Powered By Blogger

sábado, julho 14, 2007

No Blog Panorama, de Mario Araujo Filho...

Quinta-feira, Julho 12, 2007


Campina Grande, 07 de julho de 2007

Em berço esplêndido

por Mário Araújo Filho (*)

Um jornalista estranhava a passividade da sociedade diante do “espetáculo de crescimento da corrupção” a que estamos assistindo. E recordava, saudoso, os tempos em que a juventude “ia pra rua” protestar contra os desmandos, diferentemente do que ocorre hoje.

É verdade. Por muito menos do que se está vendo – no legislativo, executivo e judiciário – um presidente da República foi apeado do poder. Aliás, a omissão que caracteriza estes tempos casa bem com o título de cidadão paraibano concedido a Fernando Collor, o presidente acima referido. Tudo a ver.

Tome-se o caso do senador Renan. Querem demonstração de desfaçatez maior do que esse senhor continuar à frente do Senado, com plenos poderes, e presidir sessões onde ele próprio é objeto de debates sobre irregularidades que teria praticado? Somente um solene desprezo pela opinião pública pode explicar essa falta de decoro. Mais: a confiança na condição de “país anestesiado” em que se encontra o Brasil.

O radialista sentiu falta da juventude na rua. No entanto, a apatia não é apenas dos jovens, mas também de outros, bem mais maduros, que estiveram na linha de frente das lutas contra o autoritarismo, pela democracia e pela ética na política. O que se procura – tal como o filósofo procurava “o homem honesto” – são as entidades e instituições, os intelectuais e artistas que, em grande maioria, andam fingindo-se de mortos diante do que aí está. O recente e corajoso pronunciamento do Arcebispo da Paraíba é exceção.

Não existe mobilização social sem lideranças que as organizem. Por isso, Collor caiu. Havia, então, interesse político em organizar protestos e manifestações. Hoje, não há. O que aconteceu a partir do escândalo do “mensalão”, com corruptos no Congresso e corruptores no Executivo? Praticamente nada. Aliás, alguns foram reeleitos, reconduzidos à “cena do crime” pelo voto popular... Depois desses episódios, o que viria é “fichinha”. Estamos no país do vale-tudo. E ainda há quem reclame da ação da imprensa – sem a qual o silêncio seria sepulcral.

Em resumo: as entidades lutadoras de outrora estão, em sua maioria, sob controle do governo Lula, praticando o que poderíamos chamar “neopeleguismo” – o peleguismo dos dias atuais. O povão, bem... o povão está recebendo o bolsa-família; e os intelectuais e artistas (quase todos de esquerda, claro) acham que a Lula tudo é permitido. É por aí que se explica o torpor nacional.

(*) Professor da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)

Arquivo do blog