensa diversidade no Brasil, monoteístas e politeístas, ateus e agnósticos; defensores e defensoras dos direitos sexuais e reprodutivos; movimento de mulheres e dos setores GBLTT; grupos acadêmicos dedicados ao estudo do Estado laico; associações científicas; e defensores da liberdade de expressão, para citar apenas alguns segmentos.

A representatividade e força desses setores � sua profunda heterogeneidade, sem qualquer centralização ou hierarquia, indicadora das múltiplas e diversas manifestações da pluralidade humana, base da democracia, como tanto indicaram cientistas políticos e filósofos como Arendt e Bobbio e outros. A imprensa nem se serviu dessas fontes para analisar e, antes ainda, nem informou, deixando igualmente de servir a todos e de cumprir sua missão.

Carta-manifesto

Já na ocasião da visita do papa Bento 16 ao Brasil, em 2007, a cobertura da imprensa deixara a desejar, como analisamos neste Observatório (ver "A imprensa em falta com o Brasil"). Naquela oportunidade, a maior parte da imprensa adotou atitude que extrapolava o respeito e a atenção à naturalmente devidas - à significativa e respeitável população cat�ólica no Brasil, para adotar cobertura que ignorou a pluralidade religiosa e o caráter laico do Estado brasileiro. Ali, a imprensa foi positivamente surpreendida pelo gesto do presidente Lula, que naquele momento teve coragem para cumprir seu juramento de defesa da Constituição brasileira e reafirmou a laicidade diretamente ao papa Bento 16, dizendo que não assinaria qualquer acordo bilateral, por ser o Brasil um Estado laico. Alberto Dines destacou no OI a contradição entre uma imprensa recolhida e o presidente assertivo (ver "Catequese da média contraria Estado laico").

Não fosse por outro motivo, desta vez seria de se esperar que a imprensa perguntasse ao presidente Lula: o que mudou, em 18 meses, que tornou possível assinar o acordo? Não seria de se esperar que a imprensa pedisse acesso ao documento, antes da assinatura, para submeter a análises e confirmar, ou não, as assertivas de que não haveria riscos à separação entre Estado e religiões? Ou, no caso, riscos à separação entre o Estado e especificamente a Igreja Católica Romana, que vigora desde o início da República, por ser matéria de interesse de todos?

Ao invés disso, o silêncio auto-obsequioso foi quase total: a CBN abriu espaço para o debate antes da assinatura do acordo (com base em notícias de jornais de outros países), como alguns veículos independentes, blogueiros isolados ou de instituições. A ONG "Católicas pelo Direito de Decidir" lan�çou uma carta-manifesto repercutida por diversas ONGs ligadas ao movimento de mulheres, e que não recebeu atenção da mídia para uma posição relevante que demonstra que entre os próprios católicos não há, felizmente, expectativa unânime de que o Estado brasileiro abdique da laicidade para se submeter a um grupo religioso.

Retrocesso, uma ameaça

Mais constrangedor ainda foi brasileiros e brasileiras precisarem consultar jornais estrangeiros, na internet, como o argentino Clarín, entre outros, que a partir do dia 9 de novembro detalharam aspectos do acordo, ouvindo fontes em geral não identificadas, trouxeram informações relativas a coletivas de que participou o presidente Lula em Roma, com o presidente italiano, em que o tema do acordo com o Vaticano foi abordado, deixando a impressão de que os veículos brasileiros sequer tinham correspondentes em Roma.

Como reagir à situação de o mundo discutir uma interpretação da vida brasileira que não teríamos jamais em vista, pelo absurdo, como a idéia de que o acordo protegeria a Igreja Católica até de mudanças na lei brasileira? Ou mesmo informações da presença de itens que, de fato, "caíram" na versão final do acordo? Ou com interpretação distinta dos termos depois anunciados, como prenúncio de próximas pressões?

Resta esperar que, já assinado o acordo, a imprensa cumpra seu dever, ainda que tardiamente, impulsionando o debate porque há ainda o que fazer. Basta ler o artigo 20, que implicitamente traz a exigência constitucional, no lado brasileiro, de que seja ratificado pelo Congresso Nacional. Que a omissão não permaneça como a marca historica da imprensa neste momento tão critico em que a Republica, em seu 119 aniversario, ameaçada de retrocesso em seculos.

Leia tambem
Entrevista da autora a Herodoto Barbeiro (rádio CBN)

Acordo por debaixo dos panos Alberto Dines

A integra do acordo (Ministério das Relaçoes Exteriores)

A integra do acordo (em italiano e português)


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