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quarta-feira, janeiro 30, 2008

CELSO LUNGARETTI

CELSO LUNGARETTI
FESTA DA IGUALDADE, DA LOUCURA E DO PRAZER

A origem do carnaval perde-se na poeira dos tempos. Há quem tente remontá-la ao culto agrário praticado por povos que existiram 10 mil anos antes de Cristo: homens e mulheres mascarados, com corpos pintados e cobertos de peles ou plumas, saíam em bandos e invadiam as casas, fazendo terríveis algazarras.Outros autores lembram as festas alegres do paganismo, como a de Ísis e a do Boi Ápis, entre os egípcios, e as bacanais, lupercais e saturnais dos romanos.Suetônio, historiador da Roma antiga, refere-se às saturnais como „desenfreada libertinagem, cínica palhaçada". E diz que, durante esse período „todos pareciam enlouquecer‰. Armavam-se grandes mesas à frente das casas para senhores e escravos comerem à vontade, sem distinções. E os escravos tinham o direito de dizer verdades a seus donos, ridicularizá-los, fazer o que quisessem.

A componente libidinosa do carnaval é inegável em todos os textos antigos. Sabe-se, p. ex., que o termo carnaval deriva do latim carrum novalis, deignação de um tipo de carro alegórico da Grécia e Roma antigas. Dezenas de pessoas mascaradas caminhavam a seu lado e ele trazia no bojo „mulheres nuas e homens que cantavam canções impudicas". A Idade Média, com a rígida tutela religiosa sobre a vida social, não poderia trazer acréscimos significativos ao carnaval. Mas, pelo menos, não conseguiu extinguir esses festejos, que continuaram existindo como um contraponto à monótona existência dos feudos.

Contam alguns textos, inclusive, que os padres, depois de pregarem em vão contra o carnaval, acabavam convidando os fiéis a concentrarem as comemorações na praça da igreja, para que tal logradouro não ficasse desvalorizado... A Renascença viria libertar os europeus da sensação de culpa que a religião procurava insistentemente associar ao prazer e à alegria. Os distantes e etéreos paraísos prometidos nos púlpitos, bem como as dantescas descrições do inferno que esperava os pecadores, tornaram-se insuficientes para afastar o povo da folia. A grande festa pagã renascia em todo o seu esplendor.

O medonho entrudo português ˆ Para nós interessa, sobretudo, o carnaval português, conhecido como entrudo. Até fins do século 19, o nosso carnaval teria as mesmas características do „medonho entrudo português, porco e brutal", a que se refere uma historiadora, assim descrevendo-o: „pelas ruas de Lisboa, generalizava-se uma verdadeira luta em que as armas eram os ovos de gema, ou suas cascas contendo farinha ou gesso, cartuchos de pó de goma, cabaças de cera com águas de cheiro, tremoços, tubos de vidro ou de cartão para soprar com violência, milho e feijão que se despejam aos alqueires sobre as cabeças dos transeuntes..."A pesquisadora Eneida, em sua História do Carnaval Carioca, relaciona diversos casos para comprovar que, a exemplo do que ocorria na Roma de Suetônio, o carnaval aqui também se constituía no único período em que os escravos desfrutavam de uma certa liberdade. E conclui: „Parece que uma das características do carnaval é dar aos escravos de qualquer época o direito de criticar e zombar de seus senhores".

Os limites da democracia, entretanto, sempre foram muito exíguos no Brasil, então houve também medidas caracteristicamente discricionárias. Em 1857, o chefe de polícia do Rio de Janeiro lançou um edital proibindo „o jogo do entrudo dentro do município. Qualquer pessoa que o jogar incorrerá na pena de 4$ a 12$ e não tendo com que satisfazer, sofrerá oito dias de cadeia, caso o seu senhor não o mande castigar no calabouço com cem açoites". Ou seja, multa para os brancos proprietários, xilindró e chicotadas para os escravos. A relatividade vem de longe... A agressividade igualmente se evidencia em todos os textos da época. Sabe-se, p. ex., que o único objeto de divertimento do carnaval brasileiro era o limão de cheiro, uma imitação de laranja, com invólucro de cera e água fétida por dentro.O pintor e engenheiro Jean-Baptiste Debret, que aqui veio com a Missão Artística Francesa em 1818, ficou estarrecido com a selvageria explícita: „Vi jovens negociantes ingleses passearem, com orgulho e arrogância, acompanhados por um negro vendedor de limões cujo tabuleiro esvaziavam pouco a pouco, jogando os limões às ventas de pessoas que nem sequer conheciam".

Episódios deste tipo o marcaram tanto que um de seus desenhos mais famosos, Cena de Carnaval, mostra uma negra atacada na rua por um crioulo de cartola, que lhe esfrega no rosto um bocado de goma, enquanto o outro negro ensopa o primeiro com água de uma longa seringa.Apenas no final daquele século a agressividade foi se atenuando e as bisnagas passaram a conter, ao invés de água suja, líquidos menos repugnantes, como vinagre, groselha e vinho; idem os limões de cheiro, cujas águas fétidas e até urina foram trocadas por inofensivos perfumes.

Zé Pereira! Bum, bum, bum! ˆ O personagem mais característico do carnaval brasileiro surgiu em meados do século 19 e logo se tornou uma instituição popular. Trata-se do Zé Pereira, calcado na figura do sapateiro José Nogueira de Azevedo Pereira.
Português de nascimento, ele um dia entretinha-se com outros patrícios, recordando as romarias, estúrdias e estrondos da pátria distante. A saudade era tanta que eles resolveram sair à rua, ao som de zabumbas e tambores alugados às pressas, para fazer uma passeata pela cidade.Foi um enorme sucesso, logo copiado por dezenas de grupos semelhantes, fazendo com que o Zé Pereira se transformasse num personagem mística, identificado com o próprio carnaval („E viva o Zé Pereira/ Pois que a ninguém faz mal/ E viva a bebedeira/ Nos dias de carnaval").Para a historiadora Eneida, o Zé Pereira „foi essencialmente o carnaval do pobre. Tão fácil, no meio da miséria reinante, sair à rua com bumbos e tambores, uma camisa qualquer, uma calça de qualquer espécie e fazer barulho, alegrar com um ritmo efusivo as ruas e os bairros!".

Seu desaparecimento, no começo do século passado, é indício de que o carnaval perdia espontaneidade, tornando-se festa opulenta e regulamentada, sem espaço para os improvisos populares. Mas, a alma do Zé Pereira sobrevive nos blocos dos sujos, que insistem em se formar sem ensaios e mensalidades, para existir num momento e viver intensamente esse momento, na melhor tradição do carnaval.Samba e umbigada ˆ Até o início do século passado samba e carnaval tiveram trajetórias distintas, que foram convergindo no sentido de uma perfeita complementação.O samba remonta à chegada no Brasil de escravos negros, que logo foram introduzindo seus ritmos, danças, cantigas, costumes e crenças. Assim, após o trabalho exaustivo (ou nos raros dias de folga), eles dançavam e batucavam com seus instrumentos rudes, nos terrenos das fazendas, engenhos e canaviais. Alegria sofrida, ritmo de quem esforçava-se por esquecer a tristeza, as privações e os maus tratos.

O batuque tipicamente africano foi caindo em desuso com o desaparecimento dos nativos daquele continente. Uma variação abrasileirada espalhou-se por todo o País, já com a denominação de samba. E, na zona rural, o encontro de culturas deu origem a uma derivação pitoresca, os chamados sambas sertanejos, em que homens e mulheres participavam da roda cantando em coro, ao som de instrumentos de percussão e da viola de arame.Segundo um cronista da época, „os dançadores formam roda e, ao compasso de uma viola, move-se o dançador do centro, avança e bate com a barriga de outro da roda, uma pessoa de outro sexo. Não se pode imaginar uma dança mais lasciva do que esta, razão por que tem muitos inimigos, principalmente entre os padres". Lenço no pescoço ˆ A fase heróica do samba foi a da pernada carioca, diversão a que se entregavam os remanescentes dos inúmeros grupos de capoeiristas existentes no Rio de Janeiro em fins do século 19.

Tratava-se de uma batucada braba, na base da pernada e cabeçada, regada com doses cavalares de cachaça („Samba de negro/ Não se pode frequentá/ Só tem cachaça/ Pra gente se embriagá").Os conflitos eram corriqueiros e a presença da polícia, também, dando origem a verdadeiras batalhas campais, em que instrumentos musicais serviam como armas e algumas cabeças acabavam sempre rachadas („Tava num samba/ Lá no Sarguero/ Veio a polícia/ Me jogou no tintureiro").
O samba era tido como coisa de pretos, malandros e marginais. A posse de um violão ou qualquer outro instrumento de samba bastava como prova de que o indivíduo era vadio e merecia ser preso. E a brutalidade da polícia tinha resposta à altura por parte dos bambas. Mortes ocorriam de lado a lado.Foi a época do tipo celebrizado por Wilson Batista, com seu andar gingado, chapéu tombado, olhar dormente, fala cheia de gírias, lenço de seda no pescoço (para proteger-se das navalhadas), camisa listrada, calças largas (boca-de-sino) ou balão (bombacha) caídas sobre os sapatos de bico fino com salto carrapeta (mais tarde, tamancos) e, evidentemente, a inseparável navalha.

Os versos do sambista da Lapa o descreve admiravelmente: „Meu chapéu de lado/ Tamanco arrastando/ Lenço no pescoço/ Navalha no bolso/ Eu passo gingando/ Provoco desafio/ Eu tenho orgulho de ser vadio".Trata-se de uma figura que, como o verdadeiro carnaval, sairia de cena entre as décadas de 1930 e 1940.O Pinto e os índios ˆ O carnaval era uma pedra no sapato dos autoritários de todos os matizes. Os chefes de polícia, desde meados do século 19, lançaram uma interminável série de editais, ora proibindo, ora regulamentando os festejos.No carnaval carioca de 1888, entre as muitas determinações draconianas, figurava a de que, „sem a autorização do Chefe de Polícia, não podem aparecer críticas, principalmente ao Governo".

Episódios anedóticos ocorreram aos montes. Um delegado carioca chamado Alfredo Pinto, p. ex., notabilizou-se pela perseguição aos foliões. Em 1909, tentou proibir as passeatas e o Zé Pereira, sendo obrigado a voltar atrás por causa dos protestos da população e da imprensa. Furioso, voltou à carga proibindo as fantasias de índio, sob a alegação de que os tacapes poderiam ser utilizados como armas. Os blocos contra-atacaram com refrões provocativos que difundiram por toda a cidade, tipo „Eu vou beber/ Eu vou me embriagar/ Eu vou sair de índio/ Pra polícia me pegar". Em outros, houve até alusões picarescas ao sobrenome do delegado...Domesticação e turistização ˆ Nem a polícia do terrível Filinto Müller, durante a ditadura getulista, conseguiu pôr fim aos festejos de Momo. De repente, entretanto, o povo perdeu seu carnaval, que virou um próspero negócio para as escolas de samba e foi alçado a item prioritário da promoção do turismo.

Comemorações rigorosamente planejadas substituíram as iniciativas espontâneas do povão. Os foliões se tornaram passivos espectadores dos suntuosos e multicoloridos desfiles. Sambistas passaram a competir encarniçadamente por classificações espúrias.Enfim, a festa do congraçamento cedeu lugar à disputa calculista. O que a polícia não conseguiu com seus cassetetes, conseguiram os negociantes com seus talões de cheque. Como explicar essa transição negativa? Dizer que, com a industrialização, fecharam-se os espaços para a desordem remanescente da sociedade rural? Que o carnaval morreu ao se institucionalizar? Que nosso povo já não tem humor nem revolta? Explicações podem ser alinhavadas às dezenas. Mas, nenhuma servirá como consolo. O certo é que uma genuína explosão de vida se tornou ritual de repetição. E o povo se conformou em não inventar mais seus festejos nem improvisar seus itinerários, recebendo como contrapartida lugares confortáveis nas arquibancadas dos sambódromos e o direito à licenciosidade em salões sufocantes.

Enfim, foi expulso das ruas e não se dispõe mais a lutar mais por elas.

Obs: escrevi este texto em 1980, para a edição de carnaval de uma revista masculina, assinando-o com o pseudônimo de André Mauro. Por considerá-lo ainda atual, decidi manter a redação original. Alguns trechos dispensáveis foram deletados.
EM 2008 ESTE ESPAÇO RETORNARÁ À SUA INSPIRAÇÃO INICIAL, QUAL SEJA, A DE PUBLICAR PARA OS ESTUDANTES DA UNICAMP OS TEXTOS DAS AULAS PROFERIDAS POR MIM, NO CURSO DE FILOSOFIA. COMEÇO COM A EMENTA DO CURSO DE ÉTICA I QUE MINISTRAREI NO DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA NESTE SEMESTRE. APÓS CADA AULA, SERÁ PUBLICADO O TEXTO (SEMPRE ENTRO NA SALA COM O TEXTO DA AULA REDIGIDO9 SEM REVISÕES, ETC. POIS SE TRATA ANTES DE TUDO DE TRABALHO IN FIERI. CREIO QUE ASSIM CUMPRO MELHOR MINHAS OBRIGAÇÕES DO QUE AO ESCREVER COISAS QUE INCOMODAM AS PESSOAS, FEREM O CARINHO QUE ELAS EXPERIMENTAM POR SI MESMAS, ME TRAZEM ABORRECIMENTOS.
RR.




NSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS -CURSO DE GRADUAÇÃO EM FILOSOFIA – 30
1o. Semestre de 2008

DISCIPLINA HG 303A ÉTICA I - PRÉ-REQUISITOS: HG 207 / HG 208 / AA 200

HORÁRIO: 6a. F. 08h às 12h

PROFESSOR RESPONSÁVEL:

Prof. Roberto Romano


EMENTA
A partir da leitura de textos clássicos pertinentes ao assunto, o curso analisará algumas questões centrais da ética, como a teoria da ação, o bem supremo, a justificação da moralidade, etc.

PROGRAMA


Interpretações de Maquiavel.


O curso analisará a noção de “maquiavelismo” em textos de Maurice Merleau-Ponty, após a publicação, na revista Les Temps Modernes, de um artigo redigido por Claude Lefort, sobre Trotsky. Neste escrito, Lefort afirma que Trotsky tinha sido tolhido pela ética do bolchevismo, com os ritos da centralização, do profissionalismo revolucionário, do profundo desprezo pela democracia burguêsa. Para entender a contradição do líder perseguido pelo Estado soviético,seria preciso descer até as raízes ideológicas e filosóficas dos que efetivaram a Revolução de 1917 (Cf. Lefort, Claude: “La contradiction de Trotsky et le problème révolutionnaire”, Révue Les Temps Modernes, número 39). A publicação doartigo, no periódico dirigido por Jean Paulo Sartre, trouxe uma querela a mais entre o autor de O Ser e o Nada e Merleau-Ponty. A questão política da revolução, a partir daí, seguiu para a busca dos fundamentos filosóficos do poder burocrático exercido por Moscou. Merleau-Ponty afirma (“La dialectique en action”, in Les aventures de la dialectique) que o essencial, para entender a contradição dos militantes contrários aos procedimentos do Partido Comunista da URSS, seria passar às bases da própria filosofia marxista, nos textos de Karl Marx. “O marxismo, e não o bolchevismo, fundamenta as intervenções do Partido sobre as forças que já estão alí e a praxis sobre uma verdade histórica”. O debate levantado por Lefort suscitou em Marleau-Ponty reflexões sobre Maquiavel que suscitaram a pesquisa do próprio Lefort sobre o Florentino. Os resultados parciais da investigação encontram-se no livro Machiavel, le travail de l ´oeuvre).O curso seguirá a ordem cronológica dos textos de Lefort e de Marleau-Ponty, a começar com a exposição e análise do artigo mencionado, “La contradiction de Trotsky”. Depois virá o exame dos escritos de Merleau-Ponty, em especial o também indicado “La dialectique en action”. Em seguida será lido e debatido o artigo “Note sur Machiavel”, também de Merleau-Ponty. Como último passo, será lido e analisado o livro de Claude Lefort, Machiavel, le travail de l ´oeuvre. Não se trata de uma exploração exaustiva dos problemas trazidos pelo debate suscitado por Claude Lefort. O alvo do curso é recuperar alguns elementos da discussão política e filosófica do período, para indicar os nexos entre o pensamento de Maquiavel e a filosofia francêsa. O escritor florentino teve recepções as mais diversas na França, desde o Renascença. Desde seus críticos como o autor da Vindiciae contra tyrannos (1581) aos seus adeptos como Gabriel Naudéautor das Considerations politiques sur les coups d´État (1639), a política e a filosofia francêsas receberam profundas marcas de Maquiavel, sobretudo no que diz respeito à alternância entre as fórmulas de O Príncipe e o republicanismo dos Dircursos
sobre a primeira Década de Tito Livio
. No debate sobre a política bolchevista ocorrido no interior da Revista Les Temps
Modernes
, a sombra de Maquiavel é a mais presente. Trata-se, no curso, de encontrar os contornos destasombra e de consultar os escritos do próprio Maquiavel, para aquilatar se a leitura proposta por Merleau-Ponty se mantem e se a exposição de Claude Lefort pode ser retomada em nossos dias.


PLANO DE DESENVOLVIMENTO


Após cada aula expositiva, dada pelo professor, um aluno analisará um texto em seminário de uma hora. Na primeira aula serão atribuídos os referidos textos aos estudantes, os quais farão além de uma análise conceitual sobre o escrito, realizarão pesquisas históricas, políticas e filosóficas relacionadas com o escrito que discutirão em classe.


BIBLIOGRAFIA
1) Junius Brutus, Etienne: Vindiciae contra tyrannos. Ed. A. Jouanna, Genève,Droz, 1979. [O professor tem a edição e pode colocá-la ao dispôr dos alunos interessados.]

Lefort, Claude: “La contradiction de Trotsky”, Révue Les Temps Modernes,
número 39.
Éléments d'une critique de la bureaucratie, Paris, Droz, 1971.
Le Travail de l'oeuvre, Machiavel, Paris, Gallimard, 1972 (republié coll.
« Tel », 1986).
Un Homme en trop. Essai sur l'archipel du Goulag, Paris, Le Seuil, 1975
(republié, Le Seuil poche - 1986).
. Sur une colonne absente. Autour de Merleau-Ponty, Paris, Gallimard,
1978.
L'Invention démocratique, Paris, Fayard, 1981.
• Écrire à l'épreuve du politique, Paris, Calmann-Lévy, 1992.
Machavelli, Niccolò : Opere, a cura di Corrado Vivanti, 2 v. Torino,
Einaudi/Gallimard, 1997.
Naudé, Gabriel: Considérations politiques sur les coups d´État. A Gallica
(Biblioteca Nacional da França) tem o livro em edição organizada
por Simone Goyard-Fabre, cuja versão eletrônica pode ser copiada.
Ponty, Maurice-Merleau:
.Humanisme et Terreur. Paris, Gallimard, 1947.
. Éloge de la Philosophie. Paris, Gallimard, 1953
.Les aventures de la Dialectique. Paris, Gallimard, 1955.
. Signes.Paris, Gallimard, 1960.
Tambosi, Orlando: Perché il marxismo ha fallito. Lucio Colletti e la storia di una grande illusione.. Milão: Mondadori, 2001

A lista acima é apenas inicial. Na pesquisa a ser efetuada pelos alunos, trabalhos
históricos, políticos, filosóficos serão acrescentados. De particular interesse, como passo primeiro, é a leitura da História do Marxismo, coordenada por Eric J. Hobsbawn.

FORMAS DE AVALIAÇÃO
A presença e a participação em aula valerão metade da nota do curso. O seminário exposto valerá 25% da nota. O texto final, escrito pelo aluno individualmente, os restantes 25%.

HORÁRIO DE ATENDIMENTO A ALUNOS
sexta feira, das 14 às 16 horas, na sala do professor






CORREIO POPULAR DE CAMPINAS

30/1/2008


Fanatismo, criacionismo, evolução (1)

Roberto Romano

O ceticismo, ensina um instaurador da filosofia na Unicamp, Dr. Oswaldo Porchat, tenta afastar o grande obstáculo ao pensamento científico, que reside na apressada conclusão de raciocínios e investigações. A pressa, no termo grego usado pelos céticos (propéteia) significa açodamento irrefletido. Um cientista sem paciência de expor seus conceitos à verificação lógica ou empírica, cedo ou tarde - por brilhantes as suas idéias - tomba em erro doloso. Errar é a condição dos que buscam a verdade. No latim, error significa falta, culpa, delírio, mas também cautela, rodeio. Os caminhos do verdadeiro não são retos, mas cheios de atalhos, clareiras, abismos. O grego ajuda a entender o caso: Zetesis (pesquisa) é busca de um objeto ou noção. Deus não procura a verdade, pois ela integra a sua essência. Diriam os escolásticos, ela é um dos transcendentais em companhia do Bem e do Belo. Enuncia a fé na sua versão inglesa : God is faithfull. Apenas em Deus a verdade não tem limites. Nenhuma criatura - limitada no tempo e no espaço - escapa a uma ou outra das formas de erro. O delirante afirma a verdade absoluta de suas certezas, não admite juizos que as neguem. Deus habitaria apenas em sua cabeça e discurso. Um tipo lamentável desse delírio, além do fanático religioso, temos nos militantes adoecidos de ideologia. Se topamos com os delirantes, a mímica facial que ostentam atraiçoa sua pressa de impor dogmas e não ouvir argumentos que os neguem. Quando falam a sua face reluz, excitada, as bochechas tornam-se rubras. Com a réplica, seus olhos perdem o brilho, vagam pelo ambiente, o semblante marca sua alienação mental. A atitude indiferente só indica que ele busca, na memória, argumentos para esmagar, não o que você diz, mas a sua pessoa. Não adianta desejar o diálogo com tal indivíduo. Ele concebe a conversa como guerra permanente contra a mentira, que por definição é a sua, em favor da verdade, por definição a dele. Se você recomenda um livro, estatística, método diferente, ele no máximo finge escutar. Nada anota, nada pesquisa. Ele é a mediação única entre a Verdade e os humanos.

Há um belo trabalho cinematográfico, O Vento Será sua Herança (Inherit the Wind) refilmado em 1999 com interpretações magníficas de Jack Lemmonn - Clarence Darrow, um advogado dos direitos civis - e George C. Scott - William Bryan, candidato derrotado à Presidência dos EUA - que exibe de maneira tensa o debate entre criacionismo e teoria da evolução. John Th. Scopes, jovem professor de biologia, foi julgado em 1925 por ensinar darwinismo na escola pública. O juiz proíbe a defesa de apresentar cientistas, filósofos e mesmo teólogos em favor do acusado. Este, após cenas de obscurantismo dogmático, recebe a multa simbólica de cem dólares. Os acusadores tinham pressa de condenar, sem ouvir. O caso real marca a luta pela pesquisa científica e define parâmetros na imprensa, pois foi o primeiro julgamento transmitido por rádio. Coisas similares ocorreram em Estados aparentemente opostos aos criacionistas. Sem falar nos julgamentos de Moscou, quando acusados aceitaram representar o papel de traidores, tudo pela ideologia, lembremos a “lingüistica” do estalinismo, a sua “biologia” (Lyssenko é prova), os expurgos de cientistas, pensadores, historiadores e outros. Zdanov, o sicofanta oficial do Partido Comunista inspirou a pressa naquela expulsão do contraditório. Ouvidos militantes, supostamente ateus, são moucos e recusam examinar teses opostas às suas.

Existe a pressa, muito comum entre fanáticos, de usar qualquer trecho das Escrituras em favor desta ou daquela doutrina, crença, ideologia. Por Santas Escrituras podemos entender as reveladas divinamente ou escritos deste ou daquele autor, base de uma ortodoxia. Quem julga a religião como “ópio do povo” logo repete O Capital sagrado e desce ao nível mais baixo ao apresentar como verdades absolutas textos obscenos do tipo O Homem, o capital mais precioso, fonte inspiradora de pretensas análises econômicas, políticas, e quejandos.

Tais reflexões surgem com os pronunciamentos da Ministra Marina Silva sobre o ensino do criacionismo como “alternativa” à evolução. Dedicarei os próximos artigos ao assunto. Lamento que seja fraca a reação contra o obscurantismo daquela funcionária. Em país que padece de falta de ciência e no qual o fanatismo enriquece embusteiros, recursos como os empregados por alguém que deveria ser responsável pela organização estatal é um atentado contra a inteligência humana.

sábado, janeiro 26, 2008

PARABÉNS, MARTA BELLINI! TORÇO PELO SEU [EXCELENTE] BLOG!

RR
INTERESSANTE EXERCÍCIO DE IMAGINAÇÃO TEXTUAL, DA REVISTA VEJA.





Entrevista: Nicolau Maquiavel
VEJA, 1° de julho de 1501



O pensador florentino aponta erros dos governos fracos e diz como funciona a política por dentro


Scala/Art Recource


os 32 anos e há três ocupando o cargo de secretário do conselho de segurança do governo de Florença, Nicolau Maquiavel é hoje mais que um personagem-chave da diplomacia européia. Tem-se revelado um fenomenal pensador dos problemas de Estado. "É impossível que uma república permaneça tranqüila, gozando de liberdade dentro de suas fronteiras. Se não molestar as demais, será molestada por elas", sustenta. Alguns analistas detectam nas idéias do florentino o embrião de uma nova ciência, na qual a teoria política, baseada na realidade dos fatos, existiria como disciplina autônoma, separada da moral e da religião. Outros vêem nesse praticante polemista sem meias palavras não mais que um oportunista, cujo talento serve para fornecer aos governantes ferramentas que garantam sua manutenção no poder. Com tanta controvérsia, suas idéias, expostas nesta entrevista, estão destinadas a alimentar discussões acaloradas por muito tempo.

VEJA – Qual a responsabilidade dos governantes italianos diante da recente onda de invasões estrangeiras que assolou a península?
MAQUIAVEL – Antes de experimentar os golpes dos guerreiros ultramontanos, eles acreditavam que para um príncipe bastava saber, em seu gabinete, imaginar uma resposta mordaz, escrever uma bela carta, fazer ostentação em suas conversas e discursos de sutileza e vivacidade; que lhes bastava saber urdir um estratagema, adornar-se de ouro e pedrarias, dormir e comer mais esplendidamente do que os outros, cercar-se de libertinagem, comportar-se em relação aos seus súditos com avareza e soberba, estagnar-se na ociosidade, conceder os postos do exército como favor, desprezar os conselhos louváveis, exigir que suas palavras fossem recebidas como oráculos. Eles não percebiam, os infelizes, que se preparavam assim para tornar-se presa do primeiro assaltante.

VEJA – O senhor denuncia a falta de preparo militar dos governantes, mas, como diplomata, acaba de ser muito bem-sucedido ao negociar com a França uma solução pacífica para a guerra entre Florença e Pisa. Afinal, o que é melhor: negociar ou pegar em armas?
MAQUIAVEL – Há duas maneiras de combater: uma, segundo as leis; a outra, pela força. A primeira forma é própria dos homens, a segunda é própria dos animais. Mas, como a primeira freqüentemente não basta, é preciso recorrer à segunda. Não há lei nem Constituição que possa pôr um freio à corrupção universal.

VEJA – Qual a sua opinião sobre os governos que, em vez de se envolver em guerras, adotam a política da neutralidade?
MAQUIAVEL – Muito embora eu ouça louvar por toda parte a política da neutralidade, não posso aprová-la. Em toda minha experiência dos negócios públicos e em tudo o que li sobre história não consigo me lembrar de um só caso em que a política da neutralidade tenha sido vantajosa. Pelo contrário, tais políticas sempre são desastrosas e levam direto à ruína.

VEJA – O governante empenhado em conduzir políticas acertadas deve ter isso sempre em mente?
MAQUIAVEL – Não imagine nunca nenhum governo poder tomar decisões absolutamente certas; pense antes em ter de tomá-las sempre incertas, pois isso está na ordem das coisas que nunca deixam, quando se procura evitar algum inconveniente, de operar um outro. A prudência está justamente em conhecer a natureza dos inconvenientes e adotar o menos prejudicial como sendo o bom.

VEJA – Muitas vezes, nessa tentativa de fazer o certo, os governantes passam por cima da Constituição. Funciona?
MAQUIAVEL – Em um Estado bem constituído, qualquer que seja o acontecimento que surja, não se deve ser obrigado a recorrer a medidas extraordinárias; porque, se as medidas extraordinárias fazem bem no momento, seu exemplo traz um mal real. O hábito de violar a Constituição para fazer o bem autoriza, em seguida, a violá-la para disfarçar o mal.

VEJA – Na prática, que o senhor conhece tão bem, é comum mexer na Constituição. Qual o modo menos traumático de fazê-lo?
MAQUIAVEL – Quem quiser mudar a Constituição de um Estado livre, de maneira que essa modificação seja bem-vinda e se possa manter com a aprovação de todos, deve salvaguardar, ao menos, a sombra das formas antigas, a fim de que o povo pouco se aperceba das mudanças, mesmo se as novas instituições sejam totalmente estranhas aos antigos; porque os homens se alimentam tanto de aparência como de realidade; muitas vezes, a aparência os impressiona mais que a realidade.

VEJA – Uma boa Constituição basta para garantir a liberdade?
MAQUIAVEL – Em toda república existem dois partidos, o dos aristocratas e o do povo; e as leis que favorecem a liberdade resultam da luta desses partidos um contra o outro. Todos os legisladores que redigiram constituições sábias para repúblicas sempre julgaram essencial estabelecer uma proteção à liberdade; e, conforme a maior ou menor habilidade com que essa proteção foi criada, a liberdade durou mais ou menos. As graves e naturais inimizades que existem entre as pessoas do povo e os nobres, causadas porque estes querem mandar e aqueles não querem obedecer, são os motivos de todos os males que surgem nas cidades, porque dessa diversidade de humores se nutrem todas as outras coisas que perturbam as repúblicas.

VEJA – Uma vez conquistada a liberdade, a quem se deve confiar sua guarda: às elites ou ao povo?
MAQUIAVEL – Na minha opinião, qualquer encargo deve sempre ser confiado a quem tenha menos inclinação a fraudá-lo. Quando o povo recebe o encargo de velar pela liberdade, ele, sendo menos inclinado a invadi-la, dará necessariamente melhor conta da incumbência; e, também, sendo incapaz de violá-la ele próprio, melhor impedirá que outros o façam.

VEJA – Ainda que para isso o povo questione as instituições?
MAQUIAVEL – A quem me disser que a grita constante do povo contra o Senado, a indisposição do Senado contra o povo, as correrias nas ruas e mesmo, em certos casos, a fuga dos habitantes da cidade para escapar aos tumultos – a quem me disser que tais fatos são meios bem estranhos de atingir um fim conveniente responderei que esses mesmos fatos só podem assustar os que apenas os vêem e que todo Estado livre deve dar ao povo uma válvula, por assim dizer, para as suas ambições.

VEJA – E quando os protestos populares geram violência?
MAQUIAVEL – Quem se der ao trabalho de examinar com cuidado os resultados daquelas agitações verá que elas jamais foram causa de violências ou de quaisquer prejuízos ao bem geral e se convencerá de que, pelo contrário, elas deram de fato origem a leis vantajosas para as liberdades públicas.

VEJA – Há, nas universidades de hoje, modelos teóricos de sociedades mais justas e igualitárias. O senhor acredita que a humanidade construirá um mundo melhor?
MAQUIAVEL – O que eu não sei, embora gostasse de saber, é exatamente quando uma determinada política pode ajudar e quando pode prejudicar. O paladar é ofendido pelas coisas amargas, mas tampouco lhe agradam as doces demais. De modo que os homens se cansam do bem, do mesmo modo que se irritam com o mal.

VEJA – Apesar de crítico da Igreja, o senhor não vê nenhuma atuação positiva em termos de melhorar as coisas desse mundo?
MAQUIAVEL – Se, nos inícios da república cristã, a religião tivesse permanecido fiel aos princípios de seu fundador, os Estados e as repúblicas da cristandade seriam mais unidos e bem mais felizes. Não há melhor indício de seu declínio do que o fato de que os povos mais próximos da Igreja de Roma, líder da nossa religião, é que são os menos religiosos. A ponto de que, se confrontarmos os princípios que presidiram a sua criação e o uso que é feito deles hoje, julgaremos próxima a hora da sua ruína ou da calamidade.

VEJA – Mas a religiosidade não é um fator importantíssimo para o povo italiano?
MAQUIAVEL – Em virtude dos maus exemplos que lhe vêm de Roma, a Itália perdeu toda a devoção e todo o sentimento religioso, o que dá origem a uma infinidade de desregramentos e de desordens: porque, assim como a presença da religião pressupõe todo tipo de bem, sua ausência dá a entender o contrário. Nós temos portanto, nós, italianos, uma primeira dívida para com a Igreja e os padres: a de termos perdido todo o sentimento religioso e de nos termos tornado maus. Mas nós lhe devemos outra coisa, ainda mais importante, e que é a segunda das causas de nossa ruína: terem mantido e manterem sempre o nosso país dividido.

VEJA – Como a Igreja tem contribuído para a fragmentação política da Itália?
MAQUIAVEL – Jamais país algum viveu unido e próspero se não foi submetido inteiramente, como a França e a Espanha, a um só governo: república ou monarquia. E, se a Itália não chegou a isso e não se encontra igualmente unida sob a autoridade de uma só república ou de um só príncipe, a única responsável é a Igreja. Ela conseguiu instalar-se na península e aí deteve um poder temporal. Mas, por um lado, ela não foi nem bastante poderosa nem bastante hábil para impor sua supremacia e assegurar-se da soberania; e, por outro, nunca foi tão fraca a ponto de que o temor de perder o seu domínio temporal a dissuadisse de chamar uma potência estrangeira em seu socorro contra um outro Estado italiano que se tornara, na sua opinião, poderoso demais.

VEJA – Não há um pouco de exagero em culpar a Igreja romana por tantos problemas dos italianos?
MAQUIAVEL – Para convencer as pessoas prontamente, pela experiência, da verdade das minhas afirmações, seria preciso mandar a corte de Roma, com a autoridade que goza na Itália, residir no território dos suíços, o único povo que, em matéria de religião e de disciplina militar, permaneceu fiel aos costumes antigos. Ver-se-ia em pouco tempo os costumes censuráveis dessa corte causarem aí mais distúrbios do que qualquer outro acidente jamais pôde produzir na história desse país.

VEJA – Qual conselho fundamental o senhor daria a um governante?
MAQUIAVEL – É preciso fazer todo o mal de uma só vez a fim de que, provado em menos tempo, pareça menos amargo, e o bem pouco a pouco, a fim de que seja mais bem saboreado.

VEJA – É recomendável cooptar antigos adversários?
MAQUIAVEL – Os príncipes, e particularmente os príncipes novos, têm encontrado muito mais fidelidade entre os homens que, no início do seu principado, foram considerados suspeitos do que entre aqueles nos quais eles tinham inicialmente confiado. Os homens que, no início do seu principado, haviam sido seus inimigos e cuja condição é tal que para manter-se têm necessidade de apoio, estes o príncipe poderá sempre ganhar para a sua causa com grande facilidade.

VEJA –Para um governante, é preferível ser temido ou amado?
MAQUIAVEL – Eu respondo que é necessário ser um e outro; mas, como é bem difícil reunir as duas condições, é mais seguro se fazer temer que amar. Porque o amor se mantém por um vínculo de obrigações que, já que os homens são pérfidos, é rompido quando se ofereça ocasião de proveito particular; mas o temor se mantém por um receio de castigo, que não se abandona jamais.

sexta-feira, janeiro 25, 2008

E nao era aloprado?


25/01/2008 - 17h20


Polícia Federal detém passageiro com US$ 1,3 milhão no aeroporto de Guarulhos
Da Redação
Em São Paulo


A Polícia Federal deteve, nesta sexta-feira, um passageiro com passaporte brasileiro que foi flagrado com US$ 1,3 milhão não declarados dentro da mala no aeroporto de Guarulhos, na Grande São Paulo, informou uma fiscal da Receita Federal.

Cinco pessoas foram presas e duas estão foragidas após ação da Polícia Federal e do Ministério da Previdência Social, realizada nesta sexta-feira em Governador Valadares (MG), com o objetivo de desmontar uma quadrilha especializada em fraudes à Previdência. Levantamento inicial indica que os prejuízos podem superar R$ 10 milhões.
OPERAÇÃO CONTRA FRAUDE
LEIA MAIS
HOMEM INVADE MISSA EM SP
O homem, de ascendência asiática e que fala português, desembarcou nesta manhã em um vôo que partiu da China e fez escala em Frankfurt, na Alemanha, disse a fiscal por telefone.

"Ele foi selecionado para inspeção, e quando passou pelo raio-x, foi identificado grande quantidade de papel. O dinheiro estava embrulhado no meio de revistas e catálogos em vários pacotes", afirmou a funcionária da Receita.

O próprio passageiro informou que o montante seria de US$ 1,3 milhão, mas não disse a origem do dinheiro. Uma checagem revelou que a renda anual dele declarada em 2007 foi de R$ 18 mil. Ele está detido sob custódia da PF enquanto a contagem do dinheiro é efetuada.

A legislação brasileira determina que todo viajante que entrar ou sair do país com mais de 10.000 reais, em moeda nacional ou estrangeira, é obrigado a declarar o valor à fiscalização aduaneira.

Como a quantia não foi declarada, a Receita Federal faz um termo de retenção e o dinheiro será repassado ao Banco Central, informou a fiscal.

Com informações da Agência Estado e Reuters

No Blog Perolas de Alvaro Caputo....




A midia

Pesquisa realizada pela multinacional de relações públicas Edelman mostrou que 64% dos brasileiros consideram a mídia a mais confiável das instituições. Conforme informou ontem a coluna Ancelmo Gois, no GLOBO, o governo é a instituição de menos credibilidade para os brasileiros — apenas 22% das pessoas ouvidas disseram ter confiança.A pesquisa foi realizada em 18 países, entre outubro e novembro, em entrevistas por telefone. No Brasil, 150 pessoas foram ouvidas. Foi a nona pesquisa realizada pela empresa e, pela primeira vez, grupos foram separados por idade: de 25 a 34 anos e de 35 a 64. Um dos dados des$é que só em três países — Holanda, Suécia e China — o governo foi considerado a instituição de maior credibilidade

O Globo

 
O defensor dos frascos e comprimidos...

A boa técnica ensina que o texto jornalístico deve ser enxuto. Há ocasiões, porém, em que a notícia reclama a companhia de um vocábulo supérfluo. É o caso de uma pesquisa divulgada nesta quinta-feira (24) pelo IBGE. A pesquisa trata da situação do trabalho nas regiões metropolitanas. Impossível noticiá-la sem usar uma das convenções de linguagem mais abominadas nas redações de jornal: “Por outro lado.”

Diz o IBGE que a taxa de desemprego nas seis principais regiões metropolitanas do país foi, em 2007, de 9,3%. É o índice mais baixo desde 2002, ano em que o levantamento começou a ser feito. Por outro lado, o rendimento médio do trabalhador brasileiro no ano passado (R$ 1.145,08) foi menor do que o registrado cinco anos atrás (R$ 1.205,39).Observadores mais benevolentes dirão: R$ 1.145,08 de média salarial! Nada mal! Por outro lado, o IBGE informa que, em 2007, as mulheres continuaram recebendo contra-contra-cheques com valores médios 70,5% abaixo dos montantes pagos aos homens.

Em quatro das seis regiões pesquisadas, a taxa de desemprego ficou abaixo da média nacional: Porto Alegre (5,3%), Belo Horizonte (5,5%), Rio (6,1%) e São Paulo (8%); Por outro lado, o índice situou-se acima da média em duas regiões: Recife (9,9%) e Salvador (11,4%).

Registraram-se altas no nível de emprego de determinados setores: indústria extrativa, de transformação e distribuição de eletricidade, gás e água (5,4%); construção (12,6%); educação, saúde, serviços sociais, administração pública, defesa e seguridade social (4,3%); serviços domésticos (5,9%); e outros serviços (2,3%). Por outro lado, outros setores amargaram um decréscimo: comércio, reparação de veículos automotores e de objetos pessoais e domésticos e comércio a varejo de combustíveis (-0,7%); e serviços prestados à empresas, aluguéis, atividades imobiliárias e intermediação financeira (-4,2%).

Blog do Josias

quinta-feira, janeiro 24, 2008

NO JORNAL O REBATE [FUNDADO EM 16 DE ABRIL DE 1932]

A FAMILIA DE CELSO DANIEL NO EXILIO
http://www.jornalorebate.com.br/site/

Também no Portal Unicamp, o mesmo artigo sobre a familia de Celso Daniel

http://www.unicamp.br/unicamp/canal_aberto/clipping/janeiro2008/clipping080123_correiopop.html#2

Também no Jornal Rol- Região On Line,

A familia de Celso Daniel no Exílio

http://www.itapedigital.com.br/rol/index.php?option=com_content&task=view&id=2462

Blog CONTROVÉRSIA
A FAMILIA DE CELSO DANIEL NO EXILIO
http://blog.controversia.com.br/2008/01/24/a-familia-de-celso-daniel-no-exilio/

BLOG CLAUDIO HUMBERTO

REPERCUSSÃO DO ARTIGO SOBRE A FAMILIA DE CELSO DANIEL NO EXILIO

Claudiohumberto. com. br

Blog Perolas , de Alvaro Caputo, mais um trabalho de Antonio Romane...




Piadas
No Curso de Medicina, o professor se dirige ao aluno e pergunta:
- Quantos rins nós temos?
- Quatro! Responde o aluno.
- Quatro? - Replica o professor, arrogante, daqueles que se comprazem em tripudiar sobre os erros dos alunos.
- Traga um feixe de capim, pois temos um asno na sala, ordena o professor a seu auxiliar.
- E para mim um cafezinho! - Replicou o aluno ao auxiliar do mestre.
- O professor ficou irado e expulsou o aluno da sala.
O aluno era, entretanto, o humorista Aparício Torelly Aporelly (1895-1971), mais conhecido como o 'Barão de Itararé'. Ao sair da sala, o aluno ainda teve a audácia de corrigir o furioso mestre:
- O senhor me perguntou quantos rins 'nós temos'. 'Nós' temos quatro: dois meus e dois teus. Tenha um bom apetite e delicie-se com o capim.'

Se a economia do Brasil crescer mais de 4,8% este ano, no cenário atual de chuvas insuficientes, haverá risco de racionamento de energia elétrica em 2009, que contraria o otimismo do presidente Lula. A conclusão é de um relatório da Empresa de Pesquisa Energética e do Operador Nacional do sistema. O governo prevê crescimento econômico superior a 5% este ano.

JB


As Frases mais idiotas ou "a mais profunda Çabedoria"....

“A ‘epidemia’ de febre amarela e o ‘apagão’ da eletricidade foram os grandes temas da mídia deste começo de 2008. Cada negação do governo era posta na conta de querer esconder a incompetência, negando a evidência. Tínhamos epidemia e não tínhamos luz esse era o mantra. Agora já não temos epidemia, mas para alguns jornais ainda não temos luz, mesmo assim podemos pelo menos ler e saber como somos (des) informados”
Estrategista petista Luis Favre[o “marido”], em seu blog, sobre a cobertura da imprensa no blog da Época


No mundo da Lula (ops, desculpem nossa falha, no mundo da Lua, onde tudo vale...)
O governo recriou ontem à noite por meio de medida provisória programas de distribuição de bolsas que haviam sido derrubados ano passado pelo Congresso. Os auxílios, com valores entre R$ 100 e R$ 400, fazem parte do Programa Nacional de Segurança Pública e Cidadania (Pronasci), o chamado PAC da segurança pública, e desde já prometem gerar polêmica. No primeiro dia de 2008, ano de eleições municipais, entrou em vigor nova lei eleitoral que proíbe a criação e a ampliação de programas sociais. O governo argumenta que as novas bolsas estão atreladas a programas de qualificação ou à prestação de serviços.

O Globo

Pérolas, Deboches e Frases do dia......

Ontem o IBGE publicou pesquisa de emprego nas seis grandes regiões metropolitanas. A comemoração, acompanhada pela grande imprensa, que engole press release com uma facilidade imensa, é que o Brasil chegou ao menor índice de desemprego desde 2002. Uma meia verdade. Para não ser engambelado como os nossos jovens e valentes repórteres, quando chegar na notícia lá no IBGE, clique em "Indicador Conjuntural" e abra toda a pesquisa em word.

A verdade inteira é que continuamos tendo 1,7 milhões de desempregados nas grandes regiões metropolitanas. E que em janeiro de 2003, primeiro mês da era Lula, o rendimento médio nestas regiões era de R$ 1.108 mensais. Cinco anos depois, em novembro de 2007, o rendimento médio é de apenas R$ 1.114 mensais, uma ridícula variação positiva de menos de 1% nos salários.

Blog Coturno Noturno http://coturnonoturno.blogspot.com/


Aqui, conheça a popularidade dos presidentes do continente. O mais popular é Álvaro Uribe, da Colômbia, com 78%. O menos popular é Nicanor Duarte, do Paraguai, com 17%. Lula, com 50%, está em nono lugar. E George Bush, com 34%, em décimo segundo. A pesquisa é da Encuestadora Mitofsky, do México.

Blog Coturno Noturno


Jesus foi crucificado entre o bom e o mau ladrão. Havia 50% de bons ladrões naquele tempo - não é admirável?

Millôr  citado no blog do Mario Araujo
No Páginas Dois (Porque temos opinião) artigo de Roberto Romano sobre o Exilio da Família de Celso Daniel

http://www.paginadois.com/

No Blog de Marta Bellini, a foto do ano, em se tratando de triste adulaçao.




Segue um trecho de Plutarco, no tratado "Como distinguir o amigo do adulador". O texto, dos mais importantes na ética do ocidente, com presença cultural do helenismo ao século 19, foi lido por Shakespeare (remember Iago), La Boétie, Rousseau, Diderot, etc. O trecho está em inglês, pois o retirei do site Plutarch´s Moralia [http://www.bostonleadershipbuilders.com/plutarch/moralia/index.htm] que traz os preciosos escritos éticos do grande médico e moralista. Se tivessemos seriedade, em cada antesala do poder nacional deveria estar depositado um volume do tratado sobre o bajulador. Pelo menos, os chaleiras teriam maior auto-consciência no exercício da profissão de lamber as botas dos que mandam (sempre por algum tempo...por enquanto, ou enquanto a fórmula Chavez não der certo nestas pobres Americas).

Segue a foto que envergonha todo paranaense que sente aquilo que os gregos chamam de Aidós. E a notícia do dia é que, de acordo com os procedimentos mais anti-éticos, os "defensores" do Benefactor paranaense prepararam um "dossier" contra o juiz que ousou usar suas prerrogativas para impedir o uso de meios públicos para promoção pessoal e para ataques tíbios contra os que não estão no poder.

Todo apoio ao juiz. Todo repúdio ao troglodita e aos seus súditos.

Roberto Romano


Thus I am varily persuaded the Gods confer several benefits upon us which we are not sensible of, upon no other motive in the world than the mere pleasure and satisfaction they take in acts of kindness and beneficence.

But on the contrary, the seemingly good offices of a flatterer have nothing of that sincerity and integrity, that simplicity and ingenuousness, which recommend a kindness, but are always attended with bustle and noise, hurry, sweat and contracting the brow, to enhance your opinion of the great pains he has taken for you; like a picture drawn in gaudy colors, with folded torn garments, and full of angles and wrinkles, to make us believe it an elaborate piece and done to the life.

Besides, the flatterer is so extremely troublesome in recounting the weary steps he has taken, the cares he has had upon him, the persons he has been forced to disoblige, with a thousand other inconveniencies he has labored under upon your account, that you will be apt to say, The business was never worth all this din and clutter about it.

For a kindness once upbraided loses its grace, turns a burden, and becomes intolerable. But the flatterer not only reproaches us with his services already past, but at the very instant of their performance; whereas, if a friend be obliged to speak of any civility done another, he modestly mentions it indeed, but attributes nothing to himself. Thus, when the Lacedaemonians supplied the people of Smyrna in great scarcity of provisions, and they gratefully resented and extolled the kindness; Why, replied the Spartans, it was no such great matter, we only robbed ourselves and our cattle of a dinner. For a favor thus bestowed is not only free and ingenuous, but more acceptable to the receiver, because he imagines his benefactor conferred it on him without any great prejudice to himself.

¶ HOW TO TELL A FLATTERER 7: A flatterer labors to please you; a friend, to profit you. [23] But the temper of a flatterer is discernible from that of a friend not only in the easiness of his promises and the troublesome impertinence that attends his good offices, but more signally in this, that the one is ready to promote any base and unworthy action, the other those only which are fair and honest. The one labors to please, the other to profit you. For a friend must not, as Gorgias would have him, beg another’s assistance in a just undertaking, and then think to compensate the civility by contributing to several that are unjust.
In wisdom, not in folly, should they join.
¶ As Phocion said to Antipater: "I cannot be your friend and your flatterer." And if, after all, he cannot prevail upon him, he may disengage himself with the reply of Phocion to Antipater; Sir, I cannot be both your friend and your flatterer, — that is, Your friend and not your friend at the same time /8/. For we ought to be assistant to him in his honest endeavors indeed, but not in his knaveries; in his counsels, not in his tricks; in appearing as evidence for him, but not in a cheat; and must bear a share in his misfortunes, but not in his acts of injustice. For if a man ought not to be as much as conscious of any unworthiness in his friend, how much less will it become him to partake in it? Therefore, as the Lacedaemonians, defeated and treating of articles of peace with Antipater, prayed him to command them any thing, howsoever grievous and burthensome to the subject, provided it were not base and dishonorable; so a friend, if you want his assistance in a chargeable, dangerous, and laborious enterprise, embarks in the design cheerfully and without reserve; but if such as will not stand with his reputation and honor, he fairly desires to be excused. Whereas, on the contrary, if you offer to put a flatterer upon a difficult or hazardous employment, he shuffles you off and begs your pardon. For but sound him, as you rap a vessel to try whether it be whole or cracked, full or empty; and he shams you off with the noise of some paltry, frivolous excuses. But engage him in any mean, sordid, and inglorious service, abuse him, kick him, trample on him, he bears all patiently and knows no affront. For as the ape, who cannot keep the house like a dog or bear a burden like an horse or plough like an ox, serves to be abused, to play the buffoon, and to make sport; so the parasite, who can neither plead your cause nor be your counsel nor espouse your quarrel, as being averse from all painful and good offices, denies you in nothing that may contribute to your pleasure, turns pander to your lust, pimps for a whore, provides you an handsome entertainment, looks that your bill be reasonable, and sneaks to your miss; but he shall treat your relations with disrespect and impudently turn your wife out of doors, if you commission him. So that you may easily discover him in this particular. For put him upon the most base and dirty actions; he will not spare his own pains, provided he can but gratify you.
¶ HOW TO TELL A FLATTERER 8: A friend delights in your friends, but a flatterer will seek to separate you from your true friends by speaking ill of them.
¶ Even the mighty Alexander entertained flatterers who turned him against his oldest faithful friends.

[24] There remains yet another way to discover him by his inclinations towards your intimates and familiars. For there is nothing more agreeable to a true and cordial acquaintance than to love and to be beloved with many; and therefore he always sedulously endeavors to gain his friend the affections and esteem of other men. For being of opinion that all things ought to be in common amongst friends, he thinks nothing ought to be more so than they themselves. But the faithless, the adulterate friend of base alloy, who is conscious to himself of the disservice he does true friendship by that false coin of it which he puts upon us, is naturally full of emulation /9/ and envy, even towards those of his own profession, endeavoring to outdo them in their common talent of babbling and buffoonry, whilst he reveres and cringes to his betters, whom he dares no more vie with than a footman with a Lydian chariot, or lead (to use Simonides’s expression) with refined gold. Therefore this light and empty counterfeit, finding he wants weight when put into the balance against a solid and substantial friend, endeavors to remove him as far as he can, like him who, having painted a cock extremely ill, commanded his servant to take the original out of sight; and if he cannot compass his design, then he proceeds to compliment and ceremony, pretending outwardly to admire him as a person far beyond himself, whilst by secret calumnies he blackens and undermines him. And if these chance to have galled and fretted him only and have not thoroughly done their work, then he betakes himself to the advice of Medius, that arch parasite and enemy to the Macedonian nobility, and chief of all that numerous train which Alexander entertained in his court. This man taught his disciples to slander boldly and push home their calumnies; for, though the wound might probably be cured and skinned over again, yet the teeth of slander would be sure to leave a scar behind them. By these scars, or (to speak more properly) gangrenes and cancers of false accusations, fell the brave Callisthenes, Parmenio, and Philotas /10/; whilst Alexander himself became an easy prey to an Agnon, Bagoas, Agesias, and Demetrius, who tricked him up like a barbarian statue, and paid the mortal the adoration due to a God. So great a charm is flattery, and, as it seems, the greatest with those we think the greatest men; for the exalted thoughts they entertain of themselves, and the desire of a universal concurrence in the same opinion from others, both add courage to the flatterer and credit to his impostures. Hills and mountains indeed are not easily taken by stratagem or ambuscade; but a weak mind, swollen big and lofty by fortune, birth, or the like, lies naked to the assaults of every mean and petty aggressor.

DE UM AMIGO, VEM A CITAÇAO DE UM BELO ARTIGO DE MAGNOLI.




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Uma estrela vermelha no jardim
Demétrio Magnoli



Na América hispânica, a piñata é um boneco artesanal de papel, recheado de doces. Em ocasiões festivas, as crianças rompem a piñata a pauladas, apropriando-se do máximo de guloseimas que conseguirem capturar. A Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) tomou o poder na Nicarágua em 1979, derrubando a ditadura de Anastácio Somoza. As propriedades do clã do ditador foram transferidas para o Estado e os dirigentes sandinistas passaram a viver em mansões que pertenceram aos Somozas. Dez anos e uma guerra civil depois, a FSLN viu-se obrigada a promover eleições, que perdeu. Dias antes da entrega do poder, os sandinistas passaram um decreto, alcunhado como Lei da Piñata, pelo qual as mansões se converteram em propriedade privada de seus ocupantes.

Daniel Ortega, o presidente sandinista, tornou-se proprietário de sete imóveis. Tomás Borge e Bayardo Arce, altos dirigentes da FSLN, também participaram da divisão do butim. Depois daquele ato, os sandinistas aliaram-se aos antigos somozistas, tanto na política quanto nos negócios.

No ano em que se dissolvia a guerra fria, a piñata sandinista descortinou hipóteses insuspeitadas de articulação entre o Estado, a riqueza privada e os dirigentes de esquerda. A Nicarágua é um país muito mais simples que o Brasil, mas o paradigma estabelecido por Ortega inspira o lulo-petismo na sua trajetória de associação com a ’burguesia nacional’. A aquisição da Brasil Telecom (BrT) pela Oi (ex-Telemar) é um desenvolvimento estratégico da piñata lulo-petista.

A Oi é controlada pelos grupos Andrade Gutierrez, de Sérgio Andrade, e La Fonte, de Carlos Jereissati. A antiga Telemar financiou a fundo perdido a Gamecorp, empresa de Fábio Luiz Lula da Silva. A Andrade Gutierrez desempenhou, nas eleições de 2006, o papel de maior doador de campanha do pai famoso do empresário Fábio Luiz. No desenho da aquisição da BrT, o BNDES desviará recursos públicos para formar a maior parte do capital necessário à transferência patrimonial. A operação criará um quase-monopólio, o que contraria as regras das concessões de telecomunicações. Ela só poderá consumar-se mediante uma canetada de papai Lula, mudando o Plano Geral de Outorgas. A figura da prevaricação descreve o crime de funcionário público que, contrariando a lei, pratica ou deixa de praticar ato de ofício a fim de satisfazer interesse pessoal. Compete aos juristas decidir se a alteração casuística das regras para favorecer a concretização de um negócio específico deve ser tipificada como prevaricação.

Como o Brasil não é a Nicarágua, a piñata de Lula depende da fabricação de um artefato ideológico nacionalista. Aristóteles dos Santos, sindicalista petista que ocupa o cargo de ouvidor da Anatel, divulgou um relatório ’técnico’ no qual aplaude a hipótese de instituição de uma grande empresa nacional de telecomunicações capaz de competir com os grupos internacionais do setor. Encarregado de zelar pelos interesses dos usuários e pelas regras de concessão, o ouvidor avaliza um negócio cuja legalidade depende da mudança nas regras destinadas a proteger a concorrência, que é um interesse público. Samuel Johnson (1709-1784) classificou o patriotismo como ’o refúgio derradeiro dos canalhas’. Enquanto evolui o bloco carnavalesco do álibi patriótico, Carlos Jereissati e Sérgio Andrade entoam o Hino Nacional diante do altar dos juros subsidiados do BNDES.

Na hora da sua inesperada derrota parcial, no primeiro turno das últimas eleições presidenciais, o lulo-petismo agarrou-se, como a bóia de salvação, ao expediente de denunciar um suposto programa privatizante do candidato de oposição. Geraldo Alckmin esquivou-se da obrigação de desnudar o sentido regressivo do discurso eleitoral estatista, preferindo erguer uma patética bandeira de rendição, na forma de logotipos de empresas estatais colados à sua indumentária. A operação Oi-BrT comprova uma vez mais o caráter farsesco daquele discurso, que há muito não corresponde ao programa lulo-petista. Mas, sobretudo, ela evidencia que os ex-socialistas substituíram a sua crença anacrônica nas virtudes das estatais pelo apego interessado a um capitalismo de máfias no qual empresa e empresário devem cumprir o papel de sócios ocultos da elite política detentora do poder de Estado.

Raymundo Faoro, em Os Donos do Poder, descreveu o patrimonialismo tradicional, de raízes lusitanas, que ocupou lugar destacado na construção do capitalismo cartorial brasileiro. Aparentemente, a piñata lulo-petista inscreve-se na linha de continuidade dessa tradição e a nova elite política apenas reproduz a trilha seguida por tantos antecessores que ergueram lucrativas pontes entre a riqueza pública e os patrimônios privados. O fenômeno atual, contudo, tem um traço inovador, que o singulariza. No lugar da simples captura fragmentária da riqueza pública por agentes econômicos e seus intermediários políticos, desenvolve-se um movimento de conjunto pelo qual uma nova elite política, organizada como partido, transfigura o poder de Estado em instrumento de sua associação com os donos do capital.

A novidade encontra-se na natureza orgânica do processo. A corrupção da nova elite precisa de um lastro doutrinário, que funciona como solda entre as camarilhas dirigentes e uma base nem sempre passiva de militantes e simpatizantes. O movimento não exclui lucrativas operações pessoais, nem está isento de fricções internas. Mesmo assim, esses são atritos secundários, cujas ondas de choque se esterilizam no jogo de pressões e concessões da máquina partidária lulo-petista.

Quando se instalou no Palácio da Alvorada, Marisa Letícia mandou o jardineiro acrescentar uma estrela vermelha aos jardins da residência presidencial. Aquilo era mais que uma travessura: a primeira-dama estava produzindo uma metáfora política e sinalizando um rumo estratégico.
Demétrio Magnoli é sociólogo e doutor em Geografia Humana pela USP. E-mail: demetrio.magnoli@terra.com.br


COMENTÁRIO: AS DUAS NOTÍCIAS ABAIXO, EXTRAÍDAS DA FOLHA DE SÃO PAULO, APRESENTAM SEMELHANÇAS ESTRATÉGICAS.

1) PARTO DA SEGUINTE AFIRMAÇÃO DE ANALISTAS POLÍTICOS SÉRIOS: "O ESTADO É COMOUM PERDEDOR RUIM QUE ÀS VEZES MODIFICA AS REGRAS DO JOGO. O ESCÂNDALO QUE RECOBRE A ´RAZÃO DE ESTADO´TANTO ATRAIÇOA NOSSO DESÂNIMO DE GOVERNADOS QUANTO NOSSO CETICISMO DIANTE DAS LEIS CONSTITUCIONAIS" (CHRISTIAN LAZZERI E DOMINIQUE REYNIÉ" IN LA RAISON D´ÉTAT: POLITIQUE ET RATIONALITÉ - A RAZÃO DE ESTADO, POLÍTICA E RACIONALIDADE, PARIS, PUF, 1992).

2) NAS DUAS NOTÍCIAS ENCONTRAMOS O JOGADOR ESTATAL NO FLAGRANTE DELITO DE FRAUDAR AS REGRAS DO JOGO DEMOCRÁTICO. NAS DUAS, OS GOVERNANTES SÃO PEGOS NO ATO DE MENTIR.

3) NOS EUA, POR FORÇA DA RAZÃO DE ESTADO (TRAZIDA À ALTURA PEQUENA DO CLAN BUSH E SÓCIOS) A MENTIRA PROCURA DISTORCER A PRÁTICA DA ACCOUNTABILITY, HERANÇA ESSENCIAL DAQUELA DEMOCRACIA. ANTES DA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL SERIA IMPENSÁVEL O JOGO TAL COMO PRATICADO POR BUSH EM SEU PAÍS. MAS COM OS PÉS NA EUROPA, OS EUA APRENDERAM AS LIÇÕES DE BISMARCK E SEMELHANTES. BISMARCK É O LÍDER QUE DESEJAVA A GUERRA CONTRA A FRANÇA MAS TINHA A DESAPROVAÇÃO DO REI CONTRA SEUS PLANOS. ELE CONSEGUIU A GUERRA AO CORTAR COM UMA BELA TESOURA O INÍCIO E O FINAL DE UM DESPACHO FRANCÊS QUE ERA QUASE UMA DECLARAÇÃO DE PAZ. COM A SUA TESOURA FAMOSA, ELE DISTORCEU O DESPACHO. E DE IMEDIATO SOLTOU PARA A IMPRENSA EUROPÉIA O TEXTO ADULTERADO. QUANDO O REI ALEMÃO LEU OS JORNAIS NA MANHÃ SEGUINTE, NÃO TEVE ESCOLHA, PORQUE A "NOTÍCIA VERDADEIRA" ERA A FABRICADA POR SEU MINISTRO BELICOSO. A GUERRA FOI DECLARADA, COM AS VIOLÊNCIAS TODAS QUE ACABARAM, PARA DESGRAÇA DA HUMANIDADE, NAS PRIMEIRAS E SEGUNDAS GUERRAS MUNDIAIS.

OBSERVAÇÃO: NÃO HAVERIA O IMPACTO DESEJADO POR BISMARCK, SE A IMPRENSA FOSSE MAIS RESPEITOSA DA VERDADE E MENOS RESPEITOSA EM RELAÇÃO AOS "FUROS" E AOS LUCROS COM NOTÍCIAS QUE VENDEM JORNAIS, CAPTAM PROPAGANDA, ETC. BISMARCK TEVE NA IMPRENSA A SUA GRANDE ALIADA. COMO ALIÁS, SEUS SUCESSORES NO PODER EUROPEU.

NOS EUA A TRADIÇÃO ERA OUTRA. MAS ELES APRENDERAM NA ESCOLA DE ESTADO OS PROCEDIMENTOS OPOSTOS A TUDO O QUE SERVIU PARA A FUNDAÇÃO DE SUA REPÚBLICA, COMO POR EXEMPLO O RESPEITO PELA LIBERDADE DE IMPRENSA MAS TAMBÉM O RESPEITO PELO ELEITOR E LEITOR.

COMO DIZ A NOTÍCIA SOBRE BUSH, NÃO HAVERIA O IMPACTO DESEJADO PELO GOVERNANTE, SEM A COBERTURA ACRÍTICA (EU DIRIA, CÚMPLICE) DA IMPRENSA.

A TRAGÉDIA É IMENSA, COMO PODE SER DEPREENDIDO PELOS RESULTADOS. NÃO CONSIDERO QUE SADAM HUSSEIN E A ALKAEDA SEJAM SANTOS. PELO CONTRÁRIO. E CONSIDERO QUE AS AÇÕES CONTRÁRIAS AO TERRORISMO SE JUSTIFICAM. AGRESSÕES DE FORÇA DEVEM SER PARALISADAS PELA FORÇA, SOBRETUDO PORQUE AS AÇÕES TERRORISTAS SÃO COVARDES E USAM CIVIS COMO ESCUDOS DE PROTEÇÃO. ELES MENTEM DA MANEIRA MAIS CRUA, MENTEM COM SUAS BOMBAS JOGADAS EM MULHERES, HOMENS, VELHOS, CRIANÇAS, MENTEM AO DIZER QUE COMBATEM POR SUA FÉ, QUANDO DE FATO COMBATEM PARA AUMENTAR O PODER DE SUAS FACÇÕES POLÍTICAS.

NEM POR ISSO A DISTORÇAO DA VERDADE PELO ESTADO SE JUSTIFICA. SOBRETUDO DA MANEIRA BANAL COM QUE A MENTIRA —SERIA ESTA A "NOBRE MENTIRA" PRECONIZADA POR PLATÃO, NA HERMENÊUTICA DE LEO STRAUSS E OUTROS INSPIRADORES DO ATUAL GOVERNO ESTADUNIDENSE?— É PRATICADA ALÍ, DESDE O FAMIGERADO CORONEL NORTH.

PASSEMOS À COMÉDIA.

VEJAM A REUNIÃO MINISTERIAL, TODA ELA CONSAGRADA À TAREFA DE ESTABELECER ESTRATÉGIAS PARA VENCER AS PRÓXIMAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS, QUANDO O MUNDO ENFRENTA UMA CRISE VIOLENTA NA ECONOMIA, O BRASIL ENFRENTA O APAGÃO AÉREO (NADA RESOLVIDO),O APAGÃO NA SAÚDE PÚBLICA, NA EDUCAÇÃO, ETC. A FRIVOLIDADE DOS MINISTROS E DO SUPOSTO MAGISTRADO É DE ASSUSTAR.

NO INTERIOR DA REUNIÃO PARA DECIDIR SOBRE AS MENTIRAS ELEITORAIS, CONFISSÕES DE OUTRAS MENTIRAS, MANIPULAÇÕES, DEBOCHE E FALTA DO INDISPENSÁVEL DECORO.

O MINISTRO DIZ QUE RECEBE PREFEITOS E PARLAMENTARES (SEMPRE SEM RECURSOS, DADA A CONCENTRAÇÃO CRIMINOSA DE IMPOSTOS NAS MÃOS DO EXECUTIVO FEDERAL= 70% DOS IMPOSTOS). E AFIRMA, GLORIOSO, LHES MOSTRAR "UMA CENOURA". TODOS SABEM O QUE A IMAGEM SIGNIFICA. TRATA-SE DE ENGANAR O BURRO, PARA QUE ELE SIGA ADIANTE, MESMO COM A BARRIGA VAZIA. O "ESPERTO" MINISTRO, PHD NA ARTE DE ENGANAR, RECEBE UMA ADVERTÊNCIA DO PRESIDENTE : A BRINCADEIRA PODE RENDER PEPINOS. O GESTO TODOS CONHECEM, POIS OS BRAÇOS AFASTADOS MOSTRAM O TAMANHO DA GENITÁLIA A AMEAÇAR OS TRASEIROS DO MANIPULADOR E MESTRE EM PSEUDOLOGIA. O GESTO É INDECENTE, DEBOCHA DE TODA A NAÇÃO E POR SI SÓ, SE FOSSEMOS UM PAÍS SÉRIO, SERVIRIA PARA INICIAR UM PROCESSO CONTRA QUEM O PRATICOU.

E SEM FALAR NA DESENVOLTURA COM A QUAL O PRESIDENTE COMPARA O SEU CONCILIÁBULO À SANTA CEIA. NESTA ÚLTIMA, O ÚNICO TALVEZ A PARTICIPAR DE MANIPULAÇÕES E DEBOCHES, SERIA JUDAS ISCARIOTES (POR TRINTA DINHEIROS, O QUE TRAZ AO LEITOR CRISTÃO PERTURBADORAS SEMELHANÇAS COM ALGUNS PROCESSOS JUDICIAIS DE HOJE, COMO É O CASO DO MENSALÃO).

VOLTANDO ÀS DUAS NOTÍCIAS. A DOS EUA REPRESENTA UMA TRAGÉDIA ANTIGA, ANTERIOR MESMO À EXISTÊNCIA DAQUELA NAÇÃO. FOI UM SOBERANO FRANCÊS QUEM USOU DE MODO EXAUSTIVO O SLOGAN DA RAZÃO DE ESTADO MENTIROSA : "QUEM NÃO SABE DISSIMULAR, NÃO SABE REINAR" (LUIS XI).[ler Adrianna Bakos: Images of kingship in early modern France, Louis XI in political tought. 1560-1789, London/New York, 1997] TRAGÉDIA SIM, PORQUE ESPERANÇAS NA FIDELIDADE À PALAVRA DEFINEM A SORTE DA ORDEM DEMOCRÁTICA.

NO BRASIL, É A COMÉDIA, A PORNOCHANCHADA, A FALTA DE PRUDÊNCIA COM AS VERDADEIRAS QUESTÕES DE ESTADO.

CENOURAS, PEPINOS, ABOBRINHAS DITAS POR MINISTROS QUE DEVERIAM FALAR DE SEGURANÇA, SAÚDE, EDUCAÇÃO, TÉCNICAS, ETC.

É O FIM DA FEIRA. E CHEGAMOS AO NOME MAIS ADEQUADO AO ATUAL MINISTÉRIO, COM SEU DIRIGENTE:

GOVERNO DA XÊPA! OU MELHOR: DA GUIMBA!


SEGUE A DEFINIÇÃO DO AURÉLIO:

XEPA

Acepções substantivo feminino
Regionalismo: Brasil. Uso: informal.
1 comida servida em quartel
2 sobra de alimento; resto de comida não consumido
3 papel velho e já utilizado, recolhido com o objetivo de venda para reciclagem em fábrica de celulose
4 Regionalismo: Rio de Janeiro.
cada uma das últimas mercadorias expostas em uma feira livre, ger. mais baratas e de menor qualidade
5 Regionalismo: Rio de Janeiro.
sobra de alimento não vendido ao término de feira ou mercado, recolhido ou pechinchado por consumidores
6 Regionalismo: Santa Catarina.
m.q. guimba

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Folha, 24 de janeiro de 2008


Em reunião, Lula faz citação a Santa Ceia e a pepinos
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Brincadeiras, referências bíblicas e até citações a "cenouras" e "pepinos" marcaram a reunião ministerial . O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comparou a reunião de ontem com os 37 ministros à Santa Ceia, a última refeição entre Jesus Cristo e os apóstolos. Lula ocupava a cabeceira da mesa.
Em maio de 2006, Lula já havia se referido à Santa Ceia, ao dizer que a proposta de reforma sindical não atenderia aos interesses de todos. "Só Cristo pode ter unanimidade. Mesmo assim, na Santa Ceia ele não teve, porque teve um traidor lá."
Em um dos momentos de descontração da reunião de ontem, o ministro Hélio Costa (Comunicações), ao comentar o relacionamento com deputados e senadores, gabou-se de ter um "software" com histórico de todas as votações. Ele disse que usava as informações para cobrar parlamentares ou mesmo negar pedidos de audiência.

Márcio Fortes (Cidades) disse que não se recusa a receber ninguém seja a hora que for. Por isso, a estratégia dele, segundo relato à Folha por ministros presentes, é sempre "encontrar uma cenoura" para mostrar ao parlamentar que há alternativas para atendê-lo. Nesse momento, Lula teria alertado: "Mas pode vir um pepino em troca", provocando risos.

Em outro momento, ministros disseram ao colega Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) que ele deveria levar ao bispo de Barra (BA), d. Luiz Cappio, o balanço do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Geddel, que travou polêmica com Cappio sobre a transposição do rio São Francisco, teria xingado o bispo. O ministro, porém, negou.

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Governo Bush fez 935 declarações falsas de 2001 a 2003, diz estudo
Com discurso sobre Iraque, presidente encabeça lista, compilada após o 11/9

DA ASSOCIATED PRESS

Um estudo do Centro pela Integridade Pública e do Fundo pela Independência no Jornalismo, organizações sem fins lucrativos, constatou que o presidente George W. Bush e funcionários importantes de seu governo fizeram 935 declarações falsas sobre a ameaça que o Iraque representava à segurança dos EUA nos dois anos seguintes aos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001. O estudo, divulgado na noite de anteontem, conclui que as declarações eram "parte de uma campanha orquestrada que galvanizou a opinião pública e, no processo, levou o país à guerra sob pretextos incontestavelmente falsos".

Os pesquisadores descobriram que discursos, briefings, entrevistas e outras ocasiões serviram para que Bush e outros funcionários do governo declarassem inequivocamente em ao menos 532 ocasiões que o Iraque tinha armas de destruição em massa, estava tentando produzi-las ou obtê-las, ou que mantinha laços com a rede terrorista Al Qaeda.
"Tornou-se inquestionável, hoje, que o Iraque não possuía armas de destruição em massa nem tinha vínculos com a Al Qaeda", escrevem Charles Lewis e Mark Reading-Smith na sinopse do estudo. "O governo Bush conduziu o país à guerra com base em informações errôneas que as autoridades propagaram metodicamente, em um processo que culminou com a ação militar contra o Iraque em 19 de março de 2003."

Além de Bush, o estudo cita o vice-presidente Dick Cheney, a então assessora de segurança nacional Condoleezza Rice, o secretário da Defesa Donald Rumsfeld, o secretário de Estado Colin Powell, o secretário-assistente da Defesa Paul Wolfowitz e os porta-vozes da Casa Branca Ari Fleischer e Scott McClellan -com exceção de Rice, que substituiu Powell, todos já deixaram o governo. Bush está no topo da lista, com 259 falsas declarações, seguido por Powell. Os números advêm de um banco de dados que compilou declarações públicas nos dois anos após o 11 de Setembro, bem como relatórios do governo, livros, reportagens, discursos e entrevistas. "O efeito cumulativo dessas declarações falsas, amplificadas por milhares de reportagens em mídia impressa e eletrônica, foi imenso, e a cobertura de mídia criou um ruído quase impenetrável por diversos meses", diz o estudo.

"Alguns jornalistas e organizações noticiosas admitiram que sua cobertura nos meses que precederam a guerra foi deferente e acrítica demais. Boa parte dessa cobertura abrangente sobre o tema ofereceu validação adicional, "independente", às falsas declarações do governo Bush."

Tradução de PAULO MIGLIACCI

quarta-feira, janeiro 23, 2008

DE UM AMIGO, ATENTO ÀS MUDANÇAS DE ARES, LUGARES, ATITUDES, ETC. NO BRASIL, RECEBO O TEXTO ABAIXO, QUE DESCONHECIA. É DE ESTARRECER A FACILIDADE COM A QUAL A ÉTICA É REMETIDA À CAIXA DE LIXO, EM NOME DO PRAGMATISMO REALISTA. E PENSAR QUE LINGUAS PETISTAS, DURANTE DÉCADAS, ABOMINARAM TAL IDIOMA...MAS NADA ESTRANHO: A DITADURA (DE DIREITA E DE ESQUERDA) É SEMPRE REALISTA COM O CHAPÉU ALHEIO. EU ME LEMBRO BEM DO MEU TEMPO DE DOUTORAMENTO NA FRANÇA. O SLOGAN DA PROPAGANDA LANÇADO PELO EMBAIXADOR BRASILEIRO NA ÉPOCA, O SR. NETTO, ERA "VENHAM POLUIR EM NOSSA CASA" (O BRASIL). ACHO ESTRANHO QUE MARINA SILVA E DEMAIS "VERDES" DO ATUAL GOVERNO, ACEITEM O APOIO DO SR. NETTO, SEM UMA PALAVRA...DE PROTESTO. TEMPOS MUDAM, MAS O CARÁTER DAS PESSOAS É MAIS DIFICIL DE MUDAR. SE O SR. NETTO NÃO MUDOU, ENTÃO OU TEMOS NO GOVERNO PESSOAS DE MESMA TEMPORA EXIBIDA POR ELE, OU TEMOS HIPÓCRITAS, OU TEMOS INCONSCIENTES. TALVEZ TODAS AS HIPÓTESES SEJAM VÁLIDAS.
ROBERTO ROMANO



Jogo de alto risco e pouca ética


Antonio Delfim Neto - Jornal O Valor



22/01/2008


A tabela acima revela de forma crua o que sofreu o contribuinte brasileiro nos últimos 19 anos. Diante desse fantástico aumento da carga tributária que cresceu a 3,3% ao ano, enquanto a renda per capita crescia a 0,9%, e da contínua deterioração da qualidade dos serviços (segurança, justiça, saúde, educação, transportes etc.) fornecidos pela União, pelos Estados e pelos municípios, a sociedade brasileira internalizou dois sentimentos que lentamente estão gerando conseqüências:


1º ) que os serviços públicos brasileiros têm a mais alta relação custo/benefício do mundo e

2º ) que há, na verdade, dois Brasís: o das autoridades, das corporações da administração direta e das empresas estatais que se apropriaram do Estado. Seus afortunados habitantes tem bons salários, mais serviços públicos e muito melhor aposentadoria. Conseguiram isso controlando o outro Brasil: aquele no qual vive a esmagadora maioria dos que "ganham a vida honestamente" e existem apenas para servi-los...



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Carga tributária cresceu a 3,3% ao ano
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Enganam-se os que pensam que foram as políticas de redução da pobreza (que consome parcos recursos) ou as políticas que aumentam a igualdade de oportunidade (condição necessária para a sobrevivência da sociedade democrática) ou a generosa política assistencial-redistributiva estabelecida pela Constituição de 1988, as principais responsáveis pelo aumento da carga tributária. Tudo isso somado à eliminação do financiamento inflacionário (até 1994) talvez tivesse exigido um aumento da carga tributária de 24% para 28% ou 30% do PIB para garantir o equilíbrio fiscal definitivo. Essa seria uma carga aceitável para um país emergente pobre mas com sensibilidade social.

Pelo menos metade do aumento da carga tributária entre 1988 e 2007 se deve aos equívocos da política econômica, particularmente a do primeiro mandato de FHC quando, com uma taxa de juro real inacreditável, acumulamos uma enorme dívida interna atribuindo-a confortavelmente aos "esqueletos" deixados pelos outros... Felizmente as dificuldades daquele momento impuseram a convicção que boa parte das tarefas do Estado poderiam e deveriam ser transferidas para o setor privado e reguladas por agências que protegeriam os consumidores e garantiriam os investidores. Infelizmente o processo foi paralisado no meio do caminho e o governo Lula só recuperou a boa idéia (mas ainda não se conformou com ela) no seu segundo mandato.

Reconheçamos a seguinte situação que envolve os orçamentos e é um pouco mais do que hipotética.

Normalmente: 1º ) existe uma subestimação da receita da União pelo Executivo (e uma superestimação pelo Legislativo!); 2º ) existem despesas (ou aumento de despesas) "projetadas" (desejadas, mas não comprometidas) que podem ser eliminadas ou adiadas; 3º ) existem desperdícios substanciais (viagens, financiamentos "ad libitum" de ONGs que no Brasil são jaboticabas não governamentais financiadas pelo governo!); finalmente, 4º ) existe uma ineficiência visível, a olho nu, na gestão dos serviços públicos e no uso de recursos nas emendas parlamentares. Esses fatos só adquirem visibilidade quando um cataclisma, como o atual, exige uma freada de arrumação. Todo orçamento sob escrutínio cuidadoso admite (sem prejuízo sensível) algum enxugamento. O ideal é que se fizesse isso permanentemente, com um bom sistema de orçamentação que partisse de uma receita estimada em discussão pública transparente que o Executivo respeitaria na sua proposta original e que o Congresso não pudesse rever, o que não acontece.

Voltemos agora à pedestre realidade. O Congresso cortou R$ 40 bilhões de receita da CPMF e só aprovou a continuação da DRU (Desvinculação da Receita da União) sob o compromisso (exigência ou chantagem, uma vez que sua eliminação produziria o caos financeiro?) que o Executivo desse sua palavra que não proporia aumento compensatório de imposto. Este tem de conformar-se com o fato que vai ter que cortar, mas não tem plena certeza que poderá fazê-lo sem comprometer o equilíbrio fiscal e a continuidade da redução da relação dívida/PIB que são fundamentais para manter a estabilidade monetária a tanto custo conquistada. Suspeita-se que mesmo cortando fundo a despesa talvez seja necessária alguma compensação de receita. Para não deixar encerrar a oportunidade, realiza um movimento tático preventivo (aumenta o IOF e o CSSL) para eventualmente não tornar impossível aquele equilíbrio sem o qual morreria o "espírito do desenvolvimento" recém acordado. Sob tal ameaça renega a palavra empenhada sob chantagem e enfrenta dura condenação.

Mesmo correndo o risco de ser considerado um miserável pragmatista é preciso perguntar se é relevante invocar solução ética baseada em princípios apriorísticos que não levam em conta o custo da ação para esse jogo de altíssimo risco entre parceiros simetricamente pouco éticos (do ponto de vista dos "princípios"), cujas ações obedecem a um único "princípio": conservar ou conquistar o poder?
Antonio Delfim Netto é professor emérito da FEA-USP

Na perspectiva etica de publicar os varios lados...

...MENTIRA COMO TERRA
Celso Lungaretti (*)

O presidente George W. Bush e altas autoridades do governo norte-americano emitiram nada menos do que 935 declarações falsas sobre as armas de destruição em massa que o Iraque possuiria ou estaria produzindo, de forma a obterem o aval do Congresso e da população dos EUA para a invasão de um país soberano e a derrubada do seu primeiro mandatário.

Foi o que concluíram o Centro da Integridade Pública e o Fundo para a Independência do Jornalismo, duas organizações jornalísticas sem fins lucrativos. Ambas acabam de divulgar estudo segundo o qual, nos dois anos seguintes aos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, as mentiras governamentais foram disseminadas via pronunciamentos, relatórios, entrevistas e outros meios, como „parte de uma campanha organizada que direcionou efetivamente a opinião pública e, no processo, empurrou o país para uma guerra com indiscutíveis falsas pretensões".

Os jornalistas Charles Lewis e Mark Reading-Smith, ao apresentarem as conclusões desse estudo no site do Centro ( http://www.publicintegrity.org/WarCard/ ), comentaram: "Agora é incontestável que o Iraque não possui nenhuma arma de destruição em massa. Em outras palavras, o governo Bush levou a nação à guerra baseado em informações equivocadas propagadas metodicamente e que culminaram numa operação militar contra o Iraque em março de 2003".

Entre os pinóquios de alto escalão figuram também o vice-presidente Dick Cheney, a secretária de Estado Condoleezza Rice, o ex-secretário de Defesa Donald Rumsfeld e o ex-secretários de Estado Colin Powell e Paul Wolfowitx.

Nos EUA, a imprensa lamenta amargamente ter-se deixado embalar pelos cantos de sereia oficiais e discute procedimentos a serem adotados para evitar novos logros. É verdade que, a exemplo do caso Watergate, os governantes só conseguiram iludir os jornalistas durante algum tempo, acabando por ser desmascarados.

No entanto, naquele episódio ainda houve tempo para atenuarem-se os danos, com a renúncia forçada do presidente Richard Nixon e a incriminação de vários dos seus cúmplices. Desta vez, tudo indica que Bush encerrará o mandato sem ser punido por sua responsabilidade direta ou indireta na morte de mais de 150 mil iraquianos e a desestabilização de uma pequena nação.

* Celso Lungaretti é jornalista e escritor. Mais artigos em http://celsolungaretti-orebate.blogspot.com/
SE APLICASSEM O TESTE DA PERSONALIDADE AUTORITÁRIA
[cf. Adorno, Theodor, e outros : Authoritarian Personality W.W. Norton & Company, 1994] NOS QUE VOTARAM NO GOVERNADOR, DARIA O MÁXIMO EM TUDO.EXPLICANDO: A PERSONALIDADE AUTORITÁRIA TEM HORROR DE QUALQUER AUTONOMIA AUTONOMIA E NUNCA DÁ ORDENS, APENAS DESEJA RECEBER ORDENS, AS MAIS DURAS. ELA AS CUMPRE COM PRAZER QUASE ERÓTICO. É UM OUTRO NOME PARA A PREDISPOSIÇÃO AO FASCISMO. NÃO EXISTE OUTRA EXPLICAÇÃO PARA O BOVINO COMPORTAMENTO DIANTE DE UM MICRO CHAVEZ, O QUAL SE PERMITE BERRAR COM OS SEUS "SUBORDINADOS". AGORA AS PESSOAS COMEÇAM A ERGUER A ESPINHA NAQUELE ESTADO. ESPEREMOS QUE O NÚMERO DOS SERVOS VOLUNTÁRIOS DIMINUA, PARA QUE A COR RUBRA APAREÇA NAS FACES.

Roberto Romano
(paranaense, com muita tristeza por enquanto).






O ESTADO DE SÃO PAULO,23/01/2008


Requião tira TV Educativa do ar, abre crise e procuradora se demite

Há duas semanas governador foi impedido por determinação judicial de usar emissora para atacar adversários

Julio Cesar Lima e Paulo Darcie

Irritado com decisão judicial que o proibiu de fazer críticas a desafetos e rivais políticos pela Rádio e TV Educativa (RTVE)do Paraná, o governador Roberto Requião (PMDB) suspendeu ontem a transmissão de uma reunião com prefeitos que havia chamado ao Palácio das Araucárias e deixou a emissora pública fora do ar, sem programação. Ele se disse vítima de censura. O gesto inesperado abriu uma crise no Executivo paranaense, agravada com o pedido de demissão da procuradora-geral do Estado, Jozélia Nogueira Broliani, a quem Requião destratou em público.

A polêmica que levou o governador a tirar a Educativa do ar teve início em dezembro, quando o Ministério Público Federal propôs à Justiça ação civil pública contra ele e a direção da TV, sob alegação de que estaria utilizando a emissora com “desvio de finalidade” para criticar adversários. Os ataques de Requião ocorriam nas reuniões da Escola de Governo, nome do programa levado ao ar às terças-feiras, quando ele recebia prefeitos e secretários de Estado oficialmente para anunciar medidas de interesse público.

O Ministério Público pretendia que a Justiça tirasse imediatamente o programa do ar. O desembargador Edgar Lippmann Júnior, do Tribunal Regional Federal (TRF) da 4ª Região, não concordou com a medida extrema, mas determinou ao governador que parasse com as críticas que atingiam até mesmo o Ministério Público e o próprio Judiciário.

Lippmann impôs, em caso de desobediência, multa de R$ 50 mil. Na reincidência, a sanção subiria para R$ 200 mil. Para o magistrado, os comentários do governador “transbordam, escancaradamente, os limites da função educativa da RTVE”.

Como parte da punição, a TV Educativa deveria pôr no ar ontem, a cada 15 minutos, uma manifestação da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) em defesa do Judiciário. Essa ordem partiu do próprio desembargador Lippmann.

A emissora exibiu durante todo o dia um slide com a marca da RTVE e, de tempos em tempos, surgia um pronunciamento do presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Maurício Azêdo, a favor do governador.

Requião foi além. Mandou inserir a palavra “censurado” na programação, ressaltando as suas críticas à decisão judicial. Ontem, depois de suspender a transmissão, ele tratou aos berros a procuradora-geral do Estado, insatisfeito com a linha de defesa por ela adotada. Inconformada, Jozélia pediu demissão por meio de carta.

A assessoria de Requião informou que “a procuradora não tinha mais a confiança necessária para o cargo e ao sair apenas antecipou um processo de demissão que estava a caminho”. Segundo a assessoria, “não havia mais sintonia entre a procuradoria e o governo”. O novo procurador-geral é Carlos Frederico Marés de Souza Filho.

À tarde, o juiz federal Loraci Flores de Lima indeferiu pedido da emissora para tentar suspender a obrigatoriedade de divulgação da nota da Ajufe.

A Associação Nacional dos Procuradores da República considerou as reações de Requião como atos jocosos e de desrespeito à procuradora Antonia Lelia Sanches , que entrou com a ação, e a Lippmann: “Não se pode admitir que o governador utilize suas prerrogativas como chefe do Executivo para ferir a honra de membros de outros Poderes e órgãos independentes da República.”

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Paraná classificou de inaceitáveis as agressões verbais sofridas pela procuradora, mas lamentou a decisão judicial que obriga a RTVE a veicular nota de apoio a Lippmann. “A OAB considera necessário o resgate do equilíbrio, da serenidade e do respeito.”


A ÍNTEGRA DA CARTA

“Senhor Governador

Há algum tempo tenho percebido haver divergência de sua parte com relação a posturas corretas por mim adotadas, sempre pautadas na defesa do Estado do Paraná e do interesse público. Em inúmeras situações percebi sua incompreensão, o que fez subtrair, de minha parte ao menos, a indispensável segurança que deve haver por parte do chefe do Poder Executivo aos seus secretários de Estado.

Hoje pela manhã, contudo, senhor governador, Vossa Excelência superou-se. Em público, diante da imprensa e de todos os demais secretários de Estado, as agressões verbais ultrapassavam todos os limites de tolerância, de civilidade e, com todo respeito e sinceridade, de educação também.

Na certeza de ter pautado minha atuação institucional sempre de acordo com o interesse público, comunico a Vossa Excelência que estou deixando, neste momento, o cargo de procuradora-geral do Estado e todas as outras atribuições que me foram delegadas.

Retiram-se, também, das respectivas funções, a diretora-geral, a chefe de gabinete e a assessoria técnica.”

Jozélia Nogueira
Procuradora-geral do Estado

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