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terça-feira, agosto 07, 2007

PORTAL IMPRENSA. Roberto Romano: Deixemos as farsas inuteis.

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Publicado em: 06/08/2007 14:56



"Os intelectuais de esquerda sempre tiveram uma relação dúbia com a imprensa", diz o filósofo Roberto Romano
Por Cristiane Prizibisczki/Redação Portal IMPRENSA

"Deixemos as farsas inúteis". Foi parafraseando o sociólogo e cientista político F. Weffort que o filósofo Roberto Romano resumiu sua opinião sobre as recentes declarações de Marilena Chauí que, na última quarta-feira (1°/08), afirmou considerar clara a presença "da guerra civil e do Golpe de Estado" no discurso adotado pela imprensa durante a cobertura do acidente com o Airbus da TAM.

Em texto publicado por Paulo Henrique Amorim, no site Conversa Afiada, Chauí deixa clara sua indignação com a "exploração da tragédia" por parte da mídia, já que, segundo ela, certos setores oposicionistas não admitem a legitimidade da reeleição de Lula por considerarem-na uma "ofensa pessoal à competência técnica e política da auto-denominada elite brasileira".

Para legitimar sua opinião sobre a existência de um "golpe de Estado", a filósofa lembra que a imprensa não deu às greves no INSS a mesma relevância que deu ao acidente da TAM, por exemplo, e que, mesmo na cobertura da tragédia, falhou ao fazer associações e constatações infundadas.

"Deixemos as farsas inúteis", repete Romano ao lembrar que, desde o século XVI, a imprensa tem como característica noticiar o que causa mais impacto. Nesta "mimesis" distorcida, onde o tempo limita e impõe o que será "representado", é natural, segundo o filósofo, que apenas um dos aspectos da realidade fique em evidência.

"A realidade é muito complexa e hoje a imprensa tem muito pouco tempo para dar conta de todos os seus aspectos. Isso, no entanto, não quer dizer que ela esteja fazendo um trabalho de golpismo. É apenas uma de suas características", disse Romano em entrevista ao Portal IMPRENSA.

O professor e filósofo admite que é difícil defender o governo em momentos de crise, mas que, quando isto ocorre, é preciso que haja coerência. "Para um intelectual do PT, é preciso analisar a realidade como um todo antes de emitir opiniões. É necessário ser crítico. Os intelectuais de esquerda sempre tiveram uma relação dúbia com a imprensa, basta olhar a presença de Chauí na mídia, em que ocasiões ela mais se manifesta, para identificar sua postura", disse ele, lembrando que Chauí já recebeu um voto de repúdio da comunidade acadêmica por adotar posturas diferentes perante os intelectuais e a mídia.

Desse modo, a atitude de Marilena, segundo Romano, pode ser considerada um "hino à filosofia militante", baseada em um "comportamento mental clássico da esquerda". Porém, mais do que criar teorias sobre golpismo, este é o momento de pensar nas reais necessidades da população. "Não se trata de golpismo porque seria um golpe contra si mesmo. Da elite contra a elite. Está na hora de deixar estas farsas inúteis e pensar em que políticas públicas são necessárias - o que inclui a malha viária, claro. É tempo de pensar mais seriamente e com um pouco mais de respeito à população e ao leitor", conclui.

Para ler o que o Portal IMPRENSA. já publicou sobre o assunto, clique aqui.

Foto: Divulgação Unicamp

Comentários

06/08/2007 21:13

Vilson Vieira Junior - vilsonjornal@gmail.com

“As "naturalidades" da imprensa"!”

Segundo o filósofo Roberto Romano, é natural que a imprensa se preocupe com um recorte, um foco da realidade. Entretanto, não são naturais os motivos que levam a essa escolha de enfoque sobre a realidade.

A imprensa nunca foi tão partidária e ideológica no Brasil com está sendo nos últimos tempos. Como escreveu Karl Marx, ela é porta-voz da ideologia dominante de uma determinada época, ou seja, da ideologia capitalista e neoliberal.

Marilena Chauí, como sempre, foi feliz e bastante realista em sua análise do poder político-ideológico que os meios de comunicação representam e exercem na sociedade brasileira.

Caro Roberto Romano, a imprensa nunca foi, não é e jamais será neutra e imparcial. Basta fazer uma retrospectiva dos acontecimentos políticos e eleitorais que marcaram o país, desde a famigerada disputa presidencial de 1989, para comprovarmos a tese de que a mídia é um instrumento ideológico do poder dominante.

O governo Lula não representa a elite, mesmo que tenha formado alianças com setores dela. Entretanto, ela não controla diretamente o poder, fato que a incomoda e a leva, por meio de sua arma mais poderosa, a mídia, a atuar na direção de buscar resultados favoráveis através da tentativa de manipulação da opinião pública e, por conseguinte, da sociedade.

Enfim, é necessário ser crítico nessas horas, não é!?

Vilson Vieira Jr. - Jornalista!

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