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quinta-feira, abril 19, 2007

Este post e o anterior foram extraidos do JORNAL DA UNICAMP.

Violência no futebol não é um fenômeno próprio do esporte
[19/4/2007] A violência presente no futebol não é um fenômeno próprio do esporte, mas um reflexo do que ocorre na sociedade como um todo. De maneira resumida, esta foi a análise que permeou algumas das palestras apresentadas durante o “Fórum sobre violência no futebol”, ocorrido nesta quinta-feira (19) no Centro de Convenções da Unicamp. O evento, promovido pela Faculdade de Educação Física (FEF), reuniu especialistas de diferentes áreas, que abordaram assuntos relacionados ao tema central do encontro. O objetivo do Fórum, conforme os organizadores, foi estimular a reflexão sobre a problemática da violência associada ao futebol a partir de uma visão mais ampla.

De acordo com o professor Maurício Murad, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), é um equívoco considerar a violência relacionada ao futebol brasileiro como um episódio isolado do restante da sociedade. “Assim como é um erro responsabilizar as torcidas organizadas pelos atos violentos praticados no estádio ou no seu entorno. Meus estudos indicam que apenas 5% dos indivíduos vinculados a essas torcidas agem de forma agressiva ou transgressora. Ou seja, trata-se de uma minoria dentro de uma minoria, visto que as organizadas constituem apenas uma parcela do público que costuma acompanhar o futebol’, afirmou.

Para a professora Heloisa Reis, da FEF, a violência no futebol está estreitamente ligada à violência mais geral, cujas raízes encontram-se na baixa qualidade do ensino público, na alta taxa de desemprego, na impunidade ou na sensação de impunidade e no desrespeito aos direitos dos torcedores, entre outros fatores. Embora não acredite que seja possível erradicar o problema, a docente considera ser factível minimizá-lo, a exemplo do que ocorreu em outros países, notadamente a Espanha.

Segundo Heloisa Reis, algumas medidas já foram adotadas nesse sentido no Brasil, como a criação do Estatuto do Torcedor e a instituição da Comissão Paz no Esporte. “Mas ainda temos muito que fazer: desde qualificar o policiamento para atuar em eventos esportivos até reformar nossas arenas, passando evidentemente pelo combate à impunidade e a corrupção”, sugeriu. Para o diretor da FEF, Paulo César Montagner, o Fórum foi uma demonstração de que a Universidade é capaz de gerar conhecimentos que contribuem para a melhor compreensão dos problemas que afligem a sociedade.
(Manuel Alves Filho)
Foto: Antônio Scarpinetti
Edição de imagem: Willian Reis

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