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quarta-feira, abril 30, 2008

"O baiano toca berimbau porque só tem uma corda. Se tivesse mais [cordas], não conseguiria"

Shame on you, Sir!
RR




Premio Garotinho de Ouro para as declarações do médico que coordena a pós-graduação em Medicina da UFBA.


COMENTÁRIO:

EIS UM HERDEIRO A MAIS DE NINA RODRIGUES. ANTES DE SE ABSOLVER O MÉDICO QUE DEVERIA TER FEITO O JURAMENTO DE HIPÓCRATES A SÉRIO, É BOM COMPULSAR A LITERATURA MÉDICA QUE IMPEROU NO BRASIL ATÉ DATA MUITO RECENTE. UMA ESTADIA NO INFERNO "CIENTÍFICO" PODE AJUDAR A DEFINIR OS LADOS, SE DA ORDEM DEMOCRÁTICA SE DA ORDEM FASCISTA. MANIFESTAÇÕES RACISTAS COMO ESTA, FEITA POR UM ALVO DOCENTE DA UFBA, ENVERGONHAM OS QUE AINDA TÊM CAPACIDADE PARA ENRUBESCER.

"O critério científico da inferioridade da Raça Negra nada tem de comum com a revoltante exploração que dele fizeram os interesses escravistas dos norte-americanos. Para a ciência não é esta inferioridade mais do que um fenômeno de ordem perfeitamente natural, produto da marcha desigual do desenvolvimento filogenético da humanidade nas suas diversas divisões ou secções (...) A Raça Negra no Brasil, por maiores que tenham sido os seus incontestáveis serviços à nossa civilização, por mais justificadas que sejam as simpatias de que a cercou o revoltante abuso da escravidão, por maiores que se revelem os generosos exageros dos seus turiferários, há de constituir sempre um dos fatores de nossa inferioridade como povo (...)."

(Nina Rodrigues, citado por Carlos Vogt : "Ações afirmativas e políticas de afirmação do negro no Brasil" in Com Ciência : http://www.comciencia.br/comciencia/).

SEGUE UMA PEQUENA BIBLIOGRAFIA DE NINA RODRIGUES :

1) As raças humanas e a responsabilidade penal no Brasil (1894). Salvador. Livraria Progresso, 1957;
2) O animismo fetichista dos negros baianos (1900) [RJ, Civilização Brasileira S.A., 1935]
3) O alienado no Direito Civil Brasileiro (1901).[RJ. Editora Guanabara,talvez 1933]
4) Manual de autópsia médico-legal [Salvador. Reis & Comp., 1901]
5) Os africanos no Brasil (1932). [São Paulo. Companhia Editora Nacional, 1977].
6) Collectividades anormaes [ RJ. Civilização Brasileira S. A., 1939].


Informações detalhadas podem ser lidas

no artigo de Mariza Corrêa :"Raimundo Nina Rodrigues" no site da Sociedade Brasileira

de História da Medicina :

http://www.sbhm.org.br

Se alguns tentam justificar o racista do século passado devido à epistême de seu tempo, é bom recordar que cem anos se passaram.

Se o médico que coordena a pós-graduação da UFBA ainda pensa naqueles parâmetros, ou é racista, ou atrasado nos estudos. Nas duas hipóteses, por favor, tragam o saquinho de vômito!!

Roberto Romano


Folha de São Paulo, quarta-feira, 30 de abril de 2008


Na BA, coordenador atribui resultado a "baixo QI dos baianos"

RENATA BAPTISTA
DA AGÊNCIA FOLHA

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Para o coordenador do curso de medicina da UFBA (Universidade Federal da Bahia), Antônio Dantas, 69, o baixo rendimento dos alunos da faculdade no Enade (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes) se deve ao "baixo QI [quociente de inteligência] dos baianos".

Os alunos de medicina da UFBA obtiveram conceito dois no exame. "Se não houve boicote dos estudantes, o que não acredito, o resultado mostra a baixa inteligência dos alunos."

Para Dantas, que é baiano, o corpo docente da faculdade é qualificado e não seria justificativa para o mau resultado no exame. O coordenador disse que o suposto baixo QI dos baianos é hereditário e verificado "por quem convive [com pessoas nascidas na Bahia]".

"O baiano toca berimbau porque só tem uma corda. Se tivesse mais [cordas], não conseguiria", afirmou, ressalvando que há exceções a sua regra.Questionado se já foi alvo de críticas, Dantas disse que é "franco" e que "reconhece a limitação dos que o cercam". Ele afirmou que não foi notificado pelo MEC sobre os resultados e que vai analisar os erros dos alunos assim que recebê-los.

A diretora da Faculdade de Medicina da Ufal (Universidade Federal de Alagoas), Rosana Vilela, disse que uma possível explicação para o baixo rendimento dos alunos de medicina (conceito dois) foi a mudança no currículo em 2006."A nota [do Enade] é construída basicamente em cima da nota do concluinte, que é o aluno do currículo antigo, sendo que a prova é feita baseada nas novas diretrizes que norteiam o currículo novo", disse. A UFPA (Universidade Federal do Pará) -que recebeu conceito dois- informou, em nota, que só se pronunciará sobre a avaliação quando for notificada. Na UFAM (Universidade Federal do Amazonas), ninguém foi localizado para comentar a nota do Enade.

Boicote

Para Arquimedes Ciloni, presidente da Andifes (associação que representa os reitores das universidades federais), é provável que o desempenho ruim de quatro cursos de medicina de universidades federais no Enade seja resultado de um boicote dos estudantes. "Chama a minha atenção a situação da UFBA, que tem condições de oferta de ótima qualidade", afirmou.

Ele citou ainda o fato de a universidade ser considerada tradicional -ela abriga o primeiro curso de medicina criado no Brasil, no ano de 1808. Para Ciloni, embora não seja um fator decisivo para o desempenho dos estudantes, um dos maiores problemas dos cursos de medicina das instituições federais hoje é a dívida dos hospitais universitários.

O débito -que, segundo ele, já soma R$ 450 milhões- dificulta a modernização dos equipamentos, disse. A Folha procurou a Anup (Associação Nacional das Universidades Particulares), mas ninguém ligou de volta até o fechamento desta edição.
Colaboraram SÍLVIA FREIRE, da Agência Folha, e KÁTIA BRASIL, da Agência Folha, em Manaus

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