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quarta-feira, janeiro 30, 2008

EM 2008 ESTE ESPAÇO RETORNARÁ À SUA INSPIRAÇÃO INICIAL, QUAL SEJA, A DE PUBLICAR PARA OS ESTUDANTES DA UNICAMP OS TEXTOS DAS AULAS PROFERIDAS POR MIM, NO CURSO DE FILOSOFIA. COMEÇO COM A EMENTA DO CURSO DE ÉTICA I QUE MINISTRAREI NO DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA NESTE SEMESTRE. APÓS CADA AULA, SERÁ PUBLICADO O TEXTO (SEMPRE ENTRO NA SALA COM O TEXTO DA AULA REDIGIDO9 SEM REVISÕES, ETC. POIS SE TRATA ANTES DE TUDO DE TRABALHO IN FIERI. CREIO QUE ASSIM CUMPRO MELHOR MINHAS OBRIGAÇÕES DO QUE AO ESCREVER COISAS QUE INCOMODAM AS PESSOAS, FEREM O CARINHO QUE ELAS EXPERIMENTAM POR SI MESMAS, ME TRAZEM ABORRECIMENTOS.
RR.




NSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS -CURSO DE GRADUAÇÃO EM FILOSOFIA – 30
1o. Semestre de 2008

DISCIPLINA HG 303A ÉTICA I - PRÉ-REQUISITOS: HG 207 / HG 208 / AA 200

HORÁRIO: 6a. F. 08h às 12h

PROFESSOR RESPONSÁVEL:

Prof. Roberto Romano


EMENTA
A partir da leitura de textos clássicos pertinentes ao assunto, o curso analisará algumas questões centrais da ética, como a teoria da ação, o bem supremo, a justificação da moralidade, etc.

PROGRAMA


Interpretações de Maquiavel.


O curso analisará a noção de “maquiavelismo” em textos de Maurice Merleau-Ponty, após a publicação, na revista Les Temps Modernes, de um artigo redigido por Claude Lefort, sobre Trotsky. Neste escrito, Lefort afirma que Trotsky tinha sido tolhido pela ética do bolchevismo, com os ritos da centralização, do profissionalismo revolucionário, do profundo desprezo pela democracia burguêsa. Para entender a contradição do líder perseguido pelo Estado soviético,seria preciso descer até as raízes ideológicas e filosóficas dos que efetivaram a Revolução de 1917 (Cf. Lefort, Claude: “La contradiction de Trotsky et le problème révolutionnaire”, Révue Les Temps Modernes, número 39). A publicação doartigo, no periódico dirigido por Jean Paulo Sartre, trouxe uma querela a mais entre o autor de O Ser e o Nada e Merleau-Ponty. A questão política da revolução, a partir daí, seguiu para a busca dos fundamentos filosóficos do poder burocrático exercido por Moscou. Merleau-Ponty afirma (“La dialectique en action”, in Les aventures de la dialectique) que o essencial, para entender a contradição dos militantes contrários aos procedimentos do Partido Comunista da URSS, seria passar às bases da própria filosofia marxista, nos textos de Karl Marx. “O marxismo, e não o bolchevismo, fundamenta as intervenções do Partido sobre as forças que já estão alí e a praxis sobre uma verdade histórica”. O debate levantado por Lefort suscitou em Marleau-Ponty reflexões sobre Maquiavel que suscitaram a pesquisa do próprio Lefort sobre o Florentino. Os resultados parciais da investigação encontram-se no livro Machiavel, le travail de l ´oeuvre).O curso seguirá a ordem cronológica dos textos de Lefort e de Marleau-Ponty, a começar com a exposição e análise do artigo mencionado, “La contradiction de Trotsky”. Depois virá o exame dos escritos de Merleau-Ponty, em especial o também indicado “La dialectique en action”. Em seguida será lido e debatido o artigo “Note sur Machiavel”, também de Merleau-Ponty. Como último passo, será lido e analisado o livro de Claude Lefort, Machiavel, le travail de l ´oeuvre. Não se trata de uma exploração exaustiva dos problemas trazidos pelo debate suscitado por Claude Lefort. O alvo do curso é recuperar alguns elementos da discussão política e filosófica do período, para indicar os nexos entre o pensamento de Maquiavel e a filosofia francêsa. O escritor florentino teve recepções as mais diversas na França, desde o Renascença. Desde seus críticos como o autor da Vindiciae contra tyrannos (1581) aos seus adeptos como Gabriel Naudéautor das Considerations politiques sur les coups d´État (1639), a política e a filosofia francêsas receberam profundas marcas de Maquiavel, sobretudo no que diz respeito à alternância entre as fórmulas de O Príncipe e o republicanismo dos Dircursos
sobre a primeira Década de Tito Livio
. No debate sobre a política bolchevista ocorrido no interior da Revista Les Temps
Modernes
, a sombra de Maquiavel é a mais presente. Trata-se, no curso, de encontrar os contornos destasombra e de consultar os escritos do próprio Maquiavel, para aquilatar se a leitura proposta por Merleau-Ponty se mantem e se a exposição de Claude Lefort pode ser retomada em nossos dias.


PLANO DE DESENVOLVIMENTO


Após cada aula expositiva, dada pelo professor, um aluno analisará um texto em seminário de uma hora. Na primeira aula serão atribuídos os referidos textos aos estudantes, os quais farão além de uma análise conceitual sobre o escrito, realizarão pesquisas históricas, políticas e filosóficas relacionadas com o escrito que discutirão em classe.


BIBLIOGRAFIA
1) Junius Brutus, Etienne: Vindiciae contra tyrannos. Ed. A. Jouanna, Genève,Droz, 1979. [O professor tem a edição e pode colocá-la ao dispôr dos alunos interessados.]

Lefort, Claude: “La contradiction de Trotsky”, Révue Les Temps Modernes,
número 39.
Éléments d'une critique de la bureaucratie, Paris, Droz, 1971.
Le Travail de l'oeuvre, Machiavel, Paris, Gallimard, 1972 (republié coll.
« Tel », 1986).
Un Homme en trop. Essai sur l'archipel du Goulag, Paris, Le Seuil, 1975
(republié, Le Seuil poche - 1986).
. Sur une colonne absente. Autour de Merleau-Ponty, Paris, Gallimard,
1978.
L'Invention démocratique, Paris, Fayard, 1981.
• Écrire à l'épreuve du politique, Paris, Calmann-Lévy, 1992.
Machavelli, Niccolò : Opere, a cura di Corrado Vivanti, 2 v. Torino,
Einaudi/Gallimard, 1997.
Naudé, Gabriel: Considérations politiques sur les coups d´État. A Gallica
(Biblioteca Nacional da França) tem o livro em edição organizada
por Simone Goyard-Fabre, cuja versão eletrônica pode ser copiada.
Ponty, Maurice-Merleau:
.Humanisme et Terreur. Paris, Gallimard, 1947.
. Éloge de la Philosophie. Paris, Gallimard, 1953
.Les aventures de la Dialectique. Paris, Gallimard, 1955.
. Signes.Paris, Gallimard, 1960.
Tambosi, Orlando: Perché il marxismo ha fallito. Lucio Colletti e la storia di una grande illusione.. Milão: Mondadori, 2001

A lista acima é apenas inicial. Na pesquisa a ser efetuada pelos alunos, trabalhos
históricos, políticos, filosóficos serão acrescentados. De particular interesse, como passo primeiro, é a leitura da História do Marxismo, coordenada por Eric J. Hobsbawn.

FORMAS DE AVALIAÇÃO
A presença e a participação em aula valerão metade da nota do curso. O seminário exposto valerá 25% da nota. O texto final, escrito pelo aluno individualmente, os restantes 25%.

HORÁRIO DE ATENDIMENTO A ALUNOS
sexta feira, das 14 às 16 horas, na sala do professor

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