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sexta-feira, outubro 31, 2008

Na eleição norte-americana, estou em posição equidistante. Não poderia ser diferente, porque seria ridículo tomar partido numa escolha que não cabe a nós. Fizemos a nossa, com atos corretos e incorretos. Seria perfeitamente tolo que norte-americanos optassem por um ou outro de nossos candidatos. E não se diga que somos desimportantes. Este papo é conversa idiota de quem nasceu para cuspir na terra que lhe dá de comer. Quem não está satisfeito com o Brasil, recorde que por enquanto os aeroportos, portos, estradas, estão abertos. Uma coisa bocó é a mania de sempre, sem exceção, depreciar o povo daqui, síntese aliás de quase todas as nacionalidades do mundo. Cautela nos juízos seria recomendável para quem pretende escrever, ou seja, pensar em público. Sou, pois, equidistante, avalio e peso, mas guardo minha posição na consciência.

Agora, textos com o abaixo, de uma estirpe pouco nobre e cheia de preconceito racista, são mais do que ridículos. Então Sua Alteza agora é juiz internacional, analista, economista, psicólogo de massas, diplomata, etc? Por favor, Príncipe, vista o arminho e rápido, corra para a festa das bruxas. Com os seus súditos.

É bom lembrar que o Império brasileiro foi uma ditadura perene, com o Poder Moderador (elogiado por gentalha como Carl Schmitt) . O ancestral de Sua Alteza, Pedro 2, embora letrado e curioso no mundo das ciências, exerceu a ditadura com punho de ferro e lápis vermelho. O avô daquele Senhor, João 6, para evitar a democracia e o liberalismo, trouxe para cá, ao fugir de Napoleão, o projeto de instalar nos trópicos um Estado contra-revolucionário (Atenção! Não me refiro ao bolchevismo, ao socialismo e quejandos, João 6 era contra o liberalismo, a democracia). Conseguiu. E logo para manter o dito Estado, fundou o Banco do Brasil para imprimir dinheiro sem lastro. O Banco quebrou. E hoje segue a mesma linha impressa pelo seu fundador: dinheiro sem lastro na produção, apenas servindo para a especulação financeira e para dar recursos...para empreiteiras desprovidas de responsabilidade.

Enfim: retorne sua Alteza para os casarões da TFP. E se dedique à benemérita obra de espanar as teias de aranha ideológicas que cobrem os cérebros dos seus integrantes.

Roberto Romano




São Paulo, sexta-feira, 31 de outubro de 2008





TENDÊNCIAS/DEBATES


Dilemas do antiamericanismo

BERTRAND DE ORLEANS E BRAGANÇA


Esses focos de militância antiamericana são agitados por um oba-oba pró-Obama: sua eventual vitória será fruto da propaganda

DE PARTIDA para os Estados Unidos, onde proferirei palestra no encontro nacional de "supporters" da TFP norte-americana, decidi debruçar-me sobre o fenômeno do antiamericanismo.

Na minha juventude, os Estados Unidos espargiam pelo mundo um intenso fascínio. A americanização estampava-se nos modos de ser, vestir e se comportar de muitos de meus contemporâneos. A nação norte-americana era portadora de uma modernidade que arredava a tradição considerada "démodé".

Uma atmosfera de otimismo e despreocupação inconseqüentes, de progresso risonho, envolvia seu povo e conquistava o mundo. Hollywood tornara-se foco desse modo de ser felizardo, auto-suficiente, um tanto vulgar e igualitário e moralmente tolerante.

Vieram as batalhas culturais dos anos 60 e 70, que culminaram simbolicamente com a derrota no Vietnã.

Tal derrota, sofrida mais no campo interno do que na frente de batalha, fruto da propaganda e da mentalidade libertária e pacifista, causou um abalo na estrutura psicológica do norte-americano e assinalou uma inflexão decisiva na sua história. Tais inflexões não se dão de chofre nem têm como determinante um único fato. Elas germinam, estendem suas raízes, desabrocham e se consolidam ao longo de anos, às vezes, décadas. Mas determinados acontecimentos têm o condão de cristalizá-las.

Derrotado, o americano médio se encontrou diante do infortúnio, o qual traz muitas vezes consigo a reflexão saneadora e salvífica. Enquanto nas profundidades da mentalidade americana se operava uma rotação fundamental, permanecia, em larga escala, a propensão ao gozo da vida, à displicência, ao comodismo, que se traduzia, ante a ameaça da hecatombe nuclear que assombrava o clima propagandístico da Guerra Fria, no slogan capitulacionista: "Melhor vermelho do que morto".

O espírito derrotista levou norte-americanos a queimar sua própria bandeira, num sinal público de menosprezo e hostilidade em relação aos valores que constituem o fundamento da nação. Mas a metamorfose que se gestava nas profundidades foi emergindo com força incoercível, consolidando, segundo me parece, uma das transformações psicopolítico-sociais de maior vulto na história contemporânea. Em amplos e importantes setores da nação norte-americana brotou um conservantismo político, um senso de coerência, honra e pugnacidade, a par de tendências profundas, saudosas da tradição, tonificantes dos valores familiares e ávidas dos princípios perenes da civilização cristã.

Tal transformação incidiu igualmente nas escolhas da linguagem, dos trajes, das maneiras, das residências, dos objetos de utilidade ou de decoração etc. Curioso é notar que, paralelamente a tal mudança, o antigo fascínio pelos Estados Unidos foi sendo substituído por um sentimento de acrimônia e até mesmo de hostilidade. O antiamericanismo passou a ser militante em vastos círculos dirigentes e difuso em certas camadas do público.
Os Estados Unidos, considerados outrora fonte da modernidade, passaram a ser apontados como retrógrados e obliterados, e contra eles se alimentaram parcialidades, má-vontades e intransigências.
No presente momento, um fato desconcertante irrompe em cena. Esses focos de propaganda e militância antiamericana são agitados por um verdadeiro oba-oba pró-Barack Obama: o homem da "mudança", de uma "mudança" que ninguém se abalança a definir, nem ele próprio, mas que esses círculos parecem almejar para os Estados Unidos e o mundo.

Como esse antiamericanismo rançoso se transmuta e se torna pró-americano? Dou-me conta de que ele não constitui uma manifestação simplista de nacionalismo ou de antiimperialismo, mas traz involucrada profunda animadversão ideológica. Volta-se contra um certo tipo de EUA.

Revela um mal-estar ante o fato de parte muito considerável e dinâmica da sociedade americana (com forte pujança entre os jovens) ter aderido a tendências, ideais e princípios conservadores, no sentido mais amplo do termo.

A torcida pelo candidato democrata é, para mim, sintoma do desejo desenfreado de certas máquinas político-propagandísticas de inverter essa conjuntura.

A eventual vitória de Obama será o fruto de uma gigantesca operação de propaganda, à qual não faltaram ingredientes variados, até turbulência financeira. Mas terá ela a capacidade de alterar a realidade profunda da opinião pública norte-americana?


DOM BERTRAND DE ORLEANS E BRAGANÇA é trineto de dom Pedro 2º.

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