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quinta-feira, julho 19, 2007

Blog do Noblat.

Apagão de competência
Fui dormir às 7h depois de postar as informações da madrugada a respeito da pior tragédia da aviação brasileira. Acordei há pouco, liguei a televisão e dei de cara com o anúncio de que Lula mandou a Polícia Federal investigar em que condições se encontra a pista de Congonhas reformada nos últimos meses. Chamou muito a atenção de Lula o fato de os dois maiores acidentes aéreos da história do país terem ocorrido em um intervalo de 10 meses.


Espantoso, pois não!


A Infraero pode dizer rapidinho a Lula em que condições determinou a reativação da pista. Se ele desconfia do que poderá ouvir deveria dispensar de imediato o presidente da empresa. É puramente defensivo o recurso à Polícia Federal. Ou melhor: é para fazer de conta que o governo se mexe e tem o controle da situação. Não tem. E pouco se mexeu desde que foi avisado no início de 2003 pelo ministro da Defesa José Viegas de que haveria em breve um apagão áreo caso nada ou muito pouco fosse feito nos anos seguintes.


Por apagão não deveria se entender apenas atrasos e cancelamento de vôos devido ao reduzido contingente de controladores e ao crescente número de passageiros. O diagnóstico foi bastante abrangente. E ele alertava para a necessidade de se investir pesadamente na ampliação e reforma de pistas de aeroportos e na renovação de equipamentos de segurança de vôos. Investiu-se pouquíssimo. Nos aeroportos, à segurança privilegiou-se o conforto dos passageiros. Para evitar a repetição dos apagões, a pista reformada de Congonhas foi reaberta antes que ficasse pronta.


A de ontem foi a crônica de uma tragédia anunciada - e é isso o que o governo quer negar. Se vista como uma fatalidade, ele não ficará tão mal na foto. Se vista como uma pedra cantada, ele será cobrado por sua irresponsabilidade. Lula meteu-se em uma arapuca - mais uma. Não dá para sair agora demitindo o ministro da Defesa ou o presidente da Infraero. Seria passar recibo de que deveria ter feito isso há mais tempo. Não dá para sacrificar quem por acaso tenha contigenciado recursos para o setor aéreo - nada se fez ou se deixou de fazer sem o aval dele.


O que resta a Lula é torcer para que a culpa pelo desastre seja debitada na conta do piloto. Ou na conta da empresa. E que uma vez esgotado o choro coletivo, que a maioria dos brasileiros siga sendo compreensiva com ele e com o seu governo. Porque na verdade o apagão áreo nada mais é do que o apagão de competência. Como o primeiro, o segundo governo Lula é medíocre em matéria de gestão. Como principal executivo do país, Lula é tão medíocre quanto os que o cercam.

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