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Chile condena oficiais da "Caravana da Morte" General e cinco comandados correram o país em 73 e mataram 120 opositores Episódio procurou semear o terror entre partidários do regime deposto; Pinochet cumpriu prisão domiciliar pela forma de extermínio
DA REDAÇÃO A Corte Suprema do Chile condenou ontem cinco oficiais das Forças Armadas a penas de quatro a cinco anos de prisão por terem participado da chamada "Caravana da Morte", que executou sumariamente em 1973, em diferentes pontos do país, cerca de 120 opositores à ditadura do general Augusto Pinochet (1973-1990). O principal sentenciado foi o general Sérgio Arellano Stark, que comandou o grupo de seis militares que percorreu o Chile num helicóptero Puma. A aeronave aterrissava para a execução de dissidentes que acabavam de ser presos. A operação, destinada a aterrorizar os partidários do deposto presidente socialista Salvador Allende, consistia em matar os prisioneiros com armas brancas ou armas de fogo de baixo calibre, enterrando-os em valas comuns que não eram a seguir identificadas. O mais bárbaro episódio ocorreu em Calama, ao norte do Chile, onde 26 prisioneiros foram retirados de uma prisão ao acaso. Depois de mortos, foram sepultados nas areias do deserto próximo. O caso foi investigado judicialmente nos anos 90 pelo juiz chileno Guzmán Tapia, que em 1999 determinou a prisão dos oficiais ontem julgados em última instância.
Prisão de Pinochet Foi em razão da "Caravana da Morte" que o ditador Pinochet, morto em 2006, foi condenado à prisão domiciliar, em seu único processo por violação dos direitos humanos. A sentença foi em seguida suspensa pela Corte Suprema, em razão do estado de saúde do militar. A ditadura matou ao todo cerca de 3.000 dissidentes e torturou outros 28 mil. O advogado do general Stark qualificou a sentença "de profundamente injusta para com um homem de 88 anos". Familiares das vítimas, no entanto, qualificaram a decisão judicial de "uma boa notícia" em memória dos prisioneiros mortos.
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