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quinta-feira, junho 07, 2007

Jornalismo Chapa Branca

Abaixo, segue a "notícia" da Agência Senado, que supostamente relata a Audiência do dia 06/06/2007, sobre a midia, a corrupção, a censura. O jornalismo chapa branca reteve o mais superficial e o que mais agrada aos donos do poder. Cortou falas, extraiu o sentido dos argumentos, enfim, fez o exato papel do anti-jornalismo. É semelhante modelo de "jornalismo institucional" a ser implantado no país, se forem bem sucedidos os projetos dos burocratas petistas e familiares.

Um debate dos mais graves, suscitado por perguntas claras e incisivas do Senador Flexa Ribeiro (uma das poucas presenças informadas com profundidade no plenário da Comissão) sobre os limites do controle sobre a difusão e sobre a midia, simplesmente foi cortada da "notícia" redigida no estilo jornalismo chapa branca.

Agora adicione, caro leitor deste Blog, a notícia do cancelamento do Seminário sobre a Liberdade de Imprensa, postado abaixo, e você entenderá a causa de um fenômeno hilariante e trágico, que não incomodou muita gente fanática durante décadas de imprensa oficial na URSS: o jornalão "estatal e público" chamava-se Pravda, ou seja...A Verdade!
É com "verdades" deste naipe que os petistas e familiares (eles sempre têm "familiares", não é mesmo ?) desejam impôr mordaças aos que ainda ousam pensar neste país.
Roberto Romano


Segue então a "notícia":


As telenovelas são capazes de criar modismos e provocar debates, disse nesta quarta-feira (6) o autor Sílvio de Abreu, durante audiência pública promovida pela Comissão de Educação (CE). Mas agem apenas de forma superficial sobre os telespectadores e não têm o poder, na sua opinião, de "mudar as pessoas".

- Os exemplos que mudam a cabeça do público são os exemplos do próprio país, da sociedade em que vivemos. Quando o público toma conhecimento de uma série de escândalos, vai-se criando uma imagem torta do que sejam a moral e a ética - afirmou Sílvio de Abreu, funcionário há 29 anos da Rede Globo e autor da telenovela Belíssima.

Foi uma entrevista concedida por Sílvio de Abreu à revista Veja, no ano passado, que motivou o senador Pedro Simon (PMDB-RS) a sugerir a realização da audiência pública a respeito do tema Influência da Televisão na Formação e na Estruturação dos Valores Éticos, Morais e de Cidadania em Nossa Sociedade.

Na entrevista, o autor revelou uma mudança no perfil do público, que teria passado a admitir comportamentos antes eticamente reprováveis. Durante a audiência, ele citou o caso de uma dona de casa - entrevistada por pesquisa da Globo - que teria recomendado à empresária interpretada pela atriz Glória Pires "dar um mensalão" a cada funcionário para obter maior controle da firma.

A mudança de comportamento do público, como lembrou Simon a partir da entrevista, teria ocorrido ao longo dos últimos cinco anos. Até recentemente, observou, ao final de cada novela "o mocinho ficava com a mocinha" e o "bandido ia para a cadeia". Atualmente, comparou o senador, muitos telespectadores aplaudem quando uma mulher troca o marido correto por um outro homem sem escrúpulos.

- Tudo isso ocorre em um país onde apenas o ladrão de galinha vai para a cadeia. A corrupção está influenciando a sociedade brasileira e mudando hábitos - constatou Simon.

Ao contrário de Sílvio de Abreu, para quem a novela age de forma apenas superficial sobre a formação dos espectadores, o presidente da Associação Brasileira de Televisão Universitária, Gabriel Priolli, considera "central" a influência da televisão. Se a moral brasileira está "torta", disse ele, a responsabilidade da televisão não seria pequena.

- Se existe hoje um comportamento ambíguo do público, isto não teria relação com uma certa glamourização dos personagens sem caráter? - questionou Priolli.

Também convidado para a audiência, o professor de Filosofia Roberto Romano, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), lembrou que a responsabilidade sobre a transmissão de valores ao público não pode ser atribuída apenas às telenovelas. Também precisam ser avaliados, a seu ver, os efeitos da propaganda e do merchandising.

A senadora Rosalba Ciarlini (DEM-RN) felicitou Sílvio de Abreu por incluir nas telenovelas o debate de temas como as drogas, o alcoolismo e a corrupção. Mas lembrou a influência da televisão sobre as crianças e pediu que a televisão "colabore para a formação moral e ética dos futuros cidadãos".

A grande exposição das crianças à televisão também foi lembrada pelo senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), para quem seria importante se discutir que tipo de conteúdo a sociedade brasileira gostaria de ver na TV. O senador Geraldo Mesquita (PMDB-AC) criticou o Senado por não avaliar se as concessões de emissoras atendem a princípios constitucionais como o de privilegiar a educação e a cultura.

Para o senador Wellington Salgado (PMDB-MG), a televisão tem adquirido um papel cada vez maior na formação da sociedade à medida que muitos telespectadores, "por insegurança", preferem ficar em casa e assistir às novelas. Ao final, o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) manifestou preocupação com o choque cultural provocado pelas novelas, que levariam a liberal "cultura do Leblon" a pequenas cidades do interior do país. A audiência foi presidida pelos senadores Marcelo Crivella (PRB-RJ) e Marco Maciel (DEM-PE).

Marcos Magalhães / Repórter da Agência Senado
(Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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