Uma experiencia nauseante.

Hoje foi a gota d´agua. Ao assistir a missa de domingo, pensava nas vítimas do governo e de outros sócios menores dos dirigentes estatais. As coisas seguiram canonicamente. Até que na Homilia, o padre começou com a arenga da "tragédia". Me feriu muito a repetição da midia chapa branca na boca de um sacerdote. Então o referido homem santo seguiu para frases do tipo :"Como o senhor presidente no explicou, em rede nacional, o governo não tem culpa, porque se trata de uma questão mecânica, e não podemos ainda encontrar os culpados. Mas com certeza não é o presidente. Precisamos rezar por ele e pelo Brasil, na hora em que pessoas mal intencionadas tentam criar mais confusão ainda. Precisamos de muito respeito pelos mortos. Não devemos transformar a tragédia em exploração política". Levantei-me, de imediato, e sai da Igreja com vontade de vomitar. Segui para minha casa, onde escutei durante bom tempo o Requiem de Mozart, meditando sobre as misérias do mundo e do Brasil. Certamente, creio que foi Renan (não o Calheiros) ou um outro agnóstico, que disse: "a Igreja é divina mesmo. Caso contrário, os homens já a teriam destruído!".

Quando morreu Evandro Lins e Silva, um dos poucos homens que podem ser chamados de "juiz" no Brasil, na missa de Sétimo Dia, com pouquissima gente, o padre, de origem portuguêsa, gastou o tempo todo da homilia para bajular Marcio Thomas Bastos, o então ministro da justiça (?). Sai do templo revoltado com a pequenez e a baixeza do padre, que simplesmente ignorou um dos maiores vultos da história brasileira e da história do direito, perseguido pelos militares, perseguido pelos bem pensantes, perseguidos pelos injustos. E na morte, vilipendiado por um áulico disfarçado de sacerdote.

A "ala progressista" da Igreja, a seguir neste rumo, logo proclamará Lulla o seu Pontifex Maximus. E isto é de enojar qualquer ser humano decente.

Deus, que tipo de gente cuida do seu rebanho, na hora em que lobos o tangem, dele debocham, escarnecem ?

Roberto Romano