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terça-feira, maio 22, 2007

Age moralmente quem é capaz de experimentar o sentimento de vergonha moral.


http://www.unkut.com/2007/03/g-rap-remixed/




Escola Superior da Procuradoria Geral do Estado - SP
http://escolapge.blogspot.com/

Segunda-feira, 21 de Maio de 2007

Aula do Professor Yves de La Taille

PSICOLOGIA MORAL E DIREITOS HUMANOS


É claro que se nós falamos de relação entre moral e ética, está pressuposta uma definição de ética diferente da definição de moral. Com Paul Ricoeur e outros, faremos a seguinte diferenciação. A moral remete ao campo de deveres. A pergunta moral seria ‘como devo agir?’. A ética remete à questão da felicidade, da ‘vida boa’, tema clássico das reflexões filosóficas. A pergunta ética seria ‘que vida eu quero viver?’. Tal pergunta implica outra: ‘quem eu quero ser?’.

Como apontado por Ricoeur, qualquer diferença de sentido entre moral e ética é uma convenção. Outras definições de moral e de ética podem, portanto, ser acordadas, ou até mesmo, como é o mais freqüente, pode se ficar com a sinonímia entre ambos os conceitos.

Falta dizer que para que opções de ‘vida boa’ mereçam o nome ética, é preciso que se articulem com a moral (mas não se reduzam a ela). Uma bela definição de ética nos é dada pelo já citado filósofo francês, Paul Ricoeur: perspectiva ética é aquela de uma vida boa, para e com outrem, em instituições justas. Isto posto, a tese da teoria da ‘personalidade ética’ é a de que o querer agir moralmente depende do fato de a moral ser considerada como parte da ‘vida boa’, e o ‘ser moral’ parte da identidade.

Vejamos algumas considerações psicológicas que sustentam essa abordagem
· a moral tem relação com o Eu, entendido como conjunto de representações de si (identidade);
· o critério da integração dos valores morais ao Eu é explicação da força motivacional para o pensar e agir morais;
· o critério da presença de sentimentos morais é empregado para aquilatar o lugar da moral na personalidade, entendida como sistema;
· a busca de representações de si positivas é a uma das motivações básicas das condutas humanas;
· tais representações de si estão, na sua gênese e manutenção, vinculadas aos juízos alheios, porém tal vínculo não implica sua total dependência a estes juízos: há um constante embate entre as imagens que a pessoa tem de si e os juízos positivos e negativos de outrem; o julgar-se interage com o ser julgado;
· o sentimento de vergonha aparece como fundamental para a presente perspectiva teórica uma vez que, com a exceção da ‘vergonha de exposição’: 1) implica um autojuízo negativo doloroso (dor decorrente da incessante busca de representações de si de valor positivo), 2) diz respeito ao ‘ser’, portanto às representações de si, 3) a vergonha pode ser retrospectiva: a pessoa age de tal forma que se vê distante do valor que pretende ou pretendia associar às suas representações de si, ela decai perante os próprios olho, 4) a vergonha pode ser prospectiva, e nesse caso a pessoa antecipa o decair perante os próprios olhos se agisse de tal ou tal modo, 5) os conteúdos associados à vergonha podem ser morais ou não
· quando se trata de conteúdos morais, diz-se da pessoa que é capaz de experimentar a vergonha moral que tem auto-respeito ou honra-virtude (ver La Taille, 2002).

Em resumo, age moralmente quem é capaz de experimentar o sentimento de vergonha moral, e tal sentimento, relacionado ao ‘ser’, mostra a relação entre as dimensões moral e ética.


COMENTÁRIO: COMO EU PROCUREI DIZER EM ENTREVISTA RECENTE AO UOL NEWS: URGE QUE AS FACES NÃO APENAS SEJAM CAPAZES DE ENRUBESCER. MAS QUE PASSEM AOS ATOS CONTRA OS QUE TÊM A FACE LISA, LISA, COMO O JACARANDÁ, TÃO LISAS QUE NEM DE OLEO DE PEROBA PRECISAM! TOMA VERGONHA, BRASIL!

Roberto Romano

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