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segunda-feira, outubro 06, 2008

05/10/08 - 23h12 - Atualizado em 05/10/08 - 23h20

Para analistas, destino de Alckmin no PSDB é incógnita


Da Agência Estado

Obstinado na busca de seus objetivos, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) não contava perder a disputa para a Prefeitura de São Paulo já no primeiro turno dessas eleições. Apontado como responsável pelo racha que expôs o PSDB, por impor sua candidatura na capital paulista a contragosto dos caciques da legenda, como o governador José Serra (PSDB), que nos bastidores apoiou a candidatura do democrata Gilberto Kassab, o destino político de Alckmin no ninho tucano ainda é uma incógnita.

Fundador do partido, afilhado político do falecido governador Mário Covas e classificado como um bom gestor público, Alckmin ainda conta com elevado saldo político, avaliam seus correligionários. Entretanto, na avaliação do cientista político e conselheiro do Movimento Voto Consciente Humberto Dantas, a situação do ex-governador é muito complicada e ele não descarta a sua saída para outra legenda.

"Alckmin forçou duas candidaturas (em 2006 para a presidência da República e agora para a Prefeitura) e perdeu as duas vezes. Eu aposto que, se o clima ficar muito difícil no PSDB, ele deverá buscar uma outra legenda para tentar se recompor politicamente", diz Dantas, complementando que tudo vai depender da própria atitude de Alckmin e de seu partido, neste início de segundo turno. Nos bastidores, a informação é de que ele já vem sendo sondado pelo PTB.

Para o cientista político e pesquisador da PUC e FGV de São Paulo Marco Antonio Carvalho Teixeira, Alckmin deixará, pelo menos por enquanto, de ser uma liderança nacional. "Ele deixa de ser uma voz credenciada do PSDB e quem assume este papel, com muito mais força em São Paulo, é o governador Serra", destacou o pesquisador. Ele avalia que o ex-governador deverá continuar brigando por espaço no PSDB. "Eu não o vejo fora desse partido, até porque ele é um político de estatura e não caberia em uma legenda menor."

Já o cientista político Roberto Romano, professor titular do Departamento de Filosofia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), acredita que ele irá buscar outra legenda para continuar sua trajetória política. "O voluntarismo pronunciado de Alckmin, com imposições de candidaturas, ajudou a destruir a máquina do PSDB em São Paulo", diz Romano. E continua: "É muito possível que Alckmin procure uma casa onde cante de galo, onde sua vontade impere."

A dificuldade, explica o cientista político, é que no Brasil não existe partido sem dono e Alckmin entraria para uma legenda com um "senhor", da qual não seria "proprietário". Ficando no PSDB, haveria duas possibilidades: ou ele continua insistindo numa nova candidatura presidencial, em 2010, ou "se reserve" para o Senado. "Mas é complicado, no PSDB, ele vai estar sempre querendo ser colocado numa posição mais importante sem ter cacife político," reitera Romano.

Desconforto

Apesar das apostas de que Alckmin seja seduzido por outra legenda, correligionários próximos duvidam que isso ocorra. Eles destacam que ele é um homem de partido, o PSDB. E que vai continuar batalhando nessa legenda. Os rumores da saída do ex-governador também não são confirmados por um tucano de alta plumagem e longo histórico no partido, mas a fonte deixa claro que a situação do ex-governador é de muito desconforto.

"Antes estava tudo quadradinho, arrumadinho e agora ele desarrumou", diz a fonte, referindo-se ao fato de Alckmin ter entrado na disputa municipal sem o aval do PSDB. O arranjo ao qual a fonte se refere foi traçado pela cúpula dos tucanos no primeiro semestre, prevendo a candidatura de Gilberto Kassab (DEM) para a prefeitura este ano e, em 2010, a de Alckmin ao governo do Estado e de José Serra à presidência da República.

Embora não tenha afirmado claramente que Alckmin não tem mais espaço para disputar o governo pelo PSDB em 2010, a fonte tucana deixou claro que esse acordo não existe mais. A vaga, portanto, estaria em aberto. Dentre os nomes cogitados, estão o do secretário da Casa Civil, Aloysio Nunes Ferreira, e o do vice-governador, Alberto Goldman. Até mesmo o do secretário de Relações do Trabalho, Guilherme Afif Domingos, que é do DEM, está cotado para essa disputa.

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