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domingo, dezembro 23, 2007

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Quinta-feira, Dezembro 20, 2007

B´NAI B´RITH OUTORGA MEDALHA DE DIREITOS HUMANOS 2007 AO PROF. DR. ROBERTO ROMANO, PELA DEFESA DA ÉTICA, DA CIÊNCIA E DA DEMOCRACIA

Categoria: BB Press

A B´nai B´rith do Brasil outorgou a Medalha de Direitos Humanos 2007 ao Prof. Dr. Roberto Romano, durante jantar de confraternização, que marcou a comemoração dos 75 anos da entidade, no dia 1º. de dezembro.

`Para mim foi um presente inesperado`, disse o Prof. Romano ao ser entrevistado após receber a homenagem. `Me sinto muito feliz e honrado. Nesse momento em que na América do Sul as forças do autoritarismo estão ressurgindo, é muito importante a presença de setores da sociedade como a B´nai B´rith para não permitir que o espaço público seja dominado pelo discurso de uma nota só`. Em sua opinião, `os governos sul-americanos ainda não se acostumaram com a vida pluralista e o debate democrático`.

Livre docente adjunto e professor titular da Unicamp, o homenageado alia a retórica, na qual é brilhante à prática cotidiana, pautando sua vida pela defesa dos direitos humanos, em todas as inúmeras instituições acadêmicas e científicas em que vem atuando ao longo de sua carreira. Conta com o firme apoio de sua esposa Maria Sylvia, a quem agradeceu com as seguintes palavras: `Sem o nosso amor, eu não teria alma nem forças para combater, na vida pública, em defesa dos princípios inalienáveis que norteiam o saber e a ética. Com ela aprendo a inteligência do mundo e a força do coração`.

Doutorado pela Escola de Altos Estudos Sociais de Paris, leciona História da Filosofia Moderna e Ética e Filosofia no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp e tem cinco livros publicados. Assessor do CNPq, CAPES, FAPESP, entre outros, , entre outros, coordenou a Frente Nacional em Defesa da Ciência e Tecnologia e foi diretor associado da Faculdade de Educação da Unicamp. Em 2000, foi distinguido pela `Associação Juízes para a Democracia`, como defensor dos direitos humanos no Brasil.


`Não existe neo-nazismo`

Em seu discurso, o Prof. Romano fez uma análise do obscurantismo, das trevas, e do que chamou da `noite da não ciência`, discorreu sobre a importância da educação e do conhecimento científico e sobre o nazismo, o anti-semitismo e suas causas. Destacamos alguns trechos de sua fala.

Acerca do nazismo, ressaltou: `Se olharmos o campo histórico, no fanatismo religioso se encontram as raízes mais venenosas do ódio racista e anti-semita e a recusa dos direitos humanos`, que teve seu ápice em Auschwitz.

E mais: `Hoje a noite retorna ao mundo por muitas frestas. A pior é a sobrevivência do nazismo racista`... `Penso que não existe neo-nazismo. Existe, sim, nazismo em nossos tempos, um nazismo aggiornato, mas cujas premissas de ódio são mantidas e exercitadas a cada minuto`.


O racismo e o anti-semitismo não têm origem na ciência

Defensor da Educação, da Ciência e da Tecnologia, que ao seu ver podem caminhar junto com a ética, atacou os que as condenam.`Se o nazismo, o stalinismo, o fascismo usaram saberes científicos e bélicos para esmagar milhões de seres, cabe encontrar as raízes do mal no ser humano que produz ciência mas a dirige para a sua sede arrogante de poder...`.

`A ciência e a técnica, hoje, são o apanágio das potências políticas mundiais. Mas vivemos o instante em que elas passam, por muitos dutos, aos que praticam o terror. Repetir, como uma espécie de mantra, que a ciência e a técnica, a razão e seus frutos são a fonte da desobediência aos direitos humanos, mais do que um equívoco, no meu entender, é agir de modo cúmplice com os que voltam o saber para o culto da morte.

Defender a ciência, as artes, as técnicas, apesar dos usos genocidas que delas foi feito e ainda agora é feito, me parece uma tarefa civilizatória.

Defender a educação científica e técnica da população é medida importante contra o racismo e o anti-semitismo. Nas ciências e humanidades, fala a razão humana movida pela vontade. Afirmar da primeira, o que tem fundamento na segunda significa um contra-senso perigoso. O racismo e o anti-semitismo não têm origem na ciência.


O Papa e a ciência, que `pode conduzir à perda de valores`

`Noto com tristeza que o Papa atual retoma, quase literalmente, a crítica aos saberes científicos feita quando a Enciclopédia de Diderot foi condenada. Clemente 13, alarmado com o ateísmo moderno, escreveu o rascunho de uma Encíclica, a Quantopere dominus Jesus, apenas com oito exemplares... Esta, após dois séculos, tem sua lógica retomada pela Spe Salvi (Salvos pela Esperança) publicada ontem (30 de novembro) por Bento 16. O ataque vai ao mesmo ponto: a ciência pode conduzir ao ateísmo e à perda dos valores divinos e humanos.

Condenar a ciência e a técnica, para os amigos dos direitos humanos é agir contra o próprio movimento que se defende. Para os que se pretendem interpretes únicos da voz divina, é decretar o retorno ao controle teológico-político. A razão é centelha divina em nossas mentes e, como afirma Yossel Rakover em momento de suprema dor, comparável à sofrida por Jó, `Blasfemamos contra Deus aos nos denegrirmos`, concluiu o homenageado.

O Prof. Romano recebeu a Medalha de Direitos Humanos da B´nai B´rith e o pergaminho correspondente das mãos dos co-Presidentes da entidade, Abraham Goldstein e Francisco Gotthilf e do Diretor Nacional de Direitos Humanos, Dr. Alberto Liberman. O evento contou com a presença do Vice-Presidente Executivo da B´nai B´rith Internacional, Dan Mariaschin, do Diretor da BB Latino-Americana Eduardo Kohn, da Presidente da Câmara Brasil Israel de Comércio e Indústria, Dora Silvia Cunha Bueno, da Presidente da B´nai B´rith de São Paulo, Adélia Tulman Cabílio, membros da entidade de Campinas, São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Porto Alegre. O casal Guita e Jacó Guinsburg, (Editora Perspectiva), que tem publicado obras do Prof. Romano, também veio prestigiá-lo, juntamente com a dra. Kenarik e dr. Marcio Sotello Felippe, e dra. Maria e Major Adilson, entre outros.

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