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15/1/2008
Conferência do Papa em universidade romana gera protestos
Uns 67 professores da principal universidade pública de Roma, La Sapienza, pediram numa carta ao reitor Fabrício Guarini que cancele a visita do papa Bento XVI previsgta para a próxima quinta-feira, dia da inauguração do ano acadêmico. Os professores consideram que a visita é ‘incongruente’ com a laicidade da pesquisa científica. A notícia é amplamente publicada e comentada nos jornais italianos de hoje e pelos jornais El País, Clarín, O Globo e O Estado de S. Paulo, 15-01-2007.
Entre os 67 professores que assinaram a carta, publicada ontem na imprensa italiana, estão alguns dos maiores físico do país. Entre eles, Andrea Frova, autor do livro sobre Galileu e a Igreja, Luciano Maiani, presidente do Comitê Nacional de Pesquisa, Carlo Bernardini, Giorgio Parisi e Carlo Cosmelli.
No texto da carta, os professores se referem a um fato ocorrido há 18 anos. “No dia 15 de março de 1990, o então cardeal, num discurso na cidade de Parma, Joseph Ratzinger citou Feyerabend e disse: ‘ Na época de Galileu, a Igreja permaneceu muito mais fiel à razão do que o próprio Galileu. O juízo contra Galileu foi razoável e justo’. São palavras que, como cientistas fiéis à razão (...) nos ofendem e nos humilham”.
A carta ecoou amplamente entre os estudantes que convocaram uma manifestação de protesto para a quinta-feira. Contudo, o reitor da universidade precisou que a inauguração do ano acadêmico e a visita papal serão dois atos separados e Bento XVI será saudado como “mensageiro da paz”.
Os estudantes de física convocaram uma ‘semana anticlerical’ para os próximos dias. Os alunos católicos, ao contrário, preparam uma amanhã uma vigília de oração noturna na capela da universidade.
Solidária com o protesto, Lidia Menapace, senadora, segundo o jornal Repubblica, provoca: “Por que o presidente da Itália, Napolitano, não é convidado para inaugurar o ano acadêmico da Pontifícia Universidade Gregoriana?”
Por outro lado, a celebração, no último domingo, de uma missa na Capela Sistina com o Papa celebrando de costas para os fiéis, gerou muitas discussões na Igreja. Teólogos espanhóis como Juan José Tamayo e Enrique Miret Magdalena acreditam que isso pode significar o regresso do obscurantismo da Igreja católica. “Bento XVI está demonstrando uma negação das reformas do Concílio Vaticano II, colocando-se na pior tradição do Concílio de Trento”, afirmou Tamayo.
Outras opiniões, mais próximas da hierarquia eclesiástica destacam que a referida celebração não implica em nenhuma mudança, mas numa ampliação da liturgia. “Sublinha-se que toda a Igreja, fiéis e sacerdotes, orientam igualmente sua oração a Deus por meio de Cristo”, afirmou o professor de liturgia da Universidade de Navarra, José Luis Gutiérrez.
