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sábado, abril 28, 2007


28/04/2007

Ávidos por cargos, aliados invocam o ‘efeito CPI’

Respira-se no consórcio que dá suporte a Lula no Congresso uma atmosfera intoxicada. Há insatisfação generalizada com a demora do presidente em recompor os cargos de segundo e de terceiro escalão da máquina pública. Abespinhados, deputados e senadores voltaram a falar a língua da chantagem. O único idioma que, na opinião deles, o Planalto consegue entender.

A conjuntura tratou de oferecer aos “aliados” a arma que lhes faltava. Como a maioria das medidas provisórias do PAC já foi aprovada no plenário da Câmara, valem-se agora do que chamam de “efeito CPI”. Insinuam nos subterrâneos que, se não “destravar” as nomeações, Lula pode arrostar dissabores nas CPIs que vai investigar o caos aéreo.

A CPI da Câmara deve ser instalada na próxima quinta-feira (3). A do Senado, dentro de duas semanas. De saída, um grupo suprapartidário planeja facilitar a aprovação de requerimentos convocando para depor nas CPIs personagens que o governo preferia ver longe do banco das CPIs. Entre eles o brigadeiro Juniti Saito, comandante da Aeronáutica.

Embora incipiente, o grupo rebelde já inclui parlamentares do PMDB, do PTB, do PP e do PR. Como que farejando o cheiro de queimado, Lula agendou para o início da semana, reuniões com seus auxiliares para tentar “desovar” um lote de nomeações.

Entre a manhã desta segunda-feira (30) e a noite de terça-feira (1), o presidente deve receber do ministro Walfrido dos Mares Guia (Relações Institucionais) a lista com os indicados para os cargos mais cobiçados. Entre eles diretorias de estatais, autarquias e instituições financeiras federais –Banco do Brasil, Caixa Econômica e Banco do Nordeste.
Há, de saída, três problemas a resolver: 1) a lista de apadrinhados é maior do que o número de cargos disponíveis; 2) várias legendas disputam as mesmas vagas. As principais quedas de braço envolvem o PMDB e o PT, os dois maiores partidos da coalizão; 3) Lula gostaria de contemplar nomes técnicos. Mas, em muitos casos, os apadrinhados são políticos, muitos deles sem nenhuma afinidade com a área para a qual foram indicados.

Joga-se em Brasília um jogo no qual o interesse público ainda nao foi chamado a entrar em campo. Disputam-se, em tese, os mais de 20 mil cargos que compõem os escalões inferiores da administração pública. Na prática, as atenções estão voltadas para um universo bem menor -algo como 900 postos, que pagam salários de cerca de R$ 7.600 e lidam com orçamentos bilionários.

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