Presidente do STF encaminha à Justiça denúncia de que seu gabinete foi monitorado
GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília
O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Gilmar Mendes, encaminhou à Corregedoria Nacional de Justiça, ao Tribunal Regional Federal de São Paulo e ao Conselho da Justiça Federal a denúncia de que seu gabinete no tribunal teria sido monitorado pela Polícia Federal a pedido do juiz Fausto Martin de Sanctis, responsável por expedir o pedido de prisão do banqueiro Daniel Dantas.
Mendes espera que os órgãos tomem as "providências cabíveis" para apurar se há indícios concretos de que seu gabinete tenha sido monitorado pela PF.
Segundo o Painel da Folha, o presidente do Supremo foi informado nesta quinta-feira por uma desembargadora do TRF-SP de que seu gabinete foi monitorado pela PF a pedido de Sanctis.
Mendes também foi informado ontem de que assessores do seu gabinete teriam conversado com advogados de Dantas na sede do STF em Brasília, embora o ministro considere algo de rotina advogados de presos procurem a presidência do tribunal.
Após ser informado das conversas entre advogados de Dantas e seus assessores, Mendes acendeu o sinal de alerta sobre o suposto monitoramento da PF. Depois de ser informado pela desembargadora de São Paulo, o ministro decidiu tomar providências.
A Folha Online apurou que Mendes telefonou ontem para o ministro Tarso Genro (Justiça) em busca de explicações sobre o suposto monitoramento. Em seguida, recebeu a visita no STF do diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, para comunicar o fato. Tarso e Corrêa negaram a Mendes que a PF tenha monitorado o seu gabinete no STF.
Embate
Pouco mais de 24 horas depois da PF prender Dantas, Mendes concedeu habeas corpus para liberar o banqueiro. Dantas ficou algumas horas em liberdade nesta quinta-feira, mas teve um novo pedido de prisão expedido pelo juiz. A prisão preventiva de Dantas foi expedida pela 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo a pedido da PF e do Ministério Público Federal com base em documentos encontrados na casa dele na terça-feira.
Advogados acreditam que o episódio de prisão, soltura e nova prisão do banqueiro Daniel Dantas, ocorrido entre terça e ontem, explicita uma guerra entre Polícia Federal e Supremo Tribunal Federal. Eles divergiram sobre a "coragem" ou a "interferência indevida" do presidente do STF em soltar Dantas.