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terça-feira, fevereiro 05, 2008

Brickmann & Associados Comunicação - B&A - 05/02/2008 - www.brickmann.com.br

 
 
 
 "Ditadura, a tragédia que virou farra", por Carlos Brickmann

Coluna de quarta-feira, 6 de fevereiro

1 – Um dos ministros acusados de gastos irregulares com o cartão corporativo do Governo explica uma conta de R$ 500,00 em restaurante alegando que convidou 30 importantes visitantes chineses. Claro, claro. Deu 17 reais por pessoa. Econômico, esse ministro: deve ter oferecido churrasco de gato com tubaína (sem repetição!) a seus ilustres hóspedes. Se não foi assim, a conta não fecha.

2 - Em nota extremamente infeliz, o presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini (aquele que tentou botar velhinhos na fila do INSS), disse que a ministra Matilde Ribeiro (aquela que fez compras no free-shop com dinheiro público) foi vítima de preconceito – talvez, imagina-se, por ser negra. Só que ela não foi afastada por Lula por ser negra, mas por gastos irregulares. O ministro Joaquim Ribeiro, do Supremo Tribunal Federal, também é negro, e vem merecendo elogios por sua atuação. Que raio de preconceito racial é esse, que só atinge alguns?

3 - Como nos velhos tempos, aparece um general com cara de bravo e diz que o escândalo dos cartões corporativos, que servem para comprar carne boa e bons vinhos, que servem para montar academias particulares de ginástica para os seguranças dos filhos do presidente, que servem para pagar tapioca e compras de free-shops, não é da conta da opinião pública: é coisa de segurança nacional. Ridículo: se boa parte da comida e da bebida servida ao presidente da República é comprada em licitações públicas abertas, cadê a segurança nacional?

Mas era Carnaval. Nem a segurança nacional escapa de virar folia.

A palavra certa

Quando os beneficiários do cartão não podem portá-lo, porque não fazem parte do Governo, dispõem dos serviços de um ecônomo, que usa o cartão para eles. Ecônomo? A palavra é pouco conhecida, e talvez por isso tenha sido escolhida. O sinônimo de “ecônomo” é uma palavra bem mais popular, “mordomo”. Mas aí poderiam pensar que a função do portador do cartão é proporcionar mordomias aos beneficiários, não é mesmo? Seria uma tre-men-da injustiça!

Ditador Temporão

O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, também estava em clima de Carnaval. Defendeu a tese de que, quando o problema é de saúde pública, deve ser encarado como de segurança nacional, evitando que a imprensa contrarie o que os sumo-sacerdotes sanitários decretarem como verdade. Só que:

1 – O próprio Temporão determinou, em 9 de janeiro, um alerta internacional sobre febre amarela. Turistas, diplomatas, viajantes a negócios, quem viesse ao Brasil deveria vacinar-se, pelo menos dez dias antes da viagem.

2 – Há alguns anos, quando a doutrina de segurança nacional que o ministro Temporão agora defende era a linha oficial do Governo, houve uma epidemia de meningite em São Paulo. Os temporões da época, com base na doutrina que o Temporão de hoje defende, proibiram a imprensa de alertar a população. A epidemia se espalhou a tal ponto que os temporões e censores desistiram.

A função da imprensa, ministro, não é confiar nas autoridades. É desconfiar. O tempo costuma mostrar que quem desconfia tem mais chances de estar certo.

Chumbo trocado

No desfile de escolas de samba do Rio, o governador paulista José Serra, ao encontrar o jornalista Ricardo Noblat, saudou-o em voz alta: “Como você engordou!”

Noblat respondeu no dia seguinte (acesse: http://oglobo.globo.com/pais/noblat/), citando uma frase de Serra: “Sabe qual é a diferença entre o carnaval do Rio e o de São Paulo? O do Rio tem mais mulheres bonitas. Mas não publique”.

O errado ataca o certo

O jornalista uruguaio Roger Rodríguez, cujo trabalho em defesa dos direitos humanos foi premiado até no Brasil, depõe amanhã num tribunal de Montevidéu, num processo que lhe é movido pelo major Enrique Mangini Usera.

Mangini, que promove o processo, é acusado de participar do assassínio do estudante Santiago Rodríguez Muella, na escola, em 1972 – em nome, naturalmente, da “doutrina de segurança nacional” de lá.. Mangini fazia parte do movimento paramilitar Juventud Uruguaya de Pie, responsável por uma série de assassinatos. Este colunista faz questão de se solidarizar com o processado Roger Rodríguez.

El señor Requión

O ex-padre Fernando Lugo, candidato à Presidência do Paraguai e que transformou a luta contra o Brasil em tema de campanha (quer, por exemplo, parar de vender ao país a metade paraguaia da energia gerada por Itaipu, rompendo assim o tratado que permitiu a construção da usina), confirmou que recebe o apoio do Governo do Paraná, dirigido por Roberto Requião.

O secretário da Comunicação de Requião, Ayrton Picetti, trabalha há tempos na campanha de Lugo, mas o candidato só admitiu o fato agora. Lugo informou também que já teve várias reuniões com Requião – “mas em sua casa, nunca no palácio”. E garantiu que não recebe qualquer apoio do governador: só de Picetti, que faz questão de ajudá-lo.

Samba no pé

Caro leitor, manifeste-se: que é que é pior, assistir às tentativas de samba no pé do governador Serra ou do senador Eduardo Suplicy?


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