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sábado, junho 09, 2007

Um texto importante, uma concordia e uma discordancia.

" Um delegado da Polícia Federal, citado por O Globo, definiu Vavá como "um cara simples, quase analfabeto, que enrola as pessoas". Eu diria que ele possui todos os predicados para suceder ao presidente da República. Vavá 2010. "

Perfeito. Ninguem melhor para presidente de pindorama, depois do LuLLa, do que o Vava....
abcs

[Assina a mensagem eletrônica, com o texto abaixo, um amigo a quem muito respeito (RR)].

Eu quero saber de tudo

"A política brasileira é repulsiva. A gente deveria punir os políticos arruinando sua vida particular. Ao contrário do que se diz, não há nada de errado nisso"

Um delegado da Polícia Federal, citado por O Globo, definiu Vavá como "um cara simples, quase analfabeto, que enrola as pessoas". Eu diria que ele possui todos os predicados para suceder ao presidente da República. Vavá 2010.

Dois anos atrás, quando VEJA publicou que Vavá intermediou encontros sigilosos no Palácio do Planalto entre homens de negócios e o principal assessor de Lula, Gilberto Carvalho, ninguém deu bola para o assunto. Por algum tempo, os oposicionistas ameaçaram convocar Vavá e Gilberto Carvalho à CPI dos Bingos, mas acabaram desistindo com o argumento de que a vida particular do presidente deveria ser mantida longe da luta política.

Lula tem direito a uma vida particular? Renan Calheiros tem direito a uma vida particular? Algum político tem direito a uma vida particular? A imprensa acredita que sim. Mais do que isso: a imprensa acredita que pode determinar o que é um fato de interesse particular e o que é um fato de interesse público. Se um político tem um filho fora do casamento, a imprensa o considera um fato de interesse particular. Ela só passa a considerá-lo um fato de interesse público quando uma empreiteira paga suas contas.

Os jornalistas conhecem a intimidade dos políticos. Eles ficam a maior parte do tempo bisbilhotando os detalhes mais sórdidos sobre essa gente. Mas só publicam o que, para eles, estamos aptos a entender. A imprensa atribuiu-se um papel civilizador. Ela argumenta que é uma selvageria julgar um político a partir de seus hábitos privados. Por isso, sonega sistematicamente qualquer notícia a esse respeito.

Eu nunca me escandalizo com o comportamento dos outros. Mas me recuso a aceitar que a imprensa imponha seus valores omitindo os fatos. Se um senador é adúltero, eu quero saber. Se uma ministra dormiu com um presidente, eu quero saber. Se a mesma ministra traiu o marido com um líder oposicionista, eu quero saber. Depois concluo do jeito que quiser.

Os brasileiros acham que o fetiche da imprensa americana pela vida amorosa dos políticos é um sinal de jequice. Eu acho que jequice é delegar a um repórter de uma sucursal de Brasília a escolha sobre o que eu devo ou sobre o que eu posso saber. Os políticos precisam se sentir permanentemente vigiados. Quando a imprensa acoberta seus deslizes privados, termina por acobertar também seus crimes públicos.

A política brasileira é repulsiva. A gente deveria punir os políticos arruinando sua vida particular. Ao contrário do que se diz, não há nada de errado nisso. Se as aventuras sexuais de Marco Antônio foram relatadas pelos romanos, por que os brasileiros não haveriam de relatar as de Renan Calheiros? Renan Calheiros está para Marco Antônio assim como o Brasil está para a Roma Antiga. Marco Antônio 2010. Renan Calheiros 2010.

Veja, reproduzida no blog do Dep Aleluia



Comentário:


No artigo "O Senhor da Razão", que me valeu todo o imenso ódio dos petistas bajuladores ("eu, pessoalmente, não gosto dele", referindo-se a mim, é a pedra de toque para se identificar o bom petista adulador, nas rodas "avançadas") indiquei os elementos essenciais do Egocrata: Lulla é inquestionável, é fonte de luz e sabedoria, é o Grande Líder. Tais prerrogativas foram concedidas ao sindicalista e ao presidente com base em sua notória incultura e despreparo para tarefas de Estado. Mas esperto, ele é mesmo. E no país que admira espertezas (saudades das anedotas de Pedro Malasartes), tal qualificativo torna o seu portador um Rei absoluto, dispensado de toda e qualquer "accountability".

Sempre que algum petista acusou próximos do líder sindical e presidente do PT de atentados contra a ética, condenado no interior do partido angélico foi o acusador. Recorde-se o que ocorreu com Paulo de Tarso Venceslau. Assim, criou-se uma atmosfera de impunidade partilhada pelos próximos (amigos e familiares) e pelo dono do partido santíssimo. Quando alguém critica Lulla, o coro dos laterais grita em uníssimo, sempre: "golpe das elites". E o crítico é esmagado na vida pública.

Após certos artigos publicados por mim em jornais e revistas, até mesmo o polido "bom dia" sumiu do trato com os colegas realistas da universidade. Ontem mesmo, um colega que trabalhou sob minha orientação na universidade, ao cumprimentar uma familiar minha, desviou os olhos atormentado, para não ser visto cumprimentando um "golpista". Claro como o sol : o raio da impunidade emana do presidente e abarca seus amigos e parentes. Ele diz e faz o que deseja, sem nenhuma censura. Mas não pode ouvir nada que arranhe a sua imensa egolatria. E todos os petistas, agora os honestos e desonestos, celebram aquele Ego inchado e sensível ao infinito. "Com Lula, ou sem Lula, todos nós somos o Lula".

Tenho algumas observações sobre os enunciados de Mainardi. Ele está certo, as pessoas públicas têm vida pública. Mas limites devem ser observados pelo decoro, mesmo e sobretudo em se tratando de pessoas contrárias aos administradores e legisladores. Se não existe elo entre a intimidade de um casal (seja este casal não "legítimo") e negócios, a invasão de privacidade quando se expõe fatos íntimos ao olhar do público, sempre curioso e apaixonado pelo Mal (leia-se Plutarco, "De garrulitate").

Se existir elo com a delinquëncia, então aquela vivência deixou de ser íntima. Mas antes de penetrar nas alcovas, é preciso pelo menos indícios veementes de união dolosa, para fins de roubo da coisa pública.


minhas razões : 1) se administradores de cargos oficiais e privados não têm direito à vida íntima, ninguém pode gozar desta prerrogativa. A doutrina democrática enuncia, como pressuposto, que em cada eleitor reside o Estado, a vida pública. Todos os contribuintes e eleitores são ao mesmo tempo pessoas públicas e privadas, ao contrário dos regimes monárquicos, aristocráticos ou totalitários, nos quais os governados são apenas....pessoas privadas.

2) Se é crime invadir as contas de Francenildo (a imprensa e os defensores dos direitos já esqueceram o rapaz...) também é incorreto entrar com os olhos curiosos na alcova de pessoas que exercem a direção do Estado.

Nota: os limites do público e do particular são de árdua percepção e obediência. Engraçada a recepção que teve a minha frase "é difícil" , quando a emiti no Roda Viva. Para muitos, é fácil falar de corrupção. Basta evocar um slogan ou dois, do tipo "agora a PF investiga tudo, ao contrário do que ocorria em outros governos". É laborioso falar com ponderação prudente de fenômenos mundiais, e não apenas brasileiros, como a corrupção, o arbítrio, a insegurança coletiva, etc. Mas limites devem existir, caso contrário seremos apenas uma república de bisbilhoteiros.

O alvo a ser atingido é uma res publica na qual os governados sejam vistos como maiores, responsáveis, não reduzidos ao estatuto de consumidores de Spin ou propaganda, ou mesmo de espetáculos policiais, com nome e tempo programados para causar impacto midiático na opinião coletiva.

Combati Collor de Mello em artigos na Folha, quando eu ainda era persona grata naquele jornal, ao contrário do que ocorre hoje. Mas me insurgi com veemência quando uma horda de petistas canalhas, em nome da "indignação ética", cercaram o hospital em que era tratada a mãe do então presidente, ululando palavrões do pior calão contra a família do mandatário.
Não apenas deprimia a falta de respeito pelos familiares, como a ausência de percepção humana : hospital, escola, etc., são locais de silêncio. Naquela manifestação bárbara, se anunciava o atual reinado petista, que desafia todo respeito à lei e à dignidade humana.Durante os últimos anos em que o PT foi oposição, limites não foram obedecidos na caça aos governistas, sem respeitar a sua vida íntima. Até hoje os petistas mais virulentos (seu nome é Legião) tentam edulcorar os feitos das autoridades governamentais e aliadas, comparando-os ao que ocorreu nas famílias dos administradores de então. Desse modo, é preciso prudência com enunciados absolutos. Os governantes têm vida privada, mas devem nela seguir comportamentos e valores que não prejudiquem os cargos e o público.

No caso específico, é insofismável a presença de parentes do presidente em situações anômalas, do ponto de vista legal e também ético. Invocar privacidade significa, então, exigir que uma cortina de fumaça, outra vez, seja posta entre os assuntos dos amigos ou familiares do presidente, e ordem pública. Neste fato, não é possível falar-se em assunto intimo, como também não o seria no caso das jóias usadas por empréstimo e propaganda pela primeira dama, no convescote dos alegres garotos e garotas do Orkut do filhinho presidencial no Palácio, nos empréstimos do amigo Okamoto, etc., etc., etc.

Fora esse aspecto, concordo com Mainardi em genero, número e caso.

Roberto Romano

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