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segunda-feira, junho 04, 2007

04/06/2007 - 07h29
Chávez 'tentou justificar' críticas ao Congresso, diz Amorim
Pablo Uchoa

Enviado especial a Nova Déli

As autoridades venezuelanas se justificaram pelas críticas do presidente do país, Hugo Chávez, ao Congresso brasileiro, de acordo com o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim. Amorim afirmou nesta segunda-feira em Nova Déli, na Índia, que o chanceler venezuelano, Nicolas Maduro, e o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, conversaram com o embaixador do Brasil em seu país, João Carlos Souza Gomes.Segundo o ministro brasileiro, os dois disseram que prezam muito o presidente Lula e se justificaram. Em seu telefonema, Chávez tinha um tom razoavelmente conciliatório, de acordo com Amorim.

Pressão

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro Celso Amorim estavam sob intensa pressão da mídia para falar sobre a crise entre o Congresso e a Venezuela. "Chávez não deixou de registrar o reconhecimento de que houve um incômodo de nossa parte. Mas ao mesmo tempo procurou justificar. A nossa posição é de defender as nossas instituições que são democráticas e que têm funcionado."

"O nosso incômodo foi sobretudo com a maneira como foi dito, mas espero que tenha sido uma nuvem passageira." Questionado se esperava manifestação mais clara da Venezuela, Amorim disse: "Vamos ver se hoje ou amanhã haverá algo mais claro. Vamos levar isso sem excesso de dramaticidade."

Na quinta-feira, Chávez disse que o Congresso brasileiro é um "papagaio que repete o que diz Washington" - depois que o Senado em Brasília aprovou um requerimento pedindo que o presidente venezuelano autorizasse o canal de TV RCTV a voltar a funcionar.O governo venezuelano tinha decidido não renovar a concessão do canal, que segue uma linha editorial de oposição ao presidente Hugo Chávez e que teria apoiado a fracassada tentativa de golpe contra o seu governo em abril de 2002.A RCTV foi tirada do ar no dia 27 de maio.

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Comentário:

"Segundo o ministro brasileiro, os dois disseram que PREZAM MUITO O PRESIDENTE LULA e se justificaram".

A lógica de Chavez é a do absolutismo ditatorial: ele preza "o presidente Lula" e acha que isto basta. Maneira ridícula de repetir o enunciado de Luis XIV, "l ´Etat c´est moi". A pessoa do Chefe de Estado não basta num país democrático. o respeito às instituições deve predominar. Com a "desculpa" apresentada e com a sua aceitação fácil pelo Ministro das Relações Exteriores, deu-se um passo ao retorno da figura execrável do "Benefactor", o que está acima das leis, do Estado, etc. Carl Schmitt teria as suas delícias neste momento. E viva o "Protetor"...Aliás, lembro bem que Renan Calheiros, quando era líder de Collor na Câmara dos Deputados, tentou justificar o arbítrio do Sinhozinho dizendo que "o presidente é o Protetor da Constituição". Poucos viram, na época, o sinal para aventuras golpistas do Planalto. Só os que leram Schmitt perceberam a extensão e a profundidade daquela fala. Estranha cultura brasileira, sempre imersa no rio Letê...

Roberto Romano

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