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domingo, abril 13, 2008

COMENTÁRIO:

ENTENDERAM AGORA, CAROS AMIGOS? É POR TAIS E TAIS QUE O BRASIL, SEMPRE NA LÚCIDA TERMINOLOGIA DE ORLANDO TAMBOSI, NÃO PASSA DE UM GROTÃO...GROTESCO. É QUE BOA PARTE (E PÕE BOA PARTE NISSO!) DO "EMPRESARIADO" NACIONAL, NUNCA VAI ALÉM DA....CHAPA BRANCA. SÃO OS CAPITALISTAS DE ESTADO. OU SEJA, NÃO SE CONSTITUEM DE FATO COMO CAPITALISTAS. ALGUNS CHEGAM A VIVER QUASE EXCLUSIVAMENTE DAS "TETAS DO GOVERNO", SEGUNDO DELFIM NETTO, QUE BEM CONHECE AS COISAS DO "EMPRESARIADO". OUTROS, COMO O DA ENTREVISTA ABAIXO, PODEM NÃO FAZER TAL COISA, MAS SE AGARRAM AO "PUDER" DE QUALQUER MODO, MESMO DESTRUINDO QUALQUER ORDEM LEGAL, EM FAVOR DOS SEUS LÍDERES. MAS TODOS PRATICAM A VULGARIDADE, NO SENTIDO ESTRITO: O VULGO QUE APOIA O DONO DO ESTADO, NO MOMENTO, TEM SEMPRE RAZÃO. ESQUECEM QUE O VULGO, EM 1964 E DURANTE O REGIME DO GENERAL MEDICI, APOIAVA O PRESIDENTE DE PLANTÃO. "É DIFERENTE", LULLA TERIA UM "PROJETO" (QUAL É MESMO ESTE PROJETO, SR. ENTREVISTADO?) QUE O DISTINGUIRIA DOS DEMAIS CANDIDATOS A PRESIDÊNCIA PERPÉTUA. NAPOLEÃO BONAPARTE —E SUA HERANÇA DE DITADORES— TAMBÉM TINHA "PROJETOS", ALGUNS ATÉ AVANÇADOS EM TERMOS JURÍDICOS E SOCIAIS. E CAUSARAM AO MUNDO OCIDENTAL AS DESGRAÇAS MAIS TORPES. TEMOS UM MICRO-NAPOLEÃO NO BRASIL, OUTRO AINDA MAIS LILLIPUTIANO NA VENEZUELA, E DOIS BONECOS NANICOS, UM NA BOLÍVIA E OUTRO NO EQUADOR. E OUTRO, AINDA MENOR E MAIS VIRULENTO, QUE SAI DA PANELA, NO PARAGUAI.
ESTAMOS DE RETORNO AO SÉCULO 19, COM DIREITO A REPETIÇÃO DO SÉCULO 20: UMA SEMENTEIRA DE DITADORES QUE DESEJAM SE ETERNIZAR NO CARGO.

É BOM RECORDAR AS LIÇÕES DA FILOSOFIA DO DIREITO MEDIEVAL: A TIRANIA TEM DUAS ORIGENS. UMA, POR DEFEITO DE TÍTULO DO GOVERNANTE. É O CASO DOS GOLPES DE ESTADO MILITARES, CIVIS, ETC. O GOVERNO NÃO TEM LEGITIMIDADE ALGUMA. É POR TAL MOTIVO QUE OS NOSSOS MILITARES, ACONSELHADOS POR FRANCISCO CAMPOS, O CHICO CIÊNCIA OU CHICO POLACA, PROCLAMARAM NO AI-1 : "A REVOLUÇÃO SE LEGITIMA A SI MESMA" (COM O HORROR DA LINGUA BÁRBARA E TUDO O MAIS).

MAS O TIRANO PODE SER ASSIM DITO, POR EXERCÍCIO. ELE FOI ESCOLHIDO DE MANEIRA LEGÍTIMA, POR ELEIÇÃO OU SUCESSÃO REGULAR, NO CASO DA MONARQUIA. E NO CARGO, MANOBRA PARA DISTORCER A LEI EM SEU FAVOR PARA COBRAR IMPOSTOS INJUSTOS, OU PARA MODIFICAR A CONSTITUIÇÃO DO ESTADO.

DESSAS, CONCLUO:

1) O POVO BRASILEIRO, CONSULTADO, RESPONDEU "NÃO" À MONARQUIA. NÃO DISSE O NEGATIVO APENAS PARA A FAMÍLIA ORLEANS E BRAGANÇA, MAS PARA TODA E QUALQUER FAMÍLIA QUE SE QUEIRA REINANTE, ACIMA DA SUA SOBERANIA, OU SEJA, DA QUASE APAGADA "SOBERANIA POPULAR". O QUE VALE PARA OS ORLEANS, VALE PARA OS SILVA.

2) FHC ABRIU O PRECEDENTE DE TRANSFORMAR SEU TÍTULO LEGÍTIMO EM TIRÂNICO, COM A SANDICE DA RE-ELEIÇÃO. CABE A ELE E AOS PRIMOS TUCANOS DO PETISMO, PARTE DA CULPA PELO GOLPE DE ESTADO QUE HOJE SE TRAMA EM SETORES PETISTAS, SOBRETUDO NOS SEUS PROPONENTES QUE DESEJAM PEGAR CARONA DE POPULARIDADE COM O PRESIDENTE SILVA, PORQUE SEUS VOTOS PODEM SER ANABOLIZADOS COM A CAMPANHA PELO TERCEIRO MANDATO. MAS SE FHC E SUAS AVES ARROGANTES DERAM O PRIMEIRO PASSO NO RUMO DO DESVIRTUAMENTO DA ORDEM REPUBLICANA, OS PRIMOS PETISTAS EXTRAPOLAM. ELES PROCURAM TRANSFORMAR A RES PUBLICA EM COSA NOSTRA. E OS PROCEDIMENTOS USADOS (SACRALIZAÇÃO E LEGALIZAÇÃO DE DOSSIES, POR EXEMPLO *) MOSTRAM QUE NÃO IRÃO RETROCEDER NA MARCHA DA INSENSATEZ. COM A TIBIEZA DE TODOS OS PODEROSOS NÃO DEMOCRÁTICOS, ELES SOLTAM BALÕES DE ENSAIO. E RECOLHEM AS BANDEIRAS SE A REAÇÃO PÚBLICA FOR EM SENTIDO CONTRÁRIO. MAS A TENTATIVA JÁ MOSTRA O INTENTO DE TIRANIA.

3) RECOMENDA-SE AOS QUE FALAM EM TERCEIRO MANDATO, A LEITURA ATENTA DE UM TRATADO DE PLUTARCO, COM O QUAL PODERÃO POTENCIAR SUA PRÁTICA DE EMITIR ZUMBAIAS E RAPAPÉS À CORTE "OPERÁRIA" NO PODER. REFIRO-ME AO FABULOSO "DE COMO DISTINGUIR O AMIGO DO ADULADOR". BOA LEITURA!

ROBERTO ROMANO

* Juristas (os "que não são leigos") falam na "inexistência de crime", quando o governo organiza dossies. Claro, queridos "especialistas" : não é crime amolar uma faca, introduzir balas no canhão de um revólver, armar um laço, etc. Elementar, caros Watsons! Mas se a intenção é usar a faca, as balas, o laço, para destruir o adversário político, é crime. A falta de senso comum do chamado "direito" brasileiro, esconde, apenas dos referidos "especialistas" que o dossie em pauta foi feito como arma para afastar os crimes com os cartões corporativos, usados e abusados pelo atual governo (a tática do gambá) e para chantagear os integrantes do governo FHC. O intento criminal pesa no juízo de qualquer observador ou analista atento. Se tivessem um pouco de prudência, tanto o jurista que ocupa o Ministério da Justiça quanto seus pares recordariam o termo útil e adequado para tratar a operação dossie, no caso do governo Lula: mens rea.

Roberto Romano





FOLHA DE SÃO PAULO, domingo, 13 de abril de 2008


ENTREVISTA/LAWRENCE PIH

Presidente do grupo Moinho rebate críticas de que mudança seria "golpe" e afirma que petista não é Chávez

3º mandato para Lula é democrático se sociedade quiser, diz empresário

FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O empresário Lawrence Pih, 65, presidente do grupo Moinho Pacífico, é favorável a um terceiro mandato para que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva possa prolongar o resgate da população carente. "O projeto dele não está completo, e a sociedade está satisfeita com seu governo", diz.
Articulador de apoio empresarial nas últimas campanhas do PT, Pih diz que "Lula, com certeza, não é Chávez", não imita a Venezuela. Para ele, os empresários não dizem abertamente que apoiariam um terceiro mandato, mas "acham que não seria ruim continuarem as coisas como estão".

FOLHA - O sr. é favorável ao terceiro mandato para o presidente Lula?
LAWRENCE PIH - Na conjuntura atual, seria bom para o país. Pelo menos para que o programa do presidente seja prolongado: distribuição de renda, resgate da população mais carente do país, universo importante que o governo conseguiu. O país está crescendo num ritmo maior.

FOLHA - Como o sr. vê as críticas ao terceiro mandato?
PIH - Algumas pessoas dizem que seria um golpe. É um processo democrático. Até sugeriram um plebiscito. Se houver consulta à sociedade e a sociedade aprovar, seria a vontade da maioria. Se a sociedade aprova que o presidente Lula merece um terceiro mandato, porque o projeto dele não está completo, e a sociedade está satisfeita com a forma de governo que Lula vem conduzindo o país durante oito anos, é democracia, meu Deus.

FOLHA - O governo está articulando o terceiro mandato?
PIH - Não. Quando a economia vai bem, quando a popularidade do presidente está alta, o assunto vem à tona. Por que o ex-presidente FHC e seu governo articularam o segundo mandato? Porque a popularidade dele permitia, e não houve consulta à sociedade. O Legislativo tomou para si a responsabilidade e com gestões pouco elogiosas, como as acusações de compra de voto para mudar a Constituição. Essa conversa de golpe é uma questão de conveniência.

FOLHA - Essa vontade resulta de projetos como o Bolsa Família ou é disseminada em toda a sociedade?
PIH - O Bolsa Família tem um aspecto importante, o crescimento econômico também. Hoje a população sente que está melhor do que oito anos atrás. Você não pode dizer que o governo usou o Bolsa Família para tentar cooptar o eleitor. O eleitor se sente bem ou não.

FOLHA - Os programas seriam relegados com a alternância de poder?
PIH - É possível que tenham menos ênfase. Eu me lembro de governos anteriores que defendiam a tese de crescer o bolo antes de distribuir. Se um outro governo for um pouco mais ortodoxo, haverá menos ênfase.
Para o governo Lula, resgatar essa população carente é uma questão muito cara.

FOLHA - A quem interessa agora o debate sobre o terceiro mandato?
PIH - Naturalmente, vejo o governo, o partido do presidente e a base aliada querendo manter as coisas como estão: se manter no poder. A oposição tem a obrigação de tentar obter o poder. O PT não quis ser oposição eternamente. Até usou de estratégias que não usava no passado para chegar ao poder.

FOLHA - O deputado Devanir Ribeiro fala pelo amigo presidente?
PIH - Não acho. Fala por segmentos do partido e pela base aliada. Agora, tem que convencer o presidente de que esse seria um caminho. No passado, o presidente disse que era contra o terceiro mandato.

FOLHA - O presidente é sincero quando diz que não pretende patrocinar mudanças na Constituição?
PIH - Sim. Ele vê com bons olhos o projeto de o governo continuar. Acredito que ele não tem sede de poder. Uma das acusações é a de que o governo está tentando imitar o modelo da Venezuela. Lula, com certeza, não é Chávez.

FOLHA - O sr. viu espontaneidade no vice-presidente José Alencar ao defender o terceiro mandato?
PIH - Vi. O vice critica o Banco Central, fala com sinceridade. É espontâneo, expressa sua opinião, não a do governo.

FOLHA - A idéia do terceiro mandato atende à falta de candidatos fortes no PT para suceder Lula?
PIH - Acho que não existe candidato forte em lugar nenhum do Brasil para suceder Lula, seja de oposição, seja do governo.

FOLHA - Ao divulgar o PAC ao lado da "mãe do PAC", Lula não estaria fazendo campanha eleitoral?
PIH - É interessante. Se não tivesse o PAC, diriam que o governo é inerte, não investe, não se preocupa com infra-estrutura. Quando faz, criticam porque é "eleitoreiro". Sempre haverá motivo para criticar.

FOLHA - A ministra Dilma Rousseff seria uma boa candidata?
PIH - A ministra é muito competente. Não tem carisma como o Lula. Ela não tem tanto talento político, mas com certeza seria uma grande executiva.

FOLHA - Empresários querem o terceiro mandato? O sr. é voz isolada?
PIH - Muitos estão tendo resultados expressivos, estão vendo a estabilidade econômica e que o governo conduz com seriedade a economia. Acham que não seria ruim continuar as coisas como estão. Não dizem que apoiariam um terceiro mandato, mas veriam com bons olhos que as coisas fiquem como estão. Não têm do que reclamar.

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