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segunda-feira, fevereiro 04, 2008

Comentário:

Após a queda da URSS, os procedimentos sigilosos de "segurança" mostraram sua face real: os dinheiros dos impostos eram manipulados pela KGB, não para os fins previstos, mas para aumentar os caixas dos supostos responsáveis pela segurança dos governantes (os governados que se danassem, ou seriam remetidos para o Gulag). Resultou que a Mafia russa foi nutrida com os dinheiros da "revolução", reunidos nos bolsos dos agentes que operavam no sigilo. Funcionários que usam sigilo, como diz o sr. Wilson, que presidiu um Federação real e um real Estado democrático, os EUA, devem ser vigiados pela cidadania como os pais fazem com filhos traquinas. Se existe silêncio em demasia, é preciso verificar para saber se os pimpolhos se comportam bem, ou não.(cf. Jos C.N. Raadschelders : “Woodrow Wilson on Public Office as a Public Trust” No endereço eletrônico : bush.tamu.edu/pubman/papers/2002/raadschelder.pdf). Estado democrático e sigilo (não justificado amplamente diante dos responsáveis) são incompatíveis. Mas estamos no Brasil...

RR



Segunda-feira, 04 de fevereiro de 2008

Folha de São Paulo

Segurança da filha de Lula gastou R$ 55 mil em cartão

Maiores despesas em 2007 foram em lojas de autopeças e de construção de SC

Gabinete de Segurança Institucional da Presidência promete explicar compras após o Carnaval; servidor diz não haver irregularidade

LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Usando um cartão de crédito corporativo do governo federal, um segurança pessoal de Lurian Cordeiro Lula da Silva, filha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, gastou, em Florianópolis, onde ela mora, quase R$ 55 mil nos últimos nove meses em lojas de autopeças, materiais de construção e de ferragens, supermercados, livrarias, combustível e em uma casa de venda de munição.Os gastos foram feitos entre abril e dezembro de 2007 no cartão da Secretaria de Administração do Planalto cedido a "João Roberto F Jr" -identificado pelo CPF como João Roberto Fernandes Júnior.

Segundo o ministro Jorge Félix, chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência (GSI), as despesas do funcionário são de natureza sigilosa e não deveriam ter sido publicadas no site Portal da Transparência, da Controladoria Geral da União (CGU). "No meu nome, eu tenho certeza de que não vão aparecer irregularidades. Vão aparecer gastos que estão comprovados no Tribunal de Contas e eu não tenho o que dizer nesse sentido", disse Fernandes à Folha. A grande parte dos gastos foi feita em lojas de peças para veículos e de construção, especialmente a Comércio de Autopeças Badu Ltda., onde foram pagos R$ 16,3 mil no total. O GSI afirmou que a justificativa de cada despesa será explicada a partir de quarta-feira, depois do feriado de Carnaval.

Segundo Félix, os gastos com peças podem se referir à manutenção da frota de carros e as despesas com materiais de construção, à instalação de sistema de segurança -há no portal gastos específicos em pelo menos duas empresas de sistemas de alarme e segurança, a Khronos e a Alarm System Distribuição e Treinamento. "Não deveria ter sido publicado, mas foi. É um problema administrativo", disse Félix. Os cartões estão listados na Secretaria de Administração por ser esse o órgão que aprova os gastos, afirmou o ministro.

Florianópolis

Houve um aumento expressivo nos gastos do pessoal de segurança de Lurian em Florianópolis. Antes de Fernandes, as despesas na capital catarinense eram listadas no cartão do servidor Jadir José Duarte. De fevereiro de 2006 a maio de 2007, ele gastou R$ 37,6 mil.

Após a troca de um pelo outro, a média mensal saltou de R$ 2.296 para R$ 6.097. Jadir não foi localizado pela Folha. "Eles fazem tudo. Quem trabalha lá faz tudo. Mas, além da segurança, tem um encarregado da parte administrativa, exatamente para ter centralização e controle", disse Félix. Fernandes se recusou a detalhar a natureza de seu trabalho.

Disse apenas que é "ecônomo" (funcionário que cuida de gastos) do escritório da Presidência em Florianópolis, mas se recusou a fornecer telefone da representação ou explicar onde gastou o dinheiro. A Secretaria de Imprensa do Planalto informou que não irá se manifestar sobre "temas relacionados à segurança do presidente ou seus familiares".

O uso do cartão, porém, segundo a CGU, deveria estar restrito principalmente a emergências e despesas de viagem (acomodação e refeições). Seu uso para outras finalidades pode ser irregular, já que seria necessário realizar processo licitatório para alguns gastos.O uso irregular já derrubou Matilde Ribeiro, ex-ministra da Igualdade Racial. Ela realizou gastos de natureza pessoal, como compras em um free shop durante suas férias. O ministro Orlando Silva (Esportes) também anunciou que devolverá cerca de R$ 30 mil por gastos indevidos em seu cartão.

Padrão

As despesas dos cartões em Florianópolis seguem uma espécie de padrão, com poucos saques em dinheiro -esse tipo de gasto, impossível de ser identificado, responde por 75% dos R$ 75 milhões usados com cartões corporativos em 2007. As mesmas lojas são usadas repetidas vezes, de forma preferencial, caso da Philippi Automóveis e Autopeças Badu. Nesta, a funcionária em serviço no sábado disse que não poderia dar informações sobre faturas emitidas para o governo. Há gastos em supermercado, como na A Angeloni. E compras também são feitas regularmente na livraria e papelaria A Exata. Há ainda despesas expressivas em lojas de material de construção, como as ferragens Milium e Ferromil e a Compensandos Fernandes -que não teria ligação com o usuário do cartão, segundo uma funcionária contatada por telefone. Na Ferromil, foram gastos R$ 2.300 em apenas um dia -em 22 de agosto de 2007. A lista também contém uma compra em uma loja de armas e munição, cujo nome fantasia é Sports Mens Ltda.

Colaborou EDUARDO SCOLESE , da Sucursal de Brasília

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