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quarta-feira, julho 25, 2007


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Data: 23/07/2007
Especialistas aprovam ação da Globo no caso do assessor Marco Aurélio Garcia

Se Marco Aurélio Garcia, assessor especial do presidente Lula, vivesse à época do líder revolucionário francês Robespierre, provavelmente ele daria mais importância às janelas de vidro e cortinas abertas no Palácio do Planalto. Pelo menos é isso o que pensam especialistas em ética na mídia entrevistados pelo Portal IMPRENSA sobre os últimos fatos envolvendo Garcia. O assessor foi flagrado, na noite da última quinta-feira (19/07), fazendo gestos obscenos após assistir à reportagem da TV Globo sobre o defeito técnico no avião da TAM.

Inflamado pelos ideais da Revolução Francesa de "Liberdade, Igualdade e Fraternidade", Robespierre pregava a total transparência na política, chegando a sugerir que mesmo as casas dos deputados do país - e não só os prédios públicos- fossem feitas com paredes de vidro.

O arquiteto Oscar Niemayer, ao projetar o edifício do Palácio do Planalto, também inspirou-se no ideal revolucionário francês e, por isso mesmo, desenhou janelas amplas para facilitar o olhar do cidadão sobre a movimentação daqueles que os representam.

Tendo em vista tais pressupostos, os especialistas em ética na imprensa Roberto Romano e Adriana Paone aprovaram a decisão da TV Globo de captar, clandestinamente, as imagens de Marco Aurélio Garcia, mesmo que a atitude, de alguma forma, pudesse ferir o Artigo 5º da Constituição Federal, que diz respeito à vida privada, à honra e à imagem das pessoas.

As cenas em questão foram feitas enquanto Garcia estava em sua sala, no terceiro andar do Palácio do Planalto, assistindo ao noticiário do "Jornal Nacional" com a cortina aberta. O câmera de TV que gravou a imagem estava no térreo do Palácio, do lado de fora. As imagens foram exibidas no "Jornal da Globo" do mesmo dia e amplamente divulgadas e comentadas na Internet, durante a última sexta-feira (20/07).

Para a professora de Ética e Legislação da Comunicação da Uni- FIAM/FAAM, Adriana Paone, a atitude da TV Globo foi correta, porque o interesse público prevalece sobre privacidade do político. "Há uma cisão grande nesta situação. Por um lado houve a gravação de imagens não autorizadas e por outro a divulgação de informações de interesse público. Então, o que deve prevalecer? Eu acredito que o interesse público tem maior peso no momento", disse.

O professor titular de ética e filosofia da Unicamp, Roberto Romano, vai além em sua análise. Para ele, a imprensa tem sim, o direito de fazer imagens ou fotos, mesmo que clandestinamente. "O Palácio do Planalto é o lugar mais público do Brasil, ele é o ápice da vida pública. O assessor Marco Aurélio Garcia também é uma pessoa pública e não poderia ignorar onde estava. Mesmo que ele estivesse em outro lugar, em sua casa, por exemplo, ele não poderia nunca tirar essa roupagem. Por isso, a imprensa tinha o direito de fazer as imagens", defendeu ele.

Na mesma reportagem em que foram divulgadas as imagens de Garcia fazendo os gestos obscenos, o "Jornal da Globo" exibiu uma entrevista na quall o assessor comenta o ocorrido. "Essas imagens, tomadas de forma clandestina e a revelia, de qualquer maneira os jornalistas têm direito de tomá-las, refletem minha indignação", disse o assessor.

O gesto de Garcia gerou repercussão no Planalto e vários políticos se mostraram contrários à permanência do assessor no cargo. Na tarde da sexta-feira, Marco Aurélio Garcia se desculpou publicamente.


por Portal IMPRENSA

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