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sábado, agosto 02, 2008

COMENTÁRIO: HHHHHUUUMMMM....
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São Paulo, sábado, 02 de agosto de 2008



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"Tudo isso é uma grande armação", declara Garcia

ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA

Assessor internacional da Presidência e ex-presidente interino do PT, Marco Aurélio Garcia negou ontem enfaticamente qualquer vínculo do governo e do partido com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e disse: "O tempo vai mostrar que tudo isso é uma grande armação".
Segundo Garcia, a publicação na imprensa colombiana de trocas de mensagens de líderes das Farc citando políticos, assessores e membros do atual governo, inclusive ele próprio, "não passa de provocação e é inespecífica, não mostra relação nenhuma com as Farc".
Ele se referia à revista "Câmbio", que publicou trechos de e-mails já divulgados pela Folha e cuja origem seria o computador de Raúl Reyes, o segundo das Farc, morto em março.
A revista é alinhada com o governo do presidente Álvaro Uribe e sua linha editorial é ditada por um irmão do ministro da Defesa, Juan Manuel Santos, que é considerado "linha dura" e candidato à sucessão de Uribe.
Ele também já foi jornalista e sua família era proprietária e dirige o principal jornal colombiano, "El Tiempo".
Garcia eximiu Uribe de responsabilidade pela divulgação dos e-mails e insinuação de que membros do governo brasileiro seriam alinhados com as Farc: "Não é esse o interesse do presidente Uribe, que é um aliado do governo Lula", disse, por telefone, do Paraguai.
Questionado se ele achava que, fora Uribe, outros membros do governo teriam interesse em constranger ou envolver o Brasil, Garcia disse: "Eu não acho nada. Quem acha vive se perdendo [da música "Feitio de Oração", de Noel Rosa]".
O mais importante, afirmou ele, é ficar claro que os supostos e-mails não significam nada e que o governo Lula, seus membros e o PT não se relacionam com as Farc.
"Esse assunto não nos toca, nem ao governo nem ao PT. Não temos absolutamente nada a ver com as Farc."

E-mail
Em e-mail atribuído ao "embaixador das Farc" no Brasil, Olivério Medina, e dirigido a Raúl Reyes, Garcia teria sido chamado de "inefável" por vetar presença das Farc no Foro de São Paulo -movimento criado em 1990 que reúne partidos e grupos de esquerda da América Latina, inclusive o PT.
À Folha, no início de julho, o assessor e ideólogo de Uribe na Colômbia José Obdulio Gaviria admitiu certo mal-estar com a posição considerada dúbia do Brasil em relação às Farc.
"Eles [do governo Lula] vêm de uma percepção das Farc como movimento de esquerda e estavam equivocados. O que as Farc fazem é terrorismo".

São Paulo, sábado, 02 de agosto de 2008



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E-mails sugerem busca de apoio no governo

DA REPORTAGEM LOCAL DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A troca de e-mails entre integrantes das Farc, revelada pela Folha em junho, indica o esforço da guerrilha em obter apoio no PT e no governo Lula. Sugere a simpatia de alguns assessores do governo pelos guerrilheiros, mas não demonstra a existência de uma relação institucional entre ambos. Os "embaixadores" das Farc, por diversas vezes, dão a entender que desfrutam de suposto acesso à cúpula do poder em Brasília. Elogiam o ex-ministro José Dirceu, mas criticam o assessor internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia.
Em e-mail de 14 de abril de 2007, o ex-padre Olivério Medina, "embaixador" das Farc no Brasil, relata a Raúl Reyes, número dois das Farc, um suposto encontro com Selvino Heck, fundador do PT e assessor especial de Mobilização Social do presidente. Na mensagem, Medina comenta que Heck entregou carta de Reyes a Lula, agradece "a proteção internacional" e diz que o assessor lhe deu o e-mail do chefe-de-gabinete de Lula, Gilberto Carvalho.
"Esse amigo também ajudou bastante", diz o guerrilheiro, que elogia préstimos de Heck e Carvalho em e-mail de 3 de fevereiro. "Falei com Selvino Heck. É um companheiro sincero. Comentou que havia entregue a Lula a carta que a Empresa [as Farc] lhe enviou por motivo da reeleição. Gostou muito do passo que estamos pensando dar: a naturalização", diz Medina. Reconhece no local cópia da gravura "La Patria Naciendo de la Ternura", do equatoriano Gustavo Pável Egüez.
O presente das Farc foi "protocolado como propriedade da Presidência", diz Medina. Mais duas cópias da obra teriam sido entregues a Lula e a Carvalho.
Em junho de 2005, da renúncia de Dirceu, a correspondência é intensa. Em e-mail do dia 4, José Luis, outro guerrilheiro, diz a Reyes que se reuniu com o jornalista Breno Altman, como representante de Dirceu. Falaram do trabalho político da organização e do veto às Farc na reunião do Foro de São Paulo.
Reyes responde no dia 12. Diz que deseja receber a visita de um porta-voz brasileiro. No dia 16, Reyes expede conclusões tiradas da reunião com "o enviado de Dirceu": que o governo Lula "aceita a presença discreta de Olivério no país" e decidiu buscar relações com as Farc "à procura de oxigênio".
Já Garcia é criticado. "São inocultáveis as manobras dos especialistas em nos barrar no Foro de São Paulo e outros cenários. Nisso está uma parte do PT com o inefável Marco Aurélio e outros que, embora posem de amigos, na hora das decisões se colocam do outro lado."

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