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quinta-feira, maio 31, 2007

No Blog Pérolas de Alvaro Caputo...

"O problema não é a ausência de ética, mas a existência de uma ética dúplice,em que ora vale a lei, ora a amizade".

Roberto DaMatta no Globo

Comentário:

Não, caríssimo xará! O problema não se encontra numa ética dúplice, mas na plenitude de uma ética perversa e própria aos escravos. Aqui, tanto na chamada "vida civil" quanto no Estado, na Igreja, etc. vigora a ética do favor, do compadrio, do jeitinho. Aqui se ignora sistemáticamente a delimitação entre público e privado. Aqui, todo intelectual que chega ao poder joga na gaveta (ou na lata de lixo) tudo o que aprendeu de história, direito estatal, axiologia. Aqui, impera o "do ut des", a forma primitiva com a qual são feitas e desfeitas maiorias parlamentares. Aqui, a lei impera para os pobres, os negros, as prostitutas. As vivandeiras do "andar de cima" têm privilégio de foro, mesmo que não sejam deputados, senadores, etc. Basta ter fama, dinheiro, e logo o tratamento do "dr" ou "dra" segue o rito persa, contrário dos ritos gregos democráticos. Não existe alternância, caro colega antropólogo, no Brasil, entre a lei aplicada e as formas de amizade. Aqui, a lei é severa para com os sem poder, sem dinheiro, sem fama.

AQUI A ÉTICA IMPERANTE É A MESMA QUE REGE O INFERNO.

Poucos setores políticos perceberam o fato e romperam com os seus pressupostos. E deles tivemos a colheita magra dos estadistas brasileiros, de José Bonifácio a Mario Covas. E, não por acaso, todos estes chegaram ao fim de sua vida difamados, apedrejados (jamais esquecerei a vergonha patrocinada pelo PT e adjacências na Praça que, paradoxalmente chamada "República". ).

Estamos em momento de crise. Crise é escolha. Que tal escolher a boa ética?

Roberto Romano

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