No Blog de Orlando Tambosi: Idade Media rides Again.

Segunda-feira, 10 de Dezembro de 2007


Ilha do obscurantismo


Vereadores contra a ciência

A Câmara dos Vereadores de Florianópolis, menos expressiva do que um time de futebol de segunda divisão, saiu do ostracismo para aprovar uma lei contra a pesquisa científica. Trata-se da Lei 12.029, que proíbe o uso de animais em pesquisas de laboratório.
Proibição semelhante foi tentada no Rio de Janeiro pelo vereador e ator canastrão Cláudio Cavalcanti, mas, como lá tem prefeito, o projeto foi vetado. Aqui, de modo oportunista, o alcaide Dário Berger deixou passar o prazo e a coisa virou lei.

A dita "Ilha da Magia", onde está situada uma das melhores universidades do país (UFSC), é a primeira a adotar essa restrição obscurantista. O projeto é de autoria de um vereador de idéias tão estranhas quanto o nome: Deglaber Goulart (PSDB). O sujeito, certamente, jamais entrou em algum laboratório. Caso contrário, saberia que os pesquisadores têm de justificar rigorosamente o uso de cobaias ante o Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Animais. Não há, portanto, uso indiscriminado de animais em pesquisa. E muitas pesquisas dependem disso: não há como testar em computador. É o caso das vacinas e dos medicamentos, por exemplo.

A lei prejudica seriamente as universidades e centros de pesquisa, que ficam impedidos de fazer o que se faz em todas as outras universidades do país. Como disse o presidente da Federação de Sociedades de Biologia Experimental (Fesbe), Luiz Eugênio Mello, é uma medida retrógrada.

“Isso não tem paralelo em nenhum país civilizado do mundo", afirmou ele. "Até a lei inglesa, que é de 1876, é mais moderna. Só uma vez na história da humanidade a pesquisa com animais foi proibida. Logo antes da Segunda Guerra, na Alemanha nazista. Porque lá eles usavam seres humanos. É isso que estão propondo?” (leia mais).

Não é demais lembrar que foi da Câmara de Vereadores de Florianópolis que surgiu um dos líderes do escândalo Moeda Verde. Não é coisa para camundongo branquinho.