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sábado, julho 19, 2008


CORREIO POPULAR DE CAMPINAS, 19/07/2008



Publicada em 19/7/2008

Brasil
Dantas tentou usar morte de Toninho

Objetivo seria colocar o PT sob suspeita, mostra grampo da PF

Rose Guglielminetti
DA AGÊNCIA ANHANGÜERA
rose@rac.com.br

O banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity, usou a morte do prefeito de Campinas Antônio da Costa Santos (PT), em 2001, para tentar prejudicar o PT e beneficiar sua defesa no Caso Kroll. Em três diálogos interceptados pela Polícia Federal — conforme confirmou a reportagem da Agência Anhangüera de Notícias (AAN) junto a fontes na PF, após divulgação no blog do jornalista Bob Fernandes —, em grampo autorizado em 2007 e que integra a Operação Satiagraha, Dantas orienta a diretora jurídica do banco, Danielle Ninio, a reunir informações sobre as mortes de pessoas ligadas à legenda petista, entre elas Toninho e o ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel, em 2002.

A intenção do banqueiro seria fazer um dossiê que prejudicasse o PT ao dar cara de motivação política aos crimes. Assim ele poderia ser identificado como vítima de orquestração.

Nos dois casos, as investigações não identificaram raízes políticas nos assassinatos. A tese, porém, é refutada pelas famílias dos prefeitos, que acreditam que os dois foram mortos por motivação política.

Nas conversas, Danielle e Dantas falavam em seis ou sete mortes ligadas ao PT. No caso do prefeito de Santo André, o banqueiro, em 13 de novembro de 2007, orienta a diretora a recorrer a relatório da Kroll: “Eu queria que você procurasse pontos tipo... no relatório da Kroll fala que a Telefônica Itália pagou ao prefeito de Santo André”. Em outro trecho, Dantas diz: “(...) eu quero “linkar” isso com a Kroll, que a Kroll fala desse negócio de Santo André.”

O nome do prefeito campineiro aparece em outra ligação — de Danielle para Dantas: “Oi... é só pra te dar uma informação que no caso do Celso Daniel é que tem esse dos itens seis ou sete ... é que tem mais um caso, eu não sei se você lembra... que é do prefeito de Campinas... aquele Toninho do PT, aí...”. O banqueiro pede que ela envie as informações por e-mail.

A psicóloga e viúva do prefeito assassinado, Roseana Moraes, disse ontem que a menção é fruto de uma investigação que deixou dúvidas sobre o autor dos disparos contra o seu marido — apenas um atingiu Toninho. Em 2006, o Ministério Público protocolou as alegações finais da denúncia que apontou a quadrilha do seqüestrador Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho, como autora do crime.

“Ainda há muito o que responder, como, por exemplo, quem matou Antônio. Como ainda tem esperanças de que a PF investigue o caso, Roseana disse: “Quero o Protógenes Queiroz no caso.”

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