Powered By Blogger

sábado, junho 30, 2007

no Blog de Marta BELLINI....




O comunista Quintanilha, outro senATOR
De Brasilianas: "Sempre fui comunista."

Nascido em uma família pobre em Goiânia, Quintanilha, 61 anos, deu duro na vida. Foi balconista, vendedor de frutas, trabalhou na reitoria da Universidade Federal de Goiás, até que foi aprovado em um concurso para o Banco do Brasil em 1965. A partir daí começa a politicagem e, em 1976, é eleito presidente do Diretório Municipal da ARENA em Araguaína - na época em Goiás, hoje no norte do Tocantins. Candidata-se à prefeitura da cidade no mesmo ano, mas perde. Perdeu novamente a eleição, para o mesmo cargo, em 1982.

Com o estado de Tocantins já criado, Quintanilha consegue eleger-se deputado federal pelo PDS, $u$e$$or da Arena, em 1989, mas é deslocado para exercer o cargo de Secretário de Estado da Educação e Cultura de Tocantins. Reeleito em 1991, chega finalmente ao Senado em 1994, sendo reeleito em 2002.

Até aí tudo indo aparentemente bem. Fazendeiro e dono de um patrimônio declarado de R$ 1.975.844,63 e depois de ter circulado pelo PP, PFL e PMDB, Quintanilha filia-se ao PCdoB em 2005 e, em 2006, disputa o cargo de governador de Tocantins. Ficou em terceiro colocado, com 9.206 votos (Siqueira Campos ficou em segundo com 310 mil votos e Marcelo Miranda foi eleito no primeiro turno com 341 mil, ou 51,48% dos votos). Em dezembro do ano passado, mal-agradecido, o senador deixou o PCdoB e voLLtou para o PMDB de Renaaaaaan.

Atualmente, Quintanilha é presidente da Federação Tocantinense de Futebol. Ninguém melhor para exercer o cargo, já que descolou uma ajudinha de R$ 200 mil para a construção do estádio de Barrolândia, no sul de Tocantins. O senador tem alguns projetos interessantes como, por exemplo, a "proibição do uso de viseiras escuras ou protegidas por material refletivo que impeçam a identificação dos seus usuários". O objetivo é facilitar a identificação da bandidagem sobre duas rodas. Mas certamente o de maior relevância é a proposta de realização de um plebiscito para a criação do estado do Carajás. A nova unidade da federa$ão englobaria alguns dos seguintes municípios do atual estado do Pará: Bannach, Breu Branco, Cumarú do Norte, Curionópolis, Novo Repartimento, entre outros. Ah, sim, ia quase esquecendo... o bem de maior valor do senador Quintanilha, de acordo com sua declaração ao TSE em 2006, é este:
REBANHO DE BOVINOS, BUBALINOS, CAPRINOS,OVINOS, ASININOS E MUARES - R$ 758.124,00

sexta-feira, junho 29, 2007



quinta-feira, junho 28, 2007


Recebido de um amigo lucido e atento, segue o "escrito" de um Grupo diminuto, mas que fez barulho na USP.

Lições da greve e ocupação da USP

Liga Estratégia Revolucionária - Quarta Internacional - www.ler-qi.org
26 de junho de 2007

A luta das estaduais paulistas ainda se mantém nas ocupações do DAC na Unicamp e de alguns outros campi da Unesp, assim como alguns cursos e faculdades que se mantêm em greve. São as forças que restaram de um enorme movimento que se alastrou pelo estado e conquistou a simpatia na classe média e entre os trabalhadores. Nós da LER-QI, que atuamos em conjunto com os companheiros independentes do Movimento A Plenos Pulmões e diversos outros independentes, durante todo o processo alertamos com relação aos golpes e perigos que estavam colocados e qual era a melhor forma de respondê-los para levar o movimento à vitória. Não consideramos que o movimento de conjunto esteja encerrado e por isso não faremos aqui um balanço final do conflito, mas de seus últimos acontecimentos mais importantes, tirando algumas lições da greve e ocupação da USP.

A greve estudantil, assim como a dos trabalhadores e professores, se desenvolveu a partir da ocupação da reitoria da USP, que foi tomada para si por um novo movimento estudantil, espontâneo, que se chocou e passou por cima com o DCE governista (PT, PCdoB e PMDB). O PSTU e o PSOL iniciaram a ocupação para fazer apenas um ato e em seguida passaram a defender o fim da ocupação a partir da primeira proposta da reitora de conceder algumas moradias. Nesse momento do conflito duas estratégias se enfrentaram: de um lado, a estratégia estreita e sindicalista do PSTU e do PSOL, que viram na primeira proposta da reitoria a possibilidade de sair da ocupação com algumas conquistas parciais e se apresentar como „direções combativas‰ nas próximas eleições estudantis. De outro, a estratégia que possibilitou o desenvolvimento da greve, que via a ocupação da USP como uma alavanca para deflagrar a greve como uma luta política conseqüente contra o governo e a burocracia acadêmica pela derrubada dos decretos de Serra.

A greve se expandiu como um rastilho de pólvora em dezenas de cursos e unidades de trabalhadores, com assembléias estudantis históricas que mostraram a grande força do movimento. Mas este processo massivo se dissipou porque a ocupação, que no inicio foi uma barricada fundamental da greve, se isolou da base dos cursos e não houve nenhum tipo de unificação com os cursos pela base. Isso se deu pela inexistência de um Comando de Greve da USP com delegados eleitos nas assembléias de curso e revogáveis que pudesse unificar e dirigir de forma democrática o movimento, de maneira unificada com os combativos trabalhadores da USP. Foi lastimável ver todos os partidos que se colocam no campo da esquerda (PSOL) e se reivindicam trotskistas (PSTU e PCO), fazer o jogo dos independentes que queriam se „auto-representar‰, impedindo que surgisse esse organismo de auto-organização que foi a chave de lutas heróicas do movimento estudantil internacional como a greve da UNAM de 1999 e a luta contra o CPE na França. Esses setores preferiram impor uma dinâmica burocrática no movimento, com assembléias gerais cada vez mais esvaziadas e reuniões da ocupação cada vez menos representativas, compostas por estudantes „auto-representados‰ e pelo PCO (nas quais se tomavam importantes decisões em nome de milhares de estudantes em greve).

Ao mesmo tempo, junto a esta orientação vanguardista, o ativismo da ocupação nunca colocou como prioridade a aliança com os trabalhadores de dentro e de fora da universidade. A principal expressão disso foi quando os estudantes da USP se negaram a defender de forma séria e categórica o Sintusp, e os funcionários da USP, que, junto ao PSOL, PSTU e PCO, foram brutalmente atacados pela imprensa, pela burguesia de conjunto e pela burocracia acadêmica em matéria publicada pelo jornal Estadão, na qual se expressou claramente a política destes setores de perseguição aos dirigentes e lutadores mais conhecidos da USP.

Apesar dessas debilidades fundamentais que remarcamos durante todo o processo, a crise atingiu não somente a burocracia acadêmica, mas golpeou as bases do governo do estado, obrigando Serra a recuar com o inédito decreto declaratório, que restituiu a falsa autonomia universitária anterior (que é a autonomia para uma casta de burocratas acadêmicos parasitas gerirem as parcas verbas que são destinadas à universidade); com exceção da Unesp, onde a separação do Centro Paula e Souza (Fatecs) constituiu uma derrota imposta pelos decretos a qual ainda está pela frente a tarefa de recompormos nossas forças para reverter. Mas ainda mesmo este recuo em relação à autonomia financeira das universidades foi uma conquista parcial do movimento, pois se manteve o fundamental da "reforma universitária tucana" com a Secretaria de Ensino Superior, que proporciona maior controle do governo e do capital privado sobre as universidades para melhor adaptá-las ao mercado.

A negativa de construir uma greve unificad por parte das direções sindicais governistas (PCdoB e o PT) de outros setores do funcionalismo público (professores da Apeoesp, trabalhadores da Saúde, do metrô, da Sabesp/Cetesb, principalmente), impediu uma luta unificada capaz de revogar os decretos do governo tucano para proteger os acordos do PT e do governo Lula com os principais representantes da burguesia paulista. Essa estratégia corporativista do sindicalismo ligado ao governismo pôde triunfar rapidamente porque o PSTU e o PSOL se recusaram a colocar todos os sindicatos e oposições que dirigem a serviço da solidariedade ativa a luta das universidades e utilizá-la como alavanca para uma greve unificada do funcionalismo. A Conlutas, pela política do PSTU sequer convocou uma plenária estadual do funcionalismo para organizar uma greve unificada e se recusou a levantar isso como exigência às direções cutistas.

Assim, o golpe do governo dá certo: com o decreto declaratório, a ADUSP (ligada ao PT) trai o movimento e começa a operação desmonte da greve, que atinge progressivamente os professores da Unicamp, Unesp, vários cursos da USP e alguns na Unesp e Unicamp. Com o crescente enfraquecimento da greve e as ameaças de repressão do estado e da burocracia acadêmica, nós da LER-QI, passamos a defender que a greve não tinha mais forças para revogar os decretos, sendo necessário um recuo organizado, com eixo no combate à repressão a estudantes e trabalhadores da USP, Unesp e Unicamp, em especial aos trabalhadores da USP, que eram os principais ameaçados. Nós, que já vimos a repressão em geral aos trabalhadores e estudantes provocar refluxos de anos, em particular na USP, temos como tarefa alertar desse perigo e preservar os melhores setores para as batalhas que estão por vir. Defendemos também que onde houvesse força para levantar as demandas internas de cada universidade ou faculdade era necessário fazê-lo.

Na sexta-feira, num ato com mais de 500 estudantes e trabalhadores da USP, a reitoria foi desocupada depois de 50 dias. Ao contrário do que o PSOL e o PSTU defenderam na última assembléia, de que a proposta da reitoria e o recuo do governador com o decreto declaratório foram uma grande vitória, nós defendemos que houve conquistas parciais e que o movimento havia ido o mais longe que as direções haviam permitido. Na luta de classes há um fator essencial que é a correlação de forças, que o PCO, o grupo Negação da Negação e alguns independentes literalmente preferem não ver ao defender a posição de manter uma ocupação isolada e uma greve em poucas unidades, expondo os setores de vanguarda à repressão.

Do ponto de vista reivindicativo, a greve obteve conquistas parciais, como o recuo do governo do decreto declaratório, as 384 moradias e outras demandas estudantis. Mas um balanço não deve se dar meramente do ponto de vista reivindicativo, mas politicamente. Desse ponto de vista, podemos remarcar que para o movimento estudantil universitário nacional, que se resumia a pequenos espasmos depois de anos de paralisia, foi um salto que pode ser a base de novos processos de mobilização, e inclusive estar antecipando grandes lutas do movimento operário. É um elemento de qualidade que os estudantes passem a acreditar nas suas próprias forças e se mobilizem para além dos limites colocados pelas direções conciliadoras. O governador Serra, um candidato preferencial da burguesia para 2010, saiu desgastado na classe média e nos trabalhadores, o que limita as suas margens de manobra para empreender maiores ataques. A mobilização rompeu toda a „normalidade‰ acadêmica e questionou a estrutura de poder da universidade, o que pode abrir processos posteriores mais profundos de mobilização que questionem o caráter dessa universidade elitista e racista no Brasil. Estão colocadas as bases para se enfrentar num patamar superior contra os diretores de unidade que fazem parte do setor mais reacionário da burocracia acadêmica e que saíram bastante rechaçados pelo conjunto do movimento. É verdade que os trabalhadores da USP não tiveram maiores conquistas na sua pauta específica, porém esses elementos colocados acima só foram possíveis de serem conquistados graças à sua combatividade e politização, que seguirão sendo chave nas próximas lutas.

Mas o movimento ainda não chegou ao seu fim. Algumas ocupações continuam de pé na Unicamp e na Unesp e a direita tenta levantar a cabeça para reprimir estudantes e trabalhadores. Frente à ameaça de repressão e punições a diversos setores do movimento já colocadas de maneira explícita pela mídia burguesa, nosso lema principal deve ser: SE ATACAM UM, ATACAM TODOS! Não podemos permitir a punição de nenhum lutador das três universidades, seja qual for o argumento utilizado para isso, portanto, temos a tarefa de fazer uma ampla campanha contra a repressão. Isso será determinante no próximo período para conseguirmos manter e consolidar uma vanguarda de estudantes e trabalhadores que tire as lições desta luta e esteja fortalecida e preparada para prepararmos lutas ainda mais fortes contra a reforma universitária de Serra e de Lula e para luta por uma universidade a serviço dos trabalhadores e do povo pobre.

Os elementos que colocamos acima são alguns elementos políticos que, junto às conquistas parciais reivindicativas, devem levar cada estudante e trabalhador da USP, a partir de um balanço profundo dessa greve para tirar as lições necessárias que possam transformar cada lutador em um sujeito mais avançado para as próximas batalhas. Nós da LER-QI, na medida das nossas forças, acreditamos ter aportado para que essa luta fosse o mais avançada possível e queremos discutir com cada estudante e trabalhador da USP esse balanço e os próximos passos de nossa luta.

Comentário:

Sem comentários, salvo a constatação de que os atuais trotskystas, ou que se desejam tal, sequer folheiam as páginas de seu suposto Líder. "REMARCAMOS ao longo do processo", "acreditamos ter APORTADO para que essa LUTA fosse o mais avançada possível e queremos discutir com cada estudante e trabalhador da USP esse balanço e os próximos passos de nossa LUTA." o texto está coalhado de pérolas que mais evidenciam o primitivismo da seita do que o pensamento político. Pobre Trotsky! Depois de tudo ele ganhou a sina de patrocinar grupos incultos e dogmáticos!

A autonomia da universidade é algo a ser defendido contra todos os políticos e outros coletivos, que não aceitem a pesquisa, a lógica demonstrativa, a prova empírica, o exame cauteloso dos enunciados. Autonomia que vale contra os governos, TAMBÉM vale contra os governos ditatoriais in nuce, como o dos grupos que hoje se disputam o "comando" do assim dito "movimento revolucionário". Professores e alunos retos e conscientes de seu dever, não dobram a espinha no seu trabalho para ninguém, menos ainda para seitas anônimas e truculentas. Se a ratio studiorum universitária é autônoma, as lições dos garotos vanguardistas devem ficar no mesmo plano das interferências externas, ou seja, fiquem fora dos campi.

Roberto Romano

quarta-feira, junho 27, 2007

No site Congresso em Foco, um verdadeiro serviço publico :




Congresso do Brasil está entre os mais caros do mundo

Um novo estudo da ONG Transparência Brasil sobre os custos do Poder Legislativo mostra preocupantes números sobre o parlamento brasileiro. Para financiar o Congresso Nacional, os brasileiros desembolsam valores superiores a outros 11 países pesquisados na América Latina, na Europa e na América do Norte.

* Congresso custa ao brasileiro R$ 32 por ano

De acordo com o estudo da Transparência Brasil, em termos absolutos, o orçamento destinado à Câmara e ao Senado só perde para o dos EUA. Entretanto, comparações com o PIB per capita e com o salário mínimo local mostram que o Congresso brasileiro é muito mais caro ou, pelo menos, está entre os mais onerosos do mundo.

Hoje, o orçamento da Câmara e do Senado tupininquim é de R$ 6,09 bilhões por ano. Menor apenas que o dos EUA, de R$ 8,17 bilhões. A cifra representa R$ 32,64 por habitante, ou 0,18% do PIB per capita. Em segundo lugar, vem a Itália, cujo parlamento custa 0,11% do PIB por cabeça. Nos EUA, essa relação é de 0,03%.

Quando se olha apenas o custo por habitante, o Brasil fica em terceiro lugar (R$ 32,64), atrás de Itália (R$ 64,46) e França (R$ 34,00). Entretanto, nesse quesito, a Câmara e o Senado local custam mais que os parlamentos de Espanha (R$ 28,87) e EUA (R$ 27,00).

Dobro

A Transparência Brasil comparou o custo de cada parlamentar em salários mínimos. Novamente, o congresso brasileiro desponta nos gastos. Cada deputado e senador custa 2.068 salários mínimos por ano. O valor é mais que o dobro observado no México. Em segundo lugar, estão os parlamentares mexicanos, com 911 salários mínimos anuais. Na Argentina – que tem um salário mínimo semelhante ao brasileiro –, o custo é de 264 mínimos por ano.

Foi feito um cruzamento ainda entre o custo do Congresso inteiro por habitante e o salário mínimo. A Câmara e o Senado estão à frente mais uma vez. Todo os anos, cada cidadão brasileiro paga 0,66% do salário mínimo recebido durante doze meses. Em segundo lugar, o México, com índice de 0,54%, e, em seguida, a Itália, com 0,23%.

Fora da realidade

Para o diretor-executivo da Transparência Brasil, Cláudio Weber Abramo, os parlamentares brasileiros estão descolados da realidade nacional. "O presente levantamento reforça a percepção de que os integrantes das Casas legislativas brasileiras perderam a noção de proporção entre o que fazem e o país em que vivem", disse ele, na apresentação do trabalho.

A ONG pesquisou os orçamentos de 11 países estrangeiros. Foram seis da Europa – Alemanha, Espanha, França, Grã-Bretanha, Itália e Portugal –, três da América Latina – Argentina, México e Chile – e dois da América do Norte – Estados Unidos e Canadá.

De acordo com o coordenador do estudo, Marcelo Soares, se o parlamento brasileiro tivesse os padrões de custo dos países europeus e do Canadá, poderia ter mais de 2 mil senadores e deputados, em vez dos atuais 594.

PRINCIPAIS RESULTADOS

Custo absoluto
EUA ......... R$ 8,17 bilhões
Brasil ....... R$ 6,09 bilhões

Custo por habitante
Itália ...... R$ 64,46
França .... R$ 34,00
Brasil ...... R$ 32,64

Custo em relação ao PIB per capita
Brasil ....... 0,18%
Itália ........ 0,11%
EUA ........ 0,03%

Custo de cada parlamentar
Brasil ....... 2.068 salários mínimos
México ..... 911 salários mínimos locais
EUA ......... 750 salários mínimos locais

Custo por habitante em relação ao salário mínimo
Brasil ...... 0,66% do salário mínimo
México .... 0,54% do salário mínimo
Itália ........ 0,23% do salário mínimo

Fonte: Transparência Brasil



NOS QUEM, CARA PALIDA? EU NAO COMPRO NEM VENDO GADO, NEM VOTOS NO CONGRESSO!!!!!

27/06/2007 - 15h17
Renan nega ter pedido apoio a Lula e diz que não permitirá politização

Publicidade

GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse hoje ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante encontro no Palácio do Planalto que não vai permitir a "politização" do Senado em meio à crise política que atinge a instituição.

Renan, que responde a processo por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética do Senado, garantiu que não pediu apoio ao presidente para o desenrolar das investigações.

"Eu não conversei com o presidente sobre solidariedade. Eu conversei com o presidente sobre a necessidade de o Brasil trabalhar, do Senado votar, de nós não permitirmos a politização da Casa porque isso, se acontecer, será em descompasso do país", afirmou.

Renan disse concordar com a indicação do senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) para a presidência do Conselho de Ética do Senado. Mas ressaltou que a decisão sobre o novo presidente deve ser do próprio conselho.

"O Arthur Virgílio é um grande quadro, um grande amigo e um dos maiores oradores do Senado e reúne todas as condições para exercer qualquer cargo. Mas eu não vou entrar na discussão do conselho", ressaltou.

O senador tucano lançou hoje seu nome para a presidência do Conselho de Ética e disse que, se for eleito, indicará o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) para a relatoria do processo contra o presidente do Senado.

Segundo Renan, Mercadante também é um "grande quadro" do Senado, mas evitou comentar diretamente a possibilidade de o petista se tornar o relator do processo.

Renan reiterou inocência nas denúncias de que teria utilizado recursos da empreiteira Mendes Junior para pagar pensão e aluguel à jornalista Monica Veloso, com quem Renan tem uma filha.

"Não pode haver o julgamento político baseado em mentira. Já disseram e eu queria repetir que toda grande mentira aumenta a chance do povo acreditar nela. O Brasil democrático que nós queremos não comporta isso", afirmou.


COMENTÁRIO:

A CADA NOVA HORA, UMA "NOVIDADE". O SENADOR DIZ QUE NÃO SE PODE "POLITIZAR" O SENADO. FANTÁSTICO. O QUE É MESMO RENAN CALHEIROS? O QUE SÃO MESMO O SENADO E O CONGRESSO? O QUE É MESMO O PRESIDENTE DA REPÚBLICA? POLÍTICOS, POLITICOS, POLÍTICOS.
O PROBLEMA DE CALHEIROS É QUE ELE DESPREZA MESMO A INTELIGÊNCIA E A OPINIÃO PÚBLICA. SUA RETÓRICA, APRENDIDA NA ESQUERDA AUTORITÁRIA, PRECISA DE MUITO TREINO EM REGIME DEMOCRÁTICO, NÃO OLIGÁRQUICO.

E PARA TERMINAR, O INSUPORTÁVEL "O BRASIL DEMOCRÁTICO QUE NÓS QUEREMOS..."

NÓS, QUEM, CARA PÁLIDA?

RR

Uma exceçao na baderna do Senado.O voto em separado de um senador.

VOTO EM SEPARADO



Sr. Presidente,
Sras. e srs. senadores,

A representação protocolada neste Conselho, contra o senador Renan Calheiros, teve origem em matéria jornalística, que apontava, como fato de maior gravidade, a suspeita de que ele tivesse realizado o pagamento de contas particulares com dinheiro de uma empreiteira, por intermédio de um funcionário desta.

Se o senador não conseguisse demonstrar, com suas declarações ao Imposto de Renda, a compatibilidade dos seus rendimentos com o valor dos pagamentos feitos, arcaria com a presunção de culpa e não escaparia à condenação. Entretanto, como vimos pelas certidões exibidas, os rendimentos auferidos foram suficientes para cobrir os pagamentos efetuados, o que torna imperioso, num julgamento isento, uma inversão, para favorecê-lo, com a presunção de inocência.
É verdade que, quanto à origem e movimentação do dinheiro, dois pontos permanecem obscuros. Um, a escolha intrigante, porque aparentemente desnecessária, de um repassador de recursos, que poderiam ser facilmente transferidos por meio eletrônico ou entregues por ele próprio, diretamente, em mãos.
A outra passagem não esclarecida reside na descoincidência de datas entre os saques nas contas do senador e os pagamentos realizados, os quais, segundo depoimento da beneficiária à imprensa, seriam sempre feitos em dinheiro vivo, regularmente, nos primeiros dias de cada mês. A completa elucidação dessas obscuridades só seria possível mediante uma investigação feita com rigor e sem nenhuma pressa. O rito sumário adotado, a meu ver, tisna este processo com a mácula da ilegitimidade.
Não obstante tais lacunas, a aguardar explicações, prefiro seguir o consagrado anexim jurídico que recomenda julgar, na dúvida, a favor do réu. Imponho-me, portanto, o dever de consciência de conceder ao senador Renan Calheiros o benefício da dúvida.
Isso no que tange à suspeita mais grave, de uso de recursos de terceiros, o que caracterizaria recebimento de vantagem indevida.
Sobra, no entanto, sem apreciação, a outra falta, de menor gravidade, mas nem por isso menos condenável. E a dispensar comprovação, porque admitida pelos dois personagens envolvidos, como se natural fosse. E não é.
Refiro-me à evidente impropriedade, cometida pelo senador, de encarregar dos pagamentos o funcionário de uma empresa com interesses a defender em diferentes esferas do Poder Público. Com a agravante de exercer notoriamente as funções de lobista da mesma.
Alega o senador que a amizade entre ambos seria anterior à sua contratação pela empresa, e não havia por que interrompê-la. Tem razão e ninguém lhe cobra isso, pois irrazoável seria que rompesse os laços efetivos e os contatos sociais com o amigo, a partir de sua vinculação com a empresa. Mas a questão é outra, como é fácil perceber, com meridiana clareza.
A se aceitar, como eu aceito, que o senador Renan Calheiros tenha desembolsado recursos próprios no pagamento dessas despesas e aceitando-se, o que eu não aceito, a necessidade de um emissário, então não deixa de ser curioso assinalar que, dentre todos os seus amigos, ele tenha escolhido exatamente aquele que, dada a sua condição, seria o menos indicado para o desempenho da missão.
O Senador Renan Calheiros foi indesculpavelmente imprudente, ao dar a uma pessoa com tais vínculos, a incumbência de uma intermediação que, por sua natureza, o tornava refém da discrição do intermediário e vulnerável, portanto, a pressões com vista à cobrança de retribuição pelo favor prestado. Vulnerabilidade indesejável e de alto risco para qualquer político, mais ainda para quem preside a um dos poderes da República.
Foi essa ligação perigosa que gerou o desagradável episódio motivador desta investigação e que resultou na situação constrangedora vivida pelo senador Renan Calheiros, com inevitáveis respingos sobre a instituição que dirige. Ao adentrar, sem medir conseqüências, a zona cinzenta e incaracterística, na qual se misturam o público e o privado, ele imprudentemente se expôs, a si próprio e ao Senado Federal, ao qual sua pessoa se vincula de forma indissociável, por força da posição que ocupa.
Surpreende, assim, que se queira relegar ao esquecimento, como se condenável não fosse, a conduta do senador Renan Calheiros no caso específico, a meu ver não condizente com os princípios republicanos que devem reger a vida de todo homem público.
Entendo que, só por isso, o senador deveria sofrer alguma penalidade, que não seria a perda do mandato, mas outra menos drástica, porém necessária, para demonstrar a reprovação do Senado ao erro praticado pelo seu Presidente.
Mas o correto mesmo, principalmente diante dos novos fatos noticiados pela imprensa, será a realização de uma profunda investigação capaz de dirimir todas as dúvidas.
Receio muito que, junto com o arquivamento deste processo, se faça também o sepultamento da credibilidade desta casa.
Se, no entanto, outro for o juízo deste Conselho, ao entendimento de que nada houve de censurável na conduta do senador, só me resta acatar a decisão da maioria, democraticamente, despido da arrogância de pretender que a minha opinião seja melhor que a dos demais. Mas, convicto do que penso, não posso deixar de concluir fazendo minha a peroração do tribuno romano, a traduzir a enormidade do seu desencanto:

Ó tempora! Ó mores!

Por tudo isso, sras e srs, e data vênia do ilustre relator, manifesto meu voto contrário ao seu parecer.




Senador JEFFERSON PÉRES

(Fonte: Congresso em Foco9.

Mentiras, em homenagem ao Senado Federal

Correio Popular de Campinas, 26/06/2007

Mentiras

(Roberto Romano


Estive no Rio Grande do Sul, terra de civismo e cultura, além da fina gentileza, para integrar o seminário internacional “Fronteiras do Pensamento”, em companhia do excelente Jon Elster. Discuti a mentira nas eleições, na Justiça e na política. A mais conhecida definição ocidental da mentira encontra-se no platônico Agostinho. Todos recordam a censura, na República, dirigida aos mendazes deuses homéricos, censura que define os atores divinos como inocentes. A nossa vontade, ainda no Paraíso escolheu o mal, pensa Agostinho. No mundo finito tudo é pervertido. O Estado existe devido ao primeiro ato maléfico e mentiroso, que consiste em “dizer o contrário do que se pensa, com a intenção de enganar”. (De mendacio).

A mentira é um ato de fala. Estes dependem, segundo J.L. Austin (How to do things with Words: Oxford, Clarendon, 1962) do ajuste de quem enuncia a um “procedimento convencional aceito (…) que inclui a emissão de certas palavras, por parte de certas pessoas em certas circunstâncias”. Tal aspecto é determinado como ilocução (o que fazemos ao dizer algo), mas não como perlocução (o que fazemos pelo fato de dizer algo). A perlocução é o efeito de um ato lingüístico, o objeto ou a simples seqüela daquele ato. A perlocução pode ser intencional ou inintencional. A perlocução não é convencional e se produz, ou deixa de ocorrer, independentemente da correta efetivação do ilocutivo. Exemplo: “mate-o” é locutivo. “Ordenou-me que o matasse”, ilocutivo. “Persuadiu-me a matá-lo”, perlocutivo.

“Persuadir”, “convencer”, “assustar”, “alarmar” são perlocutivos que não dependem do fato de usar certas expressões ou situá-las em contexto adequado, mas da astúcia do falante, fraqueza ou vulnerabilidade do ouvinte, circunstâncias nem sempre previsíveis ou controláveis pelos próprios sujeitos do ato de fala. Austin afirma que um juiz decide, pela oitiva de testemunhas, quais locutivos ou ilocutivos foram empregados no delito, mas não sabe quais foram os perlocutivos por não ter provas para tal exame. O ilocutivo consiste em dizer algo. O perlocutivo resulta do ter dito algo, não consiste em outro ato de dizer. Ele não é convencional e isto se verifica no fato de que ele não pode ser explícito, caso contrário perde eficácia. Não se diz: “eu te persuado”, ou “eu te assusto” quando se deseja persuadir ou assustar. O perlocutivo pode ser intencional ou inintencional, um fim querido, ou seqüela do ilocutivo.

Se a mentira é “dizer o contrário do que se pensa com a intenção de enganar”, como considerá-la? Falar mentira, para Austin, é transgredir a condição dos atos de fala, a sinceridade. No ilocutivo, a mentira está em não cumprir a regra que exige dos partícipes, numa troca de enunciados, que eles possuam os pensamentos e sentimentos expressos, tenham a intenção de falar em conseqüência. Os partícipes do xadrez devem ter a competência e o intento de jogar xadrez, não dominó. A sinceridade, assim entendida, é a base da conversa. A mentira nega a comunicação e não é ilocutiva, mas perlocutiva. Se falarmos “ao dizer X, eu o enganei”, o intento e a conseqüência se amparam na falta de explicitação, a inconexão encoberta entre o dito e o pretendido, sem que o outro o perceba, pois se trata de enganá-lo.

Na Razão de Estado ocorre a inconexão entre quem fala pelo poder e quem obedece. O político mente para ganhar eleições; o desempregado mente para conseguir emprego, e até existe quem minta exclusivamente para chamar a atenção. Mentir é recurso próximo da manipulação: eu engano e ele não deve perceber (C. Castilla del Pino: El discurso de la mentira. Madrid, Alianza, 1988) . A razão de Estado reduz a fala à manipulação dos dirigidos, neles cria a aceitação temporária do que se diz e se faz. A adesão ao governante é fabricada com astúcia. A mentira é abuso da linguagem: se descoberta, precisa de escusas. A verdade não requer desculpas, salvo diante da razão de Estado, como nos julgamentos de Vichy ou Moscou e nas farsas encenadas para enganar multidões.

Premio Garotinho de Ouro : para o Senado Nacional.

SENADO: O ESCRITOR MAIS ATUAL, PARA O BRASIL: CAMUS. O SUICIDIO COMO PROBLEMA METAFISICO.




Existe um povo que a bandeira empresta
P"ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...
E deixa-a transformar-se nessa festa
Em manto impuro de bacante fria!..

Comentário:

A instituição senatorial é herança do Império Romano, herança encontrada em bom número de Estados modernos. Na inglaterra, o Parlamento foi dividido entre o campo dos "senhores" (os homens bons do Império romano, os "boni", ou seja, os que tinham bens, eram cavaleiros, lideravam a guerra) e os "comuns" (a plebe). Os senhores eram os "pares", os iguais. Com a revolução inglêsa e depois a francêsa, a marca de ser "igual" foi transferida dos nobres para a plebe, "the people", "le peuple", ou na escrita irônica de Lutero, quando criticava no século 16 as veleidades democráticas, "Herr Omnes" (Senhor Todo Mundo). A República, na Revolução inglêsa e também na francêsa, tentou impôr a soberania dos "comuns", da plebe. Entre as duas revoluções, dado o fracasso conjuntural da Revolução inglêsa com a ditadura de Cromwell, os revolucionários norte-americanos idearam um sistema político de compensações na balança do poder (Montesquieu foi relevante em seu pensamento) com os representantes dos comuns e os que representariam os Estados. No Brasil, os comuns sempre tiveram dificuldades para se afirmar diante do Chefe de Estado. Quando Pedro 2 fechou a Assembléia, os deputados ao sair do prédio cercado de militares, inclinaram-se diante dos canhões : "Saúdo Vossa Majestade!". Simbólicamente, o gesto diz muito, ainda em nossos dias. O Senado? Era composto pelos "homens bons", que serviam como seminário de políticos subservientes para o Imperador.

Plus ça change, et plus c´est la même chose.

Roberto Romano

PS: é interessante que a vergonha do Senado venha ao mesmo tempo com a grande aprovação do Príncipe petista. "Com a subida de Calígula, uma turba irrompeu na curia e forçou os senadores a anular uma cláusula do Testamento de Tibério. a qual instituía como co-herdeiro seu segundo neto adolescente, para governar com Calígula, . O povo exigiu que fosse dado poder absoluto a Calígula, poder absoluto e sem limites (ius arbitriumque omnium rerum illi permissum) [Suetonio, Vida de Calígula, 16]. O resultado desta manifestação suscitou grande alegria na cidade. Nos meses seguintes, 120 sacrifícios foram oferecidos para celebrar o acontecimento" (Zvi Yavetz : La Plèbe et le Prince, foule et vie politique sous le haut-empire romains, Paris, Ed. La Découverte, 1984, p.56).

Que tal um jogo de futebol realizado na mesma hora, em todos os estádios brasileiros, com muitas festas, fogos, churrascos e cocadas, pinga e forró, para celebrar a "absolvição" do Presidente do Senado? Panis et circensis...

O mesmo presidente do Senado diz ser vítima de um "esquadrão da morte moral". Só quem não viveu o terror daquela organização pode ser tão leve a ponto de transferir aquela realidade para um assunto digno da pior "dirty politics".

RR

INCITATUS, O RETORNO

26/06/2007 - 21h58
Sibá renuncia à presidência do Conselho de Ética e retarda caso Renan

Publicidade

GABRIELA GUERREIRO
Folha Online, em Brasília
O senador Sibá Machado (PT-AC) renunciou hoje ao cargo de presidente do Conselho de Ética do Senado. Em comunicado enviado à Secretaria Geral da Mesa do Senado, Sibá também afirma ter desistido da sua vaga de titular do conselho. O senador estava sendo pressionado por aliados do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) e pelo Palácio do Planalto para abrir mão do cargo como estratégia para retardar as investigações sobre o presidente do Senado.

Oficialmente, Sibá nega que tenha deixado a presidência do conselho por pressões do governo federal. O senador Renato Casagrande (PSB-ES) disse à Folha Online que o senador desistiu da presidência do conselho diante da indefinição sobre o caso Renan. Desde a semana passada, Sibá procurava um relator para substituir o senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA), que está afastado do Senado por licença médica.

"Ele alegou que não estava conseguindo encaminhar as coisas [no conselho] da forma como pretendia", afirmou Casagrande. O líder e integrantes da base aliada do governo se reuniram com Sibá esta noite, quando o petista comunicou a decisão de renunciar.

Sibá havia convocado reunião do conselho amanhã para votar o relatório de Cafeteira que inocenta Renan das denúncias de que teria utilizado recursos da empreiteira Mendes Júnior para pagar pensão à jornalista Mônica Veloso --com quem tem uma filha fora do casamento.

A ameaça de Sibá em colocar o relatório para votação irritou os aliados de Renan que, nos bastidores, admitiram não ter número de votos suficientes para enterrar o processo contra o senador. Na prática, o grupo pró-Renan temia a aprovação de um voto em separado apresentado pela oposição que determinava a ampliação do foco das investigações sobre o senador.

Diante de tamanha pressão dos aliados, o presidente do conselho acabou tendo na renúncia uma saída para evitar um desfecho que não desagradasse os aliados de Renan.

Casagrande acredita que, com a renúncia de Sibá, caberá agora ao vice-presidente do conselho, Adelmir Santana (DEM-DF), determinar uma nova data para a votação do relatório. "Com a renúncia, o vice tem que assumir e convocar uma nova reunião", disse Casagrande.

Pressão

Sibá recebeu telefonemas de líderes petistas e de emissários do Palácio do Planalto ao longo do dia com sugestões para que renunciasse ao cargo. O senador se reuniu por duas vezes com a bancada do PT no Senado e líderes aliados para discutir a sua renúncia.

Os aliados do presidente do Senado acreditam que se o Conselho de Ética não colocar em votação o relatório de Cafeteira nos próximos dias, o Congresso poderá entrar de recesso em julho sem que o caso esteja solucionado.

Com o afastamento de Sibá, será criado um novo impasse para a escolha do novo presidente --o que na prática retarda o processo contra Renan. Aliados do presidente do Senado também temiam que Sibá adotasse uma postura mais "independente" diante da pressão da opinião pública por investigações mais detalhadas sobre Renan --e por isso defenderam o seu afastamento.

A oposição criticou a pressão dos governistas sobre Sibá. Antes de Sibá formalizar o seu afastamento, o líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN), havia criticado a possibilidade de renúncia. "Seria o fim da picada, a confissão da pressão insustentável. É uma pressão explícita do Palácio do Planalto para defender seu correligionário", disse.


COMENTÁRIO:

SUETONIO : «QUANTO AO SEU CAVALO INCITATUS, NA VÉSPERA DOS JOGOS DE CIRCO, PARA QUE SEU REPOUSO NÃO FOSSE VIOLADO, ELE TINHA O COSTUME DE IMPOR SILÊNCIO AOS VISINHOS, PELOS SOLDADOS; ALÉM DE UM ESTÁBULO DE MÁRMORE E MANJEDOURA DE MARFIM, DE CAPAS PURPÚREAS E ENFEITES COM PEDRAS PRECIOSAS, ELE CHEGOU A LHE CONCEDER UM PALÁCIO, ESCRAVOS, MOBÍLIA, PARA RECEBER MAGNIFICAMENTE AS PESSOAS CONVIDADAS EM SEU NOME; E PROJETAVA MESMO, FALA-SE, DELE FAZER UM CONSUL (CONSULATUM QUOQUE TRADITUR DESTINASSE)" (ViDA DOS DOZE CÉSARES, LIVRO 4).

QUÃO NOBRE INCITATUS! QUÃO DIGNO DE RESPEITO! QUÃO ÉTICO! QUÃO REPÚBLICO! QUÃO RIGOROSO CENSOR! QUÃO DIGNO DE ELOGIOS, SE COMPARADO AOS SEUS PARES BRASILIENSES!

Roberto Romano

terça-feira, junho 26, 2007


Sponholz: sempre o melhor comentario politico, metafisico, hiperfisico e sublime! Viva o Brasiu!

Blog de Marta Bellini...


Dicionário brasileiro...


Mimar (verbo) = mamar nas tetas do Estado (com checão voador de RS2 milhões de reais do senador (sic) RORIZ.
Não sei, não vi = sei, faço de conta que não e não vou dizer nada (LULA)
querem me assassinar (do senador Renan) = querem saber a verdade, mas não permito
precisamos de provas = vamos dar um tempo para apagar as patas dos bois do Renan (Idely Salvaty e Eduardo Suplicy)
nenhum senador quer fazer o relato da corrupção dos bois do Renan = é meu aliado, vamos esquecer isso
Estado democrático = estado da lambança ou estado do DEMO... nio
dinheiro = é meu! peguei primeiro!
senador = gente senil brincando de "pega pega"
Imagem do burro (sic) no senado e no congresso: do Blog O apolítico


Comentário para apimentar o Dicionário (lembro sempre do Sottisier redigido por Flaubert, quando escuto políticos brasílicos).

Certa feita, no areoporto de Cumbica, logo antes da vitória de Collor, na fila do café um comandante de avião gritou bem alvo: "Houve um atentado contra o Lula!". Logo perguntei :"que atentado?". E a resposta: "Jogaram um Aurélio na sua cabeça!". Risos. Como eu, naquela época, apesar de já ter criticado com rigor o personagem (no artigo "O senhor da Razão", entre outros), ainda estava embalado pelo "políticamente correto", respondi de bate pronto :"foi de fato um atentado, porque o Aurélio é um dicionário ruim, que serve apenas para os pedantes da classe média quase analfabeta". Precisei desistir do café....

Hoje, eu não jogaria um Aurélio na cabeça de nenhum petista. Eles dominam a arte das palavras, com neologismos, eufemismos, purismos e impurismos ideológicos. O Aurélio penetrou em suas veias, com algumas exceções, claro, como é o caso de Sua Eçelença.

Enfim....

Obrigado Marta Bellini, pelo seu humor, num país sem risos, salvo o das hienas!

Roberto Romano

Comovente....

26/06/2007 - 11h55
Lula tem segunda melhor avaliação desde 2005, diz CNT/Sensus

Publicidade

RENATA GIRALDI
da Folha Online, em Brasília
A aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é a segunda melhor desde 2005, quando houve as denúncias do mensalão, aponta pesquisa CNT/Sensus divulgada nesta terça-feira.

De acordo com a pesquisa, 64% dizem aprovar o presidente, contra 63,7% que tiveram a mesma opinião em abril, quando foi realizada a última pesquisa. Já 29,8% desaprovam Lula, contra 28,2% que opinaram da mesma forma na última pesquisa.

A pesquisa de hoje indica ainda que 6,3% não souberam responder sobre o assunto, contra 8,2% em abril.

Em relação à avaliação do governo do presidente Lula, houve uma estabilidade nos números. De acordo com a pesquisa, para 47,5%, a avaliação é positiva. Na última pesquisa, era 49,5%.

Para 36,5%, a avaliação do governo é regular, contra 34,3% da pesquisa anterior. Já os que consideram negativa, a avaliação é de 14%. Em abril, era 14,6%.

"O que mantém a popularidade do governo é o funcionamento da economia, os programas sociais e o carisma do presidente Lula", disse o diretor do instituto Sensus, Ricardo Guedes.

A pesquisa ouviu 2.000 pessoas de 18 a 22 de junho em 136 municípios de 24 Estados. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.

Outros levantamentos

A última pesquisa Datafolha, de março, mostrava uma queda de 52% em dezembro para 48% no percentual de avaliação ótimo/bom do governo Lula.

A pesquisa foi realizada entre os dias 19 e 20 de março em 236 municípios do país e ouviu 5.700 pessoas. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

Universite: plus ça change...et plus c est la meme chose...

Enseignement Universités : Sarkozy doit réviser


Face à la contestation, le Président a décidé, hier, de repousser d'une semaine l'examen en Conseil des ministres du projet de loi sur l'autonomie des universités.

Par Véronique SOULE

QUOTIDIEN : mardi 26 juin 2007


Soulagement dans les rangs de la communauté universitaire. A l'issue de s rencontre avec la Conférence des présidents des universités (CPU), Nicola Sarkozy a en effet annoncé hier que le projet de loi sur l'autonomie de universités, contestée de toutes parts, ne passerait pas comme prév demain au Conseil des ministres, mais qu'il serait repouss «vraisemblablement au mercredi suivant», selon le porte-parole de l'Elysée, David Martinon.

Pécresse a confondu vitesse et précipitation

Après la réunion marathon du Cneser (Conseil national de l'enseignement supérieur et de la recherche) durant huit heures vendredi, la situation était belle et bien bloquée. Le texte présenté par la ministre de l'Enseignement supérieur et de la Recherche, Valérie Pécresse, avait été rejeté par une large majorité (19 contre, 12 pour et 3 abstentions). Les représentants des syndicats affiliés à la FSU avaient même claqué la porte. D'autres, comme les étudiants de l'Unef et de la Fage ou encore le Sgen-CFDT, étaient revenus pour participer au scrutin sur le projet de loi et voter non.

«Réticences». Ce report devrait permettre au Président d' «arbitrer au besoin s'il y a des réticences ou des points à approfondir» avec les organisations syndicales, a indiqué le porte-parole.Il s'agit pourtant bien d'un pas en arrière, même si l'objectif reste toujours pour le gouvernement de faire passer la réforme d'ici la fin juillet. On parlait déjà des 9 et 10 juillet pour l'examen du projet de loi au Sénat.«On ne peut pas dire sur quels points le texte va bouger, mais on a eu un vrai sentiment d'écoute, d'échange sur le fonctionnement des universités», a déclaré Michel Lussault, troisième vice-président de la CPU, après la réunion avec le chef de l'Etat. Apparemment, Nicolas Sarkozy s'est montré réceptif sur le caractère optionnel de l'autonomie, et sur la forme trop restreinte du nouveau conseil d'administration, les deux points les plus critiqués du texte (lire ci-contre) . D'ici sa présentation en Conseil des ministres, Michel Lussault s'est dit convaincu que «le dialogue ne cessera pas». «Il y a toujours des possibilités pour que des amendements soient votés», a-t-il estimé.

Le chef de l'Etat doit rencontrer aujourd'hui les syndicats enseignants, puis les représentants étudiants, qui tous dénonçaient la précipitation dans laquelle cette réforme était préparée. L'atmosphère sera donc plus détendue. L'Unef, l'un des acteurs centraux du mouvement contre le CPE en 2006, a aussitôt applaudi «ce premier desserrement de calendrier» : le gouvernement a «pris la mesure de l'impasse dans laquelle il s'engageait». «Concertation». La FSU et le Snesup-FSU, principal syndicat du supérieur, se sont aussi «félicités», dans un communiqué, du report d'une semaine de l'examen du projet de loi, tout en souhaitant «une véritable concertation» en vue d'un «tout autre projet de loi». Ces syndicats se réjouissent que «la protestation des personnels, des étudiants et de leurs organisations syndicales [ait] pu être un tant soit peu entendue». Ils attendent maintenant «une véritable concertation» et la mise en chantier d' «un tout autre projet de loi en s'appuyant sur les nombreuses propositions». «Cela implique un collectif budgétaire sans délai ni condition préalable», affirment-ils. «C'est ce que nous dirons aujourd'hui au président de la République.»

Signe que la protestation pourrait s'étendre : de quatre cents à cinq cents enseignants, personnels et étudiants des universités de Toulouse se sont rassemblés hier à l'université Paul-Sabatier pour exprimer leur hostilité au projet de loi, a constaté un journaliste de l'Agence France-Presse. Réunis à l'appel d'une intersyndicale regroupant la CGT, FO, la FSU, le Snesup, l'Unsa ou la CFDT et Sud, ils ont voté à l'unanimité une motion dénonçant «le forcing du gouvernement» et rappelé leur opposition à plusieurs points du projet, dont la composition des conseils d'administration et la gestion des ressources humaines.

Comentário:

A questão da autonomia universitária é espinhosa. Na verdade, na verdade, autônoma de fato só pode ser indicada uma universidade, a de Bolonha, e mesmo assim, só até o final da Idade Média. Explica-se: a corporação que mantinha o campus era aquela composta por advogados, os quais pagavam os custos integralmente, sem que fosse preciso recorrer aos dinheiros do Papa, do Rei, ou da Cidade. A autonomia financeira trouxe para Bolonha a autonomia dos estudos. Depois dela, bem caros colegas, não existiu mais "autonomia". Basta ler o belo volume de Jacques Le Goff, "18 Essais sur le Moyen-âge", contendo vários estudos sobre a gênese dos campi europeus. Com o advento da Raison d´État e da sua irmã gêmea, a Raison de l´Eglise, acabou de vez a veleidade de autonomia acadêmica. A pequena autonomia medieval só foi retomada, agora sob a forma de um suspiro noético, ou seja, na forma de um ideal, com I. Kant, leia-se "O Conflito das Faculdades". Mesmo Diderot, democrata notório em seu tempo, no "Plano de Uma universidade para a Rússia", feito a pedido de Catarina 2, é muito ecônomo no trato deste ponto, a autonomia.

A questão da autonomia dos campi tornou-se importante sobretudo após os regimes nazistas, fascistas, estalinistas. Os líderes dos partidos decidiam qual pesquisa era importante e qual método deveria ser empregado (no caso Lyssenko ou no caso dos médicos que pesquisavam a resistência dos seres humanos a remédios, etc, nos dois Estados, Alemanha nazi ou URSS). Outro momento importante foi o macartismo, nos EUA. A reação dos liberais retomou o lei motiv de Humboldt, o criador da Universidade de Berlim: tanto na pesquisa, quanto na ordem interna da administração, deveria valer o que ele, Humboldt, predizia para o mundo político mais amplo: a urgência de colocar limites para o Estado.

Na França, a referida autonomia foi acolhida com apreço depois da "república de Vichy", quando os universitários, juízes, padres e muita gente mais curvou a espinha diante das botas alemãs.

No Brasil, a idéia de autonomia universitária foi bem vinda, e sacralizada, depois do regime castrense. Mas o que ocorreu?
Os estalinistas e oportunistas da esquerda jamais quiseram tal autonomia, porque no seu entender é tolice burguêsa e liberal falar em "limites para o Estado". Eles sempre usaram a autonomia apenas como slogan, como os petistas usavam a ética, também como slogan para enganar os tolos. Os políticos não queriam e não querem autonomia universitária para as IFES de seu Estado: o orçamento dos campi, não raro, é melhor aquinhoado do que o orçamento do poder público local e regional. Se arrancarem a universidade federal de Estados como Acre, sobra pouca coisa no Estado. O mesmo ocorre em muitos outros Estados. Os reitores das federais, então, nem pensar. É mais adequado aos seus planos políticos, pedir recursos diretamente ao ministro ou aos seus auxiliares, do que administrar recursos limitados por lei. A bajulação iegal de Lulla, por parte daqueles reitores, mostra o que eles pensam de autonomia. Os "movimentos docentes". É de rir, mas eles só esperavam que seus membros chegassem ao PUDER. Ocorreu isso com peemedebistas do "movimento docente", com collloridos, com tucanos e com petistas. O "movimento" era apenas um meio para atingir um lugar no poder federal. Em suma, todos deram uma solene banana para a autonomia. Quando apresentei a idéia de criar uma Comissão de Controle Externo para julgar as contas da universidade pública (composta por integrantes dos três poderes, da própria universidade, da vida civil) recebi saraivadas de críticas. Agora, a coisa está ruim. E vair piorar.

Roberto Romano

Vamos ler os dois textos? O da agredida e o do pai dos agressores? E depois....o que dizer?

"Quero que se faça justiça", diz doméstica espancada no Rio

Após receber alta de hospital, Sirlei afirmou querer que agressores "paguem'

A polícia do Rio prendeu ontem mais dois rapazes acusados pelo crime, sendo que um deles se entregou no fim da noite no 16º DP

DA SUCURSAL DO RIO

"Quero que se faça justiça", afirmou à Folha a empregada doméstica Sirlei Dias Carvalho Pinto, 32, após receber alta do hospital Barra D'Or, ontem, no Rio. Ela foi espancada e roubada por cinco jovens na madrugada de sábado, quando estava em um ponto de ônibus na av. Lúcio Costa, na Barra da Tijuca (zona oeste). Ela seguia para uma consulta médica.
"Eu quero que eles paguem, não sei como", disse ela, ao ser questionada se pretendia pedir indenização às famílias dos rapazes de classe média que identificou como seus agressores. Três suspeitos foram presos no sábado, e outros dois, ontem.

A doméstica foi espancada às 4h30 de sábado. Outras duas mulheres que estavam no ponto de ônibus também teriam sido agredidas. Um dos detidos disse à polícia que o grupo pensou que a vítima era prostituta."Mesmo que [as outras mulheres que estavam no ponto de ônibus] fossem prostitutas, não tinham que fazer [as agressões]", afirmou Sirlei."Foram muitos chutes, pontapés, socos, cotoveladas", descreveu ela. Mostrando o braço roxo e inchado, Sirlei disse que tentou se defender em vão das agressões. "Coloquei para proteger o rosto, mas eles ficaram chutando o meu braço."Segundo a doméstica, não houve dúvida para reconhecer os agressores. "O reconhecimento foi imediato."

A polícia do Rio prendeu ontem de manhã o universitário Rubens Arruda, 19, acusado de ser um dos agressores. Seu pai, o empresário do setor naval Ludovico Ramalho Bruno, indicou o local em que ele estava, a casa de um amigo na Ilha do Governador (zona norte).O estudante de turismo Rodrigo Bassalo, 20, que estava foragido, se entregou às 23h15 acompanhado de advogados no 16º DP (Barra da Tijuca), onde passaria a noite preso. Ele não falou com a imprensa.

A partir da placa do carro usado pelos rapazes, anotada por um taxista que testemunhou a agressão, a polícia prendeu no sábado o estudante de direito Felipe Macedo Nery Neto, 20. Ele admitiu o espancamento, disse que o grupo pensava que a vítima fosse uma prostituta e deu os nomes dos demais rapazes. Foram presos então Júlio Junqueira, 21, dono de um quiosque na praia da Barra e estudante de gastronomia, e Leonardo de Andrade, 19, técnico em informática.Ontem, quando negociava a apresentação do filho à polícia, na 37ª DP (Ilha do Governador), o empresário Ludovico Bruno tornou-se vítima de um conflito na Ilha do Governador entre a PM e traficantes.Por volta das 9h, o empresário estava em um banco, na entrada, quando o local foi metralhado. Uma das balas atingiu suas pernas de raspão. "Não morri porque Deus não quis."

Contratado pelo empresário José Maria Souza Mota, patrão de Sirlei, para representá-la, o advogado Marcus Fontenele disse que entrará na Justiça contra os suspeitos com uma ação civil por danos morais, físicos, estéticos e financeiros.
De acordo com o delegado Carlos Augusto Pinto Nogueira, Nery Neto é o único dos quatro presos que mantém uma "postura agressiva". Os demais dizem estar arrependidos e não param de chorar. O delegado indiciou os cinco por tentativa de latrocínio.O advogado de Andrade, Paulo Scheele, disse que seu cliente não participou do espancamento. A Folha não conseguiu ouvir pais e advogados dos demais. (SERGIO TORRES, MALU TOLEDO e MÁRCIA BRASIL)


"Existem crimes piores", diz pai de jovem agressor
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

O microempresário Ludovico Ramalho Bruno, 46, disse acreditar que o filho Rubens Arruda, 19, estava alcoolizado ou drogado quando participou do espancamento da empregada doméstica Sirlei Pinto. "Uma pessoa normal vai fazer uma agressão dessa?", perguntou ele após ter sido vítima de um tiroteio na delegacia. Dono de uma firma de passeios turísticos marítimos, Bruno afirmou que o filho não deveria ser preso, para não conviver com criminosos na cadeia. "Foi uma coisa feia que eles fizeram? Foi.

Não justifica o que fizeram. Mas prender, botar preso, juntar eles com outros bandidos... Essas pessoas que têm estudo, que têm caráter, junto com uns caras desses? Existem crimes piores." Se forem indiciados, os acusados vão responder por tentativa de latrocínio (pena de 7 a 15 anos de prisão em caso de condenação) e lesão corporal dolosa (de 1 a 8 anos de prisão).


Folha - O sr. acredita na acusação contra seu filho?

Ludovico Ramalho Bruno - Eles não são bandidos. Tem que criar outras instâncias para puni-los. Queria dizer à sociedade que nós, pais, não temos culpa nisso. Eles cometeram erro? Cometeram. Mas não vai ser justo manter crianças que estão na faculdade, estão estudando, trabalham, presos. É desnecessário, vai marginalizar lá dentro. Foi uma coisa feia que eles fizeram? Foi. Não justifica o que fizeram. Mas prender, botar preso, juntar eles com outros bandidos... Essas pessoas que têm estudo, que têm caráter, junto com uns caras desses? Existem crimes piores.

Folha - O sr. já falou com ele?

Bruno - Não. É um deslize na vida dele. E vai pagar caro. Está detido, chorando, desesperado. Daqui vai ser transferido. Peço ao juiz que dê a chance para cuidarmos dos nossos filhos. Peguei a senhora que foi agredida, abracei, chorei com ela e pedi perdão. Foi a primeira coisa que fiz quando vi a moça, foi o mínimo que pude fazer. Não é justo prender cinco jovens que estudam, que trabalham, que têm pai e mãe, e juntar com bandidos que a gente não sabe de onde vieram. Imagina o sofrimento desses garotos.

Folha - O sr. acha que eles tinham bebido ou usado droga?

Bruno - Estamos com epidemia de droga. A droga tomou conta do Brasil. O inimigo do brasileiro é a droga. Tem que legalizar isso. Botar nas farmácias, nos hospitais. Com esse dinheiro que vai ser arrecadado, pagar clínicas, botar os viciados lá, controlar a droga.

Folha - Mas o sr. acha que eles poderiam estar embriagados ou drogados?

Bruno - Mas é lógico. Uma pessoa normal vai fazer uma agressão dessa? Lógico que não. Lógico que estavam embriagados, lógico que podiam estar drogados. Eu nunca vi [o filho usar droga]. Mas como posso falar de um jovem de 19 anos que está na rua numa epidemia de droga, com essas festas rave, essas loucuras todas.

Folha - Como é o seu filho em casa?

Bruno - Fica no computador, vai à praia, estuda, trabalha comigo. Uma pessoa normal, um garoto normal.




Comentário:

Quando se trata de Pobre, Preto, Prostituta, tudo vale no país da classe média fascista. Vale espancar, roubar, agredir a honra (aliás, quem disse que para os moçoilos e seus papais existe honra em pobre? Para eles, honra é privilégio de quem tem status, não é mesmo?). Tanto é verdade, ficamos sabendo, que o doce de coco que espancou covardemente uma pessoa frágil (que se dirigia ao médico) "tem caráter, estuda". E, lógico, não pode ser misturado aos "bandidos", pois certamente será estuprado na prisão, para falar o mínimo. Tem caráter....tem caráter...tem caráter...a frase bate na consciência filosófica como uma tapa : caráter é um dos elementos essenciais da moral kantiana. Depois, no século 20, foi analisado por E. Mounier (O Tratado do Caráter) e finalmente exposto, na sua crueza, por Richard Sennet: A Corrosão do Caráter.

Na verdade, a coisa é mais comezinha e brutal. Tenho um amigo sociólogo e economista de primeira plana que me disse, tempos atrás, depois de mesa redonda que partilhamos: o certo é que a classe média brasileira, ou o que se entendia por ela (trata-se de conceito difícil, em todos os sentidos, mas a realidade empírica é patente), com o modelo de desenvolvimento econômico (?) dos últimos tempos, desde pelo menos o final do governo militar, está perdendo as gorduras, acumuladas na era do Estado forte e do Brasil pequeno em termos urbanos. Quem tinha "gorduras" (casa, apartamento, casa de praia, terrenos, poupanças, etc. ) na classe média, as está gastando rápido devido ao desemprego, à veloz modificação tecnológica com padrões de consumo exigentes (não mais se trata de comprar eletrodomésticos americanos, como na era Dutra, mas de objetos caros e que dão visibilidade), modas, restaurantes, tudo acima do nível das entradas mensais. Os pais se penduram em dívidas, ficam desempregados e imaginam manter as aparências a todo custo. A todo custo. Os filhotes, todos com muito caráter, de compradores das drogas passam, muito rápido, a vendedores. partilhando o destino dos "sem caráter ou estudo". Note-se que os bonitinhos agrediram PARA ROUBAR. E quem rouba, nestas condições, é porque não tem dinheiro para pagar as suas necessidades, sejam elas físicas ou imaginárias. Enfim, os docinhos de coco são entes duplos: de classe média, estudam e podem ter acesso às benesses sociais, políticas, econômicas. Eles ainda não descobriram o filão petista, por enquanto aberto apenas aos "companheiros". Mas há um encontro no meio do rio, das águas: os "companheiros", também à mingua de recursos lícitos, aceitam jipes presenteados, pegam milhões de empréstimos sigilosos, etc. Tornam-se ilegais e seguem à margem dos procedimentos visíveis e justificáveis. Os moçoilos da classe média assumem a ilegalidade para cobrir um modus vivendi acima dos padrões do contra cheque de papai ou mamãe: a roupa de marca é cara, os carros mais ainda, a TV, os restaurantes, as namoradas, etc. Alguém paga a conta, pois como dizem os norte-americanos, sábios em muitas coisas que ignoramos, não existe almoço grátis. E a sugestão do papai, para que as drogas sejam legalizadas? É possível assumir várias atitudes em relação ao problema. O argumento Ad hoc do genitor magnânimo é evidente. O filhotinho deve ser tratado como doente, não como criminoso. Ah! O mesmo papai diz, ele é "uma criança". Se é criança, o que fazia ele, altas horas da noite, embriagado em companhia de seus iguais? Papai estava nanando? Que sono pesado!

Em todo caso de violência, roubo, etc. é importante usar a misericórdia. Não desejo que os rapagões torturadores sejam torturados no xilindró. Desejo acreditar que estejam de fato arrependidos. Quero o seu retorno ao trato civil, sobretudo em se tratando do que estuda DIREITO. Mas a entrevista de papai mostra a origem dos males. É sempre o raciocínio dos que vivem nos porões da Casa Grande: disciplina? Só para os de baixo. Prisões? Só para os de baixo. Respeito? Só para os que "não têm caráter".

Onde estão os que botaram fogo no indio Galdino? Coitadinhos! A notoriedade sumiu, absolvendo o seu ato.

Isto é Brasil. Isto é fascismo. Isto é falta de lei e de efetiva democracia.

No mesmo dia, na mesma edição de jornal (Folha de São Paulo), os que seguem os preceitos democráticos podem ler as seguntes frases, dignas de um país com tradição ditatorial (no século 20, sofremos sob duas ditaduras, é bom lembrar), pronunciadas por alguém que deveria zelar pelo Estado de Direito, mas que não faz por seguir ordens do "governo companheiro" :" A privacidade é garantida na Constituição, como também há garantias constitucionais para a vida, o patrimônio público e pessoal. Não há valores absolutos quando estão em questão interesses sociais" (Paulo Lacerda).

Atenção! Alerta! Com tal pensamento jurídico, logo os "interesses sociais" determinarão quem merece, ou a quem deve ser negada as garantias da Lei. Os jornalistas que servem como linha auxiliar de semelhantes procedimentos, leiam alguns volumes das histórias "revolucionárias" (de esquerda ou direita). Os que operam como linha auxiliar são os primeiros a serem fuzilados. E bem merecem tal sorte.

Roberto Romano

segunda-feira, junho 25, 2007


Radio Jovem Pan /AM -SP : http://jovempan.uol.com.br/jpamnew/

Seg, 25 de Junho de 2007 - Brasil
25/06/2007
"Notícias" : Últimas notícias


Reforma política não vai recuperar Congresso
Para especialistas, a reforma política por si só não vai melhorar o desempenho dos parlamentares ou recuperar imagem do Congresso. Eles acreditam que a questão passa longe da reorganização eleitoral. Temas como votação em lista fechada ou financiamento público de campanha dizem respeito apenas ao funcionamento do sistema. O ponto principal na visão do filósofo Roberto Romano é a estrutura dos partidos políticos. Para o professor da Unicamp, as novas regras apenas serão válidas se democratizarem as entidades partidárias. Roberto Romano acredita que o debate em torno da reforma política pode se transformar em uma grande enganação. Os deputados Paulo Renato Souza e Miro Teixeira pretendem levar a decisão de pontos da reforma para a população. A idéia, no entanto, é fortemente combatida pelo presidente do Democratas, Rodrigo Maia (RJ), que vê no projeto um enfraquecimento do Legislativo. Ele afirma que o Congresso foi eleito para votar as matérias e não pode se esquivar de assuntos polêmicos. O cientista político Paulo Kramer diz que os entraves à aprovação da reforma estão no receio dos políticos em não se reelegerem. O especialista afirma, no entanto, que não haverá melhora caso o projeto não seja acompanhado de vigilância popular.

Congresso em Foco, 25/06/2007

Muito além da reforma política

Analistas acreditam que só a discussão do projeto é louvável, mas o consideram inócuo para resolver as distorções do

sistema político brasileiro

Lucas Ferraz

Especialistas são unânimes ao dizer: a reforma política que a Câmara dos Deputados discute – e promete começar a votar na próxima quarta-feira – está longe de resolver as graves distorções da política nacional. Mas, eles também ponderam: não há uma solução mágica que resolva todos os nossos problemas.

“Ninguém nunca está feliz com o sistema eleitoral que tem”, conforta o cientista político Lúcio Rennó, professor da Universidade de Brasília (UnB). Ele participou, na última semana, de um debate ocorrido no Congresso Nacional ao lado de Felipe Basile, consultor legislativo do Senado, e Marcelo Lacombe, que tem a mesma função na Câmara.

Todos concordaram que a reforma está circunscrita apenas nos aspectos partidário e eleitoral, distantes, no entanto, de questões tão ou mais importantes, como a relação entre Executivo e Legislativo e o próprio funcionamento do Congresso. “Não dá para encerrar o debate sobre a reforma política apenas nessas questões, é preciso resgatar a função do Legislativo”, diz Felipe Basile.

O professor Lúcio Rennó ressalta que as mudanças institucionais ocorridas no Brasil desde 1995 foram realizadas principalmente pelo Executivo ou pelo Judiciário, com pouca participação do Legislativo. “Por essa razão sou pessimista quanto às mudanças discutidas esta semana aqui no Congresso”, disse.

O consultor legislativo do Senado lembra que não está em discussão no projeto a relação entre o apoio parlamentar e a distribuição de cargos e verbas, temas que foram decisivos para o surgimento dos recentes escândalos políticos, como o mensalão. Basile diz que isso contribui para que o “cidadão associe sempre a política com a corrupção”.

Para Marcelo Lacombe, a discussão sobre a reforma política está carregada de preconceito “teórico e histórico”. Ele se mostrou cético quanto à eficácia do projeto relatado pelo deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO). “A reforma política será temporária. No futuro, serão reabertas novas negociações que atendam aos interesses dos partidos”, alfinetou.

Partidos

É nessa ferida que põe o dedo o professor de ética e filosofia política da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Roberto Romano. Segundo ele, é por isso que alguns partidos insistiram tanto no voto em lista fechada presente no projeto de reforma política, e agora defendem a sua flexibilização. “É uma tentativa de conseguir apoio diplomático nas bases partidárias e uma manobra regimental do ponto de vista político e jurídico”, afirmou.

Marcelo Lacombe critica o sistema do voto em lista, que seria implementado junto com o financiamento público de campanha. “Estudos mostram que há mais corrupção com o voto em lista fechada, pois há menos transparência”, conta. Ele se refere principalmente ao poder das legendas para definir os candidatos que entrarão na lista.

“Os partidos não têm coesão”, emenda Felipe Basile. Roberto Romano explica que o modelo dos partidos dos Estados Unidos, Democrata e Republicano, deveria servir de exemplo para o Brasil. “Lá eles realizam grande plenárias”, diz, citando ainda as consultas realizadas periodicamente pelas siglas francesas. “Os partidos políticos [brasileiros] são oligárquicos, eles precisam se democratizar”, completou. Sem essa democratização, diz Romano, não adianta aprovar reforma política nenhuma.

Por indicaçao de Orlando Tambosi, segue uma fonte de risadas e de lagrimas.

http://www.stalinvive.com/


Comentário:


Risadas, porque o estalinismo é mais do que ridiculo. Lágrimas, pelas vítimas —milhões e milhões— dos descerebrados que obedeciam as ordens dos safados, todos em nome da Revolução, que na verdade era apenas a Razão de Estado que habitava no Kremlin.

RR

Os "debates" na USP...e o fim (pedido) do Estado de Israel.

Um interessante exemplo de sectarismo idiotizante encontra-se no seguinte endereço do You Tube:

http://www.youtube.com/watch?v=RnljOrCf1b0


Comentário:

Trata-se do "debate" feito no SINTUSP, no qual uma única voz em defesa de Israel foi calada pelos berros dos trogloditas. Os panfletos exigindo a destruição do Estado de Israel foi comentado por mim em artigo, o que me trouxe várias "respostas" furibundas. Coloco "debate" e "respostas" entre aspas, porque acho estranho que uma conversa da qual participam apenas os favoráveis a um enunciado seja denominada "debate". Na epoca da campanha pelo desarmamento, vários grupos me pediram para participar de debates, nos quais todos os membros da mesa seriam a favor da proposta governamental. Disse aos vários que o nome deveria ser mudado para "monólogo com vários concordantes". Ouvi o diabo. Mas disse o capeta também. Quando disse ser contra a proibição das armas, tal como apresentada pelo governo, passei a ser visto como demente.

Como a moda é monologar aos berros, sempre que me convidam para um debate, pergunto o nome dos integrantes (antes, nunca me vinha à cabeça pedir nomes antes do evento). Caso o "debate" for dos unânimos, declino.


De qualquer modo, aquela gente que berra, intimida, ameaça, OBEDECE os donos do poder atual. São uma espécie de Hermes capenga. Nada, nada mais.

Roberto Romano

O ecologismo charlatao.

Quem ri?
O texto merece ser lido: Ban Ki-moon, o atual secretário-geral das Nações Unidas, publicou artigo de opinião no "Washington Post" onde oferece explicação curial para a tragédia do Darfur. Que se passa naquela região do mundo, com 300 mil mortos (mínimo) e um número incontado e incontável de refugiados?

A sanidade clássica apontaria culpas para o regime brutal que, instalado em Khartoum desde 1989, iniciou várias campanhas de extermínio étnico e ideológico: primeiro, com o simpático propósito de apagar as populações cristãs e animistas do sul; e, depois, elegendo para a matança as populações campesinas e maioritariamente não-árabes do Darfur. A limpeza, como usualmente acontece, não seria executada pelo governo --mas através de milícias "independentes" e "rebeldes" que poderiam fazer o trabalho sujo sem implicar o regime.

Ban Ki-moon tem nova tese. Para o secretário-geral, o Darfur explica-se com o aquecimento global, essa vulgata secular que tudo absolve e simplifica. Os islamitas do Sudão andam a matar africanos com uma violência semelhante à do Ruanda? É do tempo. Ou seja, é a nossa ganância energética que aquece os ânimos dos islamitas sudaneses. Quando se consome energia com selvática ferocidade, a temperatura sobe, a chuva diminui, os recursos escasseiam e, atenção ao salto lógico, um governo africano resolve armar milícias terroristas e iniciar a expulsão, o estupro e o extermínio de milhões de sudaneses.

A explicação é audaz, admito. Mas, infelizmente, ela não salva Ban Ki-moon e a nobre organização que ele atualmente dirige.

Primeiro, não salva a impotência das Nações Unidas. Uma vez mais, e depois do Ruanda em 1994, a ONU presencia mais um genocídio perante os seus olhos, um cenário de horror que, muito compreensivelmente, obriga os burocratas do clube a levantá-los para o céu. Só para ver se ainda chove.

E, depois, não salva nem altera a natureza profundamente racista de um conflito que, com chuva ou sem ela, existiria sempre enquanto o governo de Khartoum, dominado por uma ideologia de submissão e conquista, estivesse interessado em apagar qualquer presença não-árabe no país.

Ban Ki-moon pode acreditar que, sem tropas no terreno e com menos desodorante matinal nas cidades do Ocidente, talvez o regime sudanês seja mais compassivo com as populações do Darfur. As palavras do secretário-geral são uma piada grotesca. Mas eu duvido que, a prazo, ainda haja alguém no Darfur para rir dela.

João Pereira Coutinho na Folha Online

Comentário:

O estágio mágico do pensamento, longe de ser expulso pela ciência, permanece como brasa sob cinzas. Ele ressurge em situações de crise da razão. E os resultados mostram seu peso horrendo: nazismo no século 20, misticismo ecológico e autoritarismo, como no caso do dirigente mundial da ONU,citado acima, que absolve genocidas pondo a culpa no clima, hipótese aliás bem velha no pensamento humano. Basta recordar o escrito médico hipocrático "Sobre os Ares e os Lugares" e, nos séculos 16, 17, 18, as teses sobre o nexo entre clima e caráter dos povos, vigentes em Bodin, Montesquieu, etc. Muita parolagem sobre a "preguiça tropical" se aproxima do diagnóstico delirante do líder da ONU. É a banalização do primitivismo em estado puro.

No debate ecológico atual, o importante seria fazer uma suspensão dos juízos axiológicos e ideológicos, para ir "às próprias coisas", segundo o ditame de Francis Bacon retomado na Crítica da Razão Pura. Mas é quase impossível esta ida às coisas, ou seja, aos objetos debatidos, porque existe uma espessa cortina de slogans, frases feitas, certezas dogmáticas em pauta. O exame frio dos dados, a comparação prudente, enfim, todos os procedimentos das ciências, nada disto impera na guerra verbal no campo da ecologia, porque temos diante de nós dois feneômenos muito conhecidos e criticados por Erasmo de Rotterdam e seus herdeiros das Luzes: a superstição ecológica une-se à uma lucrativa industria de supostas "proteções à natureza". Muita gente que antes tinha fé transcendente (o Apocalipse cristão) agora tem uma fé imanente (o Apocalipse ecológico). Em ambos, o grito atemorizador: "o mundo vai acabar amanhã!".

Na longa espera do Apocalipse, os sacerdotes se aproveitam do medo e da esperança simplórios, e lucram com a venda de santinhos, políticas públicas, campanhas de "esclarecimento", etc. Como na exploração que levou à revolta de Lutero, contra venda de indulgências e de pés de galinha como se fossem ossos de santos e da Virgem, há uma indústria lucrativa do terrorismo ecológico que usa slogans contra a técnica, as ciências, etc. e alimenta simplórios na era eletrônica. Some-se a tudo isso uma pitada forte de heideggerianismo charlatanesco, com a identificação entre técnica e metafísica, e o bolo indigesto da superstição semi-letrada está pronto para o forno.

Rousseau: se você soubesse o mal trazido pelas suas frases bombásticas, você jamais teria escrito o Discurso sobre as Ciências e as Artes. Ele serve, hoje, exatamente aos seus inimigos maiores: os parasitas que vivem do medo que vendem à humanidade, colocando-a sob ferros nunca antes vistos.

Roberto Romano

domingo, junho 24, 2007

Ministerio Porno e comentarios no Blog Perolas de Alvaro Caputo







O excelente Sponholz e a entrega do Premio Garotinho de Ouro para o Ministério Pornô.



E no Blog Pérolas, de Alvaro Caputo:


O assessor especial da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, considera 'ridículas' as reações contrárias ao pagamento de dízimos ao PT por parte de seus filiados ocupantes de cargos no governo. 'Eu dou o meu dinheiro para quem eu quiser e dou muito alegremente o meu dinheiro ao meu partido', disse ele na semana passada, quando o presidente Luiz Inácio da Silva criou 626 novos cargos em comissão e deu aumentos de até 139,7% aos agora 22.189 funcionários ocupantes dos postos disponíveis para nomeação política na administração federal.

O assessor tem todo o direito de usar o adjetivo que quiser a respeito de quem e do que bem entender. Só não tem é a prerrogativa de apregoar o confronto a uma ação já considerada ilegal pelo Tribunal Superior Eleitoral e ainda pendente de julgamento sobre a punição a ser imposta à entidade autora da cobrança.
Aliás, nem ele nem ninguém pode dar-se ao desfrute de sair por aí reivindicando o direito de infringir a lei e desrespeitar a Justiça impunemente.

......em junho de 2005 o TSE decidiu, pelo TSE por unanimidade, responder a uma consulta feita pelo então deputado Eduardo Paes, do PSDB, confirmando que a cobrança de dízimo é proibida e, além disso, contraria resolução da Justiça Eleitoral que estabelece que o servidor precisa ter plena disponibilidade sobre sua remuneração.

Dora Kramer no Estado

sábado, junho 23, 2007

Um pequena discordancia...

“Uma sociedade de ovelhas costuma dar lugar a um Estado de lobos”. José Manuel Moreira, em artigo publicado no Blog Pérolas, de Alvaro Caputo.

Comentário:

Tenho dúvidas sobre a frase acima. Um Estado de lobos reproduz uma sociedade de lobos, é o meu sentimento. E nisto estou com a mais importante pensador ético e político do Ocidente, Platão. O filósofo, na República, mostra que a democracia sem freios, na qual a lei é desprezada, resulta em tirania em ordem direta. Se nas ruas de Atenas os cavalos eram livres, e os transeuntes não tinham direitos (basta ler a República na análise do regime democrático), nas ruas brasileiras os cavalos que dirigem muitos cavalos no motor agem de modo idêntico. São tiranos que matam no trânsito, roubam nos impostos, acham normal passar por cima das leis. E merecem, portanto, um governo tirânico, mesmo porque nele votam imaginando vantagens. Votaram em todos os tiranetes do século 20 e 21. Até Lulla, que antes desprezavam, mereceu duas vezes o voto de semelhantes lobos.

Mas falamos de uma raça peculiar de lobos, os domesticados pelos 500 anos de Casa Grande. São lobos covardes que bajulam os poderosos e pisam nos humildes. Lobos sarnentos, desdentados, mas sempre capazes de surpreender as vítimas, pela astúcia.

Sociedade brasileira: teu nome é vergonha e decrepitude.

Hoje à tarde, por volta de 16, 30 estava eu na fila para ingresso no estacionamento com manobrista do Shopping Iguatemi, da Av. Faria Lima, em São Paulo. O movimento era grande, de modo que a espera na fila se prolongava. De repente o carro que estava na traseira do meu arranca, com perigo de vida para crianças, adultos, velhos, manobristas e gente rica (não importa a classe no momento) e passa para o primeiro lugar da fila. Não pude ir atrás do calhorda brasileiro, porque o meu carro era o quarto na fila. Dada a distância, também não pude ver o número da chapa. Detalhe: o manobrista que passava pelo meu carro, apenas disse, desconsolado: "o senhor vê como estas pessoas fazem?". Perguntei se era frequente o comportamento canalha. "Infelizmente, senhor, é muito comum".

Na escada rolante do mesmo Shopping, no mesmo dia, um rapagão sarado joga sua bolsa de plástico, cheia de jeans, etc., contra minha mulher. Pede "desculpas", rindo com deboche, pouco se importando com o fato de uma pessoa ficar desequilibrada em escada rolante. Nenhum gesto de ajuda, só o riso podre enquanto ela se equilibrava a duras penas. O esporte do f.d.p. é empurrar, e rir como hiena.

E assim prossegue a crônica das "ovelhas" do Brasil. Na verdade, a maior parte delas se conforma nos aeroportos, por cumplicidade : são apoiadoras de Marta Suplicy e quejandos.

Sociedade brasileira: teu nome é vergonha e decrepitude.

Teu nome é fascismo.

Roberto Romano
==================================================================


Republiquei neste Blog, tempos atrás, uma palestra em curso de Educação para a Cidadania, ocorrido no Largo de São Francisco, nas Arcadas, depois impresso pela Secretaria da Justiça de São Paulo. Um trecho é particularmente providencial, penso. E o retomo aqui:


"Permitam-me recordar algumas passagens platônicas, porque elas inserem-se diretamente no tema "educação e cidadania". No livro VIII da República, nas alturas das páginas 562, Platão descreve os costumes e o ensino na polis democrática. Afirma ter sido a cobiça de dinheiro e a negligência de outros elementos políticos e educativos a desgraça do governo anterior, o mando oligárquico. Agora, pergunta Sócrates, "porventura não é a voracidade daquilo que a democracia assinala como o bem supremo a causa da sua dissolução? De qual bem falamos? Da liberdade". É o desejo deste bem e a negligência do resto que faz mudar tal forma de governo, abrindo caminho para os tiranos. No trato democrático não se misturam com prudência água e vinho, dando-se uma bebida muito forte ao povo. Este, enternecido e embriagado de licença, diz que "servil" é quem obedece os magistrados. Neste regime, são engrandecidos e benditos os "governantes que parecem governados, e os governados que parecem governantes". Temos um nome para este parecer e não ser: demagogia. Permitam-me um ligeiro anacronismo. Ouvi no horário eleitoral "gratuito" um candidato a deputado berrando: "vocês são os patrões, nós os empregados". Conhecemos os costumes destes "empregados" quando passam os pleitos, sentimos sua arrogância, e corremos, como o fez Maquiavel, rumo à biblioteca, para ler Platão.

A licença demagógica invade todos os recantos da polis. Platão diz que tal atitude chega às casas particulares e atinge os animais domésticos. Nesta democracia, "o pai habitua-se a ter medo dos filhos, desejando ser igual a eles, o filho a ser igual ao pai, sem ter respeito ou receio dos pais, a fim de ser livre". Em tal regime, "o professor teme e lisonjeia os discípulos, e estes têm os mestres em pouca conta; outro tanto se passa com os preceptores. No conjunto, os jovens imitam os mais velhos, e competem com eles em palavras e em atos; ao passo que os anciãos condescendem com os novos, enchem-se de vivacidade e espírito, a imitar os jovens, a fim de não parecerem aborrecidos e autoritários". Num regime semelhante, a liberdade é tão ampla, "que as cadelas, conforme o provérbio, são como as donas e também os cavalos e burros andam pelas ruas, acostumados à uma liberdade completa e altiva, chocando-se sempre contra quem vier em sentido contrário, a menos que saia do caminho; e tudo o mais é assim repleto de liberdade".

Termina o arrazoado platônico: "A resultante de todos esses males é tornar a alma dos cidadãos tão melindrosa que, se alguém lhes ordena um mínimo de responsabilidade, eles se agastam e não a suportam; acabam por não se importar nada com leis escritas ou não escritas (...) a fim de que de modo algum tenham quem seja senhor deles". Eis, afirma o filósofo, "o belo e soberbo começo de onde nasce a tirania (...) O excesso costuma ser respondido pela mudança radical, no sentido oposto, quer nas estações do ano, quer nas plantas, quer nos corpos, e não menos nos Estados" (1)

Não há muito do que rir nesse retrato da democracia ateniense, feito por Platão. A lisonja, base das relações inter-pessoais também possibilita, no Brasil, a imitação recíproca de governantes e governados, uns vendo os outros enquanto modelos de esperteza . Demagogia, falta de respeito pelas leis, tudo isto integra nossa vida política e educacional. Docentes há que afirmam "aprender com os alunos", deles recebendo "lições de sabedoria". Na "boa" sociedade, mulheres enricadas julgam-se livres quando exibem suas celulites durante o carnaval, nas televisões, servindo como escravas da vista e do erotismo alheios, além de proporcionarem lucro aos anunciantes de cerveja, etc.

Mas não só de "colunáveis" vive a polis licenciosa. Ela também suporta burros que atropelam os passantes. Se fizermos uma pequena alteração no texto platônico, onde lemos "burros", podemos enxergar espécimes da atualidade brasileira, justificando aquela imagem. O trânsito nacional está repleto de asnos no volante.Todos imaginam que não devem nem precisam obedecer as leis. A violência é maior se o idiota (no sentido grego, o que só enxerga a si mesmo) está dentro de um automóvel importado ou caro. Os anúncios criminosos são explícitos, como o que declara: "Se você enxergar este logotipo, passe para a direita". Trata-se de um incitamento irresponsável à velocidade, empurrando aço contra a carne humana. E ficam impunes os trefegos canalhas da propaganda, e ficam impunes os por eles persuadidos. Na Unicamp, foi preciso colocar barras de ferro nas calçadas porque professores, funcionários, alunos, sobre elas estacionavam seus automóveis, impedindo mesmo a entrada para a Biblioteca Central da universidade. O número de atropelamentos no campus é assustador.

No diálogo Gorgias, Platão indica que a artimanha lisonjeira (e a propaganda é apenas um de seus casos) oculta-se sob uma arte efetiva. Assim, sob a medicina, surge a cozinha "que faz cara de saber quais são, para o corpo, os melhores alimentos. Se, por acaso, diante de um júri de crianças, for estabelecida a competição entre um cozinheiro e um médico, para saber quem dos dois, médico ou cozinheiro, tem competência sobre os alimentos úteis ou nocivos: o médico deveria, desde o começo, deixar-se morrer de fome!" (2).

O bajulador assume aparências de fala amiga, mas o discurso veraz exige disciplina, sobretudo na amizade. Quem lisonjeia, deixa os amigos na hora negra, toda pessoa franca enfrenta o próprio amigo, para seu bem, nunca o abandonando. A lisonja acostuma o corpo e a alma do estudante aos prazeres, o transforma em ser ineducável para a cidade. Certos indivíduos resistem, desde o nascimento, à educação para a cidadania. Como grãos duros, diz o filósofo, eles não amolecem na panela do ensino (Leis, 853 d, 880 e). Do mesmo modo que não se deixa "cozinhar" pela educação, um homem assim não se submete às leis, nelas ele não se funde.

1. República, trad. Maria Helena da Rocha Pereira, Lisboa, Gulbenkian, 1980.

2. Gorgias, 464 c-e; Trad. francesa de Robin, L. Pleiade, T. I"


===========================
Comentário 2:

Peço desculpas aos defensores da "sociedade coitadinha" e do Estado feroz. A ferocidade nasce de algum lugar e tal espaço é social. O pai que acha engraçado o filhote que põe a mão na comida do buffet (ontem mesmo, no restaurante Viena do Iguatemi, testemunhei "anjinhos" fazendo isto e o pai ria às bandeiras despregadas, até que humilde profissional do restaurante disse a um dos filhotes do tirano : "não é permitido colocar a mão na comida, meu bem". A cara de raiva da criança só foi menos violenta (e as palavras, idem) do que a de seu pai.

Entre as vítimas do apagão aéreo, bem como do apagão na força elétrica na era FHC, existem pessoas civilizadas e democráticas que não merecem o que recebem em troca dos impostos.

Mas a singular classe média e rica brasileira, mimetizada pelos pobres (este traço é lancinante), tem na alma a protoforma do fascismo. Repressão? Para os de baixo apenas. Disciplina? Para os de baixo apenas. Honestidade? Para os de baixo apenas. Bons modos? Para os debaixo apenas. Entrar na fila? Para os tolos apenas.

Tanto é verdade que, ao "subir na vida", mesmo o mais grosseiro petista sindical passa a ser visto, entre os enricados brasílicos, com admiração pelos seus ternos, carros, etc. Em dois restaurantes paulistas, nos quais os donos bradam aos céus contra o império do PT, vi com estes olhos mortais os mesmos donos, maîtres e quejando em plena bajulação dos grossos petistas, os quais, diga-se de passagem, tomam champanhe com lingüiça.

Hipocrisia é pouco. É possível e lícito receber com civilizade, na própria casa ou restaurante, pessoas que se odeia.
Daí aos cordiais tapinhas nas costas, os murmúrios nos ouvidos, as mãos que agarram os braços do bajulado, os sorrisos que beiram ao proxenetismo.... Um destes proprietários conduziu a hipocrisia ao máximo: fez os rapapés, a moganga e o tagaté, as zumbaias numa sala, mas despejou seu nojo em outra, onde se encontravam adversários do petismo.

Este é o comportamento dos escravos, muito comum no Brasil, terra da Casa Grande ou da Senzala. E todo hóspede da Casa Grande tem o seu dia de Senzala, como é o caso atual dos aeroportos.

E chega, que o dia está lindo.

Roberto Romano

Arquivo do blog