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sábado, dezembro 15, 2007





NIEMEYER, O MARCO PÓLO BRASILEIRO.

Desde a década de setenta estudamos Oscar Niemeyer.

Havia entre os professores do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal, um ou outro que criticava a obra do "Nie", (assim o chamávamos), porém entendíamos tal atitude mais como "dor de cotovelo" do que como uma crítica séria.
A grande maioria, tanto de alunos quanto de professores, era pró-Nie.

O momento em que o país vivia era de plena ditadura militar. Por tradição os estudantes de arquitetura eram todos de "esquerda", e Nie, comunista convicto, era pois nosso guia tanto na arquitetura quanto na política.Hoje admiro-o muito mais pela sua obra e pensamento de arquiteto, do que como pensador político. Lembro que todos sonhávamos em ter a mesma sorte que o mestre teve. Ter um Juscelino Kubitschek como mecenas era o desejo.

Juscelino enquanto prefeito de Belo Horizonte em visita ao Rio de Janeiro, solicitou a um amigo que indicasse um arquiteto para projetar Pampulha. O amigo era Gustavo Capanema e o indicado foi Oscar. A partir daí, a empatia, a amizade e o respeito mútuo, norteou a vida de ambos até a morte trágica do ex-presidente. Da Pampulha para Brasília, foi um passo.
De Brasília para o mundo, outro passo maior ainda.

Niemeyer tem obras espalhadas pelo mundo todo, como que semeando nossa arquitetura em cada canto do planeta. Através dele, a arquitetura moderna brasileira talvez tenha sido nosso primeiro produto a ser "globalizado". Daí nos referirmos a ele como Marco Pólo brasileiro.

A respeito de Brasília, disse em seu mais recente livro (Minha Arquitetura, Editora Revan/2004): "Uma sociedade mais justa poderia ali estar nascendo. Tudo ilusão! Vieram os políticos, os donos do dinheiro, e um muro de preconceitos nos separou outra vez". Em toda obra, seja em que tempo, espaço e sítio for, lá está a arquitetura da surpresa, do espaço inusitado, da sinuosidade da curva e da esbeltez estrutural. Lá está e sempre estará Oscar Niemeyer. Salve pois, os cem anos de vida deste grande arquiteto!

Vida mais longa ainda, mestre Nie !!!

(Roque Sponholz - arquiteto e urbanista, professor de planejamento urbano do curso de engenharia da UEPG)

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