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domingo, abril 06, 2008

COMENTÁRIO: TENHO DIVERGÊNCIAS EM RELAÇÃO AO TEXTO DE AUGUSTO NUNES.

1) É PRECISO DEMONSTRAR QUE DURANTE O REGIME DOS MILITARES O SR. JORGE HAGE FOI MAIS LONGE DO QUE EXERCER A VIDA POLÍTICA. POR EXEMPLO, É PRECISO INDICAR ALGO DESABONADOR EM SUA VIDA PÚBLICA, DE MODO QUE SE PROVE QUE ELE, ENTRE OUTRAS COISAS, DELATOU ALGUEM, SE APROVEITOU DOS CARGOS EM PROVEITO PRÓPRIO, FOI CORRUPTO OU ALGO ASSIM.

2) TER EXERCIDO UM CARGO INDIRETO, POR ELEIÇÃO DOS GOVERNANTES, NÃO É PECADO CAPITAL NEM CARACTERIZA ALGUÉM COMO CRIMINOSO. PODE, SIM, ENUNCIAR QUE SUAS CONVICÇÕES POLÍTICAS ERAM DIFERENTES.

3)MAS SABEMOS QUE MUITA GENTE DE ESQUERDA, A COMEÇAR COM O PRESIDENTE, OU ROMPEU COM CONVICÇÕES MARXISTAS OU NUNCA AS TEVE E, MESMO ASSIM, ARVORAVAM MARXISMO PARA FICAR BEM NO RETRATO.

4) É LEGÍTIMO MUDAR DE OPINIÃO POLÍTICA, DESDE QUE SE TRATE DE UMA TRANSFORMAÇÃO MEDITADA EM LONGA DATA. NO CASO DE HAGE, MUITO TEMPO CORREU ENTRE A SUA OCUPAÇÃO DE CARGOS NA DITADURA E HOJE.

5) DISCORDO DO MINISTRO E DEMONSTREI ISSO INCLUSIVE RECENTEMENTE, EM DEBATE SOBRE A CORRUPÇÃO PATROCINADO PELA REVISTA ÉPOCA, DEBATE NO QUAL TIVE POUCO APOIO DOS QUE HOJE LUTAM CONTRA O GOVERNO LULA. O RESULTADO DO DEBATE (A MAIORIA VOTOU COM HAGE, A MINORIA COMIGO) DEIXA CLARO QUE O GOVERNO TEM POPULARIDADE E SUA PROPAGANDA AINDA CONVENCE. DISCORDO DO GOVERNO E DE HAGE. CONSIDERO ERRADA, SOBRETUDO, SUA FALA SOBRE A ESCANDALIZAÇÃO DO NADA, MESMO AO LER O CONTEXTO DA FALA, QUE ELE TROUXE A PÚBLICO DE MODO CLARO, AO CONTRÁRIO DE MUITOS DISCURSOS DO GOVERNO E DAS SUPOSTAS OPOSIÇÕES.

6) SOU OBSERVADOR ATENTO DA VIDA PÚBLICA. NÃO NOTEI NADA, POR ENQUANTO, QUE DESABONE OS ATOS DE HAGE. DELE DISCORDO, SOBRETUDO POR ESTAR NUM GOVERNO QUE JULGO NEGATIVO PARA O PAÍS.

7) MUITA GENTE DE ESQUERDA, NA EPOCA DOS MILITARES, HOJE AGEM DE MODO QUE ENVERGONHA QUALQUER SER HUMANO DECENTE. SE HAGE ESTIVER NESSA GREI, É PRECISO PROVAR COM DOCUMENTOS E TESTEMUNHOS.

8) ADMIRO A CORAGEM DE NUNES, MAS NÃO CREIO QUE SEUS ARTIGOS SEJAM ARTIGOS DE FÉ. ENQUANTO ELE NÃO INDICAR A FALTA DE LISURA DE HAGE, CONSIDERO ESTE ÚLTIMO UM HOMEM HONRADO, DE QUEM DISCORDO PROFUNDAMENTE, MAS RESPEITO.

9) O PROSA E POLÍTICA FAZ BEM EM REPERCUTIR O TEXTO DE NUNES. FICO À ESPERA "DO OUTRO LADO", PARA BEM ANALISAR TAL ASSUNTO PÚBLICO.

10) QUE AS CRÍTICAS SE DIRIJAM, SEMPRE, AOS FATOS E ATOS, SEM FERIR PESSOAS, DE DIREITA OU ESQUERDA. SE OS NOSSOS ADVERSÁRIOS OU INIMIGOS NÃO MERECEM RESPEITO, NÓS MESMOS PERDEMOS UM POUCO DA RESPEITABILIDADE.ESTE É UM DOS MALES INSTAURADOS PELO LULO-PETISMO NA VIDA POLÍTICA. QUEM NÃO ESTÁ COM LULA, NÃO MERECE RESPEITO. OS PETISTAS ERRAM. NÃO ERREMOS COM ELES.

ROBERTO ROMANO


Jornal do Brasil

Sete dias: A banalização da safadeza
Augusto Nunes

Sucinto como os telegramas de antigamente, o currículo oficial do ministro Jorge Hage Sobrinho, divulgado pelos sites governistas, limita-se a informar que o atual comandante da Controladoria-Geral da União nasceu na Bahia há 70 anos, foi juiz de direito, prefeito de Salvador, deputado estadual e deputado federal. Quem pouco sabe de Hage talvez imagine que enfim apareceu alguém que, inibido pela modéstia, prefere não se estender sobre os serviços prestados à pátria. Engano, sabe quem conhece a figura. O tamanho e o teor do texto apenas demonstram que, se assim recomendam as circunstâncias, o verboso baiano é capaz até de ser conciso.

Se incorporasse ao resumo da própria trajetória bemóis e sustenidos alojados em antigas partituras, se contasse cada caso como o caso foi, se iluminasse os curtos registros com detalhes essenciais, o currículo ficaria com cara de prontuário. Foi o manual da esperteza, não a cartilha da objetividade, que lhe sugeriu esquecer que o leal ministro da era Lula foi um aplicado servidor da ditadura militar. O currículo oficial só trata com letras graúdas da fase mais recente da carreira de Hage. As etapas anteriores viraram coisa do século passado.

Uma omissão aqui, um retoque ali e pronto: o pecador que perde o sono quando pensa no Juízo Final vira candidato à canonização. O bisturi do redator da biografia tornou mais vistosa a fantasia de Primeiro Fiscal do Primeiro Governo Popular do Brasil. E removeu o Jorge Hage que não dava maior importância ao que achava a gente comum.

"Foi prefeito de Salvador entre 1975 e 1977", telegrafa o texto. Sem um único voto popular, acrescenta a coluna. Enquanto a ditadura durou, milhões de eleitores foram proibidos de escolher o presidente da República, os governadores e os prefeitos das capitais. Disso cuidavam a onisciência fardada e a pusilanimidade de terno.

No caso de Hage, bastou-lhe a simpatia do governador Roberto Santos, que o indicou para o cargo, e a ausência de antipatias entre os chefes militares. Nos dois anos seguintes, o prefeito pouco fez e quase nada falou, como convinha aos aliados paisanos do regime. Não seria melhor a performance do deputado estadual e do deputado federal.

Hage jazia na vala comum onde se amontoam prefeitos e governadores biônicos que caíram no esquecimento eterno ao perderem a notoriedade efêmera quando foi ressuscitado pelo bom baiano Waldir Pires. Promovido a nº 2 da Controladoria, é o titular desde junho de 2006. Ex-inquilino da Arena, do PDT e do PSDB, está no momento sem partido. Mas em marcha acelerada para o PT, que acaba de presentear com uma frase destinada a figurar na faixa que anuncia uma passeata ou um comício do partido de Lula.

"Isto é a escandalização do nada", caprichou o controlador ao decidir que não havia motivo nenhum para a barulheira da imprensa em torno da gastança com cartões corporativos. A frase pegou feito fogo na floresta. "Isso é a escandalização do nada", repetiu a ministra Dilma Rousseff, aplicando a invenção de Hage ao dossiê montado no Gabinete Civil para prejudicar FHC.

Não existe pecado do lado de baixo do Equador, vem reiterando há cinco anos o tratamento de cúmplice concedido por Lula à bandidagem companheira. Mas faltava a frase que resumisse a grande ópera da safadeza.

Graças a Jorge Hage, agora não falta mais nada.

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