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quinta-feira, novembro 20, 2008

De Alvaro Caputo, Perolas Extra.

Comentário: existem algumas adenda et corrigenda para discutir o texto de Lucia Hipólito. Nada a questionar nos itens Dirceu/Delgado, Palocci/Francenildo. Mas no último item, alguns bemóis são necessários. Tudo para acabar com a farra dos Dantas da vida. Nada por delegados arrogantes, arbitrários, que se julgam na posse de poderes imperiais, para não dizer ditatoriais. Uma das coisas que mais me afastam hoje do PSOL é seu apoio a semelhante pessoa. E quanto ao Dr. De Sanctis, a mera recordação de seu padroeiro jurídico, Carl Schmitt, basta. Se os delegados da PF e juízes favoráveis a eles tivessem um pouco mais de respeito pelas pessoas e pelos direitos do cidadão, se não tivessem o rei na barriga, e se tivessem mais prudência nas investigações e demais atitudes, com certeza Dantas e muitos outros estariam em péssimos lençois. É o arbítrio, que leva consigo o desrespeito da lei (mesmo tendo em vista acusados que, com muita probabilidade, a desrespeitam) que gera em grande parte a ineficiência repressiva aos abusos. É bom recordar que no governo Lula a PF invadiu escritórios de advocacia (coisa que não ocorreu na ditadura militar), sequestrou documentos de defesa, usou e abusou, com benção judicial, dos grampos, prendeu e arrebentou inocentes (em São Paulo, um dentista honesto e inocente foi preso, maltratado, ultrajado ("cala a boca sua bichina!") pela PF, e até hoje, nada de desculpas do juiz, dos delegados, dos oficiais. Enfim, como diz o çabio Genoino, o maior filósofo do PT, cara Lucia Hipolito, "uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa". A tipificação completa de cada fato é requisito essencial de justiça. Senão, temos justiçamento, tão a gosto dos que admiram o modus operandi dos que liam Schmitt na Europa, durante os anos 30 e 40 do século 20. E o colocavam em prática com grampos, invasões de escritórios de advocacia, espancamento de presos, etc.

RR


Um país virado do avesso

Lucia Hippolito em seu blog

Cena 1. Cassado por corrupção, réu no STF como chefe da quadrilha do mensalão, José Dirceu comemorava os gols do Brasil no estádio do Gama, confortavelmente instalado na tribuna de honra, com direito a ar condicionado, comidinhas e bebidinhas, além da companhia de ministros, governadores e até do procurador-geral da República, que o denunciou.

Enquanto isso, num “puxadinho”, espremido entre assessores de segundo e terceiro escalão, estava o deputado Júlio Delgado (PSB-MG), relator do processo contra José Dirceu no Conselho de Ética da Câmara, que serviu de base para a cassação no plenário.

Cena 2. Denunciado no STF por formação de quadrilha, falsificação de documento público, lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores. Denunciado ainda por quebra de sigilo funcional, prevaricação, quebras de sigilo bancário e funcional, além de denunciação caluniosa, no caso da violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo, o deputado Antonio Palocci preside a Comissão Especial que analisa a reforma tributária. Circula pelos salões, negocia com empresários, banqueiros, governadores e ministros.

Enquanto isso, o caseiro Francenildo, que mostrou ao Brasil inteiro que o então ministro mentiu reiteradas vezes ao Congresso, à imprensa, à opinião pública, enfim, ao país todo, o caseiro Francenildo continua desempregado, vivendo de bicos, sem mulher, sem família, sem pouso certo.

Cena 3. Responsáveis pela investigação e denúncia de uma das maiores e mais espalhadas séries de crimes financeiros do país, com ramificações no Legislativo, Executivo e Judiciário, o delegado da PF Protógenes Guimarães e o juiz Fausto de Sanctis estão no momento, sob investigação da PF e do Conselho Nacional de Justiça.

Enquanto isso, o principal acusado, o banqueiro Daniel Dantas, não consegue parar de rir, junto com seus advogados, que passam os dias a desmoralizar o inquérito, graças, em grande parte, às trapalhadas e impropriedades cometidas pelo próprio delegado.

Retratos do Brasil.

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