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segunda-feira, maio 28, 2007

Outra blafemia da Hierarquia religiosa. Mais uma....





Durante missa na capela do Alvorada, dom Cláudio compara Lula a Jesus

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em missa que marcou ontem a reabertura da capela do Palácio da Alvorada, dom Cláudio Hummes, "ministro" do papa na Congregação para o Clero, comparou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Jesus Cristo e a são Francisco de Assis.
Dom Cláudio, amigo de Lula desde os tempos de sindicato dos metalúrgicos do ABC, comandou uma missa restrita a poucos convidados.

Além de Lula e da primeira-dama, Marisa Letícia, o vice-presidente, José Alencar, sua mulher, Mariza, e o ministro Patrus Ananias (Desenvolvimento Social) acompanharam a celebração, no final da manhã.Durante a missa, na Capela Nossa Senhora do Alvorada, dom Cláudio enalteceu a preocupação social do governo petista e o fato de Lula ter recebido nesta semana um grupo de hansenianos no Palácio do Planalto.

"Lula fez como são Francisco de Assis, que ficou célebre na história ao beijar os hansenianos. Ele [Lula] fez o que Jesus Cristo também faria, amar um irmão mais desamparado", disse dom Cláudio. "Sentimentos e atitudes concretas de consolo e de ajudar a levantar a dignidade humana", completou o religioso, na capela restaurada pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).

Fotos antigas, segundo a assessoria da Presidência, ajudaram no trabalho de restauração do piso de granito e das paredes de jacarandá. Nos dias abertos para a visita ao Alvorada, o público poderá conhecer a capela.
(EDUARDO SCOLESE)

Comentário:

Nos textos juridicos e teológicos, quando a modernidade se anunciava sob a forma do Estado, as figuras de Cristo e de Maria foram gradativamente trocadas pelas efígies do Rei. A Christomimesis (leia-se Ernst Kantorowickz, "Os Dois Corpos do Rei", Ed. Companhia das Letras) serviu para realçar o poder regálico e definir o mando do soberano laico acima do religioso. O problema encontra-se nos limites a serem estabelecidos nesta divinização do Rei. James I se dizia "Vice-deus", e a coisa seguiu um ritmo terrível. O problema de Kantorowickz é justamente a divinização última de Hitler, Mussolini, Stalin, e dos aparelhos estatais, transformados em Igrejas para seu culto, com dogmas, imagens, procissões imensas, etc (tudo o que era dominado com maestria por Goebbels e pelos donos da propaganda soviética).

No processo, a Hierarquia católica tem muita culpa. Com atos como a Concordata de Império com Hitler, e as Concordatas com Mussolini, Franco, Salazar e outros tiranos, ela endossou aquelas formas de mando. Depois se arrependeu. Tarde.
Dom Claudio Hummes deveria ter mais prudência ao elevar um governante laico ao papel de santo, ou mesmo de um Deus.
O seu discurso é uma blasfêmia. E de blasfêmias a Igreja já está farta. Nada, no entanto, que não esteja previsto e descrito na "Lenda do Grande Inquisidor".

Vergonha. Deus tenha piedade do Cardeal e perdôe as suas tristes ceias.

Roberto Romano



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