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terça-feira, julho 03, 2007

UOL NEWS ROBERTO ROMANO ENTREVISTA A ANTONIO FARINACI



03/07/2007 - 17h23



Professor de ética diz que senadores "não tirariam nem zero"

Veja a entrevista em vídeo : http://noticias.uol.com.br/uolnews/brasil/2007/07/03/ult2492u593.jhtm


da Redação

Crise no Congresso. Para o professor de ética e filosofia da Unicamp, Roberto Romano, se os membros do Conselho de Ética do Senado e o presidente da Casa, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), fossem seus alunos, "eles não tirariam nem zero e seriam convidados a se retirar do curso por insuficiência em termos intelectuais, éticos e políticos". Essa afirmação exprime bem a opinião de Romano acerca da maneira como o Conselho tem conduzido o processo de quebra de decoro do presidente da Casa. "É preciso respeito pelo povo brasileiro. O que estamos vendo é um espetáculo de falta de rubor na face", continua.

A respeito da protelação que tem ocorrido do processo contra Renan Calheiros, ele diz que o senador já sabia do erro técnico no processo. A informação foi ouvida em uma entrevista no rádio, na qual um jornalista revela que quando foi dado o primeiro passo do encaminhamento do processo pelo PSOL, Renan Calheiros estava ao lado de um assessor jurídico do Senado, que o advertiu sobre o pequeno vício técnico na condução do processo. Mesmo assim, Renan despachou para o Conselho de Ética, sem passar pela formalidade de ouvir a mesa do Senado. Isso seria usado, como se confirma agora, como arma de protelação ou de arquivamento do processo.

Para o professor, Renan Calheiros não está na verdade sendo investigado, porque ele mesmo está conduzindo a investigação acerca de si mesmo. "Isso é uma aberração do ponto de vista ético, jurídico e político", protesta. Para ele, o senador deveria ser afastado da Presidência do Senado e mantido longe das investigações. "Mas o que estamos vendo é o dedo, a mão, o pé e a pata de Renan no Conselho de Ética, retirando-lhe toda a autonomia. Há uma clara interferência do senador nas investigações", diz.

O fato de o presidente do Conselho de Ética, senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO), estar sendo investigado pelo Ministério Público é, para Romano, outro ponto incongruente dessa investigação. "Quando você tem a exigência mínima para se assumir um cargo público, não é preciso que isso seja dito pelo Conselho de Ética. É necessário que não haja nenhuma mancha na reputação da pessoa. Essas pessoas devem ser impedidas de julgar ou encaminhar processos", pontua.

Para o professor, figuras públicas que não respeitam as leis devem ser impedidas de retornar ao Senado. "Porque o mínimo que se espera de um legislador é que tenha respeito absoluto pela lei, e isso não está ocorrendo", diz. "Estamos vivendo um regime tirânico no Brasil: temos pessoas que usam os bens públicos como se fossem seus e não são punidas".

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