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segunda-feira, julho 02, 2007

No blog de Orlando Tambosi...




Comentário:

"Caipira", como é demonstrado no romântico e melancólico volume de Antonio Candido, Os Parceiros do rio Bonito, e no livro de Maria Sylvia Carvalho Franco, Homens Livres na Ordem Escravocrata, é um ser fino, bem educado, com uma etiqueta das mais complexas. Ele não é "entrão", não é grosso, sempre trata os estranhos com o respeitoso Vosmicê. O jeca, fruto de ideologia higienista, é caricatura do rurícula que sobe na vida, com a grosseria do novo mundo em que as formas de polidez perderam todo sentido.

Os integrantes da cupula petista personalizam a figura do jeca, em festas ou no cotidiano brega. Basta estar em restaurante mais sofisticado, onde agora eles aparecem, após anos de churrascaria e de frango com polenta (nada contra as comidas que são compradas nos restaurantes populares, tudo contra o seu consumidor do pettistmo arrivista) : a voz alta para todos notarem sua presença ("veja como sou importante"), o vinho caro (não o mais agradável ao paladar), a comida que entra pela boca aberta ao máximo, com ruidos, etc. E, como sempre, a "esposa" levando a bolsa LV, ele com terninhos Ricardo Almeida. Como todo jeca da classe média brasileira, ele não conversa com os garçons, só com o maître, falando sempre de si, de seu último encontro com Lulla, e demais príncipes da grei. Temos aí o JECA, não o caipira, sua antitese. A insistência lullista em festas jecas é por empatia: grande parte do assim chamado "público" partilha aquela "cultura " como os mandatários do pettismo.

Detalhe: na bandeirinha conduzida por Lulla, São Pedro olha para cima, em atitude desconsolada. "Meu Deus, o que faço eu, nesta bacanal da idiotia?". E o vice-presidente, evangélico, deambula em procissão católico-folclórica. É bem Brasiu, iu, iu, iu...

Roberto Romano

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