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terça-feira, abril 15, 2008


COMENTÁRIO:

SEMPRE ACHEI QUE O FUTEBOL É METONÍMIA DO POVO E DAS INSTITUIÇÕES BRASILEIROS.
A DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EVIDENCIA UMA CARACTERÍSTICA PECULIAR DE MUITOS, AQUI NO GROTÃO: A COVARDIA ÉTICA.

RR






JORNAL DA UNICAMP


Dissertação de mestrado revela que árbitros
são mais tolerantes com jogadores de equipes mandantes



Apito ‘caseiro’ vira
regra em jogos de futebol

Nas três imagens, juízes mostram
cartão durante partida dos campeonatos
Paulista e Brasileiro

RAQUEL DO CARMO SANTOS

Em uma partida de futebol, os times que jogam “em casa” são menos penalizados com cartões, ou seja, contariam em tese com uma maior “complacência” dos árbitros. Foi o que apontou a pesquisa feita por Vanessa Bellissimo para obtenção do título de mestre na Faculdade de Educação Física (FEF). Seu objetivo foi analisar uma possível diferença entre o número de cartões amarelos e vermelhos aplicados pelo árbitro em razão do mando de jogo e da posição ocupada pelos jogadores em campo. O padrão de arbitragem também foi analisado.

Autora buscou dados em 2.352 jogos

Vanessa tomou como objeto 2.352 partidas realizadas nos campeonatos Paulista e Brasileiro da Série A, de 2003 a 2006. “Eu tinha a percepção de que as penalidades aplicadas pela arbitragem eram significativas, e que isso deveria ser levado em consideração na análise de uma partida de futebol”, explica.

Para o estudo, além das pesquisas acerca dos jogos, ela usou dados de sites, revistas e jornais dedicados ao esporte. Os resultados apontaram que houve uma grande diferença em relação ao número de cartões amarelos e vermelhos recebidos pelos times mandantes – aqueles que recebem o adversário em casa – em relação aos visitantes.

Os times da casa tiveram, em média, dois cartões amarelos por partida, totalizando menos advertências que os não-mandantes, que receberam três por jogo. Em número de partidas, os times da casa venceram 1.191 partidas e os visitantes, apenas 592. “Sempre observei que os comentários sobre os jogos estavam fundamentados em especulações baseadas em ‘achismos’ ”, observa Vanessa.

A pesquisadora analisou também a relação entre o número de cartões amarelos e o resultado das partidas. Tanto o mandante como o visitante, constatou Vanessa, receberam menos cartões quando venceram seus jogos. Independentemente dos resultados, os mandantes sempre receberam menos cartões.



No caso dos cartões vermelhos, houve uma inversão: os times visitantes receberam mais cartões, mesmo obtendo bons resultados. “Por isso, não se pode descartar a relação do número de cartões recebidos com o resultado de uma partida, mesmo porque os cartões e o número de vitórias foram, em alguns anos, em ambos os campeonatos, critério de desempate para classificação”, pondera.



Com relação à posição dos jogadores, os resultados apontaram para volantes e zagueiros como os mais penalizados, não sendo registradas diferenças nos times mandantes e visitantes.

Outro foco da pesquisa foi o número de cartões aplicados por seis árbitros que apitaram jogos dos campeonatos Paulista e Brasileiro. Vanessa comparou se houve diferença no número de cartões distribuídos ao longo das duas competições. A pesquisadora constatou que dois dos árbitros apresentaram diferenças significativas no total de cartões amarelos aplicados.

O caso que mais chamou a atenção da pesquisadora foi o de um árbitro que aplicou para os times mandantes uma média de 3,33 cartões por partida no Campeonato Brasileiro, enquanto que, no Paulista, apenas 1,78. No caso do outro árbitro, os times visitantes receberam 2,6 cartões, no Brasileirão, contra 1,8 no Paulista.

Para fundamentar seu estudo, a pesquisadora cita o estudo da psicóloga Regina Brandão, que abordou as situações de estresse vivenciadas por jogadores de futebol, inclusive quando jogavam fora de casa. Outro estudo, este internacional, dividiu dois grupos de árbitros experientes que tiveram que tomar decisões com e sem a torcida presente. “O grupo sem torcida apresentou um menor número de advertências contra o time da casa quando comparado com o outro grupo com torcida”, explica.

Durante dois anos, Vanessa fez análise de jogos para uma empresa de pesquisa de opinião, o que permitiu que surgissem algumas hipóteses que puderam ser estudadas nessa pesquisa. Ela acredita que essas hipóteses podem ser úteis para comissões técnicas, comissões de arbitragem e pessoal da área do desporto. Algumas das suas constatações já eram alvo de especulações, mas careciam de comprovação científica

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