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quinta-feira, julho 31, 2008


31/07/2008 - 14h06

Farc estão infiltradas na alta esfera do Brasil, segundo revista colombiana


Em Bogotá
A presença das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) no Brasil "chegou até as mais altas esferas" do Governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao PT, aos líderes políticos brasileiros e ao Poder Judiciário, publicou hoje a revista colombiana "Cambio".

A conclusão foi tirada de supostos e-mails encontrados no computador do ex-porta-voz internacional das Farc "Raúl Reyes", afirma a última edição da revista, que entrou em circulação hoje.

  • Reprodução

    Segundo a publicação colombiana, as Farc mantiveram contato com José Dirceu, que era ministro da Casa Civil; Roberto Amaral, ex-ministro de Ciência e Tecnologia; Erika Kokay, deputada; Gilberto Carvalho, chefe de Gabinete; Celso Amorim, ministro das Relações Exteriores; Marco Auréio Garcia, assessor de Assuntos Internacionais; Perly Cipriano, representante da Secretaria Especial dos Direitos Humanos; Paulo Vanucci, ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos e Selvino Heck, assessor presidencial

O Governo colombiano, no entanto, "usou seletivamente os arquivos do computador de 'Raúl Reyes'".

A publicação acrescenta que com "Equador e Venezuela, (os arquivos) foram usados para colocar em contradição (o presidente venezuelano Hugo) Chávez e (o presidente equatoriano Rafael) Correa, hostis a (o chefe de Estado colombiano Álvaro) Uribe".

Com o Brasil, "a articulação foi feita embaixo da mesa para não comprometer Lula, que se mostrou mais hábil e menos combativo com a Colômbia", destacou a revista "Cambio".

Nos e-mails de "Reyes" - cujo nome verdadeiro era Luis Edgar Devia e que foi morto por tropas colombianas em solo equatoriano em primeiro de março - são mencionados "cinco ministros, um procurador-geral, um assessor especial da Presidência, um vice-ministro, cinco deputados, um vereador e um juiz superior" brasileiros, acrescentou a revista.

Algumas mensagens foram escritas durante o processo de paz da Colômbia entre 1998 e 2002 em San Vicente del Caguán, durante o Governo do então presidente colombiano Andrés Pastrana, "e envolvem um prestigioso juiz e um alto ex-oficial das Forças Armadas brasileiras".

A mesma reportagem diz que "a expansão das Farc na América Latina não incluiu apenas funcionários dos Governos de Venezuela e Equador, mas também comprometeu importantes dirigentes, políticos e altos membros do PT".

A "Cambio" cita o ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu, o ex-ministro de Ciência e Tecnologia Roberto Amaral, a deputada distrital Erika Kokay e o chefe de Gabinete da Presidência da República, Gilberto Carvalho.

Também são mencionados nesses e-mails o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, o assessor especial de Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, o subsecretário de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, Perly Cipriano, o secretário de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, e o assessor presidencial Selvino Heck.

A "Cambio" disse que teve acesso aos 85 e-mails de "Reyes" entre fevereiro de 1999 e fevereiro de 2008 enviados e respondidos pelo líder máximo das Farc, "Manuel Marulanda" ou "Tirofijo", cujo nome verdadeiro era Pedro Antonio Marín e que morreu este ano.

Ainda segundo a "Cambio", há mensagens de "Reyes" para o chefe militar das Farc, "Mono Jojoy" - cujo nome verdadeiro é Jorge Briceño -, e para Francisco Antonio Cadena Collazos - conhecido como padre Olivério Medina e "Cura Camilo" e que atua como delegado das Farc no Brasil - e de todos eles com dois homens identificados como "Hermes" e "José Luis".

"Cura Camilo", preso em São Paulo em agosto de 2005, vivia no Brasil há oito anos e foi beneficiado com uma proteção especial por ser casado com uma brasileira.

Em 2006, o Comitê Nacional para Refugiados (Conare) concedeu a "Cura Camilo" o status de refugiado, decisão que pesou bastante para o Supremo Tribunal Federal (STF) negar seu pedido de extradição para a Colômbia.

"Cura Camilo" foi "chefe de imprensa" da guerrilha colombiana no início dos frustrados diálogos de paz em San Vicente del Caguán.

O chamado "dossiê brasileiro" diz que estas mensagens "revelam a importância do Brasil na agenda externa das Farc (...) para dar suporte à estratégia continental da guerrilha".

As Farc, acrescenta a "Cambio", aproveitaram "a conjuntura criada pela chegada de Lula e do influente PT ao poder para chegar até as mais altas esferas do Governo".

A "Cambio" também disse que, "apesar de os e-mails serem apenas indícios de um possível comprometimento do Governo Lula com as Farc - pois nenhum dos funcionários enviou mensagens pessoais a algum dos membros do grupo guerrilheiro - despertam muitas dúvidas que exigem uma resposta do Governo" brasileiro.

Em depoimento à Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados em abril, Garcia disse repudiar os métodos usados pelas Farc, como seqüestros, ataques terroristas e uso de dinheiro do narcotráfico.

Naquela oportunidade, Garcia afirmou que o Brasil tem que assumir uma posição de não interferir no conflito colombiano, mas que também não pode ficar indiferente.

Recentemente, Garcia classificou como "irrelevantes" as mensagens encontradas no computador periciado pelo Governo colombiano.

Consultada pela Agência Efe, a assessoria da imprensa da Presidência da República disse que desconhecia o conteúdo da matéria da "Cambio"।

El 'dossier' brasileño

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En el atardecer del sábado 19 de julio, en la hacienda Hatogrande, la casa presidencial al norte de Bogotá, el presidente Álvaro Uribe, sonriente y desparpajado como pocas veces, no dudó en ofrecerle a su homólogo brasileño Luis Inácio 'Lula' Da Silva, una copa de aguardiente antioqueño para mitigar el frío que calaba los huesos.

La copa selló la primera parte de la intensa jornada que había empezado el viernes 18 y que terminaría al domingo en Leticia con la celebración del Día de la Independencia. Una celebración que, como nunca, congregó a artistas de la talla de Shakira y a la cual concurrió también el presidente peruano Alan García.

La agenda 'Lula' y Uribe, alrededor de acuerdos bilaterales, fue condimentada con mutuos elogios públicos. El presidente Uribe les agradeció a su homólogo brasileño y a su gobierno seis años de relaciones dinámicas y de confianza. Sin embargo, en una reunión privada que sostuvieron ante muy pocos testigos, Uribe le hizo a 'Lula' un breve resumen sobre una serie de archivos que las autoridades colombianas encontraron en los computadores de 'Raúl Reyes' que comprometía a ciudadanos y funcionarios de su gobierno con las Farc.

Contrario a lo que pasó con la información relacionada con servidores públicos del Gobierno de Rafael Correa y ciudadanos ecuatorianos, que el Gobierno hizo pública, en el caso de Brasil las instrucciones del Presidente fueron mantenerlas en reserva y manejarlas diplomáticamente para no deteriorar las relaciones comerciales y de cooperación con el gobierno de 'Lula'.

El Gobierno colombiano ha usado en forma selectiva los archivos del PC de 'Raúl Reyes'. Mientras que con Ecuador y Venezuela fueron utilizados para poner en entredicho a Chávez y a Correa, hostiles con Uribe, con Brasil los ha manejado por debajo de la mesa para no comprometer a Lula Da Silva, quien se ha mostrado más hábil y menos pugnaz con Colombia que sus otros colegas.

Aún así, algunos medios brasileños tenían información parcial sobre unos pocos archivos y por eso el 27 de julio consultaron al ministro de Defensa Juan Manuel Santos, quien en una entrevista al diario O Estado de São Paulo confirmó que el Gobierno colombiano había informado a 'Lula' sobre el tema. "Hay una serie de informaciones de conexiones que entregamos al Gobierno brasileño para que pueda actuar como considere más apropiado", dijo Santos, pero se abstuvo de comentar sobre si había o no políticos y funcionarios oficiales con nexos con el grupo que hoy encabeza 'Alfonso Cano'.

A las declaraciones del Ministro respondió en forma inmediata Marco Aurelio García, asesor de política internacional de Brasil, quien calificó como irrelevantes los datos suministrados por Colombia.

'El Cura Camilo'

No se sabe con exactitud cuánta y qué tan detallada fue la información que el presidente Uribe le dio al presidente 'Lula', pero el que podría llamarse "el dossier brasileño" tendría implicaciones más serias que las derivadas de la información relacionada con Venezuela y Ecuador.

CAMBIO conoció 85 correos electrónicos que, entre febrero de 1999 y febrero de 2008, circularon entre 'Tirofijo', 'Raúl Reyes', 'el Mono Jojoy', 'Oliverio Medina' -delegado de las Farc en Brasil- y dos hombres identificados como 'Hermes' y 'José Luis'.

A juzgar por el contenido de los mensajes, la presencia de las Farc en Brasil llegó hasta las más altas esferas del gobierno de Lula, el Partido de los Trabajadores, PT -el partido del Presidente-, la dirigencia política y la administración de Justicia. En ellos son mencionados cinco ministros, un procurador general, un asesor especial del Presidente, un viceministro, cinco diputados, un concejal y un juez superior.

El personaje central de los correos es 'Oliverio Medina', también conocido como 'El Cura Camilo', un sacerdote que ingresó a las Farc en 1983 y quien en su rápido ascenso llegó a ser secretario de 'Tirofijo'. Llegó a Brasil como delegado especial de las Farc en 1997 y estuvo en Colombia durante el proceso del Caguán, en el que hizo de jefe de prensa del grupo.


(Página 2 de 4)

Tras la ruptura de las conversaciones en febrero de 2002, regresó a Brasil donde continuó su misión, y su influencia llegó hasta altos niveles de la administración de 'Lula', quien asumió el cargo en enero de 2003. Pero gracias a la presión de las autoridades colombianas, fue capturado en agosto de 2005. Colombia lo pidió en extradición, pero el Tribunal Supremo de Justicia de Brasil no solo la negó el 22 de marzo de 2007, sino que le reconoció a 'Medina' la condición de refugiado político.

Hasta el 'curubito'

La cárcel no fue obstáculo para que 'El cura Camilo' suspendiera su labor proselitista y propagandística. Prueba de ello son los numerosos correos que le envió a 'Reyes' y que muestran cómo logró llegar hasta la cúpula del gobierno brasileño.

Cuatro de los correos conocidos por CAMBIO se refieren al presidente 'Lula'. En uno de ellos, fechado el 17 de julio de 2004, 'Raúl Reyes' le dice a 'Tirofijo' que el gobierno de 'Lula' ayudaría con el acuerdo humanitario: "Los curas me enviaron carta pidiendo entrevista con ellos en Brasil -escribe 'Reyes'-. Según dicen hablaron con 'Lula' y este asumió el compromiso de ayudar en lo del acuerdo humanitario, intercediendo ante Uribe para efectuar la reunión en su país".

En el segundo, fechado el 25 de septiembre de 2006, 'Oliverio Medina' le cuenta a 'Reyes': "No le he dicho que hace algunos días 'Lula' llamó al ministro Pablo Vanucchi (ministro de la Secretaría Nacional de DD.HH.), indicándole que telefoneara al abogado Ulises Riedel y lo felicitara por el éxito jurídico en su brillante defensa a favor de mi refugio".

En el tercero, con fecha 23 de diciembre de 2006, 'Medina' le informa a 'Reyes' que "a 'Lula' y dos de sus asesores que nos han ayudado les mandé el afiche de aguinaldo". Los funcionarios son Silvino Heck, asesor especial del Presidente, y Gilberto Carvalho, jefe de Gabinete, que aparecen mencionados en un correo del 23 de febrero de 2007, también dirigido a 'Reyes': "Es posible que me visite un asesor especial de 'Lula' llamado Silvino Heck, que junto con Gilberto Carvalho ha sido otro que nos ha ayudado bastante".

Entre los 85 correos conocidos por CAMBIO, hay uno sin fecha, también enviado por 'Medina' a 'Reyes', que dice: "Estuve hablando con la diputada federal María José Maninha. Quedamos en que va a abrirme camino rumbo al Presidente vía Marco Aurelio García". García es secretario de Asuntos Internacionales.

No menos comprometedores son aquellos en los que aparecen mencionados algunos ministros. En uno de ellos, dirigido a 'Reyes' el 4 de junio de 2005 por un tal 'José Luis', figura el nombre del ministro de la Presidencia José Dirceo. "Llegó un joven de unos 30 años y se presentó como Breno Altman (dirigente del PT), me dijo que venía de parte del ministro de la Presidencia José Dirceo, que por motivos de seguridad ellos habían acordado que las relaciones no pasaran por la Secretaría de Relaciones Internacionales, sino que se hicieran directamente a través del ministro con la representación de Breno".

Al final del mensaje, 'José Luis' dice que el Gobierno brasileño y el PT le darán protección a 'Medina' mientras avanza el trámite de la extradición: "Le repliqué (sic) si podíamos estar tranquilos, que no lo iban a secuestrar o a deportar a Colombia y me contestó: 'Pueden estar tranquilos' ".

En un correo del 24 de junio de 2004, 'Reyes' le comenta a 'Medina' sobre la posible salida de Dirceo del Gabinete y le dice: "De ser cierto, esta medida en provecho de los detractores de 'Lula' puede afectar la incipiente apertura de las relaciones con nosotros".

Las Farc también intentaron llegar al despacho del ministro de Relaciones Exteriores, Celso Amorín. En un correo del 22 de febrero de 2004, 'José Luis' le escribe a 'Reyes': "Por intermedio del legendario líder del PT Plinio Arruda Sampaio, le llegamos a Celso Amorín, actual ministro de Relaciones Exteriores. Plinio nos mandó a decir con Albertao (concejal de Guarulhos) que el Ministro está dispuesto a recibirnos. Que tan pronto tenga un espacio en su agenda nos recibe en Brasilia".

El Procurador y el Juez

El embajador de las Farc hizo tan bien su oficio que también logró llegar hasta el procurador Luis Francisco De Souza, quien es mencionado en un extenso correo del 22 de agosto de 2004 que 'Medina' y 'José Luis' le enviaron a 'Reyes' y a 'Rodrigo Granda': "Él dio el siguiente consejo: andar con una máquina de fotografía y en lo posible con una grabadora para en caso de volver a parar un agente de información fotografiarlo y grabarlo, teniendo cuidado de no permitirle que agarre la cámara y la grabadora। Que en relación con lo sucedido hagamos una denuncia dirigida a él como Procurador para hacerla llegar al jefe de la Policía Federal y a la Agencia Brasileña de Información".

Algunos correos fueron escritos durante el proceso del Caguán e involucran a un prestigioso juez y a un alto ex oficial de las Fuerzas Armadas brasileñas. Por ejemplo, en uno fechado el 19 de abril de 2001, 'Mauricio Malverde' le informa a 'Reyes': "El juez Rui Portanova amigo nuestro, nos planteó que quiere ir a los campamentos a recibir instrucción y conocer la vida de las Farc. Costea su viaje". Portanova era entonces juez superior de la Corte Estatal de Rio Grande Do Sul, de Portoalegre.

Tres días antes, el 16 de abril, 'Medina' le relata a 'Reyes' un encuentro de Raimundo, Pedro Enrique y Celso Brand -al parecer enlaces de las Farc en Brasil- con el brigadier del Aire Iván Flota, ex jefe de la Fuerza Aérea de Brasil. "El hombre se interesó y dijo que le gustaría tener un encuentro personal con nosotros. Dijo que están comenzando a madurar la toma de la base de Alcántara por las fuerzas nacionalistas para impedir que Estados Unidos se quede con 600 kilómetros cuadrados que están bajo su dominio".

La pequeña muestra de los 85 correos electrónicos conocidos por CAMBIO revelan la importancia de Brasil en la agenda exterior de las Farc, manejada por 'Raúl Reyes', y no cabe duda de que 'El cura Camilo', para apuntalar la estrategia continental de la guerrilla, aprovechó la coyuntura creada por el arribo al poder de 'Lula' y su influyente Partido de los Trabajadores para llegar hasta las más altas esferas del Gobierno.

Y si bien es cierto que los correos son apenas indicios de un posible compromiso del gobierno de 'Lula' con las Farc, pues ninguno de los funcionarios envió mensajes personales a alguno de los miembros del grupo guerrillero, despiertan muchos interrogantes que exigen una respuesta del Gobierno brasileño.

LOS CONTACTOS DE LAS FARC

La expansión de las Farc en América Latina no solo incluyó a funcionarios de los gobiernos de Venezuela y Ecuador, sino que también comprometió a destacados dirigentes, políticos y altos miembros del Partido de los Trabajadores, al que pertenece el presidente Luis Inácio 'Lula' Da Silva. Además el grupo guerrillero mantuvo contactos con procuradores y jueces de Brasil.

- José Dirceu, ministro de la Presidencia.
- Roberto Amaral, ex ministro de Ciencia.
- Erika Kokay, diputada.
- Gilberto Carvalho, jefe de Gabinete.
- Celso Amorín, canciller.
- Marco A. García, asesor Asuntos Internacionales.
- Perly Cipriano, subsecretario Promoción DD.HH.
- Paulo Vanucci, ministro Secretaría de DD.HH.
- Selvino Heck, asesor presidencial.

SECUESTRO DE NOVARTIS
20 de septiembre de 2001
De: Jorge Briceño 'Mono Jojoy'
A: Secretariado

Edwin, viejo conocido comandante de La Policarpo junto a Julián, se robaron medio millón de dólares por una parte y 700 millones de pesos por otra, del secuestro de Novartis. Se tiraron el negocio que estaba planeado para 10 millones de verdes. Para completar, se armó un lío con México, Suiza y Brasil porque no entregábamos a los tipos. Hablé con representantes de esos países y acordamos que nos daban medio millón de dólares más y nosotros poníamos en libertad a los dos señores. Ordené soltarlos y hasta ahora no han pagado. Si se hacen los pesados pienso asustarlos".

INVITACIÓN AL CAMPAMENTO
12 de junio de 2005
De: 'Raúl Reyes'
A: 'José Luis'

"Al vocero de Brasil hay que invitarlo a que nos visite aquí y explicarle que en función de construir definiciones se hace imprescindible su conversación con el Secretariado. Decirle que tenemos formas seguras de recibirlo en nuestros campamento sin que sea registrado por las autoridades colombianas".

APOYO FINANCIERO
6 de julio de 2005
De: 'Cura Camilo'
A: 'Raúl Reyes'

"Solidaridad recibida durante el primer semestre de 2005: diputado Paulo Tadeu US$ 833,33. Sindicato de la Empresa de Energía de Brasilia US$ 666,66. Corriente Comunista Luis Carlos Prestes US$766,66. Señora Solene Bomtempo US$ 250,00. Concejal Leopoldo Paulino US$ 433,33. Sindicato de la Empresa de Acueducto de Brasilia US$ 33,33".

EXTRADICIÓN DE CAMILO'
17 de septiembre de 2005
De: 'Raúl Reyes'
A: 'Roque'

"Bastante significativa la solidaridad de los partidos comunistas de Brasil y de otros países con la lucha de las Farc en el empeño de impedir la extradición del 'cura' (Francisco Medina, 'Cura Medina'). Existe en Brasil un importante grupo de amigos solidarios con nosotros en los que hay sindicalistas, maestros, congresistas, ministros, abogados y personalidades ocupados de presionar la libertad inmediata de Camilo".

EL EMPLEO
17 de enero de 2007
De: 'Cura Camilo'
A: 'Raúl Reyes'

"El lunes 15 inició 'la Mona' su empleo nuevo y para asegurarla o cerrarle el paso a la derecha por si en algún momento les da por molestar, entonces la dejaron en la Secretaría de Pesca desempeñándose en lo que aquí llaman un cargo de confianza ligado a la Presidencia de la República".

GIRA POR BRASIL
15 de febrero de 2007
De: 'Cura Camilo'
A: 'Raúl Reyes'

Los responsables de organizar la gira del camarada Carlos Lozano son: Albertao y Pietro Lora en Guarulhos, São Pablo y Río। En Brasilia: Paulo Tadeo, Erica Kokay. Para la actividad de Río se apoyarán en el ex diputado Federal Milton Temer, del Partido Socialismo y Libertad. Y en Florianópolis un diputado estadual que ellos ayudaron y está dispuesto a ayudar".



ENCUENTRO CON MINISTROS
23 de febrero de 2007
De: 'Cura Camilo'
A: 'Raúl Reyes'

"La defensora pública le está organizando a 'la Mona' un encuentro con el Ministro, el Viceministro y el principal asesor de la Secretaría de Derechos Humanos vinculada a la Presidencia, en su orden Paulo Vannuchi, Perly Cipriano y Dalma de Abreu Dalasi, que es un prestigioso jurista al que el ministro relator le tiene pavor. El viceministro Perly hablará con el presidente de la Comisión de Derechos Humanos de la Cámara Federal. Serán visitadas entidades importantes que nos apoyaron, comenzando por la Comisión Brasileña de Justicia y Paz".

ACTUAR CON CAUTELA
14 de abril de 2007
De: 'Cura Camilo'
A: 'Raúl Reyes'

"Debo actuar con cautela para no facilitar al enemigo argumentos que lleven a cuestionar el refugio. En ese sentido, el haber conseguido el traslado de 'la Mona' y 'la Timbica' para la capital del país, ha sido importante. Ese bajo perfil lo mantendré hasta la neutralización. Obtenida esta, tendré pasaporte brasileño y lo primero que debo pensar es en irlos a ver".

Sujou! Mas só para os outros

Flávio Freire
O Globo
31/7/2008

Especialistas condenam atitude como a de Kassab, que usou lista da AMB... até ser incluído

Um dia depois de ter seu nome incluído na chamada "lista suja" da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), o prefeito candidato à reeleição em São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), teve de retirar de seu site de campanha a reprodução de reportagens que tratavam da inclusão, dias antes, de seus adversários Marta Suplicy (PT) e Paulo Maluf (PP) na mesma lista. Os três, agora, estão na relação de 16 candidatos a prefeito nas capitais que respondem a processos na Justiça. Até então, aliados de Kassab espalhavam cartazes pela cidade com a frase "Sujou" contra Marta e Maluf. Essa estratégia de Kassab de que só o telhado dos outros merece pedrada tem se repetido em outras campanhas e foi condenada por especialistas em ética e cientistas políticos.

- Foi decisão taticamente equivocada cobrar dos adversários sem observar se também poderia responder por algum problema. Mas esse é o oportunismo que impera na política. Quando chega a hora de se aproveitar, ninguém tem escrúpulos - diz Claudio Abramo, diretor da ONG Transparência Brasil, para quem faltou prudência dos assessores de Kassab, que não o aconselharam a ficar quieto.

Com a ressalva de que não concorda com a interferência da magistratura nos assuntos relacionados à política, e do perigo de uma condenação sem julgamento, o professor de Filosofia e Ética da Unicamp Roberto Romano disse que a iniciativa do prefeito mostra que a política é, essencialmente, muito mais moralista que moral.

- Tem sempre os encarnadores da moral que, na verdade, são santos do pau oco. Vimos o que aconteceu com Fernando Collor, Jânio Quadros e com o PT, que pregou a ética por 20 anos e hoje é isso aí - disse ele.

Para petista, lista é equivocada

Visivelmente incomodado com a inclusão de seu nome na chamada "lista suja", Kassab anunciou de manhã que não mudaria um milímetro sequer de sua estratégia de campanha, e que manteria no site de sua campanha todas as referências feitas a Marta e a Maluf pela AMB. Chegou a dizer que não se importaria de divulgar em seu site a inclusão de seu próprio nome, mas "para que pessoas saibam que eu fui absolvido".

Romano evocou frase do filósofo francês Denis Diderot para explicar esse tipo de comportamento na política: "Sorvemos a grandes goles a mentira que nos adula e a gota-a-gota a verdade que nos é amarga".

Sobre a possibilidade de divulgar a informação sobre sua inclusão na lista, ainda de manhã, Kassab disse que o eleitor tem de ser informado sobre sua absolvição no processo em que deu anuência para o então prefeito, Celso Pitta, usar dinheiro público para se defender de denúncias provocadas pela CPI dos Títulos Precatórios. Kassab foi secretário de Planejamento na gestão de Pitta. Embora a 10ª Vara da Fazenda Pública tenha considerado a ação improcedente, o Tribunal de Justiça (TJ) de São Paulo informou que o processo continua em andamento por conta do recurso impetrado pelo Ministério Público de São Paulo.

De manhã, o prefeito procurou minimizar o assunto:

- Vejo com muita naturalidade, tenho respeito. Mas, a partir do momento em que a AMB faz a lista, é importante que as pessoas identifiquem o que é o caso, e, no meu caso, fui absolvido por unanimidade - disse ele, depois de visitar instalações da biblioteca Mário de Andrade, que passa por reformas.

A inclusão do nome de Kassab na relação da AMB foi a pauta da campanha de seus dois principais adversários. Para o tucano Geraldo Alckmin, a transparência é importante para a política.

- Eu não mudo nada do que falei anteriormente (quando foram incluídos os nomes de Marta e Maluf). Acho que tem que ter transparência absoluta. O que é importante é que haja ressalvas, se tem ou não recurso, se é ou não em última instância. Mas cabe à AMB estabelecer os critérios - disse Alckmin, durante corpo-a-corpo por ruas do Brás.

Já a campanha de Marta Suplicy procurou desqualificar a "lista suja" em que a candidata também aparece. O coordenador da campanha, Carlos Zaratini, disse que a associação está dando o mesmo peso para pessoas que enfrentam situações distintas no Judiciário.

- Essa lista é equivocada porque coloca pessoas sem condenação no mesmo patamar de quem está condenado, ou seja, não tem critério. E isso só fortalece a idéia de que se trata de uma lista com fins políticos - disse ele, para quem os candidatos devem ser julgados pelo povo, nas urnas.

E ainda existem, nos departamentos de "filosofia"brasileiros, professores que dizem com ênfase burra: "a filosofia nada tem a ver com a matemática" Bem, projetos como A República foram elaborados, como o Timeu, com a visão do mundo em termos geométricos e outras coisas mais. Não espanta que os maiores pensadores políticos modernos, Hobbes e Spinoza, elaborem suas teorias do Estado e da ética em termos matemáticos. Mas aqui no Brasil...ah, no Brasil...
RR

Calendário olímpico

'Computador' mais antigo do mundo previa ciclos de quatro anos dos Jogos Olímpicos

Publicada em 30/07/2008 às 22h08m

O Globo Online
Mecanismo de cálculo astronômico de Anticythere - Reprodução

RIO - Em 1900, um grupo de pescadores de esponjas descobriu os restos de um barco naufragado que tinha mais de dos mil anos de idade, na costa de Anticítera (em grego Antikythira), uma pequena ilha ao sul da Grécia, situada entre as ilhas de Citera e Creta. O barco estava repleto de tesouros, entre eles um dos objetos mais enigmáticos do mundo antigo: um sistema de rodas e engrenagens do que parecia ser um 'computador'. As rodas calcificadas, de cerca de 30 centímetros, fazem parte de um mecanismo que, um século depois de descoberto, continua a surpreender os cientistas.

Até hoje, os especialistas que analisavam a peça sabiam que o mecanismo era capaz de indicar hora e posição do Sol e da Lua, e que as suas engrenagens determinavam, com precisão, quando ocorreriam os eclipses. Agora, o grupo descobriu que a roda indicava também os ciclos de tempo dos antigos Jogos Olímpicos, uma grande surpresa, segundo artigo publicado na edição desta quarta-feira da revista científica "Nature".

" O mecanismo tinha também função cultural. Era um calendário que os gregos preparavam para os jogos que se realizavam a cada dois ou quatro anos "

- O mecanismo tinha também função cultural. Era um calendário que os gregos preparavam para os jogos que se realizavam a cada dois ou quatro anos - disse o co-autor do estudo, Alexander Jones, do Instituto do Mundo Antigo de Nova York. - Eram acontecimentos que não tinham nenhum interesse científico, apenas social.

Segundo Jones, a peça descoberta é uma círculo pequeno dividido en quatro seções com dois diâmetros que se cruzam. Usando uma técnica especial de fotografia e iluminação, que inclui técnicas de visualização em raios X em três dimensões, os cientistas conseguiram decifrar o nome dos meses associados ao mecanismo, muito complexo e composto por pelo menos 30 engrenagens de precisão. O mau estado em que pescadores de esponjas encontraram, no início do século XX, o mecanismo de Anticítera dificultou durante muito tempo o estudo e a compreensão de suas funções.

- Já sabíamos que esse antigo mecanismo grego, que data de 2.100 anos de idade, calculava ciclos complexos de astronomia matemática. Nós nos surpreendemos ao constatar que também podia colocar em evidência um ciclo quatrienal dos antigos Jogos Olímpicos - acrescentou Tony Freeth, outro autor do estudo.

De acordo com Freeth, que é matemático, a primeira pista foi a descoberta da palavra "Nemea" na base da roda. Os jogos nemeos são derivados dos jogos fúnebres e fazem parte dos ciclos dos Jogos Olímpicos.

- Essa tecnologia é extraordinária. Cada vez que a exploramos um pouco mais, encontramos algo mais sofisticado - concluiu Freeth.

Previsão de eclipses com grande exatidão

Os astrónomos da Grécia do século II antes de Cristo previam os eclipses com grande exactidão graças a seus conhecimentos do mecanismo de cálculo astronómico. Os eclipses - que se repetem segundo o chamado ciclo de Saros, que dura cerca de 19 anos - eram anotados na grande roda dentilhada que indicava a seu usuário se eram solares ou lunares e a que hora iam acontecer, segundo os cientistas.

" Essa tecnologia é extraordinária. Cada vez que a exploramos um pouco mais, encontramos algo mais sofisticado "

Eles descobriram como, segundo esses cálculos, os eclipses se atrasam cerca de oito horas, ou seja, 120 graus de longitude, em cada ciclo.

- O mecanismo compreendia também uma pequena roda dentilhada que indicava ao usuário como realizar esse ajuste temporal - explicou John Steele.

Ainda segundo os cientistas, a máquina foi construída entre os anos 150 e 100 antes de Cristo. O seu criador é desconhecido.

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Correio da Cidadania, 01/09/2008

‘Golpes financeiros e jurídicos’ resultam da secular concentração de poder no Executivo
Escrito por Valéria Nader
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Golpes financeiros e jurídicos’ resultam da secular concentração de poder no Executivo PDF Imprimir E-mail
Escrito por Valéria Nader
30-Jul-2008

Cruzadas moralistas, quando muito salvacionistas, é o que parece estar resultando da intensa exposição midiática dos últimos episódios de corrupção descobertos em nosso país. Não seria preciso ir muito além?

O professor de Ética e Filosofia da Unicamp Roberto Romano, em magistral análise, retoma as origens seculares desses episódios que vêm se desenrolando ‘espetacularmente’. Se é no período FHC que começou a se pronunciar uma burguesia com forte caráter financeiro, cujos vínculos com o capitalismo internacional tornaram-se ainda mais diretos – um resultado da aceleração da ‘privataria’ -, a sua origem deve ser buscada bem mais remotamente, ainda sob a égide do Império.

Segundo Romano, nosso poder Executivo herdou as características de um poder moderador que foi transposto para o Brasil não como um poder neutro, mas como um poder superior aos demais. Além de irresponsável no sentido jurídico da palavra, concentrava em si todas as políticas públicas. Originou-se aí a tradição da promiscuidade público-privada e da onipotência do chefe do Executivo.

É assim que a atual crise mundial, que leva à privatização dos recursos públicos e à sua transferência para as mãos do capital financeiro, encontrou terreno tão fértil no Brasil. E é também por isso que a Polícia Federal, que deveria estar a serviço do Judiciário, transformou-se em precioso instrumento de propaganda do Executivo.

Confira abaixo.

Correio da Cidadania: Com a aceleração da implantação do neoliberalismo no país, especialmente a partir da era FHC, ascendeu ao poder uma nova burguesia, a qual, diversa daquela que predominou no período desenvolvimentista, possui forte caráter financeiro e tem vínculos ainda mais diretos com o capitalismo internacional. Qual o nexo que o escândalo ‘Daniel Dantas’ estabelece entre esse contexto e o atual estágio de desenvolvimento do capitalismo em nosso país?

Roberto Romano: Em primeiro lugar, não creio ser este um problema somente brasileiro, mas sim mundial, chegando-se a uma questão grave, a da soberania nacional. Há uma crise dos Estados, onde, para cada um deles, com suas histórias, está chegando um momento no qual não conseguem mais exercitar integralmente os três monopólios: o da força física, o da ordem jurídica e o dos impostos. Temos uma ‘quase quebra’ entre a sociedade e as máquinas estatais.

Com isso, o Estado, ao mesmo tempo em que precisa de recursos financeiros para manter suas atividades (por exemplo, os EUA precisam manter sua indústria armamentista, de tecnologia de ponta etc.), não tem de onde tirá-los, a não ser dos impostos, já altíssimos. Sendo assim, o favorecimento ao capital financeiro é uma fonte que, claro, traz um endividamento inédito, até para os próprios EUA. Para se auto-financiarem, os Estados se endividam cada vez mais junto ao capital financeiro.

E o que é oferecido em troca? Este ponto é complicado, pois, entre a lógica do capital financeiro e a social, há uma ruptura, não há uma continuidade imediata. Também temos o outro setor da economia, o da produção de alimentos. Note como na Rodada de Doha os Estados desenvolvidos não abrem mão dos subsídios, pois eles constituem uma maneira de os Estados se financiarem a si mesmos, não tanto uma questão eleitoral. Este é um aspecto da questão.

Podemos notar, assim, que se trata de uma crise mundial, que não pode ser definida apenas em termos ideológicos. A China é um país oficialmente comunista, porém está entrando nessa lógica de maneira acelerada. E aqui no Brasil, ela não é inaugurada somente no governo FHC. No período do Sarney já havia esse privilégio ao capital financeiro. O Plano Cruzado foi uma tentativa de salvar o Estado sem os remédios "heróicos" aplicados no período de FHC e de Lula, como, por exemplo, via a desestruturação dos direitos trabalhistas, dos salários, e a reforma da previdência.

Eu não diria, portanto, com muita tranqüilidade que se trata primeiramente de uma questão ideológica neoliberal, para além dos resultados. Acho que há uma lógica dos próprios Estados, que não estão conseguindo se manter como tais. Aí entram milhões de causas, desde econômicas até questões de crescimento da sociedade, que não mais se apresenta como aquela existente no começo do século XX. Salvo pequenas nações, as populações hoje estão na escala dos milhões. E essas pessoas precisam da segurança do Estado, de educação, de saúde e mais uma série de coisas.

Porém, ocorre que o Estado precisa escolher entre salvar a si mesmo ou servir à população. Como ele precisa de recursos para manter imensas burocracias e toda uma indústria (armamentista, tecnológica e outras), necessita fazer uma opção. Obviamente, essa opção não se dá em favor da saúde, da educação e da segurança da população. Sempre que o Estado puder economizar recursos, o fará. E seguirá fazendo essa parceria com o capital financeiro, o que lhe permite acumular dívidas cada vez maiores.

CC: É dessa lógica que proliferam situações como a que vivemos no país agora, onde o caso Daniel Dantas é, na verdade, apenas uma ponta de um iceberg?

RR: O escândalo, na verdade, é muito mal enfocado. Peguemos somente do ponto de vista do Congresso. Daniel Dantas possui uma bancada maior que a do próprio Lula.

Pode-se medir a importância de um personagem social pelos seus amigos, aliados e inimigos. Se somarmos esses três grupos, no que se refere a Dantas, no Congresso Nacional, vemos que é uma pessoa que o polariza por inteiro. E é evidente que um indivíduo totalmente responsável por uma série de desvios é um elo de uma cadeia muito mais ampla.

CC: Um elo de uma superestrutura que vem lá de trás, da formação do Estado nacional brasileiro.

RR: Exatamente. A centralização do poder no Rio de Janeiro, já no período do Império, no século 19, e a necessidade de manter um território imenso como o nosso fizeram com que o Estado precisasse se garantir. O primeiro ato de D. João VI no Brasil foi criar o Banco do Brasil, com a idéia de financiar o Estado brasileiro e emitir moeda sem lastro. Ou seja, já começaram ali os escândalos. Não por acaso, o Banco do Brasil foi à bancarrota logo depois.

CC: Em suma, estamos diante de um ‘modus operandi’ secularmente arraigado.

RR: Exato. E o que é essa lógica? Temos uma dimensão espacial de Império, temos tamanho comparável aos EUA, à Europa inteira, à Rússia. Essa imensidão precisa de controle, armado e burocrático, o que obriga o Estado, dessa forma, a se financiar.

Como precisa fazer isso, ele açambarca, na velha tradição absolutista, os impostos nas mãos, e não os devolve aos municípios e estados. E aí temos esse conúbio do público e do privado.

Minha esposa, Maria Sylvia Carvalho Franco, mostra em seu livro "Homens livres na ordem escravocrata" que vereadores e o prefeito emprestarem dinheiro para os municípios fazerem obras era uma prática comum no século 19. E quando eles emprestavam esse dinheiro, havia dois efeitos muito deletérios. O primeiro é que a população via esses atos como favores, criando um forte impulso para a formação das oligarquias nacionais e regionais. O segundo é que o processo também se invertia: se a população emprestava quando o município precisava, por outro lado, quando a população precisava, o município também emprestava. Ou seja, a população podia se apossar do cofre público, já que era, em tese, favorecedora desse cofre.

CC: Armou-se, portanto, nesses primórdios, a arena para a promiscuidade público-privada?

RR: Claro, já tínhamos essa dialética, o que não mudou até hoje. O governo Lula continua arrecadando 70% dos impostos e não os distribuindo corretamente para estados e municípios. Quando se tem essa crise mundial dos Estados, que leva à privatização dos recursos públicos e à sua transferência para as mãos do capital financeiro, o Brasil apresenta terreno fértil para a sua propagação.

Vejamos que numa federação como a americana, em que os estados e municípios têm maior autonomia, é mais difícil para o governo assumir uma política escancaradamente pró-capital financeiro. Aqui, tem-se a concentração dos poderes no Executivo, que exerce uma ditadura praticamente permanente. Sendo assim, quando o presidente ou o ministro bate o martelo, não há quem ouse se levantar contra.

Dessa forma, quase todos os planos econômicos de "salvação" foram verdadeiros golpes de Estado em nosso país. Golpe de Estado não significa somente colocar soldados nas ruas espetacularmente e derrubar o presidente. Existem maneiras mais sutis, pode-se dar um golpe mudando, por exemplo, a estrutura jurídica. Quando existem operários, professores, trabalhadores, com direitos adquiridos de aposentadoria, e mudam-se as regras, está se mudando o direito da população, a norma do Estado. Está sendo dado um golpe.

CC: Seguindo um pouco essa trilha dos ‘golpes de Estado’ e da centralização de poder pelo Executivo, como o senhor enxerga a ação da Polícia Federal no escândalo Dantas? É reveladora de alguma ingerência abusiva do Estado na vida dos cidadãos?

RR: Acho que sim, pois é tradição do Estado brasileiro essa onipotência de seu chefe. O poder Executivo no Brasil herdou as características de um poder moderador, que, além de irresponsável no sentido jurídico da palavra, concentrava em si todas as políticas públicas.

Todos falam do lápis vermelho de D. Pedro II como se fosse piada, mas ele servia para que se interviesse no Legislativo, no Judiciário (e a Constituição de 1824 dava a ele poderes para mudar juízes e tudo mais), enfim, transformava-o num super-homem de Estado. Tal concentração faz com que se tenham os três monopólios tradicionais do Estado (da força física, da norma jurídica e dos impostos) concentrados nas mãos do Executivo. Isto é, não existe nenhuma política pública no Brasil compartilhada pelos três poderes. Tudo é decisão do Executivo. No caso desse monopólio da força física, o Executivo usa e abusa.

Portanto, a PF é um instrumento do Executivo federal que deveria estar a serviço do Judiciário. Como ela tem essa visão de hegemonia do Executivo, e os próprios integrantes dos outros poderes também, existe essa tentação permanente do presidente da República, do ministro da Justiça ou ainda da chefia da Polícia Federal (nesse caso é mais grave ainda, pois os integrantes da PF se julgam os próprios presidentes da República) de fortalecer, propagandear, as políticas do Executivo.

Dois fatos interessantes: quando a Folha de S. Paulo fez uma crítica, muito tênue, ao governo Collor, ele mandou a PF invadir o jornal. Foi um dos seus tremendos elementos de desgaste, inclusive. Já quando, no período do Plano Cruzado, era necessário manter a sua propaganda, colocavam-se delegados da PF prendendo boi pra cima e pra baixo.

Quer dizer, temos essa duplicação de funções da PF, que é ao mesmo tempo um instrumento mantenedor do monopólio da força física, preferencialmente na mão do Executivo, e também um instrumento de propaganda desse poder. É tudo meticulosamente feito para dar essa sensação, seja pela espetacularização, falta de respeito aos direitos individuais, humilhação dos presos etc.

Parece-me que, nesse caso, é evidente ser o descontrole da PF um sintoma do descontrole das relações do Estado brasileiro. Não existem três poderes harmônicos e soberanos agindo conjuntamente, mas sim uma hegemonia do Executivo sobre os outros dois.

CC: Acrescentaria ainda a esse ‘descontrole da PF’ a visão crítica de que a ação um tanto performática da polícia estaria enveredando por um perigoso caminho salvacionista, como se, ao prender corruptos, o problema da corrupção estivesse solucionado. Como encarar essa crítica? Enfrentar as ‘quadrilhas’ não é também importante no processo de luta?

RR: Nessa medida, acredito que a espetacularização do trabalho da polícia e sua transformação em propaganda do Executivo ajudam realmente a desviar o foco desse ponto mais fundamental.

Inclusive, no programa Roda Viva da TV Cultura do qual participei, disse algo no mesmo sentido, de que temos duas possibilidades de entender o processo de corrupção no mundo inteiro, e no Brasil particularmente.

A corrupção tem uma estrutura sincrônica e uma diacrônica. A primeira está em todos os setores da sociedade, incluindo até a Igreja, e é a possibilidade de apropriação de recursos coletivos por grupos ou indivíduos. Lembro-me, no caso da Igreja, por exemplo, quando a CRB (Conferência dos Religiosos do Brasil) foi prejudicada pelo seu tesoureiro, que roubou o dinheiro da conferência, fato que dificultou o processo de aposentadoria de vários religiosos. Mesmo dentro das igrejas, sempre há uma riqueza coletiva e, consequentemente, uma disputa por sua apropriação e aplicação.

Portanto, temos em todos os setores da sociedade essa facilidade de quem está na direção de algum organismo (religioso, político, esportivo) de se apropriar do fundo coletivo. Esse é o aspecto sincrônico, tudo ocorre ao mesmo tempo. Enquanto o Eurico Miranda mete a mão no dinheiro do Vasco, o Daniel Dantas está brincando em outro campo, e o bispo Edir Macedo, por sua vez, em outro, tudo sincronicamente. E o que é mais grave, com dutos entre estes setores. À medida que um grupo se torna poderoso, ele procura relações, passa recursos, troca favores e vai concretizando essa rede. Se fosse possível puxar por um novelo, traríamos o país todo pelo mesmo fio de lã. Esse aspecto sincrônico continua vigente e é muito difícil dizer que essa realidade mudará ao som de três cantigas.

Já o aspecto diacrônico é a tomada de consciência de aspectos dessa sincronia. O Ministério Público, a PF e a imprensa descobrem um escândalo: a partir daquele momento, tal escândalo passa a receber um foco privilegiado, que vai até certo ponto, para, posteriormente, cair quase que na impunidade. Ninguém sofre nada. O foro privilegiado, por exemplo, só existe por causa da corrupção. Depois de um tempo, aparece outro escândalo e, logo depois, mais um. Quer dizer, temos uma sucessão cronológica em termos diacrônicos que muitas vezes faz esquecer esse aspecto sincrônico, que é fundamental.

O que me parece fundamental é que a PF tem atuado quase exclusivamente na base da diacronia. Ela descobre um caso, depois outro, mas, se existe um trabalho que mapeia sincronicamente toda a questão, eu não conheço. Tenho muitas dúvidas, cujas respostas não existem. Não há condições tecnológicas para o mapeamento sincrônico, o que nos faz sentir impotentes. No meu entender, isso traz a nossa curiosidade, o ressentimento, o desejo de vingança. Ver o Maluf algemado dá um prazer muito grande, mas esquecemos que dois dias mais tarde ele estará solto e ficaremos sozinhos com o nosso prazer.

CC: Perde-se, desafortunadamente, portanto, a dimensão maior do problema.

RR: Exatamente. Parte-se não para a lógica racional, mas sim para a lógica das paixões. É o que a espetacularização faz, ela movimenta o ódio, o ressentimento, a inveja, essas paixões primárias de todo ser humano. No entanto, o problema continua lá. E depois vem o aspecto mais perverso, aquela pregação de que a democracia não resolve, que a impunidade existe e é absoluta, insuperável, e que, portanto, não vale a pena lutar contra a corrupção, pela justiça social, pelos valores, pois, afinal, todo mundo é corrompido, ‘salvo eu’.

Este é o ponto que parece mais grave. Cria-se uma subjetividade inocente que é absolutamente hipócrita. É como considerarmos meia dúzia de familiares e amigos autênticos como santos e o resto do mundo, pecadores. E aí se duplica o prazer da punição, da humilhação. Tal receita, Savonarola já tentou em Florença, na época do Renascimento, e não deu certo. Aliás, ele acabou queimado. Os corruptos da sua época continuaram corruptos e muito importantes. Essa receita do justiciamento, e não da justiça, muitas vezes pregada, é bem ruim.

CC: Nesse sentido, o que o senhor pensa dessa ‘lista suja’ de candidatos, recém divulgada? Ela não é reveladora dessa ‘receita do justiciamento’?

RR: Considero essa lista um erro. Se temos um processo desses, no qual magistrados colocam a público uma lista, temos em última instância a denegação do direito do devido processo legal. Temos pessoas que estão sendo acusadas por erro burocrático, por distração, algo perfeitamente humano, ou por culpa de terceiros, quer dizer, a pessoa foi implicada num crime e não teve coragem ou tempo suficiente para cortar a coisa no momento certo.

E o que acontece? A democracia grega é sempre um exemplo para nós. Na Grécia, existia uma pena que era a da atimia, que vem de Timós, que se refere à coragem e à honra do ser humano. O cidadão acusado de atimia perdia todos os direitos civis e políticos. Não podia ser juiz, testemunha, nada. Podia ser morto que não haveria crime.

Essa pena podia atingir desde o sujeito que tinha de prestar contas e não o havia feito corretamente até o acusado de prostituir seu corpo, questão que na Grécia era referente ao homossexualismo masculino. Essas pessoas eram condenadas sem julgamento. Os juristas modernos dizem ser assustador terem existido culpados que recebiam pena sem passar pelo devido processo legal.

Portanto, essa questão da atimia ajudou poderosamente a corroer os laços internos da democracia grega. No momento em que qualquer um pode ser acusado de desonrado, todos podem. A partir disso, a amizade, o respeito, vão desaparecendo.

É evidente que nessa lista existem assassinos, ladrões do erário público etc., mas será que, com toda certeza – pois, num processo legal, não pode haver dúvida -, você diria que todos eles são corruptos e larápios do tesouro público? E aí vem a pergunta: onde está a justiça?

CC: Nessa linha, faria uma conexão com a ação do STF, que foi moralmente criticado, mas juridicamente considerado correto por muitos ao mandar soltar o banqueiro Dantas, face à falta de provas evidentes na justificativa da prisão preventiva. Em sua opinião, o ministro Gilmar Mendes agiu acertadamente?

RR: Eu acredito que sim. Como diria o advogado, com todo o respeito, não cabe ao juiz nem ao promotor público assumir esse papel de denúncia e quase de acusação pública de candidatos, como não cabe, coloco no mesmo barco, o que o Ministério Público acabou de fazer com o MST lá no Rio Grande do Sul.

Deve-se agir segundo fatos e levá-los até o direito. Leva-se o fato até o juiz, que, por sua vez, decide ser ele digno de louvor ou de sanções negativas. Não cabe ao MP essa atitude de punir um movimento social ou um corrupto antes da decisão judiciária. O sistema de justiça mínimo, essencial, tem três fases que de maneira alguma podem ser negligenciadas, sob pena de não termos mais justiça, ou de ficarmos com apenas uma caricatura dela. E essas três fases são a acusação, a defesa e um juiz mediador entre ambos. Se qualquer um destes elementos faltar ou abusar de suas prerrogativas, não há justiça.

Portanto, neste caso da lista suja, acho que está havendo uma falta de obediência ao múnus próprio dos juristas e juízes. No caso do MST, é a mesma coisa. São situações diferentes, mas a perda de rumo é muito similar.

CC: Associando esse ato do Ministério Público no Rio Grande do Sul à questão da ingerência do Estado, não teria sido omisso o governo Lula diante de uma ação tão ostensiva, ao contrário da prisão de Dantas, inicialmente avalizada pelo governo?

RR: Neste caso, precisamos pensar novamente sob a ótica do Estado dirigido hegemonicamente pelo Executivo. Eu sou partidário do Estado democrático de direito, que significa não ser autônomo o Estado em relação à sociedade, mas sim a expressão da complexidade social, não podendo tornar-se superior e curador da sociedade. Mas temos a perda do Estado ligado aos três poderes, o que resulta exatamente nisso: o Estado curador e, dentro dele, um Executivo que possui a tutela de todo o resto.

Quando tal processo se dá, aparece a lógica da divisão e da facção. E não é por acaso que a PF se define como várias facções. No MP há também várias tendências e facções, vários partidos inclusive. Existem procuradores de esquerda, conservadores, de todo tipo, e o poder do presidente separado, concorrendo com eles para dominá-los, tratando essas questões, de Estado, como se fossem políticas e de facções.

Portanto, assim como pega bem junto à opinião pública e a setores mais conservadores, usando um termo brando, prender um Daniel Dantas (com o devido refluxo depois), não pega bem o presidente ir contra os promotores do Rio Grande do Sul. Este pensamento de que "o que é bom para mim, é bom para meu grupo, meu poder", escapa da lógica do bem coletivo, do Estado.

Nesse caso, sempre se louva e se admira a agilidade política de raciocínio do presidente Lula, que de fato é ágil. Mas note: nesses últimos tempos, muito raramente sua agilidade vai no sentido de promover o bem do Estado e da sociedade. Quase sempre é dirigida a manter a sobrevivência de si mesmo e de seu grupo político.

CC: Ou seja, mais uma vez, temos uma situação plenamente coerente sob a ótica do ‘modus operandi’ do Executivo.

RR: Exatamente. Elias Canetti, naquele magnífico livro "Massa e poder", caracteriza o poderoso como sobrevivente. Quer dizer, a partir do momento em que ele tem poder e o exerce, mandando prender, matar, enviando corpos à guerra, vai assumindo uma espécie de volúpia de eternidade, que é irreal, pois nenhum ser humano pode tê-la. Ele analisa muito bem a personalidade de Schreber, que é um juiz e tem esse devaneio de divindade, essa soberba, arrogância. O poderoso se alimenta da vida dos governados. Ou seja, "tudo que puder ser feito para que eu permaneça no poder, eu farei, e tudo aquilo que for prejudicial à permanência minha e do meu grupo, não farei". Isso me parece muito grave.

O mesmo presidente que põe na cabeça o boné do MST em Brasília, fazendo toda aquela encenação, cala-se quando acontece algo como o ocorrido no Rio Grande do Sul. O que poderia acontecer caso ele se manifestasse? Evidentemente, alguns setores diriam que está interferindo em outro poder, usando métodos do Chávez e tudo mais. Esse não é um problema nosso e nem da cidadania, mas sim do cidadão Luiz Inácio da Silva. Ele que deve assumir se vai ter um programa ou não.

Chegamos a esse ponto com o PT. Com a ‘Carta aos brasileiros’, ficamos sabendo que o PT entrou nessa lógica mundial de quebra da soberania dos Estados nacionais. Assumiu plenamente um retrocesso em relação a um programa defendido durante vinte anos. Houve uma quebra de confiança tremenda em relação ao público interno. Conseguiram, Palocci e cia., a confiança do investidor externo, leia-se capital financeiro, à custa da quebra da palavra com o cidadão interno.

Sempre gosto de dizer que ‘accountability’ significava na Inglaterra, nos EUA e na França confiança e prestação de contas ao cidadão que paga impostos e mantém o país. O governante que não desfruta da confiança de seus cidadãos tem uma palavra que não vale nada para ninguém. Nesse caso, tivemos a quebra da palavra que está no programa do PT até hoje. Por outro lado, há a propaganda para, digamos, remediar essa quebra da República. Portanto, é claro que a propaganda será ampliada, dando espaço para esses magos como Duda Mendonça, João Santana e outros.

CC: Esta lógica ressaltada, com o descompasso entre os poderes a partir da tutela do Executivo - e também o descompasso intra-poderes, na medida em que a polícia manda prender, com o aval de instâncias inferiores do judiciário e do governo (mesmo com seu recuo posterior), e o supremo manda soltar -, caracteriza a seu ver um quadro de crise institucional?

RR: Benjamin Constant, o liberal francês, criou o Poder Moderador porque houve uma ditadura do Legislativo, a Jacobina, que deu no Robespierre, no Terror, no fim da Revolução Francesa e no retrocesso de suas conquistas. A escravidão, por exemplo, que tinha sido abolida, voltou, além de outros fatos semelhantes.

Como resultado dessa ditadura do Legislativo e como reação contrária, tivemos a ditadura do Executivo, com Napoleão. Assim, quando passou o reinado de Napoleão, Constant pensou em um poder moderador que servisse para coordenar os três, evitando hegemonia de um ou outro. Poderia ser exercido por um rei, presidente da república etc., pois seria um poder neutro, capaz de resolver esse excesso de poder de um em detrimento de outro, exatamente para evitar uma ditadura.

O poder moderador foi transposto para o Brasil e aplicado não como um poder neutro, mas como um poder superior aos demais. Na carta de 1824, a idéia de poder moderador é a de um poder superior aos demais.

Existem distintos modelos de Estado: o ditatorial (que pode ser de um grupo ou indivíduo), o liberal-democrático, o liberal, o totalitário, enfim, modelos não faltam. No entanto, se temos uma proposta de Estado republicana e democrática, devemos ter os três poderes contrabalançados. Caso contrário, podemos sofrer com a ditadura de um deles.

Ora, no nosso caso, temos o poder Executivo hegemônico, usando as prerrogativas de um poder moderador-superior, interferindo na vida dos outros poderes e, como resultado, chegamos à reação desses outros contra ele. E nosso modelo é pior ainda, pois os deputados e senadores não são nada mais nada menos que representantes das oligarquias regionais encarregados de trazer recursos para suas regiões. O que temos no Congresso, no relacionamento do Executivo com o Legislativo? Ou chantagem, do tipo "se não passar verbas para a Bahia, não votamos no seu projeto", ou cooptação de deputados e senadores pelo Executivo. Não temos outro modelo. Isso exalta a corrupção, gera insegurança institucional permanente.

A Inglaterra está em crise como nós, mas lá podemos contar com o papel de cada um dos poderes. Lá, o poder Judiciário depende do Parlamento e não existe supremo tribunal. O poder do povo, representado no parlamento, é superior ao poder judiciário.

Dessa forma, o cidadão e o próprio político têm uma expectativa de performance no poder. Aqui, o Executivo legisla, através das medidas provisórias. Com isso, abre para o Legislativo as possibilidades da chantagem ou da cooptação. E diante de tais leis, que não emanam do Legislativo, o que pode fazer o Judiciário? Ele não carrega uma expectativa de comportamento político, enquanto poder de Estado. Ele julga caso a caso.

De certo modo, voltamos àquilo que Max Weber chamou de justiça do Cádi, a Constituição está lá para ser adorada, mas o que decide é o caso a caso, o dia-a-dia. Assim, não se cria uma expectativa de comportamento e de esperança; o cidadão comum que queira entrar com processo não sabe o que será depois, porque não tem expectativa.

Nessa onda de ‘autoritarismo’, tem-se algo que nem no período da ditadura existia, essa inédita invasão de escritórios de advocacia. Este também é um ponto deletério no meu entender. Fui preso político e não tenho notícia de escritórios de advogados invadidos pelas forças repressivas. Na época, a ditadura torturava, desconhecia os direitos dos presos, atenuava ao máximo as prerrogativas dos advogados, que não podiam realizar visitas na hora em que queriam, entre outras ilegalidades. Mas entrar num escritório de advocacia para pegar papéis é algo que está se tornando inédito.

O pior é que vejo o ministro Tarso Genro dizendo que o presidente da República está com o projeto que garante a inviolabilidade dos escritórios aprovado pelo Legislativo, mas que, se ele e Lula perceberem que haverá uma facilitação do crime, vetam o projeto. Isso é o fim do mundo. Vindo de uma cabeça jurídica como a do Tarso Genro, parece-me um retrocesso pior que a Carta aos brasileiros.

O PT conta com militantes que foram presos durante a ditadura e que são presos ainda hoje. Possui toda uma ala de setores mais radicais que precisam de advogados. Essas pessoas vão ficar com qual tipo de advogado? Com aquele permitido pelo Executivo? Isso para mim tem um nome: escancaramento a toda ditadura futura. Acho isso muito, muito, perigoso.

CC: Estamos, portanto, diante de novos e sorrateiros golpes de Estado?

RR: É isso mesmo. Veja, é próprio das ditaduras mais virulentas que o advogado seja desprezado, assim como o espírito de defesa. Lembro-me do livro de Graciliano Ramos, "Memórias do cárcere", em que havia um advogado que se acreditava como tal, que pensava existirem leis respeitadas. Quando ele é preso e atravessa o pátio do quartel, ao chegar do outro lado, já não acredita em nada disso, pois é próprio da ditadura corroer a confiança no direito e na justiça. Tenho muito medo desse tipo de conseqüência.

Valéria Nader, economista, é editora do Correio da Cidadania.

Colaborou o jornalista Gabriel Brito.




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E para complemento da entrevista acima, segue a notícia da Folha de São Paulo:
São Paulo, quinta-feira, 31 de julho de 2008

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Gasto do setor público com juros é o maior em 17 anos

Valor desembolsado aumentou 11,6% e chegou a R$ 88 bi no primeiro semestre

Crescimento se deve à alta da inflação e da Selic e aos prejuízos do BC em operações no mercado de câmbio; cai relação entre dívida e PIB

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA


Os gastos do setor público (governo federal, Estados, municípios e estatais) com os juros de suas dívidas cresceram 11,6% e chegaram a R$ 88,026 bilhões no primeiro semestre deste ano, maior valor já registrado desde 1991, quando essa estatística começou a ser calculada pelo Banco Central.Boa parte desse crescimento se explica pelo impacto que a alta da inflação tem tido sobre o endividamento de Estados e municípios. Na renegociação dessas dívidas, feita nos anos 90, o indexador adotado foi o IGP-DI (Índice Geral de Preços -Disponibilidade Interna), que já subiu 7,14% neste ano.

Com isso, os gastos com juros dessas esferas de governo chegaram a R$ 35,127 bilhões no primeiro semestre, mais que o dobro dos R$ 15,169 bilhões do mesmo período de 2007.

Outro fator a impulsionar os gastos com juros é o prejuízo que o BC tem com o chamado "swap cambial reverso", operação feita no mercado financeiro que corresponde a uma compra futura de dólares. Com o dólar em constante queda, essas aquisições feitas pelo BC resultam em perdas que são contabilizadas como despesas com juros. No primeiro semestre, o prejuízo acumulado com as operações de "swap" somaram R$ 4,8 bilhões. Para Carlos Thadeu de Freitas, economista da CNC (Confederação Nacional do Comércio) e ex-diretor do BC, esse tipo de transação deveria ser abandonada devido ao seu elevado custo fiscal. "Essa política deveria ser repensada, porque, do jeito que está, é prejuízo certo [para o governo]", afirma Freitas.

Na visão do economista, a alta da taxa Selic agrava essa situação, pois atrai mais investidores estrangeiros para o mercado de renda fixa nacional, derrubando ainda mais a cotação do dólar e aumentando as perdas do BC com o "swap".

De abril para cá, a Selic subiu de 11,25% ao ano para 13%, e a expectativa do mercado é que a alta continue até a taxa atingir 14,25% em dezembro. Esse movimento torna as aplicações em renda fixa mais rentáveis, atraindo mais investidores.

Para Newton Rosa, economista-chefe da Sul América Investimentos, a situação das contas públicas no atual cenário de alta da Selic só não é pior porque, atualmente, a parcela da dívida pública corrigida pela taxa básica da economia é menor do que já foi no passado.

Isso se deve ao maior peso que papéis prefixados têm na dívida. No mês passado, o endividamento do setor público chegou a R$ 1,180 trilhão, sendo que 37,6% desse valor corresponde a títulos prefixados. Em dezembro de 2003, essa parcela era de apenas 1,5%.

Significa que, no caso de uma alta da Selic, a dívida não sobe tanto, pois os juros pagos pelos papéis prefixados são determinados no momento da emissão. "Esse tipo de preocupação existe, mas não é tão grande quanto foi no passado", diz Rosa.

A própria dívida pública é, hoje, menor do que foi há alguns anos. No mês passado, equivalia a 40,4% do PIB (Produto Interno Bruto), nível mais baixo registrado pelas estatísticas do BC desde 1998. Em dezembro de 2002, essa proporção estava em 50,5%.

quarta-feira, julho 30, 2008



E temos a edição especial do Blog Pérolas, de Alvaro Caputo, dando um ponto certo na cabeça do prego...
RR


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Pérolas
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Lula é aplaudido ao destacar que não tem diploma


Manchete de noticia da Folha



..... Lula e a ignorância precisam um do outro. Se retroalimentam.

Se tiver mais um mandato, ou dois, ou três, ele continuará fazendo o mesmo número: pedir aos seus assessores que mapeiem os lugares com mais baixa escolaridade e o levem lá para dizer, triunfal, que um ignorante ˆ um de vocês! ˆ está dando jeito no Brasil.

Se a ignorância acabar, Lula acaba. Quando o governo começou e aqueles dados do PT sobre a fome foram desmascarados, e o Brasil se deu conta de que aquele papo de 20% de famintos era mentira, o presidente quase entrou em crise existencial.

A ideologia vale-refeição entrou em colapso, e o professor José Graziano, o mago do Fome Zero, ganhou uma embaixada no quintal de casa.

Na administração pública, o efeito das ações é demorado. O Brasil está colhendo 15 anos depois os frutos da responsabilidade fiscal. Vai chegar também o dia, no futuro próximo, de realizar o prejuízo desses tempos de bagunça administrativa e peixadas para os companheiros, ao molho da infalível retórica coitadinha.

Do blog do Josias Guiherme Fiuza comentando a noticia acima.....



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Correio Popular de Campinas, 30/07/2008
Roberto Romano

Publicada em 30/7/2008


Contra a lista dos políticos ‘sujos’

Receio as “listas dos sujos” publicadas por alguns operadores do Direito, juízes em especial. Em primeiro lugar porque o veredictum é a base da Justiça. Em segundo, porque vejo naqueles documentos uma falha: em vez de acabar com o privilégio de foro, os togados o aceitam e incentivam, desse modo involuntário, a corrupção. Não entendo porque o STF, garantia da Constituição, aceita o dito privilégio. Se ele julga com base na ordem republicana (consagrada quando o povo rejeitou a monarquia) como pode ter seu beneplácito a subversão da igualdade jurídica? Os donos do Estado brasileiro, reunidos em oligarquias regionais federadas no Congresso, dão a si mesmos o passaporte para a impunidade, cuja garantia é o dito foro. Assim, uma das fontes oficiais da improbidade não é reprimida pelos juízes (não falem em julgamento pelo STF, o tempo enorme dos processos exibe procrastinação de fato) e gera a lista dos “sem limpeza”. Os políticos se proclamam cidadãos de primeira classe. Como disse um deles, Suas Excelências recusam julgamentos de “juizinhos na primeira instância”. Daí, tratam os bens públicos como se fossem de sua propriedade pessoal e roubam. O seu processo com privilégio de foro segue vias longas, cujo veredictum será dado na Eternidade. Com os clamores pela ética na política, em período eleitoral, surge a ilusão de que os corruptos serão punidos simbólica ou efetivamente, com os nomes postos em listas ou fotos reveladas ao eleitor.

Ilusões: os donos dos currais eleitoreiros têm a fidelidade dos conterrâneos, paga ainda hoje com favores pessoais, obras públicas trazidas para a região, cargos, etc. Tal fidelidade é obtida na base do “é dando que se recebe” entre parlamentares e poder Executivo, labor de Sísifo que visa construir a “base aliada”, abismo que devora qualquer governo. Ilusões: enquanto os municípios e Estados não tiverem autonomia financeira, os franciscanismos blasfemos serão mantidos, gerando os processos, vistos com desdém pelos políticos em tempos não eleitorais.

Um alerta: a lista dos candidatos com processos na Justiça recorda muito os casos de “atimía” (ausência de honra) dos tempos democráticos, na Grécia antiga. A pena de atimía era aplicada em Atenas, apoiada pela população. Ela restringe os direitos civis dos acusados de crimes e delitos. Os sem honra não poderiam ser admitidos aos cargos nem exercer a função de procurador público (syndikos). Seriam vedadas para eles magistraturas no país ou no estrangeiro, tanto as preenchidas por sorteio ou por eleição. E não poderiam entrar nas assembléias ou nos sacrifícios públicos. Quem perdia assim os direitos políticos não tinha a sua culpa declarada pelos tribunais. Bastava a desconfiança para definir a pena. Daí a expressão de juristas modernos de que tais pessoas seriam “atimoi não declarados culpados”. As penas de atimia eram aplicadas, além dos casos diferentes de prostituição, aos magistrados que, sem deixar o cargo, não pagavam ao Estado os seus débitos aos tribunais e à Assembléia. Também os cidadãos que, chamados para integrar o exército, não compareciam, a ela eram submetidos.

O que eram as “timai” que ordenavam o termo negativo, atimia? Eram as honras públicas que permitiam acesso aos cargos, aos tribunais, ao povo reunido em assembléia. Atimia era imposta aos covardes na guerra, aos que não protegiam seus familiares, sobretudo menores, aos devedores do erário oficial. As acusações contra muitos integrantes das listas sujas repetem, pois, uma história de dois mil anos... A pena da atimia é uma das manchas indeléveis da vida grega. Quando um cidadão pode ser punido sem veredictum, instala-se a insegurança geral. O Estado democrático se dissolve porque se alguns não têm o direito ao devido julgamento, logo ninguém é por ele protegido. Em vez de garantir o veredictum para todos, em tempo certo, operadores do direito brasileiros jogam na atimia políticos corruptos e pessoas cujos “crimes” ainda não foram provados. Elas são condenadas sem o devido processo. Tais listas são injustas e alheias ao direito.

terça-feira, julho 29, 2008





segunda-feira, julho 28, 2008

Creio ser de interesse geral a notícia abaixo.
RR

Olha aí um estudo que está faltando fazer no Brasil...

O estudo do Clóvis sobre Alagoas já mostrou que há imprecisão no
processo eleitoral eletrônico do Brasil.

Eng. Amilcar Brunazo Filho - Santos, SP
www.votoseguro.org


PARIS (AFP) - Um estudo realizado por uma pesquisadora do laboratório
de informática de Nantes-Atlantique relativo às últimas três eleições
nacionais, aponta uma quantidade de "erros" mais elevada em seções
usando computadores de votação do que em seções usando urnas
convencionais.

Este estudo, publicado terça-feira por Chantal Enguehard junto com o
Observatório do Voto, é a primeira pesquisa quantitativa sobre a
desmaterialização do voto nas eleições políticas na França.

(...)

http://afp.google.com/article/ALeqM5j8qwQwBR2p_gn1_gnrKZpzmUWuLQ





Davantage d'erreurs dans les bureaux de vote électronique
8 juil. 2008
PARIS (AFP) — Une étude, réalisée par une chercheuse du laboratoire d'informatique de Nantes-Atlantique et portant sur les trois derniers scrutins nationaux, pointe un nombre "d'erreurs" plus élevé dans les bureaux utilisant des ordinateurs de vote que dans les bureaux traditionnels.Cette étude, rendue publique mardi, et conduite par Chantal Enguehard en relation avec l'Observatoire du vote, est la première recherche quantitative sur la dématérialisation du vote dans les élections politiques en France.Elle a été menée à partir de données provenant de 20.051 bureaux de vote, dont environ un tiers pratiquant le vote électronique, dans 46 communes de référence, dont 24 utilisant des ordinateurs de vote, lors des dernières présidentielle (1er et second tour), législatives (1er tour) et municipales (1er tour).
L'étude montre en premier lieu que le nombre de bureaux "en erreur", c'est-à-dire où le nombre de votes n'est pas égal au nombre d'émargements, est bien plus élevé parmi ceux qui utilisent les machines à voter que dans ceux qui ont recours à l'urne traditionnelle.Globalement, sur les quatre tours d'élections étudiés, on relève ces erreurs dans 29,8% des bureaux procédant au vote électronique et dans 5,3% de ceux utilisant l'urne.Lors du premier tour de la présidentielle, on mesure ainsi 3,9 fois plus de bureaux en erreur pour le vote électronique par rapport au vote à l'urne. Ce rapport monte à 7,5 pour les législatives et à 7,8 pour les municipales, selon l'étude.

Autre enseignement, l'ampleur des erreurs est plus importante pour le vote électronique: par exemple, plus de 7,3% des bureaux électroniques dépassent un taux d'erreur de 3, contre 0,4% des bureaux traditionnels.Selon l'étude, la multiplication des scrutins n'entraîne pas une plus grande fiabilité du vote électronique: malgré la meilleure expérience qu'en ont les électeurs, les taux d'erreur du vote électronique restent toujours très supérieurs à ceux du vote à l'urne. En outre, le taux d'erreur est plus élevé dans les bureaux qui enregistrent le moins d'émargements à l'heure.L'étude met enfin l'accent sur le fait que la centralisation des résultats en mairie est elle-même source d'erreurs, certaines mairies ne faisant même pas état des écarts entre votes et émargements constatés dans les bureaux, d'autres "rectifiant" même les résultats pour les faire disparaître.

Des procédés qualifiés de "choquants" par Mme Enguehard, qui demande que ses travaux soient complétés par une étude de plus grande envergure. Son étude sera présentée au ministère de l'Intérieur, au Conseil constitutionnel et à l'Organisation pour la sécurité et la coopération en Europe (OSCE).

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